Corredores da 1ª classe do Titanic

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Como realmente eram os corredores da 1ª classe no Titanic? Teriam sido corretamente recriados para o mega sucesso "Titanic" de 1997? 

Considerando a massiva quantidade de assuntos de real importância e evidente interesse de estudo, perguntas como estas surgem com aparente despropósito em contraposição às grandes implicações que o caso Titanic explicita e esconde em suas entrelinhas. No entanto, a título de escrutínio histórico e artístico, este tipo de questão puramente arquitetônica e decorativa é válida, e faz parte também das inumeráveis perguntas que estudiosos e entusiastas se fazem ao se atentar de maneira focada às muitas áreas de interesse relacionada ao Titanic, que partem desde o estudo humano e social relacionado ao caso, até questões minuciosamente atentas relacionadas aos verdadeiros aspectos físicos do navio.

Por isso e por mais, as perguntas deste enunciado parecem sem qualquer importância aparente. No entanto, para adiante delas escondem-se respostas curiosas que ajudam a revelar com um toque de maior autenticidade como de fato foi o navio que dá nome a este blog, e que segue ainda hoje intrigando e populando o imaginário de muita gente estudiosa ou simplesmente curiosa.
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AcompanheCorredores da 1ª classe do Titanic

As instalações para os passageiros da 1ª classe no Titanic estavam distribuídas ao longo do Convés de Botes, Convés B, C, D, E e F, em todos estes patamares haviam cabines e/ou espaços comuns direcionados para o mais privilegiado grupo a bordo do transatlântico. As cabines para a 1ª classe se encontravam distribuídas em blocos separados a bombordo e estibordo por longos corredores longitudinais em cinco conveses: A, B, C, D e E, mas as mais opulentas suítes se alocavam apenas nos conveses B e C, onde se encontravam também os mais luxuosos corredores de trânsito.

Ao lado - Nesta animação gráfica, uma das mais recentes reconstruções dos corredores de trânsito entre as cabines da 1ª classe no Convés B. A reconstrução evidencia que o autêntico visual das longas passagens apaineladas era, na vida real, bastante diferente do visual recriado por James Cameron em seu filme de grande sucesso.

Os corredores nos conveses B e C percorriam o sentido do comprimento do navio, irterconectando dezenas de cabines da 1 classe. Partindo em linha reta do início de qualquer um dos corredores nos conveses B e C, era possível ir de uma escadaria a outra que estavam alocadas 63 metros distantes entre si.
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Abaixo: Uma recente reconstituição gráfica do longo corredor da 1ª classe no Convés B. A porta dupla ao fundo se abria para a Grande Escadaria. O pequeno letreiro iluminado indicava a localização de um pequeno conjunto de sanitários comunitários deste convés. Curiosamente as cabines dianteiras à frente da Grande Escadaria neste patamar não possuíam banheiro privativo, todas eram servidas por um bloco de banheiros comunitários.

Titanic Lost in the Darkness

Acima: O curioso acabamento decorativo abaulado junto ao teto parece apenas um elemento decorativo, mas a realidade é que estes eram importantes dutos que continham uma grande quantidade de cabeamento elétrico e tubulações de ventilação. O piso aqui era coberto com linóleo geométrico, material largamente utilizado em todo o Titanic. Os corredores no Convés C logo abaixo deste andar seguiam praticamente esta mesma disposição decorativa.

Ao lado: Recentemente descobertas, as peças históricas que pertenceram ao Olympic, o navio irmão do Titanic, possibilitaram as várias recriações em computação gráfica dos corredores não fotografados dos dois transatlânticos irmãos. Nesta pequena coleção está um ladrilho de linóleo geométrico e também frisos dourados metálicos que integravam a decoração de disfarce dos dutos superiores ao longo dos corredores.

Os artefatos foram leiloados após a demolição do Olympic em 1935 e então reaproveitadas como elementos decorativos em propriedades privadas do Reino Unido. Recentemente redescobertos, foram novamente leiloados e/ou direcionadas a museus e instituições históricas. Simples e despretensiosas à primeira vista, estas são relíquias que valem muito especialmente aos colecionadores de objetos náuticos histórico relacionados aos transatlânticos do início do século XX.

Ao lado: Uma cabine em estilo decorativo Adam do Olympic, fotografada em maio de 1911 enquanto o navio passava por processo de equipagem, o que pode ser notado especialmente pela ausência de maçanetas nas portas. Através da porta semi aberta se vê parte da pia de um banheiro adjacente. A porta fechada acessava um pequeno closet particular. No Titanic este era o visual correspondente das cabines C 64 e C 90, ambas localizadas no Convés C.

A foto têm sido citada como um dos corredores do Titanic, e a confusão é causada especialmente pela ausência de mobiliário. A luz natural que se projeta pela lateral direita da fotografia - que entra através de uma das janelas da cabine ainda vazia - ajuda também a comprovar a identidade como uma cabine, visto que nenhum dos corredores longitudinais no Titanic possuía janela, além de que neles não haviam arandelas de iluminação, tampouco aquecedores de ar ao longo das pardes.
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Esquerda: Uma rara foto de um dos corredores apainelados da 1ª classe a bordo navio RMS Mauretania - da Cunard Line - concorrente aos navios da White Star Line. A foto certifica que o grande navio de 1907 havia sido também equipado com requinte. 

