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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Um carro no Titanic: O Renault de William Ernest Carter


Acima, esquerda - O Titanic navega em mar calmo sob a luz do sol em direção à Nova York. Em algum lugar no porão Nº 02, estocado entre a montanha de bagagens, segue o belo Renault vermelho de William Ernest Carter. Oitenta e cinco anos depois o carro ganharia uma participação nas telonas do cinema com o filme "Titanic", dirigido pelo canadense James Cameron. Direita - Um autêntico Renault ano 1912 restaurado, foi leiloado em 2003 por mais de 500 mil reais. (Imagem de fundo digitalmente alterada para fim informativo, não trata-se de uma fotografia autêntica).

Seja bem vindo ao Titanic em Foco

Qual é uma das principais cenas que você se lembra quando pensa no filme Titanic? [Além da cena icônica dos personagens Jack e Rose "voando" e se beijando na proa do navio]. 

Isso mesmo, aquela: A cena vaporosa na parte de trás do carro vermelho, no porão do navio, o momento íntimo entre os personagens principais que se passa no banco traseiro de um carro da época. 

Antes das gravações do filme "Titanic", o departamento de pesquisa do Estúdio 20th Century Fox, a pedido do diretor canadense James Cameron, conseguiu determinar com os antigos registros de seguro, que de fato um Renault havia sido carregado como carga na viagem trágica do Titanic: Um belo Renault Coupé de Ville, pertencente a um dos passageiros ricos da 1ª classe.

O famoso carro realmente existiu, estava de fato a bordo do Titanic em sua primeira e não terminada travessia oceânica, e possui também uma curiosa trajetória...

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Ao lado - William Ernest Carter, sua esposa e os dois filhos, passageiros da 1ª classe no Titanic, estavam voltando para casa, na Philadelphia, no estado da Pennsylvania nos EUA, levando um carro Renault novinho em folha.

Na manhã de 10 de abril de 1912 na cidade de Southampton, Inglaterra, William Carter (36), embarcou como passageiro de 1ª classe no Titanic junto de sua esposa Lucile (36) e os filhos Lucile Polk e William Thornton (13 e 11 anos, respectivamente) e uma empregada, Auguste Serreplan. A família ocupou as cabines da primeira classe Nºs B96 e B98, enviando para a 2ª classe um empregado, Alexander Cairns, e um motorista, Charles Aldworth. 

No porão frontal do Titanic Carter levava aos Estados Unidos um Renault Coupé de Ville de 25 cavalos ano 1911 [também conhecido como Renault Town Car], considerado um dos carros mais velozes do mundo em 1912. Apenas quatro dias depois do embarque o destino do navio estava selado após o choque com o iceberg às 23:40 de 14 de abril de 1912.

Carter conseguiu colocar sua família em segurança no bote salva-vidas Nº 4, se direcionado então para o bote de emergência "C", onde veio a ser salvo [o mesmo bote onde também estava Joseph Bruce Ismay, proprietário do Titanic]. Todos os membros da família salvaram-se e também a empregada, mas os outros dois empregados hospedados na 2ª classe pereceram na naufrágio.

Ao lado - Nesta ilustração de Ken Marschall, as setas indicam os dois botes salva-vidas onde a família Carter se salvou, localizados em ambos os lados da 1ª chaminé. Acima o bote Nº 4, abaixo o bote de emergência C.

Na sequência Carter apresentou um pedido de indenização de 5.000 dólares pelo veículo perdido [mais de 100 mil dólares em valor atual, e suficiente, na época, para comprar 10 carros Ford novos]. Também fez um pedido de indenização de 100 e 200 dólares pela perca de dois cães da família que também foram tragados pelo navio; um da raça King Charles Spaniel e outro de raça desconhecida.

