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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

CS Mackay-Bennett, o barco que resgatou 306 corpos do Titanic

Marek Sarba
Iniciada em 10 de abril de 1912, nas águas da cidade de Southampton, Inglaterra, a viagem inaugural do Titanic em direção à New York, deveria ser concluída na manhã de 17 de abril com a chegada ao aos Estados Unidos. 

Mas as 23:40 de 14 de abril o destino do Titanic e seus ocupantes foi abruptamente interrompido, com o fatal encontro do transatlântico com um iceberg a deriva no meio do Atlântico Norte, numa colisão da qual se resultou um dos maiores dramas da história marítima até então, tendo como desfecho o desaparecimento do maior navio do mundo em agonizantes 2h e 40min de afundamento que findou as 2:20 da madrugada de 15 de abril, deixando um saldo de 1.500 mortos, dos 2.200 viajantes daquela travessia lamentavelmente inacabada. Dos seus ocupantes originais, apenas 705 receberam a dádiva do destino de sobreviver; e um número assustadoramente pequeno, um total de 334 vítimas, tiveram seus corpos encontrados nos dias subsequentes durante as operações de recuperação. Sete barcos estiveram envolvidos nesta pesarosa e extenuante tarefa fúnebre, sendo quatro destes especificamente contratados pela companhia proprietária do Titanic, a White Star Line, para atuar no resgate das vítimas.

Barcos contratados para o resgate dos corpos: C.S. Mackay-Bennet (306 corpos), C.G.S. Montmagny (4 corpos), C.S. Minia (17 corpos) e S.S. Algerine (1 corpo).

Barcos não contratados que resgataram corpos ao passar pelo local: R.M.S. Oceanic (3 corpos), S.S. Ilford (1 corpo) e S.S. Ottawa (1 corpo).

Dentre os quatro barcos contratados para a missão, o primeiro a partir em direção à área do desastre foi o pequeno C.S. Mackay-Bennett, que viria a resgatar a maior parte dos corpos, um total de 306. O Mackay-Bennett poderia ter passado muito discretamente diante dos registros históricos caso sua história não tivesse cruzado com o desfecho lúgubre da curta história do Titanic. Conheça então este pequeno barco, seus tripulantes e suas palavras, e parte do processo de resgate dos que pereceram em um dos mais dramáticos e clamorosos capítulos de toda a história da navegação.

Nome: C.S. Mackay-Bennett - Tipo: lança-cabos - Peso: 2.000 toneladas - Comprimento: 82 metros - Largura: 12 m

Abaixo: Um modelo detalhado em configuração de diorama mostrando o Mackay-Bennett, construído por Tom Power. Este é um modelo em escala 1/96 em exibição no Maritme Museum of the Atlantic, em Halifax. Embora seja um belo modelo, também mostra um momento muito comovente da trajetória do pequeno barco, quando o cônego Kenneth Cameron Hind preside o sepultamento no mar de alguns dos resgatados do naufrágio do Titanic.

A história do Mackay-Bennett

Acima: O Mackay-Bennett atracado em doca seca na cidade de Halifax, Nova Escócia.

Ao lado: Uma típica visão do porão de um navio extensor de cabos contemporâneo ao Mackay-Bennett. Depositado em uma imensa "bobina" sob o porão especialmente projetado, o cabo de telegrafia ou eletricidade era daqui estendido sob a guia da tripulação e os equipamentos a bordo para interligarem as várias estações através dos continentes. Processo que ainda segue sendo utilizado, embora hoje com outros tipos de cabo e tecnologias avançadas, para a transmissão de dados da Internet, por exemplo, comparativamente falando, a "bisneta" da telegrafia sem fio. O primeiro cabo telegráfico transatlântico foi instalado  entre 1857 e 1858 pelos navio Agamemnon e Niagara. Ele possibilitou brevemente a telecomunicações entre a Europa e a América do Norte, antes que o uso indevido resultasse em falha da linha. Em 1866, o famoso barco S.S. Great Eastern instalou com sucesso dois cabos transatlânticos, garantindo a comunicação futura entre os continentes. O porão do pequeno Mackay-Bennett, no entanto, recebeu nova função como necrotério temporário, e foi esvaziado em função do chamado de busca às vítimas do Titanic.

O C.S. Mackay-Bennett [sigla para Cable Ship] era um navio usado na reparação de cabos telegráficos submarinos no Oceano Atlântico entre a América do Norte e a Europa, ele foi registrado em Londres, Inglaterra, era de propriedade da empresa Commercial Cable Company. O barco teve uma longa carreira de consertos de cabos submarinos, e apesar de baseado principalmente em Halifax, Nova Escócia, ele também foi muitas vezes usado para as operações no lado europeu do Atlântico. Seu porto de atracagem na Europa a cidade de Plymouth, Inglaterra.

Acima: A tripulação do Mackay-Bennett, fotografia feita em data imprecisa entre 1910 e 1915.

Vários portos próximos a importantes rotas de cabos tornaram-se o lar de navios especializados em reparos de cabos. Halifax, na Nova Escócia, abrigou meia dúzia dessas embarcações durante a maior parte do século XX, incluindo embarcações de longa vida útil como o CS Cyrus West Field, o CS Minia e o CS Mackay-Bennett. Os dois últimos foram contratados para resgatar vítimas do naufrágio do RMS Titanic. As tripulações dessas embarcações desenvolveram diversas técnicas e dispositivos novos para reparar e aprimorar a instalação de cabos. O escritor canadense de história e ficção Thomas Raddall trabalhou como operador de telégrafo a bordo do Mackay-Bennett e baseou algumas de suas histórias em suas experiências neste barco. O Mackay-Bennett foi aposentado em maio de 1922 nas águas de Plymouth Harbour, na seqüência começou a ser usado como barco armazém. Durante a Blitz na Inglaterra ele foi afundado num ataque alemão, mas resgatado na sequência, sua demolição final ocorreu em 1963.

A expedição de busca aos mortos do Titanic

O Mackay-Bennett foi o primeiro de quatro navios fretados pela White Star Line para procurar corpos do naufrágio do Titanic. Ainda quando o navio R.M.S. Carpathia estava a todo vapor carregado de sobreviventes em direção à New York, o Mackay-Bennett já estava sendo contratado pela White Star Line a uma taxa de 550,00 dólares por dia para atuar no resgate dos mortos no naufrágio.

Ao lado: Frederick Harold Larnder, o capitão do Mackay-Bennett na ocasião dos esforços de resgate de corpos.

O barco navegava sob o comando do Capitão Frederick Harold Larnder, a bordo estavam também o Cônego Kenneth Cameron Hind da All Saints Cathedral (Catedral de Todos os Santos), da cidade de Halifax, e John R. Snow Jr., o embalsamador chefe da empresa John Snow & Co., da província de Nova Escócia, contratado para o trabalho de embalsamar as vítimas ainda no barco.

Abaixo um pequeno filme do Mackay-Bennett gravado em 17 de abril de 1912, a legenda diz o seguinte: "O Mackay-Bennet partindo de Halifax em busca aos mortos".

À deriva: Mar de mortos e escombros 

Acima: A expedição rumo aos mortos - o Mackay-Bennett deixa o cais de Halifax no dia 17 de abril de 1912. O barco estava carregado com aproximadamente 100 caixões de madeira, os quais seriam insuficientes para os 306 corpos recuperados nos esforços de resgate.

A notícia do naufrágio tinha apenas algumas horas quando a White Star Line fretou o Mackay-Bennett para recuperar os corpos. A tripulação teve a opção de permanecer em Halifax em vez de assumir a tarefa, embora a empresa tenha oferecido o dobro dos salários para aqueles que permanecessem a bordo e seguissem na expedição de busca. Para seu crédito, toda a tripulação optou por permanecer a bordo. Em dois dias os cabos telegráficos no porão do navio foram removidos e substituídos por gelo, e assim o navio deixou seu cais na Upper Water Street, em Halifax, com funcionários da empresa funerária John Snow & Co. e um cônego anglicano a bordo, além de caixões, lastro de ferro e bolsas de lona. O Mackay-Bennett zarpou do cais de Halifax, Nova Escócia, às 12:28 da quarta-feira, 17 de abril de 1912, dois dias depois do naufrágio, ainda antes que os sobreviventes à bordo do Carpathia desembarcassem em New York, algo que só aconteceria no dia seguinte, em 18 de abril.

Do diário do tripulante do Mackay-Bennett, Frederick Hamilton: "Tendo abastecido com gelo e um grande número de caixões, [o Mackay-Bennett] partiu do cais a caminho do local do desastre do 'Titanic'. O Reverendo Cônego Hind, da Catedral de Todos os Santos, em Halifax, está acompanhando a expedição. Também temos um embalsamador especialista a bordo. Tempo frio e claro."

Em 19 de abril no início da noite enquanto o Mackay-Bennett seguia navegando para sudeste em direção à última posição relatada do Titanic, Frederick Hamilton segue com seu diário, documentando o importante trabalho que ele e seus colegas marinheiros realizarão nos próximos dias. Curiosamente, o navio de resgate parece ter parado no final da tarde para recolher um único colete salva-vidas flutuante encontrado à deriva no mar, embora se prove que não veio do Titanic, com alguma distância ainda a percorrer antes de chegar ao local da tragédia. Da entrada desta noite: “19 de abril: O bom tempo que prevaleceu até agora, transformou-se em chuva e neblina. Falamos com o 'Royal Edward' por rádio hoje; ele estava a leste de nós e relatou icebergs e growlers (aglomerados de gelo, alguns de tamanho considerável). Às 18h, a neblina estava muito densa, o cúter baixou e recolheu um colete salva-vidas da Allan Line.”

Ao lado - O S.S. Bremen em Hoboken, New Jersey.

Em 20 de abril, as 15h30 a bordo do transatlântico SS Bremen, da Norddeutscher Lloyd, viajando para o oeste vindo da Alemanha, passageiros desfrutando de uma breve pausa no convés depois do tempo chuvoso do Atlântico Norte, de repente notam centenas de pontos brancos no horizonte, que inicialmente pareciam ser aves marinhas ou pedaços de gelo na superfície da água. 

A passageira Leoni Hermann, de 11 anos (abaixo), está entre aqueles que rapidamente percebem do que estão se aproximando, lembrando mais tarde: "Nós simplesmente gritamos para a sala de café da manhã que havia pessoas na água". Leoni estava viajando para os EUA com sua avó de Dresden para se juntar ao resto de sua família na Filadélfia. O que ela viu na água instalou para sempre em sua vida um medo do mar e de viagens de navio. 

Outros sobem para ver com os próprios olhos enquanto o transatlântico avança agonizantemente lento através dos destroços e do gelo por quase duas horas. Como a White Star Line já havia fretado o Mackay Bennet para o resgate, o Bremen não parou para recuperar nenhum deles. 
O capitão do Bremen, Heinrich Wilhelm, relatou que: “Eles [os corpos] estavam por toda parte. Havia homens, mulheres e crianças. Todos usavam coletes salva-vidas. Contei 125 e depois enjoei da visão. Pode ter havido até 150 ou 200 corpos.”

O relato de Johanna Stunke, uma passageira da 1ª classe a bordo do Bremen, é mais detalhado: "Era entre 16:00 e 17:00 h no sábado, quando nosso navio avistou à estibordo da proa um iceberg. Os oficiais haviam nos dito que passaríamos a poucas milhas da posição dada pelo Titanic quando ele afundou, então quando soubemos que o gelo foi avistado nós todos nos apressamos para as grades do navio. Era uma bonita tarde, e o sol reluzente no grande iceberg era uma imagem maravilhosa, mas quando nos aproximamos e notamos pequenos pontos flutuando no mar, um sentimento de temor e tristeza se apossou de todos nós, e o navio seguiu em silêncio absoluto. Nós passamos a cerca de 30 metros ao sul da maior concentração de destroços, e olhando para baixo nós vimos vários corpos tão nitidamente que podemos perceber o que eles estavam usando, e se eram homens ou mulheres."