Direita: Um corredor do Convés B da 1ª classe recriado para os cenários de "Titanic" (1997). Muito curioso é notar que por conta da ausência de fotografias de época dos corredores luxuosos da 1ª classe no Olympic e no Titanic, a produção de arte liderada pelo perfeccionista James Cameron parece ter recorrido à fotografia do Mauretania [foto ao lado] durante as pesquisas históricas para materializar a recriação adaptada dos corredores luxuosos no Titanic. O único acréscimo à versão cenográfica é a inclusão do frontão decorativo sobre as portas das cabines. Salvo pequenas variações, no demais a versão cenográfica segue quase à perfeição o visual encontrado nos corredores do navio concorrente. CURIOSIDADE - A primeira porta, à direita da fotografia acima, acessava a sala de estar "B 52", a famosa suíte em estilo Regência com lareira onde a personagem Rose (Kate Winslet) é desenhada nua pelo parceiro Jack (Leonardo DiCaprio).

Considerando que o Mauretania e o Titanic eram contemporâneos - apesar de pertencerem à companhias concorrentes - a reprodução pareceu bastante apropriada. Mas apesar de belamente recriado para o filme, as recentes descobertas revelam que a versão criada para o cinema em verdade está bastante incorreta, e ancorada na concorrência.
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Ao lado: Nesta foto raramente divulgada, o corredor no Convés E do Olympic. Por estranho que possa soar, este era também um corredor da 1ª classe. A foto foi tirada com a câmera voltada para a frente do barco, e tem sido frequentemente citada como o famoso corredor apelidado como  "Scotland Road" (que corria em sentido paralelo do lado oposto do navio) ou como um corredor da 3º classe do Titanic, todas informações incorretas.

O corredor ao lado percorria o mesmo sentido que a Scotland Road situada do outro lado do navio, à bombordo, mas era mais estreito e mais curto. Aqui também haviam portas à prova d'água subdividindo a longa passagem e também haviam cabines da 1ª classe. A porta com parafusos nas bordas em primeiro plano era à prova d'água, e a porta ao fundo com venezianas de ventilação acessava a cabine "E 66" da 1ª classe.  
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Curiosidade: A parede apainelada à esquerda escondia por detrás de si a cerca de 10 metros à frente o duto de passagem da chaminé Nº 03. *** "Scotland Road" - ou "Estrada da Escócia" - é o apelido conferido pela tripulação do Olympic e do Titanic ao longo corredor de serviço no lado de bombordo no Convés E de ambos os navios. Os aspectos gerais deste corredor estão cobertos na matéria "Dentro do Titanic, uma visão geral".

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Ao lado: Duas reproduções de corredores da 1ª classe apresentadas ao público em exposições itinerantes organizadas pela empresa RMS Titanic Inc. Apesar da luxuosa aparência da composição, as fotos denotam que a empresa baseia suas recriações cenográficas nos cenários do filme "Titanic" que, por sua vez, foram baseados nos corredores da 1ª classe do navio Mauretania. 
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Considerando a beleza do visual e o esforço na representação, ambas as versões se provam erradas do ponto de vista histórico: Os corredores da 1ª classe eram em realidade mais estreitos, não contavam com carpetes, não possuíam arandelas, não haviam lustres em contas de cristal lapidado e muito provavelmente também não haviam corrimãos segundo o que apontam as recentes pesquisas históricas... 
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Ao lado: À procura do engenheiro do Titanic a mocinha da ficção Rose DeWitt Bukater percorre um corredor da 1ª classe nos cenários de "Titanic".
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Abaixo: Nesta foto publicitária de 1997, o casal fictício Rose e Jack dentro de um corredor invertido parecem adivinhar o quanto o "mundo Titanic" viraria de cabeça para baixo após o estrondoso sucesso em que se converteria o filme em que foram protagonistas. Até mesmo o simples detalhe da configuração de design dos corredores do famoso e trágico navio seriam esmiuçados nos anos posteriores pelos entusiastas da história. Os erros contabilizados às centenas nos cenários incríveis de James Cameron são reais jóias do cinema, que aguçaram a imaginação e senso de pesquisa aos longo dos mais de 20 anos desde o lançamento do filme, resultando numa avalanche de achados históricos de tanto valor quanto a inspirada arte da cenografia que "ressuscita" as inesquecíveis obras do passado.

Assista a cena do corredor invadido pela água 

(versão extendida com inclusão de uma sequência excluída da versão final para o cinema)

"A pequena garotinha Cora Cartwell e seus pais encontram a morte quando a água violentamente invade o navio, os portões pantográficos na 3ª classe os mantém presos para sempre no Titanic."
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Crédito
Pesquisa, tradução, adaptação e reedição de texto e imagens - Rodrigo, TITANIC EM FOCO
*** Esta matéria é um fragmento adaptado previamente publicado na matéria "Dentro do Titanic, uma visão geral".