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sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

A banda do Titanic: A música a bordo do mais famoso navio da história


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1: Violino - Wallace Henry Hartley, 34 anos, líder da banda com piano (quinteto).....2: Piano - Theodore Ronald Brailey, 24 anos..... 3: Contrabaixo - John Frederick Preston Clarke, 30 anos.....4: Violoncelo -  John Wesley Woodward, 32 anos..... 5: Violino - Georges Alexandre Krins, 23 anos.....6: Violoncelo - Percy Cornelius Taylor, 32 anos.....7: Violino - John Law Hume, 21 anos, líder do trio de cordas....8: Violoncelo - Roger Marie Bricoux, 20 anos.

 Acima - Quarta-feira, 10 de abril de 1912, porto de Southampton, Inglaterra, por volta das 12:25: O RMS Titanic lentamente vai contornando a linha do porto da cidade, auxiliado por pequenos rebocadores; nesta foto tirada a partir do convés do navio Beacon Grange, cerca de 10 minutos após a soltura das amarras do cais, o grande navio faz oficialmente a primeiríssima curva de sua tão esperada viagem de inauguração. Após o embarque dos últimos passageiros na tarde seguinte em sua escala final na Europa, às margens da cidade de Queenstown, na Irlanda, cerca de duas mil e duzentas pessoas fariam a travessia em direção aos Estados Unidos. Para o entretenimento dos passageiros da Primeira e Segunda Classe, oito músicos vão tocar durante os 07 dias planejados de travessia; interrompida tragicamente na 5ª noite, a viagem se tornaria um marco na história da navegação, elevando os músicos à categoria de heróis; em um surpreendente gesto de bravura e abnegação, eles tocaram seus instrumentos até os momentos finais.
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Seja bem vindo ao Titanic em Foco

Você sabia que a banda do Titanic era composta por oito músicos e que eles tocavam em dois grupos sempre separados? Você sabia que os músicos não faziam parte da tripulação, pois foram oficialmente embarcados como passageiros da Segunda Classe? Você sabia que havia seis pianos no Titanic distribuídos na Primeira, Segunda e Terceira classe?

Se suas respostas para as perguntas acima foram “Não”, acompanhe então a matéria a seguir, que faz um passeio pelos aspectos musicais da primeira, única e inacabada viagem do Titanic. O texto central aqui apresentado foi trazido da revista norte-americana especializada em piano "Clavier Companion", em seu número publicado em janeiro de 2012, como parte dos memoriais do centenário do naufrágio do Titanic.

Pela primeira vez disponível em português, siga esta viagem musical pelos acordes da curta existência e imortal legado deixado pelo Titanic.

Acompanhe
A história da música a bordo do RMS Titanic
Artigo original de Rebekah Maxner para Revista Clavier Companion,  Janeiro/Fevereiro de 2012
Acima - Um grupo de cinco músicos uniformizados posa para uma foto no Hall de Música a bordo do navio RMS Aragon por volta de 1906, construído pela Harland and Wolff para a Companhia Royal Mail Steam Packet. Considerando a ausência total de fotografias dos oito músicos em suas funções a bordo do Titanic, esta foto ilustra com proximidade as condições de trabalho que este tipo de banda encontrava a bordo dos navios daquela época.

Era para ser uma viagem inesquecível. O RMS Titanic (Royal Mail Steamship Titanic / Navio a Vapor do Correio Real Titanic) foi orquestrado para ser o maior navio do que qualquer outro já criado até então. Para aqueles que o projetaram ele era uma conquista dos tempos modernos. Para os cidadãos de Belfast, Irlanda, que o construíram, ele era motivo de orgulho. Para aqueles que reservaram passagem, ele lançaria uma nova vida na América, ou seria o lar provisório de férias da Europa. Mas ninguém poderia imaginar que o Titanic se tornaria o palco principal de uma grande tragédia. A música teve um significante papel na história do Titanic, desde a época de sua projeção até os momentos de seu naufrágio. O seu legado musical se estendeu até a arrecadação de fundos para concertos prestados no pós tragédia. E é através da música do Titanic que agora nós revisitamos esta história em seus mais de 100 anos.

Para reiniciar a animação abaixo, atualize a página. 
(Arte gráfica original de  "alotef", deviantart.com / animação por Rodrigo, Titanic em Foco)
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A música estava impregnada em cada estrutura do navio. Haviam seis pianos a bordo: um na Terceira Classe, dois na Segunda Classe, e três na Primeira Classe. O piano da Terceira Classe era de modelo vertical, de origem e fabricação desconhecidas. Os pianos na Segunda e na Primeira classe foram comprados diretamente da fábrica Steinway ainda em estado de “crus”, o que quer dizer que suas caixas de ressonância vieram sem acabamento e componentes faltantes como o tampo, a lira, o estande e as pernas.
 
Estes pianos foram foram especialmente trabalhados por carpinteiros, que depois do enviados, os finalizaram com madeira de qualidade, ou laminado, para combinar com a decoração da sala na qual cada piano seria instalado. Considerando que os músicos contratados nunca tocavam na Terceira Classe, um piano vertical foi fornecido para que os passageiros pudessem tocar para seu próprio entretenimento. Ele era localizado no Salão Geral (Convés C, na popa), um lugar alegre com longos bancos de madeira, paredes brancas e ladrilhos de linóleo com um padrão vermelho.



Ao lado - Eugene Patrick Daly

Haviam partituras musicais de todo tipo naquele tempo, e era comum às pessoas se reunirem ao redor de um piano para tocar e cantar suas canções favoritas. Muitos passageiros da Terceira Classe viajaram com seus próprios instrumentos também. Eugene Daly, um irlandês, trouxe para bordo sua gaita de foles irlandesa e foi visto na popa do Titanic tocando a canção “Erin’s Lament”, enquanto o navio deixava a cidade de Southampton.

OUÇA AO LADO...

Na programação do navio, as apresentações musicais na Primeira e Segunda Classe eram localizadas em áreas onde a música pudesse ser ouvida o mais distante possível, e os pianos Steinway foram instalados nestes lugares. Quando os construtores e carpinteiros completavam os detalhes de última hora no Titanic, os pianos foram trazidos para bordo, alguns em 14 de março de 1912, outros em 18 de março, cerca de três semanas antes da data da partida para a viagem inaugural.

Ao lado - Nesta cena excluída do filme "Titanic" (1997), a personagem Rose DeWitt Bukater (Kate Winslet) vai ao Salão Geral da 3ª classe, situado na área dianteira do Convés D do Titanic, na proa. No animado salão movimentado pelos passageiros que ali se reuniram, um sujeito é mostrado junto ao piano tocando uma melodia qualquer. Considerando que a cena representa com perfeição a alegria dos mais humildes viajantes do Titanic, o piano como mostrado neste local é uma gafe histórica: A Terceira Classe no verdadeiro Titanic possuía um só piano, que foi instalado um andar acima (Convés C) e a dezenas de metros daqui, no extremo oposto do Titanic, na popa. O Titanic contava com dois Salões Gerais para a Terceira Classe - um no Convés C, na popa, e outro no Convés D, na proa - e o piano estava disponível apenas no Salão Geral na extrema ré do navio.

Em 10 de abril de 1912, o RMS Titanic partiu da cidade de Southampton, Inglaterra. Cada passageiro na Primeira e Segunda Classe recebeu um pequeno panfleto intitulado White Star Line Music”. Comumente conhecido como “White Star Line Songbook” (foto abaixo), ele listava os títulos e compositores de 341 números. Além destes, haviam categorias musicais como “National Anthems”, "Hinos etc., de todas as nações” e “Strauss Waltzes” (Valsas de Strauss). É desconhecido quantos títulos no panfleto os músicos tinham disponíveis para si.

Entre os que embarcaram estavam oito músicos que viajavam como passageiros da Segunda Classe, homens que carregavam caixas de instrumentos com sua bagagem. A banda foi especialmente selecionada por uma agência chamada C. W. & F. N. Black. Alguns tinham experiência em outros navios, e outros colocavam os pés no convés do Titanic para sua primeira experiência no mar aberto. Passagem gratuita e alimentação eram parte de sua compensação, além de um pequeno salário mensal. Seus verdadeiros ganhos viriam através de gorjetas.

Abaixo - O imponente perfil dos conveses do Olympic, navio-irmão do Titanic, aqui fotografado no porto de New York, Estados Unidos, em 21 de junho de 1911, por ocasião de sua primeiríssima chegada à América. O círculo vermelho destaca a posição das duas portinholas (janelas) da chamada "Sala dos Músicos", localizada no lado de estibordo do navio, no Convés E, área da Segunda Classe. Nesta sala os músicos poderiam guardar seus instrumentos e repousar apreciando um boa conversa no intervalo entre as apresentações. Os planos do Titanic demonstram que a sala correspondente se localizava precisamente no mesmo local. O mesmo momento de júbilo registrado na foto abaixo fatalmente não se repetiria 10 meses depois com os passageiros do Titanic: A viagem de estreia que deveria terminar de maneira esfuziante na manhã da quarta-feira, 17 de abril, no cais de New York, teve como ato final uma irreparável tragédia consumada às 2:20 da madrugada de 15 de abril, segunda-feira, a cerca de 1.550 Km de distância do porto de destino pretendido.

Em 1912 era típico que músicos de hotel tocassem onde não pudessem ser vistos pelos seus ouvintes, até mesmo atrás de plantas (por isso existia o termo “Músico de Palm Court”); Este não era o caso do Titanic. Os pianos eram peças de destaque, em plena exposição em cada sala. A intenção era de que os músicos fossem ouvidos e vistos, a música era parte do luxo do navio. No entanto havia uma distância profissional entre a banda e os passageiros, que poderiam conhecer os músicos de vista, mas não por nome. 

A Segunda Classe possuía uma área para apresentações localizada no saguão de entrada do Convés C. Uma banda de cinco membros tocava aqui três vezes por dia: entre 10:00 e 11:00, entre 17:00 e 18:00 e entre 21:15 e 22:15. O piano era um modelo vertical K Steinway, comprimido ao lado da base do mastro do navio, fora do caminho dos passantes, mas em local privilegiado para concertos. Quando as portas eram abertas a música poderia se derramar pelo convés, para a Biblioteca da Segunda Classe, e descer os lances da escadaria de carvalho para os outros conveses. Era o chamado para que os passageiros se reunissem para distraírem suas atenções por alguns momentos.


Kate Buss, uma passageira da Segunda Classe, relembrou um concerto que ela e um amigo ouviram nas escadas. Kate desenvolveu um carinho pelo celista da banda e queria pedir para que ele tocasse um solo, mas ficou nervosa em falar com ele diretamente. Ela escreveu, “O homem do celo (violoncelo) era o meu favorito. Toda vez que ele finalizava uma peça ele olhava para mim e sorria”. Outra passageira, Juliette Laroche, relembrou em uma carta, “Eu estou escrevendo na Sala de Leitura: há um concerto aqui, perto de mim, um violino, dois celos, um piano”.