Ao lado: Cena de "Titanic" (1997)

"Nós vimos uma mulher em roupas de noite com um bebê apertado junto ao peito. Várias mulheres passageiras gritaram, e deixaram as grades a ponto de desmaiar. Havia uma outra mulher, plenamente vestida, com seus braços ao redor de um cão peludo que parecia ser um São Bernardo. Os corpos de três homens em um grupo, todos agarrados à uma cadeira do navio que flutuava por perto, e logo além deles estavam dezenas de corpos de homens, todos de colete salva-vidas, agarrados uns aos outros em uma última desesperada batalha pela vida. Estes eram os únicos corpos que passamos perto o suficiente para distinguir com perfeição, mas nós podíamos ver os salva-vidas brancos de muitos outros pontuando o mar ao redor do iceberg... As cenas comoveram todos nós a bordo a ponto de chegar as lágrimas, mesmo os oficias não fizeram segredo de sua emoção."
Abaixo: Cena de "Titanic" (1997)


Ainda naquele dia, Stephan Rehorek, passageiro nascido na região da Boêmia e que estava a bordo do Bremen,  em choque pela visão junto dos demais passageiros, avistou nas águas circunvizinhas um iceberg, sobre o qual os oficiais do Bremen suspeitaram de que aquele seria o iceberg no qual o Titanic havia colidido e afundado menos de uma semana antes. Stephan Rehorek sabiamente fotografa o iceberg e depois de sua chegada em Nova York envia um cartão postal para casa, carimbado com a data “25 de abril”. Na frente deste cartão havia uma imagem do Titanic, e atrás os seguintes dizeres:

"Querido Pai e Mãe, cumprimentos de Nova York. Estou lhes enviando uma foto de um transatlântico que afundou em sua viagem inaugural. Ele era o maior do mundo. A dois dias de distância de Nova York, ele colidiu com um iceberg e navio foi seriamente danificado em uma lateral. Quase 1.600 pessoas morreram e cerca de 670 foram resgatadas. Tenho uma fotografia do iceberg e vou enviá-lo para vocês (...) Eu também vi os corpos dos afogados e os destroços do navio. Foi uma visão terrível."

Abaixo: John R. Snow Jr., agente funerário de Halifax, e um oficial do Mackay-Bennett posam no cais do porto de Halifax em 17 de abril de 1912, enquanto as urnas feitas às pressas de maneira rústica são carregadas para bordo. A empresa de artigos em madeira James Dempster & Co. trabalhou rapidamente da noite para o dia para suprir a enorme demanda de caixões. 'The Daily Mirror', 29 de abril de 1912.
Abaixo: Uma grande quantia de caixões improvisados em madeira são fotografados junto da funerária John Snow. & Co. em Halifax, por ocasião da Grande Explosão de Halifax ocorrida em 1917, cinco anos após os serviços prestados às vítimas do Titanic. O prédio ainda existe, e hoje funciona como um restaurante.

Em 20 de abril de 1912, 19h15, pouco depois do pôr do sol, o Mackay-Bennett chega ao local do naufrágio com o mar sombrio ainda envolto em gelo e neblina. Quatro corpos são vistos a caminho da área enquanto o navio se acomoda para a noite — todos os quatro serão recuperados amanhã, e o árduo trabalho da tripulação começará ao amanhecer. "Estamos agora muito próximos da área onde jazem as ruínas de tantas esperanças e orações humanas", escreve Frederick Hamilton, obviamente afetado pela magnitude do trabalho que estão prestes a realizar e, muito possivelmente, ainda abalado pelos relatos de avistamentos anteriores nas proximidades, mencionando ambos em suas anotações. 

Do seu diário desta noite: “20 de abril - Forte brisa de sudoeste, ondulação de través e mar agitado. O transatlântico francês ‘Rochambeau’, perto de nós ontem à noite, relatou a presença de icebergs, e o ‘Royal Edward’ relatou um a 48 quilômetros a leste da posição do ‘Titanic’. O ‘Rhine’ passou por nós esta tarde e relatou ter visto icebergs, destroços e corpos, às 17h50. O ‘Bremen’ passou perto de nós, relatou ter visto, uma hora e meia antes, corpos etc. Isso significa cerca de 40 quilômetros a leste. 19h. Um grande iceberg, vagamente discernível ao norte de nós, estamos agora muito próximos da área onde jazem as ruínas de tantas esperanças e orações humanas. O Embalsamador fica cada vez mais animado à medida que nos aproximamos do cenário de suas futuras atividades profissionais; amanhã será um bom dia para ele. A temperatura do mar ao meio-dia de hoje era de 14°C, às 16h era 32N [sic]”*

Em 21 de abril, enquanto a tripulação do Mackay-Bennett inicia seu terrível trabalho nesta manhã de domingo escura e ainda nebulosa, o quarto corpo encontrado à tona é o de uma criança de dezenove meses que embarcou no Titanic com seus pais e cinco irmãos em Southampton no dia 10 de abril. Ninguém da família sobreviveu. Em uma documentação completa e contínua realizada a bordo do navio de recuperação, as tripulações registram o pouco que sabem sobre o menino. Dias mais tarde, comovidos com a descoberta da criança não reclamada, a tripulação do Mackay-Bennett arrecadará fundos entre si para pagar o funeral e a lápide desta criança, inscrevendo nela o epitáfio “Erigido em memória de uma criança desconhecida, cujos restos mortais foram recuperados após o desastre do ‘Titanic’, em 15 de abril de 1912.” 

Nº 4 - Masculino - Idade estimada, 2 anos - Cabelo, loiro Vestuário - Casaco cinza com pele na gola e nos punhos; vestido de sarja marrom; anágua; peça de flanela; regata de lã rosa - sapatos e meias marrons. Sem qualquer marca Provavelmente de terceira classe.” 

Às 20h15 de 21 de abril, o Cônego Hind oficiou um enterro comovente no convés do MacKay-Bennett. Cerca de duas dúzias de corpos, a maioria da tripulação, mas nenhum identificado e todos gravemente desfigurados pela vida marinha, foram sepultados. Um tripulante do Mackay-Bennett descreveu como o navio encontrou um aglomerado de 100 cadáveres no segundo dia de busca. "Mesmo quando nos deparamos com eles, ainda não conseguíamos acreditar", disse ele ao St. Louis Post-Dispatch. "Então, quando vimos que eram realmente seres humanos, tivemos que nos convencer de que estavam mortos, porque pareciam apenas nadadores dormindo. ... Alguns estavam de olhos fechados, mas a maioria estava bem aberto, olhando para a frente."

Abaixo: Nesta ilustração de William Lionel Wyllie sobre o desastre do R.M.S. Lusitania, ocorrido em 1915, uma visão dos náufragos que - três anos antes, em 1912 - teria sido similar para as vítimas do Titanic, enquanto os tripulantes do Mackay-Bennet encaravam sua pesarosa tarefa. Vitimado por um ataque bélico durante a I Guerra Mundial, o naufrágio do Lusitania deixou um saldo de 1.198 vítimas na costa da Irlanda.
The Aftermath of the Lusitania by William Lionel Wyllie

O número limitado de caixões a bordo foi reservado para as vítimas mais ricas. Passageiros de segunda e terceira classes, tripulantes e corpos não identificados, mas com boas chances de serem identificados em terra, são embalsamados por John R. Snow Jr., agente funerário-chefe da funerária John Snow & Co., e então costurados em sacos de lona. Os corpos em mau estado e que não puderam ser embalsamados são sepultados no mar em cerimônias conduzidas pelo Cônego Kenneth Cameron. 

Em seu diário, Frederick Hamilton escreve:"Dois icebergs agora claramente à vista, o mais próximo com mais de 30 metros de altura no pico mais alto, é uma visão impressionante, uma massa sólida de gelo, contra a qual o mar se choca furiosamente, lançando colunas de espuma semelhantes a gêiseres, bem acima do cume mais alto, sufocando a grande massa, às vezes completamente, em uma cascata de espuma que se derrama sobre a neve e se quebra em cristas finos na superfície polida do iceberg, fazendo com que toda a montanha de gelo, que brilha como uma construção de conto de fadas, oscile de seis a nove metros na vertical."

"O oceano está coberto de entulho de madeira, cadeiras e corpos, e há vários blocos de gelo por perto, todos mais ou menos perigosos, pois frequentemente se escondem nas ondas. O cúter foi arriado e o trabalho começou e continuou ininterruptamente durante todo o dia, recolhendo os corpos. 

Carregar os restos encharcados em roupas encharcadas pela lateral do cúter não é uma tarefa fácil. Hoje embarcamos cinquenta e um, duas crianças, três mulheres e quarenta e seis homens, e o mar ainda parece agitado. Com exceção de nós, o pássaro Bosun é a única criatura viva aqui. 17h. Os icebergs estão em trânsito, fortes ondas tem rolado o dia todo, deve haver um vendaval em algum lugar. A lua crescente lança uma luz fraca sobre nós, enquanto o navio chafurda nas grandes ondas. O funeral é conduzido pelo Reverendo Cônego Hind, e por quase uma hora as palavras 'Pois, como ele quiser, entregamos seu corpo às profundezas' são repetidas a cada intervalo, então vem um splash! enquanto o corpo pesado mergulha no mar, afundando ali a uma profundidade de cerca de três quilômetros. Splash, splash, splash."

A John Snow and Company Ltd., a maior empresa funerária da província da Nova Escócia, foi designada para supervisionar o projeto de recuperação. John R. Snow Jr., observou mais tarde: "Todos usavam coletes salva-vidas e os corpos flutuavam muito alto na água, apesar das roupas encharcadas e dos pertences nos bolsos. Aparentemente, as pessoas tiveram muito tempo e disciplina, pois algumas usavam pijamas, duas ou três saias, duas calças, dois coletes, dois casacos e um sobretudo. Em alguns bolsos, nós {os embalsamadores} encontramos quantidades de carne e biscoitos. Nos bolsos da maioria dos homens, foi encontrado bastante tabaco, fósforos e frascos de uísque. Muitas pessoas tinham as chaves de seus camarotes e armários".

O Reverendo Cônego Hind, a bordo do navio de resgate, escreveu como os mortos foram tratados: "Todos foram cuidadosamente examinados e seus pertences colocados em sacos separados — todos os corpos e sacos foram numerados." Relembrando mais tarde, ele refletiu sobre o sepultamento no mar: "Qualquer pessoa que assista a um sepultamento no mar certamente perderá a impressão comum do horror de uma sepultura nas profundezas. O Atlântico selvagem pode se agitar e se agitar, os náufragos clamam por misericórdia, mas lá embaixo, nas profundezas calmas e tranquilas, eles descansam em paz."

......................Acima: Os locais relacionados à viagem, naufrágio e recuperação dos corpos do Titanic.

Desde quando chegaram ao local do naufrágio, logo se aperceberam que havia muito mais corpos flutuando no oceano do que qualquer um esperava. Não demorou muito para os funcionários da White Star Line concluírem que um segundo navio seria necessário para auxiliar no resgate e os arranjos foram feitos para fretar o navio lança-cabos C.S. Minia para ajudar. 

Ao lado: Capitão William Squares DeCarteret do C.S. Minia.

Em 22 de abril a White Star Line envia o Minia de Halifax para ajudar o Mackay-Bennet. Ao pôr do sol, a tripulação do Mackay-Bennett encerra o dia com mais um melancólico serviço em prol dos mortos, enquanto mais quinze vítimas do Titanic são sepultadas no mar. Os destroços da tragédia da semana passada estão se espalhando amplamente agora nas correntes do Atlântico, embora uma grande quantidade de destroços ainda seja vista nas proximidades, enquanto os trabalhos progridem esta noite. Cadeiras, acessórios para cabines, cortiça isolante, tábuas do convés e os sete botes salva-vidas descartados já estão à deriva por quilômetros em meio a um mar de mortos – mais de cem dos quais serão recuperados somente nos esforços de amanhã.

Abaixo: O C.S. Minia em data não especificada

Ao anoitecer em 22 de abril, após navegar por 30 quilômetros entrando e saindo da linha de destroços, o Mackay-Bennett encontrou mais vítimas. Uma boia foi lançada para marcar o local onde o trabalho do dia seguinte começaria. O dia terminou como todos os outros, com o Cônego Hind presidindo enquanto quinze pessoas eram sepultadas no mar, "algumas delas seriamente esmagadas machucadas".