Abaixo - Belfast, Irlanda do Norte, segunda-feira, 01 de abril de 1912: o Titanic acabara de ser concluído após exatos três anos de obras, e este é o dia de testes no mar, mas devido ao fortes ventos - notável pela forte dispersão da fumaça - os testes são transferidos para o dia seguinte. O destaque vermelho marca a exata localização das cabines B96 e B98, onde a família Carter se hospedaria daqui a 9 dias. As duas cabines da família estavam ao lado da Grande Escadaria traseira, junto da Recepção do Restaurante a La Carte.
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Ao lado: Um carro plenamente montado é içado a bordo do Olympic, navio irmão do Titanic, na década de 1930. Procedimento que teria sido diferente para o Titanic em abril 1912.

Não há imagens do carro de Carter, mas o histórico manifesto de carga do Titanic registra o automóvel apenas como "1 CS AUTO" (1 caixa de automóvel). O que confirma as alegações que Carter fez mais tarde, de que o carro estava em uma caixa; no entanto ainda hoje não se sabe se o veículo estava montado ou desmontado. Atualmente este é o único automóvel que se sabe com plena certeza que estava no Titanic quando este naufragou.

Ao lado:
Neste curto flagrante em filme datado de maio de 1922, o procedimento de carga a bordo do Olympic no porto de New York. Considerando as informações disponíveis acerca do Renault a bordo do Titanic, dez anos antes desse registro, em 6 de abril de 1912, uma visão similar acontecia do outro lado do Atlântico, em Southampton, quando as os porões do maior navio do mundo eram preenchidos para a viagem inaugural com montanhas de bagagens, entre as quais estava o possante francês de cor vermelho encarnado, automóvel luxuoso novo em folha da família Carter.

Abaixo: Uma limusine é içada para bordo do RMS Queen Mary em 27 de maio de 1936, horas antes de sua viagem inaugural partindo de Southampton para New York. A fila junto às docas é formada de passageiros da 3ª classe em direção à plataforma de embarque. Vinte e quatro anos antes era aqui também que esteve atracado o Titanic nos dias anteriores a sua travessia de estreia. Segundo apontam os estudiosos, o procedimento adotado para o embarque do famoso Renault no Titanic teria sido diferente, obedecendo os costumes em voga na época.

Abaixo - Neste detalhe de um panfleto publicitário do Olympic e do Titanic, o destaque indica a localização exata do compartimento reservado aos carros em ambos os navios irmãos. É precisamente aqui, no porão Nº 2, onde estaria armazenado o carro de Carter.
O Renault ressurge nas telonas do cinema 85 anos depois...

Acima - Munido de muita licença dramática, James Cameron em seu filme de 1997 exibe o embarque do Renault na manhã do dia 10 de abril, plenamente montado e suportado apenas por um tablado aberto. A exemplo do gigantesco cenário do navio construído para o filme, o carro também era apenas uma cópia cenográfica, não se tratava de um carro real funcional.

Oitenta e cinco anos depois do naufrágio, onde morreram mais de 1.500 pessoas, o caso do carro de William Carter surgiu na mídia com o lançamento da super produção "Titanic" em 1997, o sucesso de James Cameron premiado com 11 Oscar's. O Renault aparece nas cenas de embarque, no início do filme, e é cenário de um dos momentos mais íntimos do casal ficcional Jack e Rose (Leonardo DiCaprio e Kate Winslet), que faz amor no banco de trás do automóvel alojado no porão do Titanic.

Ao lado: O Renault de passeio de William Ernest Carter é colocado no porão de cargas Nº 2. "Fiz deste carro uma locação importante no roteiro", conta James Cameron, que tentou chegar até o carro no navio naufragado em 1995  com veículos controlados por controle remoto, entrando no mesmo porão de cargas. Vigas de apoio e outros detritos haviam bloqueado a entrada e ele não obteve sucesso em encontrar o veículo. Todavia vários documentos históricos, incluindo o contrato de seguro do veículo, forneceram informações suficientes para que o Renault fosse finalmente recriado em todos os detalhes, até os vasos de cristal para flores no compartimento dos passageiros (o vaso de cristal pode ser visto na parte superior dentro da cabine na foto abaixo). 