Os passageiros da Primeira Classe também ouviam a apresentação de uma banda de cinco membros três vezes por dia, mas em dois locais diferentes: a primeira era no topo da famosa Grande Escadaria dianteira. O piano era um modelo vertical R. Ele possuía deslumbrantes detalhes e um banco com estofamento que combinava com as cadeiras do saguão. A banda se apresentava aqui todo dia das 11:00 até após o meio dia. Nesta hora do dia a luz do sol brilhava através do domo de vidro ornamental acima. Esta era a entrada a partir do Convés de Botes, e novamente, acordes da música poderiam ser ouvidos do lado de fora e pelas escadas abaixo.


As apresentações na Primeira Classe também aconteciam na Sala de Recepção do lado de fora do Salão de Jantar no Convés D, das 16:00 às 17:00 e das 20:00 às 21:15. Aqui estava a jóia da coroa do Titanic: um piano de cauda Steinway ‘Modelo B Drawing Room’. O piano em si era uma obra de arte dos artesãos, finalizado com laminado de mogno harmonizado com outras madeiras exóticas em um desenho de marchetaria requintada. Ele contrastava vivamente contra as paredes apaineladas brancas da sala, e era complementado por estandes musicais e um gabinete para guardar partituras, todos combinando com a decoração do piano. Assim como os demais pianos e móveis do Titanic, este piano de cauda estava firmemente atado ao piso do convés, neste caso através de estirantes afixados diretamente abaixo do piano [detalhe que pode ser visto na fotografia abaixo]. A fixação rígida de móveis nos interiores de navios era e continua a ser um segredo crucial de segurança, considerando que o balançar da embarcação em mares bravos faz com que todo objeto móvel em seu interior se movimente sem controle caso esteja solto.
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Ao lado - Helen Churchill Candee

Helen Churchill Candee, uma passageira escritora americana que se hospedou na Primeira Classe, publicou e suas memórias sobre ter escutado a banda na Sala de Recepção: “... depois do jantar quando o café era servido para todas as mesas ao longo da grande sala geral de descanso, era por aqui que a orquestra tocava. Alguns disseram que ela era ruim em seu Wagner, outros disseram que o violino era fraco. Mas isso era falatório, nada a bordo era mais popular que a orquestra. Você poderia notar isso pela maneira com que todos se recusavam sair. E todos pediam por algum hit favorito. A garota mais bonita pediu música para dançar, marcando o passo com seus saltos de cetim e balançando seus braços adolescentes no ritmo. Ele, de dois que tinham andado no convés [Hugh Wollner] pediu por Dvořák, enquanto ela pediu por Puccini, e ambos tiveram seus gostos atendidos, porque a orquestra era hábil e disposta”.

Havia também uma apresentação adicional no Titanic que não era equipada com um piano. O Titanic tinha uma segunda banda que se apresentava na Sala de Recepção da Primeira Classe no Convés B do lado de fora do Restaurante à La Carte e do Cafe Parisiense. Esta banda era um trio de cordas, e seus músicos se apresentavam exclusivamente na área da Primeira Classe. A Grande Escadaria traseira se abria para a Sala de Recepção, que era um amplo lance fora do Restaurante. Os passageiros da Primeira Classe ao descer as escadas poderiam ouvir a música do trio antes mesmo que sentissem os aromas da cozinha. Apenas a elite da Primeira Classe do Titanic escolhia jantar nesta área, e estas refeições eram cobradas em separado sobre os bilhetes de embarque que já tinham refeições incluídas.

Abaixo -  A Sala de Recepção da Primeira Classe do Restaurante à La Carte e do Cafe Parisiense do Titanic, aqui representada em uma ilustração oficial publicitária de época. A porta dupla ao fundo era de acesso direto ao Cafe Parisiense, enquanto o Restaurante à La Carte poderia ser acessado através de um pequeno corredor à direita da porta dupla. Considerando que não existem fotos conhecidas deste ambiente no Titanic, a ilustração sugere com perfeição a aparência geral do local e sua bela decoração. Este era o palco das apresentações do trio de cordas do Titanic.

Além das apresentações de pianos, ambos os salões de jantar, da Primeira e da Segunda Classes, eram equipados com pianos Steinway verticais; o piano da Primeira Classe era um Modelo R vertical, e o piano da Segunda Classe era um modelo K. Estes também eram pianos decorados, com acabamento que combinava com a decoração de suas respectivas salas. Como as bandas não se apresentavam nos salões durante as refeições, estes pianos eram ali alocados especialmente para o culto religioso nos domingos.


No domingo, 14 de abril, havia várias coisas nas mentes dos passageiros: a súbita queda da temperatura, um concerto beneficente que seria prestado na segunda-feira, 15 de abril, em nome das crianças órfãs que perderam seus pais no mar; mensagens telegráficas escritas e enviadas para parentes e amigos; e cantos de hinos e cultos que estavam sendo celebrados na Primeira e Segunda Classe. As 10:30 da manhã os passageiros da Primeira Classe assistiram um culto religioso em seu Salão de Jantar. O Coronel Archibald Gracie relembrou ter cantado o hino “Oh God Our Help in Ages Past” e de ter sentido a pungência das palavras.  

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Ao lado - Joseph Bruce Ismay, diretor administrativo da White Star Line, o "dono do Titanic".

Os passageiros passaram a tarde na sala de leitura e livraria, discutindo a velocidade do Titanic e quando ele poderia aportar em New York, na quarta-feira de manhã, ou antes, na noite de terça-feira. Haviam rumores na Primeira Classe que Bruce Ismay, diretor administrativo da White Star Line, havia mostrado uma mensagem telegráfica que alertava para icebergs, e feito uma brincadeira dizendo que eles poderiam “... aumentar mais o vapor e fugir deles”. 

Dependendo de onde os passageiros estivessem no domingo a noite, eles poderiam cantar hinos ou bebericar bebidas quentes enquanto escutavam a banda. Robert Norman, um engenheiro escocês, tocou piano para um hino informal no domingo a noite no Salão de Jantar da Segunda Classe. Lawrence Beesley relembrou os tons sussurrados com o qual a congregação cantou o hino “Eternal Father, Strong to Save”, que possui um verso que termina com a frase “... para aqueles em perigo no mar”........ 

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 Ao lado - Archibald Gracie

A banda de cinco membros apresentou seu concerto noturno na Sala de Recepção da Primeira Classe do lado de fora do Salão de Jantar. O Coronel Gracie estava assistindo com seus amigos, onde ele escutou a “sempre agradável música” e apreciou o desfile de muitas mulheres bonitas que estavam vestidas em plenos trajes formais. A Condessa de Rothes notou que a última canção tocada foi uma peça de Offenback, “Os Contos de Hoffman".

.......OUÇA AO LADO....

No final da apresentação Helen Churchill Candee relembrou, “O povo se dirigiu para suas cabines, com um alegre ‘vejo você de manhã’, até que o grupo ficou sozinho, a os únicos sons que faziam era aquele dos instrumentos sendo depositados em seus leitos de veludo”.

 Ao lado - Kate Buss

O quinteto então se apresentou no saguão de entrada da Segunda Classe. Kate Buss fez seu caminho até a apresentação depois de comparecer ao cântico do hino. “Naquela noite”, Kate relembrou, “o pianista me perguntou se eu me importaria de coletar contribuições, caso eu tivesse gostado da música”. Depois “Eu vi o pianista quando eu estava indo para cama, e eu prometi” (as contribuições eram então presenteadas aos músicos no último dia da viagem).

O Cafe Parisiense e o Restaurante à La Carte estavam sempre abertos. Mahala Douglas jantou no restaurante naquela noite de domingo, indo para lá por volta das 20:00 e ouvindo os músicos tocando no corredor externo. 

Violet Jessop, uma camareira da Primeira Classe, também ouviu a apresentação do trio ao passar pelo local. “Oh naquele domingo à noite a música era a mais alegre, liderada pelo jovem Jock, o primeiro violinista; quando eu me dirigi a ele durante o intervalo [pausa para fumar] ele se dirigiu sorrindo a mim em seu sotaque escocês, dizendo que ele estava pronto para oferecer uma ‘canção real, uma canção escocesa, para finalizar com chave de ouro”.
Ao lado - Violet Jessop

Depois que o trio finalizou sua apresentação de rotina, os afortunados se demoraram no restaurante e no café. Hugh Woolner relembrou de ter sentado com cerca de seis colegas, bebendo Hot Whisky e água. "Repentinamente se tornou muito frio na Sala de Recepção e no Restaurante à La Carte e as senhoritas se dirigiram para suas salas. Então nós homens fomos para a Sala de Fumantes diretamente acima onde ficamos sentados apenas poucos minutos quando veio um pesado triturar, como um tipo de choque a partir de um ponto ao longe à nossa frente, na proa, e rapidamente passou ao longo do navio e distante abaixo de nossos pés. Todos se levantaram e correram para a porta giratória à ré. Um homem em minha frente havia visto um iceberg se elevando 50 pés acima do convés, que estava a 100 pés acima do mar, e desapareceu à ré".

Às 23:45 no domingo, 14 de abril, uma quietude súbita preencheu cada cabine do grande vapor. Foi o silêncio das máquinas que haviam parado. Violet Jessop, que havia se retirado para dormir, se vestiu novamente e fez seu caminho ao longo do corredor. “Quando virei, eu topei com Jock (o líder da banda de cordas) e sua turma com seus instrumentos. ‘Engraçado, eles devem estar indo tocar’, pensei eu, e à estas horas! Jock sorriu ao passar, parecendo bastante pálido, comentando, ‘Apenas indo oferecer a eles uma canção para animar as coisas um pouco’, e se distanciou". 
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Os músicos começaram a tocar por volta das 00:15 no topo da Grande Escadaria dianteira. Eles estavam vestidos em seus uniformes normais com lapelas verdes, dando a impressão de que tudo estava normal. Apenas para sua apresentação as luzes estavam todas acesas e havia apenas a noite negra cheia de estrelas além do domo de vidro ornamental, acima da escadaria. Jack Thayer relembrou que as pessoas estavam inquietas, perambulando para dentro e fora do saguão, não dando muita atenção para a música. Ela se infiltrava pelas escadas abaixo e fora nos conveses externos. O Coronel Archibald Gracie, no Convés A, ouviu muito bem a música.

Ao lado - Harold Sydney Bride

Havia uma porta no topo da Grande Escadaria dianteira que acessava a parte dianteira do navio, onde os oficiais trabalhavam. Apenas uma curva adiante neste corredor estava a Sala de Telégrafo, onde os operadores estavam enviando os sinais de socorro CQD e SOS. Desde as 23:55 Harold Bride, operador assistente, ouvia e música da banda “... primeiro enquanto estávamos trabalhando no sem fio (telégrafo), quando havia um ragtime para nós...”.