Do diário de Frederick Hamilton de 22 de abril à noite: “22 de abril - Passamos perto do iceberg hoje e tentamos fotografá-lo, mas a chuva está caindo e não achamos que os resultados serão satisfatórios. Estamos agora a leste, em meio a uma grande quantidade de destroços. O cúter foi baixado para examinar um bote salva-vidas, mas está muito destruído para que se possa dizer qualquer coisa, nem mesmo o nome está visível. Ao redor, há lascas de madeira, acessórios de cabine, frentes de gavetas de mogno, entalhes, tudo arrancado de suas fixações, cadeiras de convés e, em seguida, mais corpos. Alguns deles estão a 24 quilômetros de distância dos resgatados ontem. 20h. Outro funeral.”

Abaixo: Espólios e
loquentes do luxo de um navio, e de sua própria desdita - Recuperados ainda durante as missões de resgate de corpos,  pelo navio C.S. Minia, o armário e o painel esculpido abaixo permanecem expostos no Maritme Museum of the Atlantic em Halifax. O armário foi, entre as dezenas de artigos menores resgatados, a única peça de mo
biliário do Titanic retirada do mar em estado intacto, junto com várias espreguiçadeiras de convés, muitas das quais também em alguns casos integrais. O armário foi guardado por um dos membros da tripulação, Theodore Smith, e sua família mais tarde o usou como armário de remédios. O painel esculpido de pouco mais de 1 metro, também recuperado pelos tripulantes do navio C.S. Minia,  teria sido arrancado de sua posição original acima da porta de comunicação entre o luxuoso Lounge da 1ª classe no convés A e a escadaria traseira, uma área localizada às bordas do epicentro da devastadora ruptura do navio em duas partes antes do afundamento . Oitenta e quatro anos depois uma réplica da relíquia seria suporte de um dos momentos mais lembrados em "Titanic" (1997). A equipe de arte liderada por James Cameron  estudou o artigo para  a criação de uma réplica onde a personagem "Rose" (Kate Winslet) sobreviveria nas cenas finais do longa de grande sucesso; popularizado como "a porta onde Rose se salvou".... a realidade é que se tratava do painel sobre uma porta arcada, e não da porta em si. Não há qualquer indício, no entanto, que o artigo original fora também a tábua de salvação para algum dos náufragos em 1912. Embora a possibilidade não possa ser descartada frente às circunstâncias daquele evento. 


Às 7:00 da manhã em 23 de abril de 1912, o Mackay-Bennett recostou lado-a-lado do navio Sardinian da Companhia Allan Line, para coletar lona adicional para embalar os muitos corpos que seriam resgatados inda. Logo após a meia-noite de sexta-feira, 26 de abril, ele se reuniu com o navio C.S. Minia e transferiu mais suprimentos de embalsamamento, então partiu. Após sete dias de busca, o Mackay-Bennett recuperou um total de 306 corpos. 116 corpos foram “sepultados” no mar e 190 corpos permaneceram a bordo, quase o dobro do que havia de caixões disponíveis. À medida que cada cadáver era trazido a bordo, era atribuído um número, e todos os pertences eram colocados em uma bolsa com o mesmo número de identificação. Alguns corpos tinham joias nos bolsos, e passageiros da terceira classe foram encontrados com suas economias ainda em suas roupas.

Ao lado: Esta Bolsa Mortuária foi costurada a bordo do CS Mackay-Bennett e usada para proteger os pertences pessoais do Corpo nº 41; Edmund Stone, de 33 anos, de Southampton, um comissário de bordo de primeira classe que foi sepultado no mar. Como núcleo essencial do sistema de recuperação e identificação de corpos após o naufrágio do Titanic, as bolsas mortuárias foram confeccionadas a bordo do navio conforme os corpos eram encontrados e se mostraram muito eficazes para manter os pertences pessoais das vítimas juntos, tanto no navio quanto no necrotério. Este sistema foi tão bem-sucedido que o legista, durante a Explosão do Porto de Halifax em 1917 que vitimou entre 1.950 e 2.000 pessoas, seguiu o exemplo do Titanic e confeccionou bolsas idênticas para os pertences pessoais das vítimas da explosão.



Ainda em 23 de abril a tripulação do Mackay-Bennett avista e fotografa o bote desmontável B, que durante a noite do naufrágio ficou emborcado na tentativa de lançá-lo ao mar enquanto o Titanic naufragava rapidamente. O bote afundou gradualmente na água à medida que a bolsa de ar sob ele se dissipava. O mar começou a se agitar ao amanhecer, fazendo com que o bote salva-vidas balançasse com a ondulação e perdesse ainda mais ar. Lightoller a bordo organizou os homens precariamente equilibrando-se no fundo do casco em duas fileiras paralelas de cada lado da linha central, de frente para a proa, e os fez moverem-se em conjunto para neutralizar o movimento de balanço causado pela ondulação do mar. 


Eles ficaram expostos diretamente à água gelada do mar, primeiro até os pés, depois até os tornozelos e, finalmente, até os joelhos, enquanto o bote afundava na água. Para alguns, a provação foi demais e, um a um, eles desabaram, caíram na água e morreram. Entre as vítimas estava o passageiro da Terceira Classe, David Livshin (ao lado), cujo corpo foi levado para o Carpathia na manhã seguinte. 

Cerca de 28 homens sobreviveram pela manhã e foram transferidos para outros botes salva-vidas antes de serem resgatados pelo Carpathia. 

Os tripulantes do Mackay-Bennett no entanto não resgataram o bote em 23 de abril, e ele foi avistado novamente em 16 de maio pelo Paul Paix, que relatou um bote salva-vidas de navio, limpo, com a parte inferior para cima e sem danos visíveis, flutuando na posição 41°51' N, 42°29' W. A partir daí o bote desaparece para os registros históricos.

Abaixo: Cena de "A Night to Remember" (1958)



O ajudante de cozinha John Collins (abaixo), que sobreviveu no bote desmontável B, testemunhou no Inquérito dos EUA : 

“... Então eu, outro comissário de bordo, as duas crianças e a mulher demos a volta por aquele lado, a estibordo, e quando chegamos lá, vimos que estávamos na proa. Vimos o barco desmontável sendo retirado do convés do salão, e então os marinheiros e os bombeiros que estavam na dianteira viram a proa do navio na água e perceberam que ela iria afundar a proa, e gritaram com todas as suas forças que deveríamos ir para a popa, então chegou a notícia de que um barco estava sendo lançado, então nos disseram para ir para a popa, e justo quando nos viramos indo para a popa a onda nos jogou para fora do convés - nos levou para longe dele - e a criança foi arrancada dos meus braços; e os destroços e as pessoas que estavam ao meu redor me mantiveram submerso por pelo menos dois ou três minutos debaixo d'água. [...] Bem, senhor, [Senador Bourne] o bote foi retirado do convés do salão, e a onda subiu e levou o barco para longe, e ele ficou de cabeça para baixo, senhor, e a água correu sobre ele. Ele foi virado, e nós ficamos em cima dele.”
 

Ao lado: Charles Lightoller, Segundo Oficial do Titanic

Por volta das 2h10 da madrugada de 15 de abril, o bote tinha cerca de 10 pessoas a bordo, com o Segundo Oficial Charles Lightoller e muitos outros agarrados a ele. O bote havia se movido para além da chaminé dianteira, parando perto do quase inundado Desmontável A, que estava em uma situação pior. A água fez a chaminé de 19 metros de altura desabar, quase acertando o bote salva-vidas por poucos centímetros, empurrando-o para longe do navio, como Lightoller disse numa entrevista de 1936: 

"...um pouco depois, a chaminé de proa desabou. E a chaminé, pesando talvez 50 ou 60 toneladas, caiu com estrondo na água. Passou perto do bote, com alguns de nós agarrados nele, por centímetros, houve muitos outros que ela não errou. A onda da chaminé em queda evidentemente nos pegou, com o bote e tudo. E nos arremessou para longe do navio."

Abaixo: Tripulantes do Minia resgatam o corpo do comissário de bordo da terceira classe Thomas Mullin (ao lado), de 20 anos, na manhã de 29 de abril, o último dos mortos numerados a ser encontrado pelo navio. Seus restos mortais serão devolvidos a Halifax, onde será enterrado com outras vítimas do Titanic no Cemitério Fairview Lawn no dia 10 de maio. A recuperação foi um trabalho árduo e penoso, em meio a grandes ondas e perigosos blocos de gelo. A tripulação recebeu o dobro do salário e quantia extra de rum.

Abaixo: Um iceberg fotografado pelo Capitão De Carteret a bordo do Minia durante os esforços de resgate das vítimas. O bloco de gelo foi avistado próximo ao local do naufrágio, com corpos e destroços nas proximidades. Ainda assim, este não se enquadra como "o real vilão da história" na descrição dos depoimentos prestados pelas testemunhas pós desastre, que testificaram sobre as formas e dimensões do bloco de gelo contra o qual o Titanic colidiu na noite de 14 de abril. Ainda assim a foto permanece entre as muitas contemporâneas daqueles dias que registraram o perigo que rondava a área durante aquela primavera, com inumeráveis icebergs espalhados pela rota dos navios que cruzavam o Atlântico Norte.


Abaixo: Aqui estava uma das últimas escalas para muitos dos que embarcaram esperançosos no Titanic, numa lúgubre e silenciosa fileira de corpos embalados em lona temporariamente expostos ao tempo no convés de proa do Mackay-Bennet, organizados à espera pelos procedimentos de sepultamento no mar. Em função da escassez de suprimentos para embalsamamento e espaço disponível, muitas das vítimas foram sepultadas ao mar, em especial aquelas que não traziam pertences para que ajudassem ar identificação, corpos cujas injúrias impedissem a preservação e vítimas que pareciam ser da terceira classe. Quando os suprimentos de embalsamamento foram reabastecidos no Mackay-Bennet, no entanto, todos os corpos recuperados na sequência, independente de qualquer particularidade, foram preservados e levados à costa em Halifax.


O descanso final no abismo do Atlântico: "Pois deve ser como lhe aprouver — portanto, entregamos seu corpo ao mar"

Acima: Nesse fúnebre registro fotográfico raramente divulgado, tripulantes observam os corpos das vítimas resgatadas a bordo do Mackay-Bennet(?). A visão certamente jamais teria saído da mente daqueles que se viram envolvidos naquela operação. A foto fora divulgada no documentário "Titanic's Ghosts" da série "Secrets of the Dead" da National Geographic Society em 2002.

Fred Hamilton, o maquinista do Mackay-Bennett escreveu em seu diário:

“O badalar do sino chamou toda a tripulação ao castelo da proa, onde se encontravam 30 corpos que iam ser lançados ao mar, cada um deles cuidadosamente envolvido em lona e com um peso, para ir ao fundo. Era um estranho espetáculo. A Lua em quarto crescente derramava sua luz tênue sobre nós, enquanto o navio rolava nas ondas. O serviço fúnebre foi conduzido pelo reverendo Cônego Hind; durante cerca de uma hora, repetiram-se as palavras: ‘Pois é vosso desejo... entregamos seu corpo à profundezas’. Depois, à intervalos regulares, ouvia-se o ruído de um corpo que mergulhava no oceano, o qual, naquela zona, tem um profundidade de 3.000 m.”

Ao lado: O processo de sepultamento no mar: depois de envolto em saco de lona, onde é acrescentado um peso de ancoragem, geralmente peças de ferro, o corpo é apoiado sobre uma plataforma deslizante e, sob as preces de um clérigo ou do capitão, é entregue ao oceano. *Foto ilustrativa, não diretamente relacionada ao Titanic.