Abaixo: Os personagens ficcionais Jack Dawson e Rose DeWitt Bukater [Leonardo DiCaprio e Kate Winslet] têm seus momentos mais quentes durante o filme a bordo do Renault vermelho. Ainda que bem idealizada, a cena tem considerável licença poética, considerando que os passageiros não eram permitidos nos porões de carga. Em sua rota de fuga os personagens atravessam a sala de caldeiras e entram diretamente no porão de carga onde encontram o Renault... MAS... os projetos oficiais do Titanic exibem que não existiam portas de comunicação entre a sala de caldeiras Nº 6 e o porão de carga dianteiro Nº 2. A realidade é que o porão e a sala de caldeiras estavam a mais de 20 metros distantes entre si e em dois patamares diferentes do navio, o que - na vida real - tornaria impossível a rota tomada pelo casal do cinema.
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A famosa cena de amor foi filmada neste carro cenográfico, que foi construído apenas e especialmente para o filme. A réplica foi construída em cima de um chassis de um antigo carro. O corpo foi feito em chapas de metal e ele não possuía motor ou qualquer aparato realmente funcional. As rodas dianteiras sequer se moviam, para movimentar o carro nos estúdios era necessário colocar um suporte sob a parte frontal e transportá-lo manualmente.  
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O interior foi forrado de veludo azul colado sobre um revestimento de formas simples, composto de madeira compensada. Kate Winslet, em entrevista, disse que ela e Leonardo DiCaprio foram cobertos de vaselina antes da cena para que parecessem suados. Quando James Cameron gritou "Corta!", ambos estavam cobertos de poeira de veludo azul, preso ao seu brilho pegajoso. O carro cenográfico em si foi feito para se parecer o melhor possível com o verdadeiro veículo enviado a bordo do Titanic. A réplica demorou 60 dias para ser construída desde o zero pela empresa "Adams Custom Engines" da cidade de Reno, no estado de Nevada, EUA. 

Ao lado - Cena dos bastidores dos momentos de embarque do Renault, antes da famosa "inversão espelhada" da pós produção, que corrigiu a posição do navio para as telonas. A partir de 0:07 seg.

Munido de uma gigantesca dose de licença poética, James Cameron optou por mostrar o carro ao ser embarcado nas cenas de abertura, no dia 10 de abril de 1912, poucas horas da partida do Titanic em sua viagem inaugural. No entanto historicamente se sabe que o famoso Renault de William Carter foi embarcado quatro dias antes, em 06 de abril de 1912, junto com uma quantidade gigantesca de outros produtos simples como: bolas de  tênis, bolas de golfe, instrumentos cirúrgicos, chapéus de palha, livros, roupas, canetas, luvas, lâmpadas... e uma infinidade de encomendas comuns enviadas aos Estados Unidos.

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Outro ponto de contínuo debate entre os especialistas se refere ao fato de que na década de 1910 os carros enviados em viagens longas através de navios eram, na maioria dos casos, fechados em caixas de madeira e parcial ou totalmente desmontados. Os veículos novos adquiridos na Europa só eram montados quando de sua chegada ao destino final; ou, em caso de já estarem montados antes do embarque, eram alocados sobre plataformas de madeira sem as quatro rodas, retiradas como medida de proteção às raias de madeira. 

Ao lado - Durante o processo de produção de "Titanic", esta era a arte gráfica prévia do visual desejado para a réplica do Renault onde o casal Jack e Rose teriam seus momentos íntimos.

Em 1995, ao explorar os destroços do verdadeiro navio antes de começar as filmagens de "Titanic", James Cameron tentou penetrar no porão de carga para obter imagens do famoso Renault de William Carter, mas não teve sucesso, e não encontrou qualquer coisa reconhecível. O plano original para o filme era fazer uma seqüência de flashback logo após a cena de amor entre os protagonistas, onde o carro cenográfico se diluiria na imagem para dar lugar ao verdadeiro carro corroído nos escombros, um recurso bem utilizado no decorrer do filme. Devido ao fato de não ter obtido sucesso em sua procura, Cameron mudou sua idéia com relação a cena, filmando-a da maneira que a conhecemos hoje.