Ao lado - Lily May Futrelle

A maioria dos passageiros refletia o estado do navio, calmo na superfície, mas com um profundo turbilhão agitando por dentro. A banda estava tocando Alexander’s ragtime enquanto Lily May Futrelle em pé discutia a situação com seu marido e outros passageiros da Primeira Classe. De repente um grupo de carvoeiros de caras enegrecidas surgiu repentinamente pelas escadas das profundezas dos porões. “Em um instante nós entendemos que a situação era desesperadora, que os compartimentos haviam falhado em segurar a invasão da água".

Ao lado - Charles Herbert Lightoller

A ordem foi dada para que as mulheres e crianças fossem para o Convés de Passeio, o Convés A. Quando o Segundo Oficial Lightoller preenchia o bote salva-vidas Nº 06 ele “... podia ouvir a banda tocando um tipo alegre de música. Eu não gosto de jazz à princípio, mas eu fiquei grato de ouvi-la naquela noite. Eu acredito que aquilo ajudou a nós todos”. A filantropista americana Margareth Brown estava no bote 06. Quando o bote foi baixado ela estava “... atenta aos acordes musicais que flutuavam no ar da noite...”.

Ao lado - William Thompson Sloper

Às 1:45 os músicos haviam colocado seus coletes salva-vidas e continuavam a tocar. Enquanto isso, a cena se desenrolava como em um sonho. As mulheres e crianças foram separadas dos homens, Os botes eram preenchidos, baixados, muitos com espaços vagos. E a banda se mantinha tocando. Eles tocaram além do ponto de esperança por sobrevivência. William Sloper relembrou, “Algumas das pessoas resgatadas que foram as últimas a deixar o navio me disseram que quando elas partiram a banda estava tocando... e que foi bravo, mas medonho ouvi-los”

O Capitão Smith liberou os operadores do telégrafo de suas funções às 2:10. Harold Bride lutou com outros para libertar um dos últimos botes desmontáveis. Às 2:17 o Convés de Botes foi inundado e o bote flutuou livre de cabeça para baixo com Harold Bride em seu topo. “Ele [o navio] era um bela visão então”, relembrou Bride ao olhar para o navio. “Fumaça e fagulhas estavam saindo de sua chaminé... O navio estava gradualmente virando seu nariz... A banda ainda estava tocando. Eu acho que toda a banda naufragou. Eles estavam tocando então Autumn".

...............................OOUÇA AO LADO....

Ao lado - Algernon Henry Wilson Bankworth

Ao menos dois homens que afundaram com o navio (e sobreviveram) notaram que a banda havia parado de tocar momentos antes do mergulho final: “quando eu fui pela primeira vez ao convés” escreveu A. H. Bankworth, “a banda estava tocando uma valsa. A próxima vez que eu passei.... os membros haviam deixado seus instrumentos e não estavam a vista”.

Pode ser notado que quando a banda parou todos os botes já haviam partido e eles tinham apenas três minutos restantes. O RMS Titanic afundou aproximadamente às 2:20. Todos os membros da banda foram perdidos. Até o fim, naquele momento, a banda permaneceu anônima. Em nenhum relato dos passageiros eles foram mencionados por nome. Mas nos primeiros dias da cobertura da imprensa, eles emergiram como heróis, tendo sacrificado tudo em favor dos outros. Muitos sobreviventes testemunharam que de seus botes salva-vidas puderam ouvir “Nearer My God to Thee” como o número final. Isto deu a medida de conforto para todos aqueles que perderam alguém. O público queria saber "quem eram estes bravos homens?".

.........................OUÇA AO LADO....

Abaixo - O violinista Wallace Hartley e a banda do Titanic representados no filme "Titanic" (1997), dirigido pelo canadense James Cameron. Hartley aqui foi interpretado pelo ator Jonathan Evans-Jones e a banda foi interpretada pelos músicos verdadeiros da banda "I Salonisti", fundada em 1983.
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Ao lado - A banda "I Salonisti" posa para uma fotografia nos cenários de "Titanic" (1997). Aqui os músicos aparecem na Grande Escadaria dianteira da 1ª classe, posicionados em seu lance mediano central, entre o Convés de Botes e o Convés A. Atrás do grupo se destaca o famoso relógio esculpido "Honor and Glory Crowning Time" (Honra e Glória Coroando o Tempo). Ainda que ficcional, a imagem sugere o orgulho que os oito membros da banda original do Titanic teria sentido ao tocar na viagem inaugural do que era então o maior navio do mundo.

Quando as semanas se passaram, o público ficou sabendo que a banda que admiravam não estava coberta pelo “Workmen’s Compensation” (seguro contra acidentes dos trabalhadores). Como passageiros da Segunda Classe, eles não navegavam como tripulantes. Na noite do naufrágio o capitão Smith não havia dado a ordem para a banda tocar, nem mesmo os liberado de seus postos, porque eles não estavam sob seu comando. O público entendeu que a banda escolheu agir da maneira que agiu. Houve um clamor público para que fosse dada alguma compensação para as famílias dos oito músicos que haviam morrido. Concertos beneficentes foram organizados nos dois lados do Atlântico. O que foi prestado no Royal Albert Hall, Londres, em 24 de maio de 1912, foi apresentado por uma união de sete orquestras e sete condutores se revezando. Sir Edward Elgar sendo um deles.
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Abaixo - O impressionante concerto memorial às vítimas do Titanic prestado no Royal Albert Hall em 24 de maio de 1912, pouco mais de um mês depois do naufrágio. O concerto teve como maestro Sir Edward Elgar e arrecadou dinheiro para as famílias dos membros da banda que morreram no desastre. A legenda do cartão traz a descrição "A MAIOR ORQUESTRA PROFISSIONAL JAMAIS REUNIDA... 500 músicos". [Curiosamente cem anos depois deste concerto o Titanic voltaria a ser atração neste palco, foi aqui que em 27 de março de 2012 o diretor James Cameron apresentou a concorrida premiére do relançamento mundial do filme "Titanic" em 3D junto do elenco original de seu filme de 1997].

Abaixo, foto de fundo - A entrada de bombordo para a famosa Grande Escadaria da 1ª classe no Convés de Botes do Titanic em sua condição real atual, a 3.800 metros no fundo do Oceano Atlântico Norte, onde os escombros do navio repousam desde a madrugada do naufrágio em abril de 1912 (imagem extraída do documentário "Ghosts of the Abyss", 2003). Os "espectros fantasmas" na fotografia mostram 05 dos 08 músicos em sua "tarefa final", executando músicas alegres enquanto o navio era tragado pelas águas geladas e os botes salva-vidas eram lotados pelos passageiros e tripulantes. A grande destruição desta área, especialmente pelo desaparecimento completo da Grande Escadaria, não impede a identificação das conhecidas janelas arcadas e da porta de entrada para a 1ª classe. Foi exatamente aqui onde Wallace Hartley e parte da orquestra tocou naquela madrugada. Todos os 08 músicos pereceram com o navio. Direita - O mesmo local aqui visto em uma maquete do Titanic.

 As ações altruístas da banda do Titanic tocaram um profundo acorde em muitas pessoas. O Titanic, inicialmente um símbolo da mais alta conquista do homem, acabou se tornando um símbolo do orgulho antes da queda. Mas para além desta situação desastrosa havia surgido esta nova esperança para a humanidade. As histórias que foram contadas eram de que Wallace Hartley acreditava que a música poderia elevar os espíritos e manter a calma em face do desconhecido, restaurando fé na natureza humana. Se as ações normais humanas frente à adversidade são “lutar ou fugir”, a banda do Titanic demonstrou que, através da música, há uma terceira escolha mais elevada. Em face da morte eles deram seu dom, sua oferta musical, na esperança que outros fossem salvos.

Abaixo - Nestas emocionantes cenas de "Titanic" (1997) os músicos do Titanic tocam "Nearer My God To Thee" junto à entrada  para a Grande Escadaria dianteira da Primeira Classe.
Crédito
Fonte - Artigo original de Rebekah Maxner para Revista Clavier Companion,
janeiro/fevereiro de 2012, páginas 18 a 28.
Pesquisa, tradução e adaptação de texto e imagens - Rodrigo, Titanic em Foco
Crédito 
 Texto integral por Rodrigo Piller, Titanic em Foco

Com informações de: 
encyclopedia-titanica.org  /  mni.com /  wikipedia.org / Titanic (1997) - 20th Century Fox / Titanic 4 Disc Deluxe Collector's Edition 1997 /  Titanic in Photographs (livro) /  deviantart.com/alotef - Mike Brady / Titanic the Ship Magnificent  /  titanic-model.com  /  fineartmodels.com  / Titanic the Ship Magnificent  /  Museum of the City of New York  /  Ghosts of the Abyss", 2003

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

R.M.S. Titanic: Linha do tempo

Acima: Uma representação gráfica resumida da trajetória do Titanic. Fotos - Ken Marschall /
Emil Besirevic / Titanic (1997)
Seja bem vindo ao Titanic em Foco

 A cronologia de datas e eventos que você irá acompanhar na matéria a seguir constitui-se de destaques da história do R.M.S. Titanic. Os momentos entre a noite de 14 e a madrugada de 15 de abril de 1912 são aproximados, baseados nos testemunhos obtidos no Inquérito Britânico sobre o desastre em 1912.

O texto fora compilado pela primeira vez para o livro "The Discovery of the Titanic" ("A descoberta do Titanic", capa ao lado), escrito pelo explorador marinho que encontrou os destroços do Titanic, Robert Ballard, que fora um campeão de vendas ao redor do mundo.

Para ilustrar esta matéria foram utilizadas fotos reais de época, ilustrações de variados artistas e animações de cenas de filmes relacionados ao Titanic.

Acompanhe
A linha do tempo do R.M.S. Titanic
Origens

1867 – Thomas Henry Ismay adquire a White Star Line. Uma linha de barcos à vela, originalmente fundada por volta de 1850, e principalmente envolvida no comércio de garimpo australiano.

1869 – Ismay forma a Oceanic Steam Navigation Company (Companhia de Navegação de Vapores do Oceano) com o propósito de estabelecer a White Star Line, uma linha de navios a vapor no serviço de transporte de passageiros na rota do Atlântico.

1869, 1870 – Os primeiros navios da White Star Line são construídos pela Construtora Harland & Wolff de Belfast, Irlanda do Norte.

1891 – Joseph Bruce Ismay, filho de Thomas H. Ismay, é admitido como sócio da White Star Line. Ele assume após a morte de seu pai em 1899.

1894 – William J. Pirrie se torna presidente da Harland and Wolff.

1898 – O autor americano Morgan Robertson publica o romance "Futility" ("Futilidade"), no qual um navio de passageiros inglês chamado Titan atinge um iceberg e afunda em sua viagem inaugural no mês de abril no Atlântico Norte. O navio ficcional foi posteriormente reconhecido por ser extremamente similar ao Titanic em tamanho, velocidade, equipamentos, número de botes salva-vidas, quantidade de passageiros e vítimas. Seu livro, também entitulado "The Wreck of the Titan" ("O naufrágio do Titan"), entrará para a história como provável evidente premonição do desastre do Titanic, que aconteceria 14 anos depois do lançamento da obra de Morgan Robertson.