Redescoberta em 2012 e tendo pertencido ao 4º Oficial do Mackay Bennet, R.D. "Westy" Legate, a segunda foto abaixo foi tomada a bordo do Mackay-Bennett em 24 de abril de 1912, nove dias após o naufrágio do Titanic. Nela a tripulação testemunha com os chapéus removidos e as cabeças abaixadas enquanto prosseguem os sepultamentos dos corpos no mar sob os serviços do cônego Kenneth Cameron Hind (em destaque no recorte abaixo). Clifford Crease, um tripulante do Mackay-Bennett, registrou o evento em seu diário: "24 de abril: Tempo nublado, não recolhemos nenhum corpo, mas sepultamos setenta e sete corpos às 12h45, três de cada vez." 

Para cada vítima, o cônego Hind oferecia a seguinte oração:
“Porquanto aprouve a Deus Todo-Poderoso tomar para Si a alma do nosso querido irmão que partiu, entregamos, portanto, o seu corpo ao abismo para ser corrompido, aguardando a ressurreição do corpo (quando o mar entregar os seus mortos) e a vinda da vida do mundo, por Jesus Cristo, nosso Senhor, que transformará o nosso corpo vil, para que seja semelhante ao seu corpo glorioso, segundo a sua poderosa graça de sujeitar a si todas as coisas.”. 

Depois disso, ele os conduzia em uma oração e juntos cantavam "Jesus, Amante da Minha Alma". Em seguida, os corpos eram entregues ao mar, três de cada vez. O Cônego Hind dizia: "Pois deve ser como lhe aprouver — portanto, entregamos seu corpo ao mar" sobre cada corpo antes que ele fosse deixado cair pela lateral do navio, no abismo aquoso abaixo com mais de 3 mil metros de profundidade naquela área.

Abaixo e recorte acima: Sob uma neve que cai levemente, o Cônego Kenneth Cameron Hind prossegue com a cerimônia de sepultamento no mar junto da tripulação a bordo do Mackay-Bennett que acompanha com respeito os sepultamentos. Perto do Cônego Hind, encontra-se um saco mortuário de lona com o número 177. Este foi identificado como o do bombeiro William Peter Mayo. 


Ao lado: Uma característica cadeira do salão de jantar da primeira classe do Titanic recuperada pelo navio C.S. Mackay- Bennett durante a expedição de busca. Daily Mirror, maio de 1912.

Do diário de Frederick Hamilton a bordo do Mackay-Bennett em 26 de abril: "O ‘Minea’ (sic) juntou-se a nós hoje no trabalho de recuperação e está a três quilômetros a oeste de nós. Sua primeira descoberta, ouvimos dizer, foi o corpo do Sr. Hayes (sic), o Presidente do Grand Trunk. Ao meio-dia, navegamos até ele e enviamos o cúter para buscar material, e logo depois rumamos para Halifax. O número total de corpos recolhidos por nós é de trezentos e cinco, cento e dezesseis foram enterrados no mar. Uma grande quantia em dinheiro e joias foi recuperada, a identificação da maioria dos corpos foi estabelecida e os detalhes foram definidos para publicação. Foi uma tarefa árdua para aqueles que tiveram que revisar e cuidar dos restos mortais, a busca, numeração e identificação de cada corpo, depositar os pertences encontrados em cada um em uma bolsa marcada com um número correspondente ao que estava preso ao cadáver, costurar em lona e prender pesos, tudo isso exigiu trabalho prolongado e paciente. O embalsamador é o único homem a quem o trabalho é agradável, eu poderia acrescentar sem exagero indevido, prazeroso, pois para ele é um trabalho de amor e orgulho de fazer um trabalho bem feito.”

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Ao lado - Espreguiçadeira do Titanic resgatada pelo navio Minia durante o processo de recuperação de corpos. A cadeira foi presenteada ao Reverendo Henry W. Cunningham, ministro a bordo que prestou os serviços religiosos durantes o resgate, em reconhecimento ao seu trabalho no funeral e sepultamento dos náufragos. A relíquia foi doada pelo neto de Henry ao Museu Marítimo do Atlântico, em Nova Escócia, onde estão sepultadas a maioria das vítimas. A espreguiçadeira é de mogno, com uma estrela esculpida sobre o apoio da cabeça, marca registrada da White Star Line; o assento de palha não é original, foi refeito. Hoje esta é uma das únicas intactas ainda preservadas e em exposição pública. 

Abaixo: Um agente funerário embalsama o corpo de uma vítima do Titanic a bordo do C.S. Minia. Para ocultar sua identidade seu rosto é discretamente escondido atrás de um frasco de fluido de embalsamamento. Esta fotografia é atribuída ao carpinteiro do navio, William Parker.

Na manhã de 29 de abril de 1912 o Minia continua a vasculhar a área de destroços deixada pelo desastre duas semanas antes, agora amplamente espalhados e à deriva a mais de 320 quilômetros do local. O mau tempo prejudicará ainda mais as operações e, no momento do retorno, apenas dezessete vítimas adicionais foram encontradas após uma busca prolongada. O Minia será substituído posteriormente pelo CGS Montmagny e pelo SS Algerine.

Abaixo: O pesaroso lembrete do desastre aqui é fotografado na forma de espreguiçadeiras e cadeiras do salão de jantar do Titanic, recolhidas em número incerto pelos tripulantes do Mackay-Bennett. Numa análise rápida, é possível notar que os artigos resgatados aqui trazem marcas eloquentes da dinâmica física desastrosa do afundamento que ceifou a vida de 1.500 pessoas. A foto permaneceu oculta da vista pública durante mais de 100 anos, ressurgindo em 2015.

O descanso final para a maioria das vítimas: Halifax

Acima: Com as bandeiras a meio mastro e os caixões empilhados na popa, o Mackay-Bennett chega a Halifax ao som dos sinos da igreja em 30 de abril de 1912. O Mackay-Bennett foi fotografado da costa enquanto navega lentamente em direção ao porto de Halifax com 190 mortos a bordo, os restos mortais recuperados armazenados tanto em seus porões quanto em seus conveses - aqui, os caixões das vítimas do Titanic são visíveis empilhados na popa. A forte conexão entre o desastre e a capital da Nova Escócia já estava profundamente enraizada, e um clima de silenciosa responsabilidade e cuidado se espalhou entre os habitantes da cidade à medida que o navio funerário se aproximava.

Do último registro no diário de bordo de Frederick Hamilton sobre a viagem de resgate: “30 de abril - 8h25. O piloto foi levado a bordo na ilha Devils e agora estamos navegando pelo Porto de Halifax. Multidões lotam os cais, os telhados das casas e as ruas. Bandeiras em navios e prédios estavam todas a meio mastro. Oficiais de quarentena e outros funcionários embarcaram perto da Ilha Georges, após o que o navio atracou no Estaleiro da Marinha e atracou. Arranjos elaborados foram feitos para o recebimento dos corpos, agora prontos para o desembarque.” 

Ao lado: Uma pilha de caixões se alinha no convés da popa do Mackay-Bennett. 

Em 30 de abril, o Mackay-Bennett chegou ao som de sinos dobrando e a visão de uma multidão de pessoas ansiosas para ver se seus entes queridos estavam entre a carga sombria. Um rebocador veio e interceptou o Mackay-Bennett, e transportava o Chefe de Polícia Rudland, os Detetives Kennedy e Hanrahan, Dr. Finn, Sr. Jones e Sr. Mitchell. Depois que o Mackay-Bennett atracou ninguém foi autorizado a embarcar e um repórter observou ter visto o Cônego Hind e o Capitão Lardner conversando com os homens que vieram no rebocador na ponte de comando. Depois que os corpos foram solenemente removidos, o Cônego Hind partiu. Ele foi entrevistado por um repórter para quem fez um relato da viagem e expressou frustração pela ausência de um representante da White Star Line.

Acima: Esta rara foto de Mackay-Bennett logo após sua chegada ao Píer 4 do Estaleiro Naval mostra uma parede de lona e tendas erguidas para impedir que as pessoas vissem a cena. É uma foto rara, provavelmente tirada secretamente por alguém da Marinha.

Abaixo: Um registro do Jornal Nova Scotia Evening Mail.

Ao lado: Carruagens funerárias na doca Naval de Halifax levam os corpos resgatados pelo C.S. Minia, em 6 de maio de 1912.

Ainda do diário de Frederick Hamilton desta manhã:

“30 de abril - 10h. O translado dos restos mortais para a costa começou. Uma procissão contínua de carros funerários transporta os corpos para o Mayflower Rink. É curioso que, quando, em 12 de fevereiro, resgatamos a escuna encharcada ‘Caledonia’ e retornamos a Halifax para desembarcar sua tripulação de seis pessoas, esses homens tenham chegado à costa sem serem notados, e duas linhas no Daily Journal foram suficientes para registrar o fato de que eles haviam sido salvos. Enquanto hoje, sem uma única vida para mostrar, milhares vêm assistir ao desembarque, e os jornais explodem em manchetes sensacionalistas.”

Ao lado: A tripulação do Mackay-Bennet finalmente traz para a terra os caixões contendo as vítimas resgatadas. O tão desejado desembarque para muitos dos que embarcaram festivamente no Titanic vinte dias antes em Southampton, Cherbourgh ou Queenstown, finalizava aqui, envolto pelo profundo  silêncio reservado aos que não puderam cruzar uma prancha de desembarque sustentados por suas próprias forças. Nenhuma recriação romantizada para o cinema, para teatro ou para a TV, supera em dramaticidade a um único registro fotográfico granulado como este,  tão eloquente em suas brutais implicações.


Os corpos dos passageiros de segunda e terceira classe foram costurados em sacos de lona, ​​e estes foram trazidos para terra logo em seguida. Os corpos dos passageiros da Primeira Classe estavam todos dentro de caixões na popa do Mackay-Bennett e foram os últimos a serem trazidos para terra. Há relatos que para pôr os corpos nas macas e, posteriormente nos caixões, muitos dos membros congelados tiveram que ser quebrados. Processo certamente brutal às vistas qualquer leigo fora da área de tratamento funerário, mas realizado em função de trazer o corpo para uma postura adequada no que se refere à deposição em urna funerária, deste modo tornando o processo de funeral mais digno e menos chocante.

Ao lado: "O 
Mackay-Bennett aportando em Halifax com os corpos das vítimas do Titanic (vistos [em urnas] no convés perto da popa)". New York Times, 12 de maio de 1912.

Abaixo: Cubículos individuais forrados com lona com capacidade para três caixões em cada são montados na pista de gelo do ginásio de esportes Mayflower Curling Rink em Halifax, o único lugar na cidade grande e frio o suficiente para servir como necrotério temporário para os corpos e a posterior tentativa de reconhecimento. Apenas quando todos os corpos foram preparados e trazidos ao salão que os reclamantes, sejam familiares, cônjuges ou amigos, tiveram permissão para entrar e prosseguir com o possível reconhecimento. O método de instalar cubículos garantiu assim uma visão menos chocante ao primeiro impacto para aqueles que se dirigissem ao galpão, embora ainda revelasse a "face da morte" para qualquer um que porventura se visse na obrigação de reconhecer algum ente querido em meio à tantas vítimas. A polícia da cidade fez vigília ao redor do clube, garantindo a segurança dos procedimentos e evitando a invasão de curiosos e jornalistas. Todas as roupas removidas das vítimas foram queimadas em função de evitar que se tornassem alvo de caçadores de relíquias.



Abaixo: De 1905 a 1962, o Mayflower Curling Club estava localizado na Agricola Street em Halifax, onde agora fica a loja de artigos de caça e pesca Army Navy Store. Nesta foto tomada em 1920 é possível perceber o prédio reconstruído depois da destruição causada pela Explosão de Halifax em 1917 que devastou parte da cidade deixando um saldo entre 1.950 e 2.000 vítimas. Oito anos antes, em maio de 1912, intenções e ânimos do que aqui estiveram no prédio original eram então diametralmente opostas ao que se nota na grande equipe de competidores.

Abaixo: O Mayflower Curling Club em Halifax, o ginásio de esporte para onde os corpos das vítimas foram levados, nesta fotografia uma pequena multidão curiosa que se acerca nos arredores do clube por ocasião da chegada dos carros funerários com os despojos das vítimas do desastre. Hoje no mesmo local, embora em novo prédio, funciona uma loja de artigos de caça e pesca.