Após as gravações entre 1996 e 1997, o carro cenográfico foi então utilizado em várias exposições itinerantes de artefatos do filme, sendo por fim armazenado em uma exposição fixa nos Estúdios Fox Baja, na cidade de Baja California, no México, o mesmo local onde ocorreram as filmages. Os anos de exposição desprotegida tiveram seu preço, e o famoso carro da cena de amor hoje se encontra em estado decadente, assim como a maioria dos poucos objetos cenográficos arquivados desta super produção. A última aparição do Renault cenográfico deu-se em 2012 como objeto do cenário de fundo no documentário "Titanic: The Final Word with James Cameron", pelo Nacional Geographic Channel, exibido em abril de 2012 por ocasião dos 100 anos do naufrágio.
Em setembro de 2001, durante uma pesquisa filmada nos escombros do Titanic para o documentário "Ghosts of the Abyss", James Cameron desceu através do porão Nº 2 com um veículo telecomandado, para ver o que na carga poderia ainda ser identificável, mas não encontrou o Renault (cenas estão na animação abaixo). O ilustrador Ken Marschall, que participou da expedição, disse: 

"Em algum lugar aqui nós sabíamos que estava o Renault do passageiro da primeira classe William Carter. Montes altos de formas não reconhecíveis foram vistos pelas nossas câmeras. Haviam pacotes e caixas, todos cobertos com vários centímetros de lodo, como de costume. Queríamos saber se debaixo de uma pilha particularmente grande de formas irregulares poderia estar o carro, mas não havia maneira de dizer. A forma curvada de um objeto para alguns observadores parecia-se como um pára choque dianteiro. O veículo telecomandado mostrou em close uma grande caixa de vime, caixas de madeira em decomposição - o conteúdo às vezes é visível, mas não o suficiente para ser reconhecido -, e uma pilha de livros ou outros papéis empacotados. É tudo muito interessante, mas não há descobertas impressionantes ou surpresas para relatar".  

Deste modo então o verdadeiro Renault de William Carter ainda permanece sem ser descoberto nos destroços do Titanic.

Abaixo, esquerda - Nesta ilustração de Ken Marschall o corte lateral no casco do Titanic exibe o Renault alojado no porão Nº 2. À direita uma maquete construída para um museu temático sobre o Titanic, nos EUA, que exibe a mesma disposição. Muito mais interessantes de se ver, estes são trabalhos que popularizam a ideia de que o carro estava sendo transportado montado e desprotegido, apenas atado ao piso do navio. A realidade é, no entanto, que as evidências históricas disponíveis apontam  que na melhor das hipóteses o veículo estava semi ou totalmente desmontado e selado no interior de uma caixa ou outra estrutura protetora similar.

Abaixo e ao lado -
Tomando como inspiração as cenas de embarque no filme "Titanic", o editor deste blog replicou o mesmo conceito explorado por James Cameron em seu filme, optando por mostrar o belo carro vermelho ao ser içado sobre os porões de carga completamente montado sobre um tablado. 

Visão historicamente inadequada, mas que surge como uma  forma criativa de contar sobre a história curiosa do verdadeiro Renault de Carter. 

O pequenino modelo aqui foi feito com um mix de materiais simples como gesso, porcelana fria, fio de crochê, talagarça, acetato e cartolina. Os pequenos faróis foram recriados com pedras de strass vindas de bijuteria.
Um gêmeo real do Renault de William Carter

Este é um gêmeo real do Renault de William Carter. Este carro foi restaurado com o mesmo padrão do utilizado no filme épico de James Cameron. O veículo é vencedor de inúmeros prêmios e concursos, e tem uma história interessante. Foi descoberto por Arthur Doering  em um armazém de Detroit (EUA), em 1980, que pertencia ao colecionador de veículos Barney Pollard, cuja extensa coleção de carros era lendária. 



O colecionador Pollard, a fim de economizar espaço, pendurou este e muitos de seus carros na vertical, como salsichas, e ele permaneceu por muito tempo preso ao teto pela parte frontal, de cabeça para baixo. Ao tomar posse do carro, Doering iniciou uma restauração completa que consumiu três anos e meio, finalizando-o com o mesmo visual do Renault vermelho do filme Titanic. Em 2003 a Casa de Leilões RM leiloou este carro por 269.500,00 dólares (mais de 528 mil reais).