1902 – A White Star Line é comprada pela International Mercantile Marine Company, um conglomerado comandado pelo financiador norte-americano John Pierpoint Morgan. Os navios da White Star Line continuariam a operar sob a bandeira britânica, com tripulação britânica, mas a companhia seguiu essencialmente controlada pelos interesses americanos.

1904 – Joseph Bruce Ismay, então com 41 anos, com o total suporte de Morgan, se torna presidente e diretor administrativo da International Mercantile Marine com total poder de controle. Ao mesmo tempo William J. Pirrie, presidente da Harland and Wolff, se torna um diretor da Mercantile Marine.

A idealização

1907 – Em um jantar festivo na mansão de William J. Pirrie, em Londres, Ismay discute a construção de dois grandes navios (e um terceiro a ser adicionado mais tarde) para competir com luxo, tamanho e velocidade com os navios rivais de outras companhias. Estes navios seriam chamados de “Olympic Class Liners" (Navios Classe Olympic), e foram planejados especificamente para ultrapassar a Cunard Line no luxo do comércio de transporte de passageiros.

 
Ao lado: Desenhistas são filmados durante suas funções no imenso escritório de projeção dos navios da empresa Harland and Wolff durante  o trabalho de elaboração dos transatlânticos  da classe Olympic por volta de 1910. Ao fundo do salão vê-se um grande modelo em escala dos novos navios da classe (Olympic e Titanic) configurado como um corte lateral longitudinal para uma visualização básica do que  viriam a ser os novos navios da classe. O grande galpão dos projetistas sobreviveu ao tempo e a falência da empresa, e hoje segue restaurado funcionando como parte do roteiro turístico da cidade de Belfast no chamado "Titanic Quarter"", onde está também o museu dedicado ao Titanic, junto da rampa de construção de onde os navios foram construídos e lançados entre 1908 e 1911.

1908, 29 de julho – Os proprietários da White Star Line, incluindo Ismay, aprovam as plantas principais para os navios da Olympic Class, preparadas pelos construtores da Harland and Wolff sobre a supervisão direta de Lord Pirrie, com a assistência de seu sobrinho Thomas Andrews.

1908, 31 de julho – Um contrato é assinado para a construção nos estaleiros de Belfast do Olympic, do Titanic e um terceiro navio-irmão, o Gigantic (rebatizado de Britannic após o desastre do Titanic). Decisões finais sobre design, equipamentos e decoração são feitas por Bruce Ismay. O tamanho do Titanic seria de 269,1 m. de comprimento, 28,6 m. de largura e 30,4 m. do fundo do navio até o nível da Ponte de Comando. O custo final: aproximadamente £ 1.500.000 Libras ou $ 7.500.000 Dólares. Novas docas têm de ser construídas em ambos os lados do Atlântico para acomodar o tamanho de tais navios. A Harland and Wolff constrói rampas especialmente reforçadas para aguentar o peso das obras, e um novo pórtico de construção sobre o qual os navios serão erigidos.

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A construção
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1908, 16 de dezembro – A quilha de número 400 é assentada na Harland and Wolff, a construção do Olympic começa.

1909, 31 de março – É assentada a quilha de número 401, começa a construção do Titanic.
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1910, 20 de outubro – O casco do Olympic é lançado com sucesso (na animação ao lado).

1911, 31 de maio – O casco do Titanic é lançado com sucesso, assistido por mais de 10.000 pessoas. Naquele momento, junto com o Olympic, eles eram os maiores objetos móveis já construídos pelo homem. Vinte e dois mil quilos de sebo, sabão e óleo de trem são utilizados para engraxar a base da rampa de construção e proteger o casco do navio contra enorme pressão de três toneladas por polegada quadrada.

O Titanic então é levado para a base de equipagem da Harland and Wolff nas proximidades do estaleiro. O processo de equipagem é iniciado. FATO: Durante o processo do lançamento do casco do Titanic, o trabalhador James Dobbin (43 anos) teve a perna esquerda esmagada quando uma das centenas escoras de madeira que apoiavam o casco do navio caiu sobre si; ele chegou a ser socorrido e transferido para o "Belfast Royal Victoria Hospital", mas faleceu dois dias depois devido à gravidade dos ferimentos.

 
Ainda em 31 de maio - O Titanic atado à doca de equipagem da Harland and Wolff poucas horas depois de seu lançamento se assenta bastante alto sobre o rio Lagan como resultado de ser, neste momento, algo como um casco vazio, faltando em seus interiores maquinários, equipamentos e demais aparatos operacionais que serão instalados desta data em diante. O navio permanecerá atado aqui durante os próximos meses para que os trabalhadores  de Belfast prossigam com o processo de finalização. Ainda nesta tarde o pequeno barco SS Nomadic, construído também pela empresa é fotografado em movimento junto ao Titanic. Ele carrega passageiros e dignatários que assistiram naquele dia o lançamento festivo do Titanic e a partida do Olympic no mesmo dia, que acabara de ser finalizado e está em rota para a cidade de Liverpool. Mais adiante o Nomadic vai servir como barco de transbordo na cidade de Cherbourg, França, onde transportará proeminentes passageiros que irão embarcar no Titanic, como os Astor e Margareth Brown.



1911, junho – O Olympic começa sua viagem inaugural.

1911, julho – É firmada a data da viagem inaugural do Titanic pela White Star Line e a Harland and Wollf, 20 de março de 1912.

1911, setembro - O Titanic está atracado junto à base de equipagem da Harland and Wolff, em Belfast, e os trabalhos de equipagem prosseguem a todo ritmo. São feitas alterações visíveis nas duas laterais superiores do navio: Mais de 70% das grandes janelas envidraçadas localizadas no Convés B (bombordo e estibordo) são removidas e substituídas por janelas retangulares ligeiramente menores para novas cabines. O Convés B, originalmente equipado com janelas grandes como Convés de Passeio coberto da 1ª classe, agora é completamente ocupado por cabines adicionais da 1ª classe, pelo novíssimo Café Parisiense (inovação do Titanic em relação ao Olympic) e por um acréscimo no tamanho do Restaurante ALa Carte. A remodelação de janelas no Convés B do Titanic se torna então um fator que ligeiramente o diferenciará no futuro em relação ao Olympic. Apesar da evidente troca de janelas no Convés B, o famoso Convés de Passeio (Convés A) ainda permanece sem receber as famosas janelas de vidro nas suas duas metades dianteiras; fato que só ocorrerá no estágio final da construção, em março de 1912.

 
1911, 20 de setembro – O Olympic (sob o comando do Capitão Edward John Smith, que mais tarde seria o Capitão do Titanic) têm seu casco gravemente danificado em uma colisão com o navio cruzador da Marinha H.M.S. Hawke. A viagem inaugural do Titanic é retardada devido à necessidade de ceder materiais e trabalhadores para efetuar reparos no Olympic.

 
1911, 11 de outubro – A White Star Line anuncia oficialmente a nova data para a viagem inaugural do Titanic no jornal London Times, 10 de abril de 1912.

1911, dezembro - Atracado junto a base de equipagem da Harland and Wolff, em Belfast, o Titanic agora já conta com seu visual externo parcialmente completo, com três de suas quatro chaminés de 19 metros de altura já instaladas. A famosa "chaminé decorativa" será instalada até janeiro de 1912. A quarta e última chaminé do Titanic, apesar de ser hoje conhecida como "postiça" ou "decorativa", não era funcionalmente inválida: atuava como indutor e exaustor de ventilação para dezenas de partes do navio, e também eliminava a fumaça de parte das cozinhas e da lareira da Sala de Fumantes da 1ª classe, situada diretamente abaixo.

 
1912, janeiro – Dezesseis botes salva-vidas são instalados no Titanic sob os guindastes do modelo Welin (projetados para suportar dois botes salva-vidas em cada conjunto). O projetista original, Alexander Carlisle (que já não era mais empregado da Harland and Wolff) tinha sugerido guindastes capazes de carregar mais botes. Mas apresentou isto como medida de economia, e não sob interesse de aumentar a segurança do navio. As regulamentações extremamente antiquadas da Câmara do Comércio certificavam que os 20 botes salva-vidas do Titanic (incluindo 4 botes “desmontáveis”) na realidade excediam as exigências em 10 % da capacidade exigida por lei.

 
1912, 03 de fevereiro – O Titanic é assentado com sucesso na doca seca Thompson em Belfast, Irlanda do Norte. Aqui serão realizados os trabalhos de finalização, tais como pintura do casco, término das acomodações interiores, instalação das três hélices e demais arremates.

O Titanic ainda permanece visualmente muito similar ao seu navio-irmão, o Olympic, especialmente porque ainda não recebeu as famosas janelas envidraçadas ao longo da metade dianteira do Convés de Passeio.

Um cinegrafista grava um pequeno filme do Titanic com sua câmera manual enquanto o navio é rebocado vagarosamente para dentro da doca seca. Posteriormente o filme será editado em formato de micro-documentário sobre a tragédia e passará à história como o único filme verídico existente do famoso navio (na animação acima).


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1912, 24 de fevereiro - O RMS Olympic, navio-irmão do Titanic, é danificado quando colide com um objeto submerso enquanto é comandado pelo capitão Edward John Smith, a 639 Km da Ilha de Terra Nova, e perde uma pá de sua hélice de bombordo.

1912, março – A tripulação de engenheiros se junta ao navio em Belfast, alguns começam literalmente a viver a bordo.

1912, 02 de março - A equipagem final do Titanic é afetada quando ele é obrigado a ceder lugar e materiais na Doca Seca Thompson para que sejam feitos trabalhos de reparos na hélice de bombordo do Olympic, danificada alguns dias antes, em 24 de fevereiro. Nos próximos dias várias fotos dos dois navios-irmãos reunidos pela última vez lado-a-lado são tiradas. Nunca mais os dois navios iriam reencontrar-se. Nesta reta final da construção o Titanic finalmente receberá a instalação das famosas janelas envidraçadas nas duas secções dianteiras do Convés de Passeio da 1ª classe (Convés A); fator que irá diferenciá-lo no futuro de maneira evidente em relação às fotos do Olympic. CURIOSIDADE: A instalação de janelas envidraçadas nas duas metades dianteiras do Convés de Passeio da 1ª classe (Convés A) do Titanic, foi diretamente causada pela completa perca do Convés de Passeio envidraçado da 1ª classe (Convés B), que foi integralmente tomado pela construção de cabines adicionais da 1ª classe, pelo novíssimo Café Parisiense e pelo aumento na largura do Restaurante ALa Carte. A necessidade de possuir um passeio semi protegido contra o mal tempo, obrigou os proprietários do Titanic a mudarem a configuração do Convés A na reta final da construção.