O Mayflower Curling Club (clube de esporte com pista de gelo) havia sido preparado como um necrotério temporário, sua pista transformou-se num grande “expositor de corpos” para serem identificados. Na chegada todos os corpos foram levados para uma secção de embalsamento, havia uma mulher para embalsamar apenas as mulheres e crianças. Uma vez embalsamados os corpos foram colocados em plataformas feitas especialmente para que qualquer identificação pudesse se realizar. Muitos já tinham sido identificados a partir do conteúdo de seus bolsos e pelo vestuário.

Acima: Nesta reconstituição dramatizada para o documentário "Titanic, the Aftermath", lançado em 2012 por ocasião do centenário do naufrágio, um fotógrafo segue o registro das vítimas no intuito de que eventualmente pudessem ser identificadas mesmo após o sepultamento. As fotos post-mortem dos náufragos do Titanic foram relativamente bem protegidas da mira pública no decorrer dos mais de 100 anos desde o naufrágio, sendo parte delas destruídas para que não ganhassem expectadores mórbidos pelo assunto. No entanto uma pequena quantia delas é conhecida, como a foto mais abaixo. Aparentemente nenhuma das fotografias com vítimas expostas no entanto ganhou manchetes de jornal, salvo as poucas que registram o processo de resgate ainda no mar, pelos navios Mackay-Bennet e Montmagny, também expostas nesta matéria.

Ao lado: Embora atualmente embalada com ares de romance, a crua realidade do Titanic reside na história das 1.500 vítimas e suas implicações, bem como em um registro como o da foto ao lado... Cujo corpo apesar de recuperado, nunca chegou a ser reconhecido ou reclamado por familiares. O corpo de nº 296 era de um bombeiro com idade aproximada de 28 anos, e que hoje se encontra sepultado no cemitério Fairview, em Halifax em cuja lápide está registrada apenas sua data falecimento e o número que lhe foi atribuído por ordem sequencial de recuperação.

Um coveiro, o senhor Frank Newell, de Yarmouth, Nova Escócia, ao executar seu trabalho corriqueiro acabou encontrando de forma inesperada o corpo de seu tio entre as vítimas, o passageiro de Primeira Classe Arthur W. Newell e desmaiou com o choque. As autoridades de Halifax também forneceram uma estação de primeiros socorros para o consolo e conforto dos parentes que vieram fazer o reconhecimento de corpos, esta estação estava sob a supervisão da enfermeira Nellie Remby, e provou ser uma dádiva de Deus a alguns dos que sucumbiram à dor da tragédia.

Ao lado: O filho de John Jacob Astor, Vincent, e seu amigo, Nicholas Biddle, chegam a Halifax para encaminhar seus restos mortais.

Entre os corpos desembarcados em Halifax na manhã de 30 de abril estavam o de John Jacob Astor IV, o mais rico dos passageiros do Titanic; Wallace Hartley, o heroico maestro e violinista do navio; Isidor Straus, proprietário da loja de departamentos Macy's, que havia optado, juntamente com sua esposa, por permanecer a bordo do navio que naufragou; e, o mais comovente, o corpo do bebê recuperado no primeiro dia de buscas pelo Mackay-Bennett, no momento não identificado. A tripulação recebeu uma recompensa de US$ 100.000 pela recuperação do corpo de Astor, que dividiram entre si e, posteriormente, pagaram pelo sepultamento e pela lápide do bebê solidariamente sepultado com os dizeres "OUR BABE".

Ao lado: Fragmentos exumados do túmulo da "criança desconhecida" com os dizeres "OUR BABE", dedicada pela tripulação do Mackay-Bennett em 1912. 

Em 4 de maio, o cônego Hind sepultou uma última vítima do Titanic. O capitão Lardner e a tripulação do Mackay-Bennett realizaram um funeral para a criança loira, sem colete salva-vidas, que haviam encontrado no primeiro dia. Pela comoção gerada entre os tripulantes do Mackay-Bennett, eles a colocaram em um pequeno caixão branco e colocaram uma placa de bronze sobre seu peito com a inscrição "OUR BABE". O cônego Hind os conduziu no funeral na Igreja Anglicana de St. George, antes que o corpo da criança fosse levado em um carro funerário puxado por cavalos até o Cemitério Fairview e enterrado. O funeral de teve grande público, já que a história de “Our Babe”, como a tripulação se referia a ele, havia se tornado pública, comovendo profundamente os moradores da cidade. 

O bebê permanecerá anônimo no Cemitério Fairview Lawn até 2007. Mas noventa e cinco anos decorreram até que o pequeno par de sapatos recuperado dos restos mortais da "criança desconhecida" ajudou a resolver um dos muitos mistérios que cercam o naufrágio do Titanic. A identidade do pequeno corpo resgatado pelos tripulantes do Mackay-Bennet permaneceu um triste enigma até 2002, quando cientistas utilizando a mais moderna tecnologia de DNA e análise dentária, concluíram que os restos mortais exumados eram de Eino Viljami Panula, da Finlândia, que tinha apenas 13 meses de idade quando morreu no mar. 

No entanto, se a tragédia do Titanic nos ensinou alguma coisa, é que mesmo a melhor tecnologia pode falhar. Dois anos após a coletiva de imprensa que anunciou a suposta identidade da criança, uma família de Ontário doou um par de sapatos marrons manchados ao Museu Marítimo do Atlântico em Halifax, alegando que pertenciam ao menino que acreditava-se naquele momento como finalmente identificado. A família contou aos curadores do museu que seu avô, o Sargento Clarence Northover, da polícia de Halifax, era o responsável pela guarda dos corpos recuperados do desastre do Titanic. 

Clarence Northover era sargento do Departamento de Polícia de Halifax em 1912, e ajudou a proteger os corpos e pertences das vítimas do Titanic. “Roupas [das vítimas]  foram queimadas para deter os caçadores de souvenirs, mas ele ficou muito emocionado ao ver o pequeno par de sapatos marrons de couro, com cerca de quatorze centímetros de comprimento, e não teve coragem de queimá-los. Como nenhum parente veio reclamar os sapatos, ele os colocou na gaveta de sua mesa na delegacia e lá permaneceram pelos seis anos seguintes, até ele se aposentar em 1918.”

Na sola dos sapatos, Northover escreveu: "Sapatos do único bebê encontrado. SS Titanic 1912." Dan Conlin, curador de história marítima do museu, diz que a história foi confirmada por meio de uma verificação dos registros da cidade. Mas havia um problema. Os sapatos eram grandes demais para um bebê de 13 meses. 

Ao lado: O pequeno par de sapatos removido co corpo do bebê resgatado pela tripulação do Mackay-Bennet, hoje exposto no Maritme Museum of the Atlantic em Halifax.

"Isso fez a equipe de DNA questionar sua primeira conclusão", disse Conlin. Além disso, especialistas em calçados confirmaram que os sapatos foram feitos na Grã-Bretanha, não na Finlândia, e uma descrição policial dos sapatos usados ​​pela criança, conhecida na época como Corpo nº 4, correspondia ao artefato mais recente doado ao museu. Outra rodada de testes genéticos foi conduzida nas amostras exumadas em 2001. Desta vez, a equipe utilizou uma forma mais avançada de decodificação de DNA. Os resultados preliminares de 2007 foram submetidos a um rigoroso processo de revisão por pares, que resultou em um artigo de pesquisa que foi publicado na revista "Forensic Science International: Genetics". 

"Não era o garoto finlandês", 
disse Conlin. "Era um garoto inglês... Ele serviu nos sapatos, literalmente." Seu nome era Sidney Leslie Goodwin. Ele tinha 19 meses quando morreu no naufrágio.  Seus sapatos agora fazem parte da exposição permanente do museu de Halifax. "Muitos visitantes os acham muito tocantes", diz Conlin. "É um dos nossos objetos mais cativantes do Titanic... O fato de que um dia houve uma pessoa pequena naqueles sapatos realmente toca o coração de muitas pessoas." Conlin conta que Sidney era o caçula dos seis filhos da família Goodwin, viajando de Southampton, Inglaterra, para Nova York na viagem inaugural do Titanic. 

Ao lado: Sargento Clarence Northover, da polícia de Halifax. A história da criança desconhecida comoveu o Sargento de polícia.

O pai do menino, engenheiro ou eletricista, planejava começar uma nova vida em Niagara Falls, Nova York, onde conseguiu um emprego em uma usina hidrelétrica. A família Goodwin, composta de oito membros, com filhos entre 19 meses e 16 anos, havia reservado uma passagem para a terceira classe no S.S. New York saindo de Southampton, mas devido à greve do carvão naquele ano que deixou inativos vários navios, a passagem foi adiada e a família foi transferida para o Titanic. Infelizmente a história foi interrompida, bem como a vida e a esperança de tantos outros embarcados naquela travessia inacabada. Nenhum dos outros sete membros de sua família jamais será encontrado e, se encontrado, não chegaram a ser identificados.


A busca prossegue: O C.G.S. Montmagny
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Acima: O C.G.S. Montmagny

Em 6 de maio a White Star Line envia o C.G.S. Montmagny de Sorel, Quebec, para ajudar na procura por corpos. Em Halifax, o pequeno barco foi carregado com mais uma carga completa de gelo em bloco, serragem, caixões, fluidos de embalsamamento e lonas, transferidos do Minia, e parte pouco antes do meio-dia como o terceiro navio a embarcar para o local do naufrágio do Titanic. 

Ele percorre a viagem de mais de 1.600 km até Halifax, subindo o Rio St Lawrence partindo de Sorel, Quebec, sob o comando duplo dos capitães Peter Crerar Johnson e François-Xavier Pouliot, que supervisionarão os esforços de recuperação nas próximas semanas. O capitão Johnson foi trazido a bordo especificamente para guiar o pequeno barco de apoio enquanto navega no Atlântico aberto, complementando a experiência do capitão titular do navio, Pouliot, que comandou o Montmagny, de tamanho reduzido, apenas em águas costeiras calmas. 

Ao lado: O Reverendo Samuel Henry Prince a bordo do Montmagny em busca  aos corpos.

"Por volta das quatro horas do dia seguinte [19 de maio], parado na ponte, perto do telégrafo de estibordo, vi um objeto escuro quase à nossa proa. Um momento depois, ouvi os sinos do motor. Logo veio a ordem de arriar [um bote], e um oficial com um grupo de marinheiros recolheu nosso primeiro corpo. O pobre homem vestia um pesado casaco cinza sobre um colete salva-vidas e estava vestido como um comissário de bordo. Nenhuma marca de identidade foi encontrada nele e, após um registro, foram dadas ordens para que seu corpo fosse preparado para o sepultamento no mar. Desci seguindo as instruções do Capitão e coloquei minhas vestes. Eu havia trazido comigo várias cópias do serviço memorial realizado na Igreja de St. Paul para as vítimas do Titanic, e as distribuí entre os oficiais. Às quatro horas, o serviço solene foi realizado, e o corpo do homem desconhecido, envolto em seu sudário, foi reverentemente entregue às profundezas; 'Mais perto de ti, meu Deus' foi cantado baixinho e, após a bênção, o navio que havia sido parado para a triste cerimônia, continuou seu caminho. Provavelmente nenhum homem a bordo havia testemunhado tal cena antes. Todos se sentiram imersos em uma tristeza profunda demais para ser descrita em palavras. "Samuel Henry Prince a bordo do navio de busca C.G.S. Montmagny, citado em Sammy the Prince, Leonard Hatfield, publicado pela Lancelot Press, 1990.

Também a bordo do navio de recuperação está o agente funerário John R. Snow, que retornou recentemente de seus esforços anteriores a bordo do Mackay-Bennett. Ele será auxiliado em seu trabalho pelo colega embalsamador Cecil Zink, de Dartmouth, Nova Escócia, embora, quando chegarem ao local, haja muito pouco a ser feito por qualquer um deles. 

Ao lado: John Snow Jr., esquerda, agente funerário de Halifax e Cecil Zink, direita, preparam bolsas de lona para o depósito dos pertences pessoais das vítimas a bordo do Montmagny.