Se você é um amante de carros históricos, segue então um vídeo de um outro Renault, neste caso um modelo fabricado em 1914 denominado "Renault ED", em pleno funcionamento. Apesar de não seguir a mesma configuração do histórico Renault embarcado na viagem fatal do Titanic, a cor é a mesma e o visual geral bastante similar.
Vídeo propriedade de Ian Murray
Crédito
Pesquisa, tradução, adaptação de texto e imagens - Rodrigo, Titanic em Foco

Com informações de:
martycrisp.com  /  foxnews.com /  imcdb.org  /  Ghosts of the Abyss (2003)   /   mauctions.com / encyclopedia titanica.org /  marconigraph.com  /  "Titanic de James Cameron" (livro) /  "O Crepúsculo da Arrogância", Sergio Faraco (livro)  /  Titanic 4 Disc Deluxe Collector's Edition 1997   /  howardmodels.com  /  Inside the Titanic: A Giant Cutaway Book by Hugh Brewster  /  kenmarschall.com  /  nmni.com

17 comentários:

Unknown disse...

Olá Rodrigo! Como vai? Que linda imagem essa do dia em que os testes com o Titanic foram cancelados! Para os modelistas ela auxilia e muito no estudo do casco do navio, já que ele é bem complexo! Pensando que naquela época, sem recursos tecnológicos avançados, A Harland&Wolff e seus operários rebitaram literalmente com as suas próprias mãos, essas linhas tão complexas e elegantes e hoje com a soldagem e milhares de dólares um Australiano não é capaz do mesmo! Rodrigo, uma dúvida! Como foi rebitado o fundo do casco do Titanic, se ele é quase há um ângulo de 90°? Grato desde já! Matheus J. F.

Rodrigo disse...

Oi Maycon, tudo bem.

É realmente difícil imaginar o trabalho monstruoso feito naquela época, em que a tecnologia ainda engatinhava com relação ao que se tem hoje. Foram três anos de obra e três anos de superação em cima de superação. Claro, tudo foi vencido e melhorado nos anos posteriores, mas a construção do Olympic e do Titanic lado a lado foi uma verdadeira epopéia. Outras obras anteriores também foram coisas de outro mundo. Era o avanço dos tempos a pleno fôlego.

Eu não poderia sequer me arriscar a te responder sobre a quilha sem procurar primeiro, pois meu conhecimento técnico em relação à história é ínfimo. Mas consultei rapidamente e tenho algo que pode ajudar.

Tanto a quilha do Olympic quanto a do Titanic foram assentadas sobre uma contínua fileira de blocos de madeira, ou seja, o casco não estava tocando o solo do estaleiro em parte alguma. E esta pilha de blocos era alta o suficiente para permitir o chapeamento e aplicação dos rebites. À medida que o trabalho progredia e o navio se "alargava", a parte inferior era simultaneamente chapeada. Segue duas fotos da quilha do Olympic ainda em 1909, nela você nota a boa altura dos blocos empilhados, deixando livre o acesso para os trabalhadores.

*Copie os links através da janela "Postar um comentário".
http://4.bp.blogspot.com/_3UStZ1AtUII/TRDhvLeRwCI/AAAAAAAAAKE/GkjjwsVIvsY/s1600/Olympic%27s+Keel.jpg

http://www.rmstitanicremembered.com/wp-content/uploads/2011/05/Keel-1.jpg

Bom, é o que pude levantar. Eu não posso responder tecnicamente, não tenho conhecimento para tanto. Até mais, grato pela atenção ao blog.

Fernando disse...

Olá Rodrigo! Sempre acompanho as tuas postagens e admiro muito o teu empenho em sempre descobrir mais sobre o majestoso Titanic.

Tenho uma pergunta: realmente, na noite do naufrágio, foram retirados sobreviventes das águas geladas do Atlântico? Se sabe algum dos nomes deles? Abraço!

Rodrigo disse...