Olympic ..............................................................................Titanic

1912, 06 de março - Quando o Olympic finalmente deixa a doca seca, cedendo lugar novamente para a finalização do Titanic, acontece uma oportunidade única: O fotógrafo Robert Welch, que fotografou toda a construção dos dois navios-irmãos, se posiciona sobre a lateral de estibordo dos conveses superiores do Olympic e tira uma foto panorâmica do Titanic em pleno processo de pintura. A fotografia deixa evidente o processo de últimos retoques do Titanic, que ainda têm parte de seus conveses brancos superiores e o casco recebendo uma camada de tinta.



1912, 25 de março – Os botes salva-vidas são testados; suspensos para fora, baixados, e içados para a posição sob os guindastes.

1912, 31 de março – Exceto por detalhes menores em algumas suítes de passageiros, a equipagem do Titanic está completa. Sua capacidade inclui 46.328 toneladas brutas, com aproximadamente 52.250 toneladas de deslocamento, 46.000 cavalos de potência com 29 caldeiras, 159 fornos e 04 chaminés com cerca de 19 m. de altura. Ele tem 03 hélices e estima-se que seja capaz de se deslocar a 24 nós (44,4 Km/h) a toda velocidade (apesar de que isto nunca tenha sido colocado em teste). Apesar do fato de que o Titanic e seu navio-irmão, o Olympic, serem idênticos em dimensões (altura, largura e comprimento), mais cabines e suítes foram construídas no Titanic (além de adições estruturais), fazendo-o mais pesado. O Titanic é agora o maior navio do mundo devido ao seu peso ligeiramente maior em relação ao Olympic.

1º de abril de 1912 – Os testes no mar são adiados devido aos fortes ventos em Belfast. O Titanic agora finalmente já possui janelas envidraçadas nas duas secções dianteiras do Convés de Passeio da 1ª classe (Convés A), que foram instaladas rapidamente de última hora nos 30 dias finais da construção.

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2 de abril, 6:00 h da manhã – Os testes no mar começam. O Titanic é ajudado por duas lanchas através do Canal Victoria para o Belfast Loungh. Todos os equipamentos são testados, incluindo o aparato de telegrafia. São empreendidos os testes de velocidade e manobrabilidade, incluindo várias curvas e manobras de paradas e arrancadas. Grandes testes de parada são conduzidos: corridas em linha reta a 20 nós (37 Km/h) e então paradas com toda força à ré.

 
14:00 – Testes de funcionamento são feitos. Ele navega por cerca de duas horas (cerca de 40 milhas / 74 Km) até o Mar da Irlanda em uma velocidade máxima de 18 nós (33,3 Km/h), e então retorna em duas horas para Belfast. Todos os testes estão de acordo com os padrões da Câmara do Comércio. Os testes são concluídos em menos de 1 dia.

20:00 – O Titanic deixa Belfast sob o comando do Capitão Edward John Smith para uma viagem noturna para Southampton, seu porto de embarcação, a cerca de 570 milhas de distância (1.055 Km). A cidade que por três anos construíra o Titanic jamais voltaria a vê-lo novamente.

3 de abril – O Titanic chega a Southampton logo depois da meia noite para começar o processo de aprovisionamento e contratação de pessoal para a viagem inaugural.


5 de abril, Sexta-Feira Santa – O Titanic é decorado com bandeirolas para saudar os moradores da cidade de Southampton. Esta é a única ocasião onde ele é decorado.


6 de abril – Dia de recrutamento para a maioria dos membros faltantes da tripulação. Começa chegar a carga geral. A carga final inclui 559 Toneladas e 11.524 peças avulsas. É também embarcado a bordo 5.892 Toneladas de carvão. É embarcado também o Renault vermelho, ano 1912, de 25 hp, pertencente ao milionário norte-americano William Carter, considerado um dos carros de passageiros mais velozes do mundo.

Abaixo e ao lado : Nesta foto dos bastidores de "Titanic" (1997), o famoso Renault vermelho que pertencera ao passageiro William Carter é mostrado durante o processo de embarque. Hoje os mais recentes estudos históricos sobre o verdadeiro Titanic apontam que o Renault de William Carter fora transportado nos porões do transatlântico semi-desmontado e plenamente lacrado em uma caixa. O carro teria sido embarcado no navio no dia 06 de abril de 1912, quatro dias antes da partida.
 
8 de abril – Suprimentos de comida fresca são trazidos a bordo. Todos os preparativos finais são supervisionados até o ínfimo detalhe pelo engenheiro Thomas Andrews. Uma última demão de pintura é aplicada sobre as chaminés do Titanic, na tradicional cor padrão utilizada na frota de navios da companhia White Star Line. Pintores são fotografados na tarefa enquanto suspensos em balancins ao redor da quarta chaminé do transatlântico.




A viagem 
10 de abril, quarta-feira, dia da partida 


7:30 – O Capitão Edward John Smith embarca no Titanic com toda a tripulação. Os oficiais passaram a noite a bordo. Smith recebe o informe de navegação do Oficial Chefe Wilde.

8:00 – A tripulação inteira é convocada, reunidos para um breve teste de arriação de apenas dois botes do lado de estibordo, os Nºs 11 e 15.

Abaixo: Membros da comissão britânica de investigação sobre o desastre do Titanic efetuam um teste de arriação do bote salva-vidas Nº 09 (estibordo) do RMS Olympic na cidade de Southampton em 06 de maio de 1912, vinte e um dias após o desastre do Titanic. Na manhã de 10 de abril, o dia da partida, o mesmo tipo de teste fora feito com dois dos botes salva-vidas do Titanic enquanto o navio ainda estava atracado junto à Doca Nº 44. Os botes salva-vidas de ambos os navios-irmãos foram instalados a 18,44 metros acima do nível da água, uma altura que pareceu ameaçadora para os amedrontados passageiros na escura e fria madrugada de 15 de abril de 1912.

 
Do outro lado do Atlântico nesta manhã, abaixo: O Olympic atraca no cais de número 59 em New York depois de mais uma bem sucedida travessia atlântica. Enquanto o Titanic se prepara para iniciar sua viagem na Inglaterra, o Olympic é fotografado adentrando o cais 59 onde pretensamente o Titanic deveria atracar na manhã do dia 17 de abril adiante. O Olympic irá deixar o porto de New York para nova travessia dentro de três dias, no dia 13, vagando o local para o Titanic.

9:30 as 11:00 – Os trens da 2ª e 3ª classes chegam e os passageiros embarcam.

11:30 – Estaciona ao lado da doca o trem dos passageiros da 1ª classe de Londres. Os passageiros da 1ª classe embarcam no navio e são escoltados até suas cabines.

 
12:15
- O Titanic levanta âncora e afasta-se da Doca Nº 44 puxado por seis rebocadores, entre eles o rebocador Vulcan. Já propulsionado per seus próprios motores, o Titanic contorna a linha do cais de Southampton, descendo pelo Rio Test. O destino é New York (chegada prevista para a quarta feira seguinte, 17 de abril), com escalas em Cherbourg (França) e Queenstown (atual Cobh, na Irlanda).


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Ao lado: Neste trio de fotografias sequenciais, o Titanic é visto ao contornar lentamente a linha do cais de Southampton auxiliado pelos rebocadores Albert Edward, Hercules, Vulcan, Ajax, Hector e Neptune. Pouco mais adiante junto das docas estão atracados os navios SS New York e RMS Oceanic, ambos inativos devido a greve dos carvoeiros.

Por volta das 12:20 - O Titanic é fotografado a partir do navio atracado SS Beacon Grange, alguns poucos minutos após soltar amarras. Aqui nesta foto o grande transatlântico faz a primeiríssima curva da viagem ao contornar a linha do porto da cidade. Um dos fotógrafos a bordo do Beacon Grange aguarda pacientemente com sua câmera para obter um registro do Titanic.

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Ao passar ao lado dos navios RMS Oceanic e SS New York, atracados lado a lado nas docas 38 e 39, a sucção de seu poderoso deslocamento causa o chamado “efeito canal”, fazendo balançar o navio New York, que arrebenta seis grossos cabos de amarração de 15 cm de diâmetro. O New York então se movimenta perigosamente com a popa em rota de choque contra o costado de bombordo do Titanic. No derradeiro instante a colisão é evitada pelo rebocador Vulcan, que alcança um cabo arrebentado do navio a deriva. A popa do New York deixa de atingir o casco do Titanic por escasso 1,20 m. Apesar da situação de alto risco, ambos os navios saem ilesos.  Este incidente, junto com a anterior colisão entre Olympic e Hawke em 1911, indica uma falta de familiaridade - dos responsáveis por manobrá-los - com navios de tal porte.

 
12:30 - O Titanic é fotografado em posição quase estática após a quase colisão com o SS New York. Aqui o perigo já havia passado, e o navio aguarda enquanto um pequeno grupo de de trabalhadores das docas e tripulantes extras são desembarcados após perderem o chamado de desembarque anterior. Ainda visivel na foto estão o primeiro oficial William Murdoch e o terceiro oficial Herbert Pitman, que de pé a partir da plataforma de atracagem traseira sinalizavam para o capitão Charles Gale do rebocador Vulcan através de uma megafone para que recolhesse os atrasados ainda abordo. Agora significativamente atrasado, o Titanic brevemente irá navegar pelas águas de Southampton enquanto seu primeiro almoço é servido a bordo.


13:00
– O Titanic recomeça sua viagem de 24 milhas (44 Km) descendo o English Channel em direção a Cherbourg, França.

14:35  Depois de acompanhar o Titanic partindo de Southampton e através do Solent por Cowes e Pela Ilha de Wight, o prático George Bowyer é desembarcado em Nab Light. O momento aqui foi capturado em foto pela preciosa câmera do passageiro de 1ª classe Francis Browne - note o letreiro claramente visível "SS Titanic" na placa afixada ao bote salva vidas nº 10 no topo. O barco Vigilant - base de trabalho e transporte do prático Bowyer - é visto à direita ao largo do Titanic. Profundamente familiarizado com os grandes navios e suas tripulações, o gentil Bowyer acena amigavelmente com um adeus aos oficiais do Titanic e os deseja uma travessia exitosa ao mesmo tempo em que lembra que os reverá em pouco mais de duas semanas.


16:00 – O trem de passageiros vindo de Paris chega a Cherbourg. É anunciado a chegada atrasada do Titanic.

17:30 – Em Cherbourg os passageiros finalmente embarcam nas lanchas e esperam para serem levados até o Titanic.

18:30 – O Titanic ancora no porto de Cherbourg com todas as luzes acesas. Vinte e dois passageiros desembarcam, e alguma carga também é desembarcada.


20:00 – 274 passageiros de Cherbourg já estão a bordo, e as lanchas então voltam para a costa.

20:10 – As âncoras são levantadas e o Titanic segue para Queenstown, Irlanda, encaminhando-se através do English Channel e ao redor da costa Sul da Inglaterra.

11 de abril, Quinta-feira, pela manhã – O Capitão Smith coloca o Titanic sob novos testes fazendo curvas com o navio para testar sua manobrabilidade.