Em meio a um tempo tempestuoso e chuvoso, com gelo ainda à deriva, o Montmagny encontrará apenas quatro corpos, um dos quais será enterrado no mar. Os três restantes retornarão a Louisbourg, Nova Escócia, em 13 de maio, antes que o Montmagny reabasteça novamente e parta para o local do naufrágio – o único dos quatro navios de recuperação a vasculhar a área duas vezes. Ele encontrará apenas destroços quebrados e espalhados nesta segunda viagem ao Titanic e retomará seu trabalho habitual como faroleiro logo em seguida.

Abaixo: O Reverendo S.H. Prince lê o serviço de sepultamento para um dos quatro corpos recuperados pelo Montmagny.

Samuel Henry Prince Collection of Allan Rufman

 

Ao lado: Jean François Pouliot, o capitão franco canadense do Montmagny. 

Abaixo: Tripulantes do Montmagny posam com uma das boias salva-vidas do Titanic, na qual os corpos de Harold Reynolds e o de uma garota síria não identificada foram encontrados agarrados. Na extrema esquerda o Reverendo Samuel Henry Prince da Igreja St. Paul de Halifax, e na sequência, ao seu lado, o padre Patrick McQuillan da Basílica St. Mary's também de Halifax. O corpo de Harold Reynolds recebeu o número (#327) e foi enterrado no Cemitério Fairview, Halifax, Nova Escócia, em 22 de maio. 

Ainda sobre a foto: Contrariando a ideia que tendemos a ter, as boias do Titanic não traziam a nomenclatura do navio gravada na superfície, e apenas o conhecimento das circunstâncias em que foi encontrada, como neste caso, poderia dar-lhe uma origem garantir a certeza de sua procedência. No Titanic havia um total de 48 boia salva-vidas não demarcadas, e que pela temperatura da água naquela madrugada gélida, estas de nada serviram para garantir a sobrevivência dos náufragos que a elas acorreram na esperança de salvação. Com a água a -2° Celsius naquela ocasião, os náufragos tinham menos que 30 min de expectativa de sobrevivência, perecendo em agonia por hipotermia dentro dos minutos deste intervalo, independente do uso ou não de coletes ou do eventual suporte de qualquer aparato que os mantivesse com a cabeça fora da água. Uma parcela considerável dos vitimados pelo Titanic não pereceu por afogamento, mas pelo efeito fatal da hipotermia.

A White Star Line se depara com o próprio horror: R.M.S. Oceanic

Ao lado: R.M.S. Oceanic, White Star Line. Apenas um mês antes o mesmo estava atracado junto ao cais do porto de Southampton, quando o Titanic deixou a cidade para a viagem inaugural.

Em 13 de maio a bordo do transatlântico R.M.S. Oceanic, da White Star Line, com destino a Nova York, os vigias em seu cesto de gávea avistam repentinamente um pedaço substancial de destroços à deriva, o objeto desconhecido parecendo mover-se lenta e erraticamente a uma curta distância da proa a estibordo/boreste do navio. 

O autor irlandês Shane Leslie, passageiro do Oceanic, relembrou a descoberta do bote salva-vidas, avistado pela primeira vez a cerca de três quilômetros da proa. "O que se seguiu foi horrível", escreveu ele anos depois. "Dois marinheiros podiam ser vistos, com os cabelos descoloridos pela exposição ao sal e ao sol, e uma terceira figura, de traje de gala, deitada nos bancos. Os três estavam mortos."

O Oceanic recebe ordens de parar após o avistamento, e um de seus pequenos botes salva-vidas é baixado para inspeção. Os destroços, na verdade, provam ser os restos do Desmontável A, a embarcação danificada tendo sido levada pelo vento e pelas correntes a mais de duzentas milhas do local do desastre. Ao chegarem, os tripulantes também relatam três corpos ainda a bordo do desmontável, todos agora tristemente escurecidos pelo sol e caindo aos pedaços após quase um mês à deriva. Sem que as vítimas pudessem ser resgatadas adequadamente, os tripulantes reúnem os pertences pessoais que conseguem e sepultam os restos mortais no mar, acompanhados em seu breve serviço a bordo do barco apodrecido por um médico e um padre disposto, que os acompanham em um dos cúteres do Oceanic. Após os sepultamentos, a pequena tripulação tenta afundar os destroços, mas sem sucesso contra a camada flutuante de cortiça granular do bote, que o mantém permanentemente à tona pelo seu poder de flutuação. 



Sem sucesso ao tentar afundá-lo,  remadores rebocarão o desmontável de volta para ser recuperado, e seus restos serão eventualmente levados de volta ao Píer 59 do Rio Hudson em New York, onde serão depositados junto com o restante dos botes salva-vidas devolvidos pelo Carpathia. Mais tarde, será determinado que os corpos encontrados a bordo do desmontável não são de náufragos que morreram à deriva, mas foram deixados no barco pelo 5º Oficial Lowe pouco antes do resgate dos demais sobreviventes pelo Carpathia, após a constatação de que os três homens morreram em algum momento durante a noite. 

Um deles é identificado como o passageiro da Primeira Classe, Thomson Beattie, de 37 anos (ao lado), enquanto os outros dois, não identificados, parecem ter sido tripulantes, provavelmente foguistas. Levado pela água do convés do Titanic nos momentos finais do naufrágio, o Desmontável A tornou-se um refúgio desesperado para muitos, sem outra opção. Embora sem tempo para içar adequadamente as laterais de lona do barco, ele oferecesse pouca proteção contra o mar congelante. Pela manhã, apenas metade dos que haviam se agarrado uns aos outros a bordo ainda estava viva, e esses sobreviventes foram resgatados por Lowe no Bote Salva-vidas 14, quase vazio.

Abaixo: O começo do drama a bordo do bote desmontável A teria sido de alguma forma muito próximo à cena que foi habilmente reconstituída em "Titanic" (1997), aqui registrada em foto de bastidores do longa.


Ao lado: As cenas com o bote desmontável A, na versão finalizada para o cinema.

Abaixo: O bote desmontável A recolhido pela tripulação do Oceanic. As bordas de lona extensíveis aqui são claramente visíveis, as mesmas que não puderam ser suspensas para a posição de uso adequado na madrugada do naufrágio, fazendo com que os ocupantes passassem a noite em contato com a água gélida, levando muitos dos quais - que se viam  ensopados -  à óbito pela exposição ao frio. A temperatura da água do mar naquela madrugada de 15 de abril era de mortais -2º Celsius.

August Edvard Andersson “Wennerström”, de 27 anos, passageiro sobrevivente da 3ª classe e a bordo do bote desmontável A relembrou a noite terrível: 

“Toda a sensibilidade nos abandonou. Se quiséssemos saber se ainda tínhamos pernas (ou qualquer outra parte), tínhamos que apalpar dentro d'água da com a mão. O único exercício que tínhamos era quando alguém perdia as esperanças e morria, sendo imediatamente jogado ao mar para dar um pouco mais de espaço aos vivos e, ao mesmo tempo, aliviar o peso do barco."

O autor Shane Leslie, a bordo do Oceanic relembrou mais tarde: "O mar estava calmo ao meio-dia quando o vigia gritou que era possível ver algo flutuando à frente. O navio diminuiu a velocidade e ficou evidente que o objeto era um bote salva-vidas flutuando em mar aberto no meio do Atlântico. O mais assustador é que continha três cadáveres em decomposição. Um bote salva-vidas foi enviado com um oficial e um médico. O que se seguiu foi estarrecedor. Dois marinheiros podiam ser vistos prostrados, com os cabelos descoloridos pela exposição ao sol e ao sal, e um terceiro corpo, vestido de smoking, jazia no chão. Os três estavam mortos e estavam nas ondas e a céu aberto desde que viram o maior transatlântico afundar. Os três corpos foram colocados em sacos com uma barra de aço no fundo de cada um. Então, um após o outro, foram embrulhados na bandeira do Reino Unido, um sermão foi lido e foram jogados ao mar."

A procura recomeça: Os últimos esforços da White Star Line

Em 16 de maio um último navio inicia hoje a navegação em direção à área a sudeste do local do naufrágio do Titanic, em uma tentativa final de recuperar o que quer que esteja à deriva ali, uma decisão sem dúvida motivada, pelo menos em parte, pelos recentes relatos da descoberta do Desmontável A no meio do Atlântico pelo R.M.S. Oceanic há apenas três dias. Trata-se do S.S. Algerine St. John's, Terra Nova, um navio a vapor de 505 toneladas e três mastros, construído em 1880 pela Harland & Wolff e atualmente de propriedade da Bowring Brothers Ltd. como um navio de carga mista e passageiros limitados, sob o comando do Capitão John Jackman. Também estão a bordo os agentes funerários Andrew Carnell e Thomas Lawrence, de St. John's, bem como um suprimento de gelo, lona, ​​fluidos de embalsamamento e serragem semelhante ao transportado pelos três navios de recuperação contratados anteriormente. 

Abaixo:S.S. Algerine

Após ser especialmente equipado com um aparelho Marconi com alcance de 200 quilômetros (e aparentemente sob ordens de usar seu novo rádio principalmente para a transmissão de relatórios oficiais para a White Star Line), o Algerine parte esta tarde para começar as buscas perto da área onde os destroços do Titanic foram vistos pela última vez há vários dias. Ela navegará ao longo de um grande círculo de 320 quilômetros ao sul e a leste do local do desastre, seguindo as correntes e o clima variado na esperança de encontrar alguém ainda preso à deriva por um colete salva-vidas flutuante. 

Apesar de três semanas de buscas, Algerine encontrará apenas um corpo (o do comissário de bordo do Titanic, James McGrady, de 27 anos, em 25 de maio. Depois disso, nenhum outro avistamento de corpos ou destroços será feito pelo navio de recuperação, e ele eventualmente retornará ao porto de St. John's na manhã de 6 de junho.

Ao lado: James McGrady nasceu de mãe solteira, Ann Hagan, mas durante parte de sua vida parece ter vivido com sua avó materna, Margaret Hagan. Aos 16 anos ele trabalhava na agricultura, logo depois se tornando marinheiro. 

Ao lado:
O colete salva vidas utilizado por 
James McGrady permanece em exposição permanente no The Rooms Museum, em St. John’s, Newfoundland. 

Em 1912 devido à sua pouca experiência marítima, ele recebeu o cargo de comissário de bordo da primeira classe no Titanic, ganhando um salário mensal de £ 3,15 (cerca de £ 360 hoje). Seu corpo foi levado ao porto mais próximo, St. John's, Canadá, no dia 6 de junho, onde foi transferido para o navio a vapor Florizel e devolvido com outros corpos a Halifax, chegando em 11 de junho. James foi o último corpo de 328 (registrado como 330) a ser recuperado durante as buscas oficiais. Seu corpo havia se deteriorado a tal ponto após seis semanas no oceano que sua idade estimada foi marcada como 50, quando na verdade ele tinha apenas 27 anos. Em 12 de junho, quase dois meses após o naufrágio, James foi finalmente enterrado no Cemitério Fairview Lawn, em Halifax, junto com outras 121 vítimas do Titanic, incluindo "A Criança Desconhecida", identificada apenas em 2007. Em Southampton, há uma placa comemorativa a James dentro de sua última residência.

Abaixo: O S.S. Florizel, de Newfoundland, prestou assistência transportando o corpo de James McGrady do Algerine para Halifax, chegando em 11 de junho de 1912. McGrady foi a última vítima a ser enterrada em Halifax, sendo sepultado no Cemitério Fairview Lawn em 12 de junho de 1912. 



Derradeiros resgates fortuitos: S.S. Ottwa e S.S. Ilford, junho de 1912

Em 6 de junho em meio a uma viagem rotineira, mais de um mês e meio após o naufrágio do Titanic, marinheiros a bordo do petroleiro S.S. Ottawa, rumo ao oeste, avistam um único corpo à distância, próximo à proa do navio. Os restos flutuantes ainda estão presos à deriva por um colete salva-vidas encharcado e já bastante deteriorado. O capitão R.G. Tait ordena que o navio pare para recolher o corpo, e a tripulação encarregada do resgate deduz rapidamente que a vítima deve ter vindo do Titanic — embora registrem sua posição como estando a pouco mais de 874 km do local do desastre, onde os destroços estão em repouso no fundo do mar há quase oito semanas. 