Oi Fernando, grato pela atenção ao blog

Eu não tenho sequer 0,5 % da história em mente, mas consultei rapidamente:

O único bote a realmente voltar para tentar recolher sobreviventes foi o de Harold Godfrey Lowe, 5º oficial do Titanic. Isto mesmo, aquele oficial que foi interpretado pelo ator Ioan Gruffudd em "Titanic" 1997, que grita insistentemente "TEM ALGUÉM VIVO AÍ!"; esta cena se baseia em fato real, não é invenção de James Cameron.

Lowe voltou à área de náufragos depois de os gritos quase cessarem, pois temia que o bote fosse virado no desespero; ele só voltou após as 3:00 da madrugada, 40 minutos após o desaparecimento do navio. Ele conseguiu resgatar 04 homens: William Fisher Hoyt, que sangrava pelo nariz e boca, e morreu antes da chegada do Carpathia, sendo sepultado no mar junto de outras vítimas. Os outros três homens que ele resgatou foram Harold Charles William Phillimore, Fang Lang e um 4º homem desconhecido.

Há inclusive uma cena excluída no filme de 1997 que mostra Lowe ao resgatar um japonês que flutua sobre uma peça de madeira. Aparentemente esta cena é do resgate de Fang lang, que realmente era japonês, e ajudou a remar o bote 14 depois de ser retirado da água. Uma pena a exclusão da cena, ela é muito interessante.

O bote 14 de Lowe, foi o único de todos os botes do Titanic que utilizou o mastro e a vela, navegando em direção ao Carpathia com a força do vento, inclusive há fotos dele em pleno mar com a vela içada.

Há também o um caso diferente de resgate, o de Rhoda Mary Abbott: quando a inundação varreu o Convés de Botes ela caiu na água e foi resgatada pelo bote desmontável A, mas perdeu dois filhos. Ela é registrada como a única mulher que foi retirada de dentro d'água. (Para referência: o bote desmontável A é o mesmo onde o personagem Cal Hockley é visto quando a chaminé do navio tomba).

Há vários outros casos de pessoas que nadaram em direção aos botes ou foram resgatados no momento da confusão, antes do navio naufragar. Mas oficialmente apenas 1 bote voltou e apenas 04 foram resgatados: o bote Nº 14, liderado por Lowe, que resgatou 04 homens.

...

BOTE 14 com a vela içada - http://3.bp.blogspot.com/-xGz0CR8vhNA/TZZREjXkviI/AAAAAAAABfk/9ty3hoANUbs/s320/100_4694VV.jpg

Cena do resgate do japonês - http://www.youtube.com/watch?v=gmMWNAV3vRM

*Copie os links a partir da janela "Postar um comentário".

Unknown disse...

Muito obrigado pela informação Rodrigo! Sempre quis fazer um modelo funcional do Titanic, até comecei mas por uma briga familiar a construção se cessou! Fiquei chocado, queria e ainda quero muito ter terminado esse modelo, comprei até planos vindos da Inglaterra do Motor do Titanic, e das caldeiras também, iria ser totalmente funcional e a vapor! Mas sozinho não tenho como fazer, e então acabou morrendo na casca... Mas o meu interesse pelo Titanic não diminuiu nem um pouco, tanto que tenho uma coleção de obras sobre o Titanic, e sempre vejo o que tem de novidade por aqui! Parabéns Rodrigo! Continue com esse seu trabalho! Matheus J. F.

Unknown disse...

Vocês já viram? O blog "Clássicos" foi tirado do ar!

Unknown disse...

Rodrigo, qual é o número oficial de vitimas e sobreviventes do Titanic? em cada site ou vídeo é um número diferente, você poderia me informar qual é o número exato ou aproximado? e quantos passageiro foram resgatados da água com vida depois do navio afundar,desde já agradeço.

Rodrigo disse...