11:30 – O Titanic ancora em Queenstown a cerca de 2 milhas (3,7 Km) da costa. 113 passageiros da 3ª classe e 7 da 2ª classe embarcam com 1.385 sacos de correspondências. Sete passageiros desembarcam.


13:30 – A âncora de estibordo (direita do navio) é levantada pela última vez e o Titanic parte em sua primeira travessia transatlântica para New York. 

Logo na sequência - Uma das últimas fotografias do Titanic é tirada a partir de solo firme pelo oficial britânico John Morrogh a partir das margens de Crosshaven enquanto o navio é preparado para navegar ao sul em direção ao Atlântico Norte.

Desembarca neste momento o prático John Cotter através de uma escada e um pequeno barco, o qual é então o último de todos a deixar o Titanic. Agora estão a bordo 2.208 pessoas. A partir daqui o navio só será fotografado após 73 anos, em 1º de setembro de 1985, quando de sua redescoberta no fundo do Atlântico pelo exploradort marinho Robert Ballard.
 
De 11 a 12 de abril – O Titanic cobre 386 milhas (714 Km) em tempo bom, calmo e claro.

Manhã de 12 de abril de 1912 - Os 2.208 passageiros e tripulantes a bordo do Titanic acordam para seu primeiro dia completo no Atlântico aberto. Ele mantém um ritmo acelerado e, ao meio-dia de hoje, já terá percorrido quase 500 milhas desde Queenstown. O novo transatlântico não buscará nenhum recorde de velocidade nesta viagem, nem há nenhuma tentativa planejada para o futuro, embora seu desempenho tenha até agora atendido ou superado as expectativas, e os rumores de uma chegada antecipada na noite de terça-feira persistam desde a manhã do dia da partida. Embora resolvida, a recente greve de carvão ainda pesa na mente dos gerentes da White Star e, de acordo com as recentes restrições de uso, a velocidade do Titanic será mantida bem abaixo daquela de sua travessia inicial de Belfast, que atingiu apenas um pulso acima de 23 nós. A classe Olympic não foi projetada para competir com a rival Cunard em termos de velocidade, em hipótese alguma, e embora um aumento e um novo teste de sua velocidade estejam provisoriamente planejados para a próxima segunda ou terça-feira, estes não serão testes de recorde de forma alguma – exceto, é claro, para comparação com seu irmão onze meses mais velho, o Olympic. Mais a oeste, outros rumores mais preocupantes circulam nas ondas de rádio, indicando uma temporada de gelo a deriva excepcionalmente ativa, embora o Titanic ainda não tenha sido oficialmente notificado de tal perigo.

Christian Jagou





Ainda em 12 de abril, as 11h:  Do convés do velho navio a vapor SS Etonian, 1.800 milhas a oeste do Titanic, o Capitão William F. Wood fotografa este iceberg bem no coração da rota de navegação da primavera no Atlântico. Em sua anotação, escrita logo após o desastre, ele descreve o gelo como "azul", ou seja, recentemente revirado e de cor relativamente escura - portanto, difícil de ver à noite. As condições são tão incomuns nesta temporada que várias outras imagens de icebergs semelhantes à deriva já estavam sendo publicadas em jornais náuticos de ambos os lados do Atlântico durante os primeiros meses do ano, embora até agora tenham permanecido como notícias de pouca importância. 

“O iceberg azul capturado pelo Capitão Wood SS Etonian em 12/04/12 na latitude 41°50N e longitude 49°50W. O Titanic atingiu o navio em 14/04/12 e afundou em três horas.” As coordenadas inscritas situam o gelo retratado a menos de trinta milhas náuticas da posição final do Titanic, daqui a dois dias, na noite de 14 de abril. Vale ressaltar que não há nenhuma indicação específica de que este seja, de fato, o mesmo iceberg que o Titanic encontrará na noite de domingo, mas ilustra bem as condições nas rotas de navegação mais a oeste naquele momento.



De 12 a 13 de abril – O Titanic cobre 519 milhas (961 Km). O tempo bom continua. Vários alertas são recebidos, o que não é incomum em travessias feitas em abril.

Ainda em 13 de abrIl, pela manhã: Um incêndio acidental de carvão que ardia na Sala de Caldeiras 5 desde antes de O Titanic deixar Belfast é finalmente declarado extinto. Incêndios desse tipo são comuns a bordo de navios nessa época, causados ​​principalmente por combustão espontânea ou faíscas errantes de caldeiras acesas, com brasas de carvão às vezes ardendo por dias sob pilhas e em depósitos de carvão - como é o caso a bordo do Titanic. Na verdade, o fogo é mais apagado com uma pá do que realmente extinto, um trabalho que, quando concluído, revela pouco mais do que tinta queimada e uma leve deformação na antepara dianteira interna. Nunca é demais ressaltar que o incêndio de carvão - embora tenha sido um incômodo e certamente deva ser levado a sério - definitivamente não é considerado, por consenso histórico, como tendo contribuído para a destruição do navio, nem comprometido de forma alguma sua integridade estrutural, ao contrário de algumas alegações recentes, desonestas e francamente irresponsáveis, baseadas em pesquisas deficientes. Todas e quaisquer alegações desse tipo foram meticulosamente e completamente desacreditadas por uma esmagadora maioria de historiadores respeitados no assunto. ***O termo adequado para este tipo de situação é "abrasamento de carvão", considerando que não havia labaredas no estoque de carvão do Titanic, mas sim carvão em brasas.

13 de abril, 13h - Enquanto o almoço é servido no Salão de Jantar da Segunda Classe, no Convés D, o passageiro Lawrence Beesley faz uma observação reveladora aos seus companheiros de mesa reunidos. O espaçoso salão em que ele se encontra abrange toda a largura do navio, com vigias/janelas de ambos os lados, e, ao olhar pelas janelas a bombordo, ele consegue facilmente ver a superfície do mar através delas, mas apenas o céu é visível pelas mesmas janelas a estibordo. O mar está calmo, então claramente o Titanic está adernando - adernado em até 2,5 graus pelas trezentas toneladas de carvão deslocadas anteriormente para bombordo, na tentativa de apagar o abrasamento de carvão na sala de caldeiras 5. 

"A inclinação não lhe causa problemas e, na verdade, é leve o suficiente apenas para ser notada por algumas pessoas a bordo, embora essa inclinação persista pelo resto da viagem. “Chamei então a atenção em nossa mesa para a forma como o Titanic se inclinava para bombordo (eu já havia notado isso antes), e todos nós observamos o horizonte através das vigias enquanto nos estávamos à mesa do comissário de bordo no salão: era muito claro, pois o horizonte e o mar a bombordo eram visíveis na maior parte do tempo, e apenas o céu a estibordo. O comissário de bordo observou que provavelmente o carvão havia sido usado principalmente a estibordo...[]"

13 de abril, 22:30 – Um alerta de campo de gelo pesado é passado pelo navio Rappahannock, que foi danificado durante a passagem pelo campo de gelo.

14 de abril, domingo, 9:00 – O Titanic recebe mensagem telegráfica do navio Caronia alertando sobre gelo e icebergs em 42ºN, de 49º até 51ºO.

10:30 – Um serviço religioso é celebrado no Salão de Jantar da 1ª classe.

11:40 – O navio alemão Noordam envia “muito gelo” quase na mesma posição que o Caronia. Logo após o meio dia - como de costume - os oficiais vão para a asa da Ponte de Comando para calcular a posição diária com sextantes : “desde a tarde de sábado, 546 milhas" (1.011 Km).


13:42
– Recebido um aviso de iceberg através do Baltic e “grande quantidade de campos de gelo” na latitude 41º51’N, longitude 49º52’O, cerca de 250 milhas (463 Km) a frente do Titanic. A mensagem é enviada ao Capitão Smith, que mais tarde a entrega para J. Bruce Ismay, que por sua vez a coloca em seu bolso.

13:45 – O aviso de um “Grande Iceberg” é recebido via o navio alemão Amerika (41º27’N, 50º8’O). A mensagem não é enviada para a Ponte de Comando.

17:30 até 19:30 – A temperatura do ar cai 10 graus para 33º F (0,55º C).

 
17:50 – O Capitão Smith altera o curso do navio levemente para sudoeste do curso normal, possivelmente como uma precaução para evitar gelo.

18:00 – O Segundo Oficial Lightoller substitui o Oficial Chefe Wilde na Ponte de Comando.

19:15 – O Primeiro Oficial Murdoch ordena que o porão no castelo de proa seja fechado para evitar que sua luminosidade interfira a visão dos vigias no cesto da gávea acima.

19:30 – Três mensagens de alerta relacionadas a grandes campos de icebergs são interceptadas do Californian (42º3’N, 49º9’O). A mensagem é enviada para a Ponte de Comando. O capitão está participando de um jantar no Convés B. O gelo está a apenas 50 milhas (92 Km) a frente.

Abaixo: O luxuoso Restaurante ALa Carte localizado no Convés B do RMS Olympic, o navio-irmão do Titanic. Na noite de 14 de abril de 1912 o Capitão Edward Smith foi homenageado no mesmo restaurante do Titanic com um jantar que lhe fora oferecido pela família Widener, passageiros da 1ª classe.
 
20:40 – Lightoller dá ordem para averiguar o suprimento de água fresca do navio, considerando que a água do mar está agora perto do ponto de congelamento.

20:55 – O Capitão Smith deixa o jantar e vai diretamente para a Ponte de Comando, e discute o tempo calmo e claro com Lightoller, e também a visibilidade de icebergs durante a noite.

21:20
– O Capitão Smith se retira para dormir e dá ordem para acordá-lo se “as coisas se tornarem duvidosas...”

21:30 – Lightoller envia uma mensagem para o cesto da gávea alertando para que a vigia seja cuidadosa até de manhã.

21:40 – Um alerta de pesado campo de gelo e icebergs é recebido do navio Mesaba (latitude 42ºN até 41º25’, longitude 49ºO até 50º30’O). A mensagem é deixada de lado. Os operadores de telégrafo estão ocupados com o tráfego de mensagens dos passageiros. Durante todo o dia foram recebidas seis mensagens de gelo, que mostram um enorme campo de gelo a cerca de 78 milhas (144 Km) de distância diretamente a frente.

 
22:00 – Lightoller é substituído na Ponte de Comando pelo 1º Oficial Murdoch. Os vigias no cesto da gávea também são substituídos. Um alerta para estar atento aos icebergs é passado durante a troca de turno. A temperatura é de 32º F (0º Celsius), com céu limpo e o ar claro.

22:30 – A temperatura do ar cai para 31ºF (-0.55º Celsius).