Embora o corpo tenha se deteriorado, infelizmente, principalmente quando exposto aos elementos, a tripulação do Ottawa consegue recuperar vários pertences pessoais antes de realizar uma pequena cerimônia em prol da Igreja da Inglaterra e um sepultamento no mar. Esses pertences incluem uma carteira com as iniciais "W.T.K." e um punhado de cartas e documentos pessoais que identificam o homem como William Thomas Kerley, de Salisbury (Ao lado). Kerley havia embarcado no Titanic como assistente de camareiro de segunda classe em 4 de abril, data que, aliás, também era seu aniversário de 28 anos. Seria sua primeira experiência trabalhando no mar. 

Após o funeral e o sepultamento no mar, o Ottawa prossegue sua viagem, embora seu ritmo lento e a falta de comunicação sem fio signifiquem que as notícias da recuperação de William Kerley só cheguem à costa em sua próxima atracação, em 5 de julho de 1912. A essa altura, a cobertura do desastre finalmente terá começado a desaparecer das manchetes dos jornais de todo o mundo, e o triste destino desta penúltima vítima encontrada à deriva será noticiado com parcimônia, e apenas em boletins informativos de menor importância, impressos várias semanas após sua descoberta e entrega ao mar.

Olaf Gulbrandsen, 1917
.
Em 8 de junho uma uma cena quase idêntica à ocorrida dois dias antes a bordo do S.S. Ottawa, a última vítima do Titanic é encontrada por acaso esta manhã pelo cargueiro britânico S.S. Ilford. O diário de bordo indica, por sua posição, que os restos mortais já se afastaram mais de 900 km do local do desastre. Mais uma vez, quase oito semanas após a tragédia, os elementos cobraram seu preço, e os seis tripulantes do Ilford que remaram para recolher o corpo relataram não conseguir reconhecer nenhuma característica distintiva do homem. 

Ele foi identificado, por seus pertences pessoais, como o comissário de bordo da primeira classe do Titanic, William Frederick Cheverton (ao lado), natural de Newport, na Ilha de Wight, que havia sido transferido da tripulação do Olympic junto com outros membros de sua equipe de abastecimento na manhã de 4 de abril. Cheverton tinha 27 anos na época de sua morte, com vários anos de experiência no mar – incluindo seis anos de serviço na Marinha Real, começando aos 17 anos, em julho de 1902. Após sua dispensa em 1908, Cheverton trabalhou em alguns empregos como operário e pintor antes de ingressar na White Star Line como comissário de bordo. O pagamento mais estável enviado para casa permitiu que ele ajudasse a sustentar seus pais e sua irmã deficiente, Nellie. 

Após a identificação de seus restos mortais e outro breve serviço anglicano, William Cheverton é sepultado no mar. Com esta descoberta final confirmada de uma vítima do Titanic à deriva, o número de corpos recuperados chega a 337 dos 1.496 mortos conhecidos, o que significa que apenas 22% dos perdidos no naufrágio são encontrados. Sem dúvida, muitas vítimas flutuantes desapareceram ao longo de semanas à deriva na vasta extensão do Atlântico, e algumas ainda podem ter passado despercebidas por navios que a cruzaram por algum tempo após este último encontro do S.S. Ilford. Vários relatos infundados de pequenos destroços e possíveis corpos foram feitos no final do ano, embora nenhum deles tenha sido confirmado, e nenhuma identificação conclusiva de mais restos do Titanic tenha sido feita no mar após hoje. 


Os números finais de vítimas do Titanic encontradas são os seguintes: 

705 sobreviventes recolhidos pelo R.M.S. Carpathia - 4 corpos sepultado no mar 
C.S. Mackay-Bennett - 190 corpos recuperados, 116 sepultado no mar 
C.S. Minia - 15 corpos recuperados, 2 sepultado no mar 
C.G.S. Montmagny - 3 corpos recuperados, 1 sepultado no mar 
S.S. Algerine - 1 corpo recuperado 
R.M.S. Oceanic - 3 corpos sepultado no mar 
S.S. Ottawa - 1 corpo sepultado no mar 
S.S. Ilford - 1 corpo sepultado no mar

Abaixo: Em data não especificada, um passageiro a bordo do R.M.S. Mauretania, da Cunard Line, lança uma coroa de flores ao mar na área do naufrágio do Titanic em memória um amigo que pereceu no desastre. Embora o sujeito não seja identificado, o gesto certamente demarca bem o profundo sentimento daqueles que perderam entes e amigos queridos naquela tragédia. O mar, no entanto, não aceita lápides, e apenas o conhecimento do que está tragicamente confinado logo abaixo no abismo aquoso, é que confere a este ponto específico a sua marca como túmulo e local de prestação de homenagens.

Os cemitérios em Halifax

Cinquenta e nove corpos foram enviados para seus parentes, mas cento e cinquenta foram enterrados em três cemitérios de Halifax: 121 sepulturas em Fairview Lawn (não denominacional), 19 sepulturas em Mount Olivet (católicas) e dez sepulturas em Baron de Hirsch (judaicas). Cerca de um terço não foi identificado. O Cemitério Fairview é o que contém o maior número de vítimas do Titanic no mundo.




A maioria das vítimas é lembrada com uma simples lápide de granito cinza, nelas há o nome e a data da morte, em todas há a inscrição 15 de abril de 1912, apenas algumas famílias pagaram por lápides maiores. Aproximadamente um terço dos túmulos, no entanto, nunca foi identificado, dado que muitos corpos nunca foram reconhecidos. Estas lápides contém apenas a data da morte e o número do corpo, ou seja, o número sequencial pela qual o corpo foi resgatado.

Acima: Dois casos que podem ser tomados como exemplo. A esquerda o túmulo de uma vítima identificada e o outro de uma vítima ainda hoje não identificada. Neste caso o túmulo de Alma Paulson, passageira de 29 anos da 3ª classe. E a lápide de número 281, sobre a qual as informações dão conta de que se tratava de uma mulher, possivelmente da 3ª classe.

A lápide da “criança desconhecida”, positivamente identificada como bebê Sidney Leslie Goodwin, é uma das mais visitadas. Esta lápide é do corpo de um bebê resgatado pelo navio Mackay-Bennett que foi sepultado sem identificação pela tripulação que sentiu-se muito comovida em encontrar uma criança tão jovem vitimada pelo desastre. Como ninguém reivindicou ou reconheceu o corpo, então ele foi sepultado com o dinheiro arrecadado pelos marinheiros do Mackay-Bennett. Na lápide há a inscrição:

Erigido em memória de uma criança desconhecida, cujos restos foram recuperados após o desastre do "Titanic", 15 de abril de 1912



Em novembro de 2002, a criança foi finalmente identificada através de um complicado teste de DNA como o bebê de 13 meses de idade Eino Viljami Panula, da Finlândia. Eino, sua mãe e quatro irmãos, todos morreram no desastre do Titanic, e apenas o corpo do pequeno Eino fora identificado. Após novos testes de DNA a criança desconhecida foi re-identificada corretamente como o menino de 19 meses de idade, Sidney Leslie Goodwin, o filho mais novo de uma família inglesa da terceira classe, da qual ninguém sobreviveu. 

Acima, esquerda: O pequeno Eino Viljami Panula, o bebê primeiramente apontado como a criança simbolicamente "adotada" pelos marinheiros do Mackay-Bennett, e sepultada em Halifax. A direita Sidney Leslie Goodwin, o bebê positivamente - e finalmente -  identificado pelos testes de DNA em 2007, ele é a "criança desconhecida" sepultada em Halifax.

Uma sepultura marcada com "J. Dawson" ganhou fama breve após o lançamento do filme Titanic, de 1997, uma vez que o nome do personagem de Leonardo DiCaprio no filme é Jack Dawson. O túmulo na verdade pertence a Joseph Dawson, um irlandês que trabalhou na sala das caldeiras do Titanic como carvoeiro.

O cineasta James Cameron confirmou que o nome do personagem não foi inspirado pelo nome no túmulo. Seu personagem, Jack Dawson, vivido por Leonardo DiCaprio é alguém fictício, e o cruzamento entre realidade e ficção foi acidental, uma coincidência curiosa apenas. Muitos cinéfilos, no entanto, comovidos ou mal informados sobre a realidade por detrás do nome na lápide, depositam flores neste túmulo frequentemente ainda hoje.

Vinte e nove outras vítimas do Titanic também estão enterrados em Halifax, dezenove no Cemitério Mount Olivet e dez no Cemitério Jewish Baron de Hirsch.

Acima, esquerda: Ocemitério Mount Olivet. Direita: Os 10 túmulos de vítimas que acreditava-se serem de religião judaica sepultadas no cemitério judeu Baron de Hirsch.

Abaixo: As sepulturas das vítimas do Titanic no cemitério Fairwiew.


Em memória às vítimas do naufrágio do Titanic

Fontes

Maritme Art, facebook - news.com.au - smithsonianmag.com - alamy.com - your-nova-scotia- holiday.com - weremember.com - titanicconnections.com - maritimemuseum.novascotia.ca - encyclopedia-titanica.org - ibtimes.com - wikipedia.org - nationalgeographicbrasil.com - nationalmuseumsni.org - rms-titanic.fr - findagrave.com - archives.novascotia.ca - rms-titanic-1912.fandom.com - thecanadianencyclopedia.ca - Maritme Museum of the Atlantic, Facebook - jrusselljinishiangallery.com - Crossgar Life, Facebook - atlantic-cable.com - cbc.ca/nl - CGS Montmagny, Facebook - pkporthcurno.com - William Oakes, Facebook - Nova Scotia Museum, Facebook - Titanic Society of Atlantic Canada, Facebook - Maritme Ship Modellers Guild, Facebook
Titanic the unsinkable ship and Halifax -  Titanic, the Aftermath, Discovery Channel - Raise RMS Titanic Foundation, facebook -  Admiralty House Communications Museum, Facebook - "Titanic" (1997), James Cameron - titanicnorden-com - novascotia.ca / standard.co.uk / Fact Slap, Facebook - "A Night to Remember" (1958) - shutterstock.com - lintel.typepad.com - https://historicnovascotia.ca - slate.com - aventurasnahistoria.com.br  / abisaab.wordpress.com / globalnews.ca / "Secrets of the Dead, Titanic's Ghosts", National Geographic, 2002 / shiphistory.org / shipsnostalgia.com

Pesquisa, tradução e reedição de texto e imagens - Rodrigo, TITANIC EM FOCO


14 comentários:

Victor Laurant (Tirano) disse...

Caramba, queria visitar o Cemitério Fairview, em Halifax.

Maite disse...

Rodrigo, seu blog é muito bom! Descobri há pouco e cada dia reservo um tempo para ler seus posts na íntegra. Esse foi o que mais me chamou a atenção, pois sempre quis saber o que aconteceu com os corpos das vítimas. E então, me surgiu três dúvidas, que creio que você saberá as respostas.

1° Então eles não resgataram todos os corpos das vítimas? (Eu não me recordo onde, mas havia lido em outro lugar que todos os corpos foram resgatados).
2° Por que eles lançaram alguns corpos no mar novamente? A família não reinvindicou por isso?
3° Você sabe os motivos dos corpos que não foram identificados, não receberem identificação? Se foi por causa da inexistência de algum parente, ou por algum dano no rosto, etc?

Bom, agradeço desde já. Sei que são questões complexas, mas é realmente algo intrigante.

Abraço!

Rodrigo disse...

Olá Maite, seja bem vinda, fico satisfeito que goste do blog, pois eu tenho uma atenção muito especial pelo assunto e faço questão de responder às pessoas que têm admiração e querem se aproximar um pouco mais da história.

Bom, primeiro vou alertar para um ponto muito importante. Eu não sou especialista no assunto, apenas mais um curioso que tenta reavivar esta história de modo que tudo que eu publique venha de fontes muito boas. Claro, nunca estarei livre de erros, e faço o que for preciso para corrigir qualquer informação que for publicada errada, visto que criei o blog por estar muito cansado de encontrar informações falsas e carregadas de fanatismo.