Oi Diego, seja bem vindo ao clube... Os números variam de fonte para fonte de maneira evidente, eu mesmo não sei responder e desisti de definir um número exato faz tempo. Assumi livremente 2.200 como o número total de pessoas embarcadas, 1.500 como o número de mortos, 700 como o de resgatados e 04 como o de retirados de dentro d'água pelo bote 14 (este último nunca me concentrei para entender melhor, e pode variar também). Estes números variam constantemente, geralmente todos ligeiramente para mais. Como não existe, para mim, a menor possibilidade de afirmar de uma vez por todas números exatos, fixei estes valores de modo pessoal. Só para constar, nem mesmo a quantidade de "sepultados no mar" a partir do convés do próprio Carpathia, não é conhecida com clareza ainda hoje.

O inquérito britânico registra números próprios, e não sei se são considerados oficiais hoje. Este trecho abaixo foi extraído da Wikipedia inglesa, que apesar de duvidosa, têm seus artigos formulados com fontes fidedignas (todas numeradas e registradas ao final do artigo):

"O número de mortes no naufrágio não é claro, devido a uma série de fatores. Estes incluem uma confusão sobre a lista de passageiros, que incluía alguns nomes de pessoas que cancelaram sua viagem no último minuto, e ao fato de que vários passageiros viajaram sob pseudônimos, por várias razões e, portanto, duplamente contabilizados na lista de vítimas. O número de mortos foi colocado entre 1.490 e 1.635 pessoas."

Seguem os dados considerados "oficiais" pela Wikipedia: 2.224 embarcados / 710 resgatados / 1.514 mortos

Espero ter ajudado, mas resposta definitiva parece não haver até hoje, asim como na maioria das tragédias que envolvem um número muito elevado de vítimas. Isto é ainda relativamente comum.

Anônimo disse...

Rodrigo,

faz muito tempo que eu acompanho e adoro seu blog, acho simplesmente completo e fantástico!!! Nunca ví outro igual, compartilho o mesmo fascínio por essa história trágica e verídica...nunca me conformei, por isso o meu encanto e curiosidade infinitos!!! Meus parabéns, que bom que você e seu blog existem!!! Claudia

Rodrigo disse...

Oi Claudia, agradeço as palavras e a atenção ao blog. Acredito que o blog reflete meu respeito pela história; minha atenção pelo "caso Titanic" começou como uma admiração vazia, mas com o tempo se converteu em um profundo respeito pela história e pelas pessoas afetadas. Hoje admiro o navio, tenho curiosidade pelos fatos, respeito pela história e uma grande reverência às pessoas que foram afetadas.

Pesquisar e editar para o blog é um exercício de me menter conectado a este legado cultural. Sou um curioso apenas, e meu desejo é de que a história seja respeitada tal qual ela é, sem distorções.

Até mais, novamente grato.

Anônimo disse...

oi rodrigo fiquei interessado quando Ken Marschall disse que no porão foram avistados livros e papeis enpacotados e caixas de vime ... a animação nao é muito explicita mas nota se uma caixa de vime ... onde voce retirou essa animação ? gostaria de ter mais imagens e videos sobre o porão 2 actualmente . abraço

Rodrigo disse...

Olá, gostaria de saber seu nome, é sempre bom saber a quem estou falando...

Bem, as imagens da animação vieram do documentário "Ghosts of the Abyss", de James Cameron, lançado em 2003.

O restante das imagens do porão não revelam nada de muito surpreendente, nem mesmo o carro, porque ele efetivamente não foi encontrado. De qualquer modo, se não assistiu ainda, assista. Todo o documentário é revelador, histórico e emocionante ao mesmo tempo. Vale a pena.

Até mais.

Rafael disse...

Opa Rodrigo, acompanho seu blog a pouco tempo mas é um ótimo trabalho que você vem fazendo, parabéns pelo seu desempenho em pesquisar fotos históricas sobre esse maravilhoso navio que foi o Titanic,tenho uma dúvida Rodrigo, Todos os botes que estavam a bordo do Titanic foram todos usados ou teve alguns afundados pelo navio? Desde já agradeço sua resposta Rodrigo e mais uma vez Parabéns pelo seu maravilhoso trabalho, sem dúvidas seu blog é o mais completo em fatos e curiosidades sobre o Titanic. Abraços

Rodrigo disse...

Oi Rafael, só posso agradecer pela atenção ao blog. É um prazer saber que o conteúdo agrada.