22:55 – Entre 10 e 19 milhas (entre 18,5 e 35 Km) ao norte do Titanic, o Californian está parado em um campo de gelo, e envia alertas para todos os navios na área. Quando o operador do telégrafo do Californian chama pelo Titanic, seu alerta de gelo é interrompido por um brusco “Cai fora! Cala a boca! Você está atrapalhando meu sinal. Eu estou em contato com Cape Race”. O operador do telégrafo do Californian apenas ouve o tráfego de mensagens do Titanic até as 11:30 e então desliga o aparelho e retira-se para dormir, como de costume.

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A tragédia

23:30 – Os vigias Fleet e Lee no cesto da gávea notam uma leve névoa aparecendo diretamente a frente do Titanic.


23:40 – O Titanic está movendo-se a 20,5 nós (37,9 Km/h). Repentinamente os vigias vêem um iceberg diretamente a frente a cerca de 500 metros elevando-se em torno de 55-60 pés acima da água (entre 16 e 18 m). Eles imediatamente tocam o sino de alerta com três fortes batidas e telefonam para a Ponte de Comando: “Iceberg diretamente a frente”. O Sexto Oficial Moody na Ponte de Comando agradece o alerta e repassa a mensagem para Murdoch que instantaneamente ordena “tudo para estibordo” para o timoneiro e ordena para que as máquinas sejam paradas e colocadas toda força à ré. Murdoch então ativa os comandos para que as portas a prova d’água sejam fechadas abaixo da linha d’água. 

O timoneiro gira a roda do leme tão rápido quando lhe é possível. Depois de vários segundos o Titanic começa a mover-se para bombordo, mas o iceberg atinge a proa pelo lado de estibordo e raspa ao longo da lateral do navio e desaparece na noite. O impacto, apesar de parecer chocante para a tripulação próxima a área dianteira, não é percebido por muitos dos passageiros. Trinta e sete segundos se passaram desde o avistamento até a colisão.

 
23:50 – Durante os dez primeiros minutos depois do impacto, a água eleva-se 14 pés (4,20 m) acima da quilha na área dianteira. Cinco dos primeiros compartimentos começam a alagar. A casa das caldeiras Nº 6, 5 pés (1,50 m) acima da quilha, é alagada em 8 pés de água (2,4 m).

00:00 – A sala de correspondências, 24 pés (7,3 m) acima da quilha, começa a receber água suficiente para fazer com que os sacos de correspondências flutuem. Logo após avisar o Capitão Smith, agora na Ponte de Comando, sobre a água infiltrando-se nos porões 1,2 e 3 e na casa das caldeiras Nº 6, e depois de seu próprio tour rápido para inspecionar os danos com Thomas Andrews, Smith pergunta a Andrews sobre sua opinião. Andrews calcula que o navio pode continuar flutuando apenas por mais 1 hora ou 1 hora e meia. Isto é baseado na certeza matemática de que se mais compartimentos se encherem de água, a água extravasará até o próximo e daí em diante.
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A proa do Titanic começa a afundar. O navio está condenado. O Capitão Smith ordena que os telegrafistas enviem o pedido de auxílio CQD. A posição estimada do navio é 41º46’N, 50º14’O. As caldeiras são apagadas e os canos de exaustão de vapor junto das chaminés expelem o vapor e fumaça sob um estrondoso barulho.

 
15 de abril de 1912, segunda-feira, 00:05 – A quadra de squash, 32 pés (9,75 m) acima da quilha, está alagada. São dadas ordens para que os botes sejam descobertos e a tripulação e os passageiros sejam reunidos. Se cada bote for preenchido em sua capacidade máxima há espaço suficiente para apenas 1.178 das 2.227 pessoas que se estima estarem a bordo.

00:10 até 1:50 – Vários membros da tripulação do Californian, entre 10 e 19 milhas de distância, vêem luzes de um navio. São feitas várias tentativas de contato com a lâmpada Morse do navio, sem sucesso. Fogos de artifícios são observados, mas eles parecem muito baixos sobre o convés do navio, e não fazem som, eles não parecem fogos de socorro, e não é lhes dada muita atenção. A distância entre os dois navios aumenta até que ambos estejam fora de visão um para o outro.

1:15 até 2:17 – Numerosos navios recebem os pedidos de socorro do Titanic, incluindo seu navio-irmão, o Olympic, a cerca de 500 milhas (926 Km) de distancia. Vários navios, incluindo o Mount Temple (49 milhas de distância / 88 Km), Frankfort (153 milhas / 28 Km), Birma (70 milhas / 129 Km), Baltic (243 milhas / 450 Km), Virginian (170 milhas / 314 Km), e o Carpathia (58 milhas / 107 Km) preparam-se em momentos diferentes para virem em auxílio.

00:15 – A orquestra do Titanic começa tocar ao vivo músicas ragtime no Lounge da 1ª classe no Convés A, movendo-se depois para o Convés de Botes, perto da entrada para a Grande Escadaria da 1ª classe.

 
00:20 – A água invade o alojamento dos bombeiros, 48 pés (14,6 m) acima da quilha, na área dianteira do Convés E.

00:25 – São dadas ordens para preencherem os botes salva-vidas com mulheres e crianças. O Carpathia, a cerca de 58 milhas (107 Km) a sudoeste, recebe o pedido de socorro e imediatamente se direciona a toda a velocidade para o resgate.

00:45 – O primeiro bote, Nº 7 de estibordo, é baixado com segurança. Ele pode carregar 65 pessoas, mas deixa o navio com 28 a bordo. O primeiro foguete de socorro é disparado. Oito foguetes serão disparados ao todo. O 4º Oficial Boxhall observa um navio se aproximar do Titanic e então desaparece apesar das tentativas de contactá-lo com a lâmpada Morse. O bote Nº 4 começa a ser carregado entre 00:30 e 00:45.

 
00:55 – O primeiro bote do lado de bombordo, bote Nº 6, é baixado com apenas 28 pessoas, incluindo Molly Brown e o Major Peuchen. O bote Nº 5 de estibordo é baixado. Ismay é repreendido pelo 5º Oficial Lowe por estar interferindo em seus comandos (41 a bordo – espaço para mais 24).

1:00 – O bote Nº 3, estibordo, é baixado com apenas 32 a bordo, incluindo tripulantes.

1:10 – O bote Nº 1, estibordo, é baixado (capacidade 40) com apenas 12 pessoas, incluindo Sir Cosmo e Lady Duff Gordon, e sete tripulantes. O bote Nº 8, bombordo, é carregado e baixado com apenas 39 pessoas. Na água seu leme é manobrado pela Condessa de Rothes.


1:15 – A água atinge o nome Titanic na proa e agora o navio inclina-se para bombordo. A inclinação nos conveses acentua-se e os botes começam a serem mais lotados.

1:20 – O bote 9, estibordo, deixa o navio com cerca de 56 pessoas a bordo. O Titanic desenvolve agora uma acentuada inclinação para estibordo.

1:25 – O bote Nº 12, bombordo, é baixado com 40 mulheres e crianças a bordo. Dois marinheiros são colocados no comando do bote. Depois que o Titanic naufragou, este bote foi amarrado junto com os botes 4,10, 14 e com o bote desmontável D. Mais tarde os sobreviventes foram movidos do bote 14 para outros botes pelo 5º Oficial Lowe para que ele então pudesse retornar para recolher passageiros na água. O bote Nº 12 consequentemente sobrelotado com 70 passageiros, vários recolhidos do desmontável D.

 
1:30 – Sinais de pânico começam a aparecer entre os passageiros no navio. O bote 14, bombordo, é baixado com 60 pessoas, incluindo o 5º Oficial Lowe, um grupo de passageiros aparece pronto para pular para dentro do bote já lotado, e Lowe dispara tiros para o ar para espantá-los. Os pedidos de socorro do Titanic estão quase desaparecendo. “Nós estamos afundando rápido” e “Mulheres e crianças nos botes. Não podemos durar muito mais”.

 
1:35 – O bote 16, bombordo, é baixado com mais de 50 pessoas. O bote Nº 13, estibordo, deixa com 64 pessoas, a maioria mulheres e crianças da 2ª e 3ª classes. O bote Nº 15, estibordo, é baixado 30 segundos depois com 70 pessoas a bordo e evita por pouco uma colisão com o bote 13 diretamente abaixo. Este último se afasta da rota de choque na última hora.


1:40 – A maioria dos botes dianteiros agora já se foram, e os passageiros começam a se mover para a área da popa. Ismay deixa o navio no bote desmontável C (39 pessoas a bordo), o último bote de estibordo a ser lançado. O poço do convés dianteiro está submerso.

1:45 – As últimas palavras são ouvidas do Titanic são captadas pelo Carpathia a caminho do resgate – “...Sala de máquinas alagada até as caldeiras...”. O bote Nº 2, bombordo, é baixado e deixa com apenas 25 pessoas. Ele pode carregar 40.

1:55 – John Jacob Astor, impedido de entrar no bote Nº 4 de bombordo por Lightoller, vê sua mulher a salvo ser baixada no bote com 40 mulheres e crianças e alguns tripulantes. No afobamento, 20 lugares no bote ficam sobrando.

2:00 – A água agora está a apenas 10 pés (3,4 m) abaixo do Convés de Passeio.


2:05
- Agora ainda permanecem mais de 1.500 pessoas no navio. O bote desmontável D é um dos últimos botes a descer. Ele tem lugares para 47 pessoas. Para prevenir uma invasão no bote, Lightoller agita sua pistola no ar (e possivelmente dispara) e os membros da tripulação fazem um círculo ao redor dele, com braços dados entre si, e permitem apenas mulheres e crianças a bordo. O bote é baixado com 44 a bordo. O castelo de proa do Titanic está embaixo d’água, a inclinação nos conveses torna-se mais grave.

2:10 – O Capitão Smith libera os operadores de telégrafo Bride e Phillips de suas funções. 

 
2:17 – Phillips continua a enviar a última mensagem de rádio. O Capitão Smith diz aos membros da tripulação, “É cada homem por si”, e retorna para a Ponte de Comando para aguardar pelo fim. Thomas Andrews, o construtor do navio, é visto sozinho na Sala de Fumantes da 1ª classe olhando para o vazio.


A proa do Titanic mergulha, possibilitando que o bote desmontável B flutue de cabeça para baixo. O padre Thomas Byles ouve confissões e concede absoluções para mais de cem passageiros da 2ª e 3ª classes reunidos na secção traseira do Convés de Botes. A banda do navio para de tocar. Vários passageiros pulam do navio. 

A chaminé dianteira do navio cai, atingindo um grande número de passageiros dentro d’água. O bote desmontável A agora flutua sem controle e cerca de duas dúzias de pessoas na água conseguem agarrá-lo. Ele se liberta com o lado correto para cima, mas perigosamente sobrelotado. Lowe, no bote 14, salva-os pouco antes do amanhecer. Provavelmente cerca da metade, no entanto, teria morrido durante a noite.
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2:18
– Um grande grunhido é ouvido e todos os objetos móveis dentro do Titanic se estraçalham na proa submersa.

As luzes do navio brilham pela última vez e então se apagam. Muitos sobreviventes assistem o navio quebrar-se em duas partes. 