Aí vai o que posso te dizer

1º Te asseguro que não foram resgatados todos os corpos, absolutamente todas as fontes (nacionais e internacionais) citam que apenas uma parte dos corpos foi recuperada. Os navios que fizeram parte do resgate foram o Mackay Bennet, Algerine, Minia, Montmagny, Oceanic e Ilford,,, Destes navios, o Oceanic e o Ilford encontrarm os corpos ao "acaso", visto que não foram contratados para este serviço. A Encyclopedia Titanica (o site) registra que 334 corpos foram recuperados (de um total de aproximadamente 1500 mortos), e este site é o mais conceituado sobre o assunto, é reconhecido internacionalmente. Caso queira avalaiar a lista, consulte no blog "LISTA DE PASSAGEIROS DO TITANIC", neste post há o link para a lista de passageiros, de mortos e de corpos recuperados.

2º Não sei bem ao certo o motivo pelo qual foram "sepultados no mar",, Algumas fontes dizem que houve discriminação até mesmo contra os corpos, onde os que pareciam de classes inferiores e estavam mutilados, foram devolvidos ao mar, outras fontes dizem que foram "enterrados no mar" aqueles corpos que estavam muito desfigurados, independendo de que classe eram ou se eram tripulantes........ Qualquer que seja a verdade, nada justifica a devolução de corpos ao oceano, qualquer um de nós sabemos que, no mínimo de humanidade, exige-se que todas as vítimas de um acidente sejam resgatadas, independentemente do estado em que estejam. A história do Titanic é carregada de absurdos, e nem mesmo o resgate de corpos escapou à esta regra.

3º Todos os corpos que foram levados à Halifax (Canadá)foram preparados para serem identificados, mas muitos deles não foram sequer reconhecidos ou reclamados por parentes. Logicamente nem todos os familiares puderam ir até a cidade para fazer reconhecimento, e é por este motivo que ainda hoje existem pessoas sem o reconhecimento nas lápides dos 3 cemitérios em Halifax. E tem mais: a distância, a falta de notícias e a falta de recursos impediram que muitos viajassem até Halifax para reconhecer os corpos. Lembre-se que em 1912 a comunicação entre os continentes era extremamente precária, se resumindo à equipamentos telegráficos e correspondência escrita. Fora a questão de que haviam passageiros de dezenas de nacionalidades no navio, pessoas vindas de várias partes do mundo.


Bom, isto é o que posso te dizer, lembrando que não sou perito, apenas repasso o que eu pesquiso em boas fontes, fazendo absoluta questão de repassar o que houver de mais preciso.

Até mais, espero ter esclarecido algo, pois eu mesmo estou sempre atrás de verdades, a pesquisa é o melhor meio.

Até.

Maite disse...

Rodrigo, obrigada pelas respostas. Faz tempo que me interesso pelo assunto, porém nunca me aprofundei tanto. Seu blog está sendo um bom guia e digo até que se tornou o meu livro de cabeceira. hahaha. Leio todas as noites, e considero os posts como capítulos.

Realmente, acho que seria impossível eles resgatarem todos os corpos. Mas fiquei mesmo na dúvida porque havia lido que tinham resgatado todas as vítimas.

Em relação ao número de corpos, achei parcialmente baixo, diante da quantidade que ficou no mar. Não sei se devo arriscar o julgamento de que, não foi muito interessante então resgatarem os corpos de todos, né? Você sabe se houve alguma promessa para que isso ocorresse e tudo o mais? Sei que muitas famílias morreram inteiras na tragédia, e outras eram de longe, porém deveria haver algum tipo de reclamação quanto a isso. No mínimo os parentes deveriam ter na época, feito um alarde... pois nem a dignidade de retirarem os corpos da água e colocá-los para descansar em um lugar adequado foi concedida às pessoas.

Ah, quanto ao link que você me recomendou, seria este? http://www.encyclopedia-titanica.org/titanic_passenger_list/

Não entendo muito Inglês e gostaria mesmo da lista na íntegra de passageiros que embarcaram no navio.

Agradeço novamente a atenção. Boa noite. Abraços!

Rodrigo disse...

Fico satisfeito em saber que o modo que abordo os assuntos é bem visto, isto paga todo meu trabalho.
..
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Olha, em tudo o que eu já li e assisti, as informações são sempre as mesmas: os corpos encontrados foram todos resgatados, no entanto os mutilados foram "sepultados" no mar,, ou seja, não houveram corpos abandonados à deriva, pois até mesmo os que foram devolvidos ao mar estavam com pesos para que afundassem, e este é exatamente o método de sepultamento no oceano.

Houve sim um esforço de resgate de todas as vítimas, no entanto grande parte delas (mais de 1.100) "desapareceu",,, quer seja presas ao navio, comidas por animais ou arrastadas pela corrente,, e sobre como se deu estes desaparecimentos não há nenhuma resposta única e definitiva,,, apenas há estas possibilidades que citei.

Não sei sobre qualquer compromisso firmado sobre o resgate total, sei apenas que a White Star Line fretou os navios especificamente para o resgate, então é justo dizer que houve preocupação séria com a recuperação de corpos, ainda que tenha ocorrido tantos sepultamentos no mar.

Concordo plenamente com vc sobre um "alarde" sobre a recuperação por parte dos familiares, e sei também que houveram casos, como a família de Benjamin Guggenheim ( se não me falha a memória) que cobrou fervorosamente a recuperação do corpo de Benjamin, apelando até para uma operação mirabolante de resgate do corpo no fundo do oceano, mas é claro, isto foi apenas uma operação "maluca", a tecnologia da época estava imensamente distante desta possibilidade e nada foi feito.

O link é quase este, mas se quer um direcionamento mais preciso, consulte o post que te indiquei, o site Enciclopedia Titanica é bastante confuso na organização dos assuntos e postei os links de modo mais claro.

Desculpe as longas respostas, não têm como falar da história sem se prolongar,,, o próprio blog é feito de longas matérias...

Boa noite.

Daniel disse...

Bom dia, Antes de mais os meus parabéns pelo excelente trabalho de pesquisa que tem no seu site. O Titanic é algo que "pesquiso" com alguma frequencia sempre que tenho um tempinho livre. Por isso, se me permitirem, gostaria apenas de completar um pouco mais a informação pedida pela Maite. Em relação ao baixo numero de corpos, é sempre relevante relembrar que os passageiros das classes inferiores foram "trancados" nos seus respectivos decks, de modo a que houvesse num momento inicial, espaço suficiente a bordo dos botes, para as mulheres e crianças dos mais ricos. Se por acaso houvesse intenção de destrancar as portas desses decks, a dada altura seria tarde demais, pois por essa altura já estariam debaixo de agua. Como sabem muitos caíram para dentro de agua á medida que o barco ia se afundando e ganhando altura e inclinação, quando finalmente se afundou por completo, a força de sucção era muito grande, e todos aqueles que estariam perto (sobretudo sem o colete salva vidas) foram sugados para o fundo do mar. Daí muitos corpos nunca foram encontrados. Em relação á "descriminação" dos corpos que foram resgatados, de facto está relacionado com a classe a que pertenciam, pelas roupas que usavam tentavam determinar se era alguém mais rico, pobre ou tripulante do navio. Muitos tiveram que ser "enterrados" no mar, porque os barcos vieram totalmente preparados com material suficiente (como caixões, gelo e obviamente ESPAÇO) para preservar todos os corpos. Daí que os corpos mais desfigurados, mutilados e visivelmente de classes mais pobres foram enterrados no mar. Há um artigo em inglês no youtube que fala sobre isso, lamento mas não me recordo do seu titulo. Relembro também que existe um grande numero de desaparecidos, porque muitos dos corpos resgatados não conseguiram ser identificados na altura, logo apesar de terem corpos, não tinham nomes para associar. Mas actualmente aos poucos vão tentando associar através do DNA e fotos da época, como o tal bebe, que foi identificado ao fim de tanto tempo. Mas ainda assim tem sido complicado, pois muitos dos corpos dos túmulos no cemitério de Halifax, foram "lavados" por infiltrações de agua subterrânea, não sendo possível obter amostras viáveis de DNA.
espero ter contribuído com um pouco mais de informação =) um abraço a todos. Daniel (Portugal)

Rodrigo disse...

Oi Daniel, seja bem vindo

Eu é que agradeço a atenção e a adição de seu esclarecimento, é sempre muito satisfatório saber que o conteúdo que divulgo é bem visto. Nem mesmo que eu dobrasse ou triplicasse a dimensão das matérias eu conseguiria "condensar" tudo o que há de informação relevante e importante.

Os retornos que o Titanic em Foco têm recebido, assim como o seu retorno, fazem meu "trabalho" se pagar e contribuem também para a expansão da história verídica, visto que meu trabalho é ricamente adicionado com comentários como o seu.

Não vou muito além de um mero curioso que quer manter a história viva, e agradeço a atenção do amigo leitor que ajuda a manter este blog vivo.

Abraço.

Unknown disse...

eu axei um absurdo do modo em que lidaram com a terceira classe pois todos eram seres humanos com direitos iguais e pq so embasamaram pesoal da primeira e segunda classe .... o q mais me revoltou foi o fato do pessoal da estar line ter cobrado para os familiares retirarem seus entes queridos q naum sobreviveram,pois muitos deles nam tinham condiçoes de pagar e acabaram nao sepultando as vitimas cade o bom censo dessa conpania ........

Rodrigo disse...

Oi Daiani

Esta é apenas uma amostra dos muitos absurdos que rondam a história verídica do Titanic. Há muito mais por detrás da história superficial; eu frequentemente me assusto com as muitas outras atitudes erradas tomadas naquela época por conta do naufrágio... não muito diferente dos absurdos que viram notícia hoje.

Thuany disse...

Olá Rodrigo, comecei a ler sobre o assunto e gostei muito do seu blog, achei que é muito específico, Parabéns

Rodrigo, Titanic em Foco disse...

Oi Thuany, agradeço o apoio. Apesar do blog ser amador, eu tento ser muito direto naquilo que eu publico, pelo menos nas introduções das matérias, para que quem eventualmente vier ler, saiba imediatamente sobre o assunto abordado. É um exercício muito legal o processo de edição, aprendendo a cada matéria nova.

Até mais, abraço.

Thuany disse...

Aprendi muito com o seu blog Rodrigo. Na verdade, eu nunca tinha parado pra refletir sobre a tragédia do Titanic. Quando eu lembrava do filme, o que me vinha na cabeça era a linda história de Jack e Rose kkk , que na verdade era ficção. Quando achei o seu blog e comecei a ler sobre o assunto, percebi que a história do Titanic não era linda, mas sim triste. Fiquei imaginando o desespero dessas pessoas pra tentarem se salvar e salvar suas famílias. E a dor terrível de sobreviventes que perderam suas mulheres, seus maridos, filhos...
Sem contar, as muitas pessoas que não tinham noticias de seus parentes desaparecidos.
Gostei muito do seu blog, me ensinou muito e me fez pensar muito também.
Um abraço !

Unknown disse...

Olá. Rodrigo vc está de parabéns. Existe algum documentário em vídeos sobre o resgate dos.corpod do titanic? Se houver responda . agradeço

Rodrigo, Titanic em Foco disse...

Oi Danny, obrigado,
desculpe a demora.

Tem mais de um... o que eu assisti de fato é "Secrets of the Dead" Titanic's Ghosts (TV Episode 2002)". Não lembro qual é o Título em PT, mas este documentário é dos mais importantes, cheio de informações e relata muito bem as consequências do desastre e sobre o resgate de corpos, e eu sei que chegou a passar aqui no Brasil porque assisti dublado. É um documentário triste, pesaroso mesmo, que assisti apenas duas vezes acredito, mas vale a pena pela qualidade de informações.

Outro deles é "Titanic: The Aftermath" (TV Movie 2012). Este não assisti e não sei se chegou a passar por aqui, mas de alguns trechos que conferi, notei que é também cheio de dados e de recriações que fazem entender bem sobre os processos de resgate.

Até mais, abraço, agradeço o apoio ao blog.