O Titanic possuía 20 botes, e todos eles foram utilizados naquela noite, nenhum foi "tragado" com o navio. 18 botes foram arriados de maneira relativamente normal através dos guindastes. Mas 02 botes só se "libertaram" do navio quando a água invadiu o Convés de Botes.

Estes dois botes eram precisamente os Botes Desmontáveis "B e C", que estavam alojados junto à base da chaminé Nº 01, no teto dos alojamentos dos oficiais. Não houve tempo para liberá-los da maneira adequada, e foi preciso derrubá-los do teto dos alojamentos para que fossem presos aos guindastes vazios de outros botes já lançados.

No pânico da situação, o Bote A encheu-se de água e o Bote B caiu de cabeça para baixo. Ambos os botes só saíram de perto do navio quando a 1ª chaminé tombou, e a onda gerada os empurrou para longe.

Vale lembrar que apenas 13 botes foram içados pelo Carpathia e 01 bote foi içado pelo RMS Oceanic e levados à Nova York. Seis botes foram definitivamente abandonados ao mar, e desapareceram dos registros históricos.

Até mais, novamente grato pela atenção ao blog.

Anônimo disse...

Oi rodrigo eu sou renato tenho 12 anos e sou facinado pelo "TITANIC" eu queria saber se ROSE e jak realmente existiram. Queria saber quantas pessoas morrerram nos botes e o que aconteceu com a orquestra. Desde ja obrigado.
Vc pode me ligar "0418897282735"
Ou atraves do facebook "RENATO SILVA"

Rodrigo disse...

Oi Renato

Os personagens Rose DeWitt Bukater (Kate Winslet) e Jack Dawson (Leonardo DiCaprio) não existiram na vida real. O dois personagens e seu romance foram integralmente criados por James Cameron; Caledon Hockley (noivo de Rose), Ruth DeWitt Bukater (mãe de Rose), Spicer Lovejoy (mordomo), Trudy Bolt (criada de Rose), Fabrizio De Rossi, Tommy Ryan e Cora (amigos de Jack), também são todos personagens ficcionais criados por James Cameron. O próprio James Cameron deixa bem claro que estes são personagens ficcionais, em várias entrevistas. E há no filme alguns outros personagens criados por James Cameron. Evidentemente boa parte deles foi baseado em pessoas reais: Thomas Andrews, Molly Brown, Edward Smith, Condessa de Rothes, Archibald Gracie, John Jacob Astor, Benjamin Guggenheim, William Murdoch... entre alguns outros mais.

Eu não tenho o número preciso de pessoas que morreu nos botes. Mas no bote desmontável "B" morreu um maior número de pessoas durante a madrugada. Este bote passou a noite toda emborcado de cabeça para baixo, e as pessoas que conseguiram subir em seu fundo, passaram a noite toda em pé, tentando equilibrar-se na tentativa de que o bote não naufragasse. Alguns dos que conseguiram chegar até ele e subir, acabaram morrendo devido ao frio. Na manhã de 15 de abril, quando o Carpathia resgatou os sobreviventes deste bote, havia apenas 14 pessoas vivas (todos homens).

No bote desmontável "A" morreram três homens durante a noite e seus corpos foram deixados abandonados no mar dentro do bote; o bote e os três corpos só foram recuperados pelo navio RMS Oceanic em maio, um mês depois da tragédia. Nos demais botes também morreram algumas pessoas, infelizmente não tenho os números em mãos.

Os oito músicos da orquestra morreram no naufrágio. A orquestra não estava toda reunida tocando no Convés de Botes, aparentemente apenas 05 músicos estavam tocando durante o naufrágio. Ninguém sabe com total certeza qual foi a última música tocada, e nem mesmo se tocaram até o último instante (como mostrado no filme de James Cameron)... Mas o certo e concreto é que eles tocaram no lado de bombordo do Convés de Botes, junto à entrada para a Grande Escadaria. Seja qual for a verdade, o certo é que todos os oito músicos pereceram.

Há um foto de todos os oito músicos reunidos na matéria "Titanic:101 anos de história em imagens".

Até mais.

Matheus Figueiredo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.