A metade da proa afunda em direção ao fundo do Atlântico localizado a 3.800 m de profundidade naquela área.

 
2:20 – A secção da popa do navio, destacada da secção dianteira, assenta-se sobre a água, se endireitando por uns poucos momentos. Vagarosamente ela se enche d’água e inclina-se novamente no ar entes de definitivamente afundar no mar. Mais de 1.500 pessoas são condenadas a morte no “maior desastre marítimo da história” até então. 


O sinistro clamor de pânico, dos que agonizam em desespero no mar gélido, aflige os  passageiros embarcados nos botes ao redor dos campo de destroços e náufragos, que lutam inutilmente pela sobrevivência na água glacial.

O clamor vai diminuir nos próximos 40 minutos e praticamente cessará por volta das 3:00 da manhã, assinalando a morte da maioria dos náufragos pelos efeitos da hipotermia; a maioria das vítimas teria mergulhado na água com coletes salva-vidas e estima-se então que um grande número não teria perecido por afogamento. Os gritos e pedidos de socorro dos que lutam pela vida na água irão ser penosamente relembrados durante o resto da vida de algumas das 700 testemunhas oculares, distribuídas nos 20 botes que se afastaram da cena.

3:00 - O 5º Oficial Lowe, no bote Nº 14, assume o comando da operação de salvamento, e faz com que se unam amarrados os botes D, 4, 10 e 12. Decidido a retornar em busca de sobreviventes, transfere para outros botes a maior parte dos passageiros que ocupam o seu.  Após reunir oito homens, e como voluntário o passageiro da 1ª classe Charles Williams, parte em busca de pessoas que possam ainda estar vivas; ele será o único bote a retornar para tentar prestar socorro, e só não o faz antes por temer que seu bote, então super lotado com 63 passageiros, pudesse ser afundado pela inevitável arremetida dos que ainda agonizavam na água. Lowe consegue então resgatar quatro homens de dentro d'água, um dos quais irá morrer ainda antes de ser resgatado pelo Carpathia.


O resgate




3:30 – Os fogos do Carpathia são avistados pelos botes salva-vidas. Sua velocidade normal é de 14,5 nós (26,8 Km/h), mas ele correu para o resgate estremecendo a 17,5 nós (32,4 Km/h).

4:10 – O primeiro bote, Nº 2, é recolhido pelo Carpathia. O gelo flutua ao redor de toda a área do desastre e também destroços do Titanic.

5:30 – O Californian é avisado pelo Frankfort sobre a perca do Titanic e se direciona para a área do desastre.

5:30 a 6:30 – Os sobreviventes do bote desmontável A são resgatados pelo bote Nº 14, e os sobreviventes do desmontável B pelos botes 4 e 12.
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8:30 – O último bote, Nº 12, é resgatado pelo carpathia. Lightoller é o último sobrevivente a vir a bordo. O Californian para ao lado do carpathia, e então navega através da área do desastre a procura por mais sobreviventes; não encontra nenhum.

8:50 – O Carpathia deixa a área em direção a New York. Ele carrega 705 sobreviventes. Um estimado de 1.522 almas foram perdidas. Ismay telegrafa para os escritórios da White Star Line em New York: “Com profundo pesar aviso que o Titanic naufragou esta manhã depois de colidir com um iceberg, resultando em séria perda de vidas. Detalhes completos depois”.

 
Os mortos

17 de abril – Contratado pela White Star Line, o Mackay-Bennet deixa Halifax para procurar por corpos no local do desastre.

 
18 de abril, 21:00 – O Carpathia chega a New York. Ele é abordado por hordas de repórteres de jornal em botes inquirindo por notícias. Quando o Carpathia passa pela Estátua da Liberdade, 10.000 pessoas estão a postos para assistir. Os botes salva-vidas do Titanic estão pendurados em suas laterais. Ele passa pelo píer da Cunard (Nº 54) e navega rio acima para os piers da White Star Line, para lá arriar os botes do Titanic. O Carpathia então retorna para o píer da Cunard para finalmente desembarcar os sobreviventes.

 
De 19 a 25 de abril – O inquérito sobre o desastre do Titanic é realizado pelo Senado dos Estados Unidos, comandado pelo senador William A. Smith. Oitenta e duas testemunhas são chamadas.


21 de abril -
Enquanto a tripulação do Mackay-Bennett inicia seu terrível trabalho nesta manhã de domingo escura e ainda nebulosa, o quarto corpo encontrado à tona é o de uma criança de dezenove meses que embarcou no Titanic com seus pais e cinco irmãos em Southampton no dia 10 de abril. Ninguém da família sobreviveu. Em uma documentação completa e contínua realizada a bordo do navio de recuperação, as tripulações registram o pouco que sabem sobre o menino: “Nº 4 - Masculino - Idade estimada, 2 anos - Cabelo, loiro Vestuário - Casaco cinza com pele na gola e nos punhos; vestido de sarja marrom; anágua; peça de flanela; regata de lã rosa - sapatos e meias marrons. Sem qualquer marca Provavelmente de terceira classe.” Dias mais tarde, comovidos com a descoberta da criança não reclamada, a tripulação do Mackay-Bennett arrecadará fundos entre si para pagar o funeral e a lápide desta criança, inscrevendo nela o epitáfio “Erigido em memória de uma criança desconhecida, cujos restos mortais foram recuperados após o desastre do ‘Titanic’, em 15 de abril de 1912.” O menino será sepultado em Halifax no dia 4 de maio, em um pequeno caixão branco com uma placa de latão com os dizeres “NOSSA CRIANÇA”. Sidney Leslie Goodwin permanecerá anônimo no Cemitério Fairview Lawn até 2007, quando testes de DNA finalmente revelarão seu nome após quase um século de especulação — nenhum dos outros sete membros de sua família jamais será encontrado. 

22 de abril – A White Star Line envia o Minia de Halifax para ajudar o Mackay-Bennet. Ao pôr do sol, a tripulação do CS Mackay-Bennett encerra o dia com mais um melancólico serviço em prol dos mortos, enquanto mais quinze vítimas do Titanic são sepultadas no mar. Os destroços da tragédia da semana passada estão se espalhando amplamente agora nas correntes do Atlântico, embora uma grande quantidade de destroços ainda seja vista nas proximidades, enquanto os trabalhos progridem esta noite. Cadeiras, acessórios para cabines, cortiça isolante, tábuas do convés e os sete botes salva-vidas descartados já estão à deriva por quilômetros em meio a um mar de mortos – mais de cem dos quais serão recuperados somente nos esforços de amanhã. Do diário de Frederick Hamilton hoje à noite: “22 de abril - Passamos perto do iceberg hoje e tentamos fotografá-lo, mas a chuva está caindo e não achamos que os resultados serão satisfatórios. Estamos agora a leste, em meio a uma grande quantidade de destroços. O cúter foi baixado para examinar um bote salva-vidas, mas está muito destruído para que se possa dizer qualquer coisa, nem mesmo o nome está visível. Ao redor, há lascas de madeira, acessórios de cabine, frentes de gavetas de mogno, entalhes, tudo arrancado de suas fixações, cadeiras de convés e, em seguida, mais corpos. Alguns deles estão a 24 quilômetros de distância dos resgatados ontem. 20h. Outro funeral.”

 
24 de abril – Quando o navio-irmão do Titanic, o Olympic, está prestes a deixar Southampton, seus carvoeiros entram em greve. Eles não irão trabalhar em um navio que não carrega botes suficientes. 285 membros desertam do navio, e a viagem do Olympic é cancelada. 

6 de maio – A White Star Line envia o Montmagny de Sorel, Quebec, para ajudar na procura por corpos. Em Halifax, o pequeno barco é carregado com mais uma carga completa de gelo em bloco, serragem, caixões, fluidos de embalsamamento e lonas, transferidos do CS Minia, e parte pouco antes do meio-dia como o terceiro navio a embarcar para o local do naufrágio do Titanic. Ele percorre a viagem de mais de 1.600 km até Halifax, subindo o Rio St Lawrence partindo de Sorel, Quebec, sob o comando duplo dos capitães Peter Crerar Johnson e François-Xavier Pouliot, que supervisionarão os esforços de recuperação nas próximas semanas. O capitão Johnson foi trazido a bordo especificamente para guiar o pequeno barco de apoio enquanto navega no Atlântico aberto, complementando a experiência do capitão titular do navio, Pouliot, que comandou o Montmagny, de tamanho reduzido, apenas em águas costeiras calmas. Também a bordo do navio de recuperação está o agente funerário John R. Snow, que retornou recentemente de seus esforços anteriores a bordo do CS Mackay-Bennett. Ele será auxiliado em seu trabalho pelo colega embalsamador Cecil Zink, de Dartmouth, Nova Escócia, embora, quando chegarem ao local, haja muito pouco a ser feito por qualquer um deles. Em meio a um tempo tempestuoso e chuvoso, com gelo ainda à deriva, o Montmagny encontrará apenas quatro corpos, um dos quais será enterrado no mar. Os três restantes retornarão a Louisbourg, Nova Escócia, em 13 de maio, antes que o Montmagny reabasteça novamente e parta para o local do naufrágio – o único dos quatro navios de recuperação a vasculhar a área duas vezes. Ele encontrará apenas destroços quebrados e espalhados nesta segunda viagem ao Titanic e retomará seu trabalho habitual como faroleiro logo em seguida.


13 de maio início da tarde - A bordo do transatlântico RMS Oceanic, da White Star, com destino a Nova York, os vigias em seu cesto de gávea avistam repentinamente um pedaço substancial de destroços à deriva, o objeto desconhecido parecendo mover-se lenta e erraticamente a uma curta distância da proa de estibordo do navio. O Oceanic recebe ordens de parar após o avistamento, e um de seus pequenos botes salva-vidas é baixado para inspeção. Os destroços, na verdade, provam ser os restos do Titanic Desmontável A, a embarcação quebrada e danificada tendo sido levada pelo vento e pelas correntes a mais de duzentas milhas do local do desastre. Ao chegarem, os tripulantes também relatam três corpos ainda a bordo do desmontável, todos agora tristemente escurecidos pelo sol e caindo aos pedaços após quase um mês à deriva. Sem que as vítimas pudessem ser resgatadas adequadamente, os tripulantes reúnem os pertences pessoais que conseguem e sepultam os restos mortais no mar, acompanhados em seu breve serviço a bordo do barco apodrecido por um médico e um padre disposto, que os acompanham em um dos cúteres do Oceanic. Após os sepul, a pequena tripulação tenta afundar os destroços, mas sem sucesso contra a camada flutuante de cortiça granular da balsa. Em vez disso, remadores rebocarão o desmontável de volta para serem recuperados, e seus restos mortais serão eventualmente levados de volta ao Píer 59 do Rio Hudson, onde serão depositados junto com o restante dos botes salva-vidas devolvidos pelo Carpathia. Mais tarde, será determinado que os corpos encontrados a bordo do desmontável foram deixados no barco pelo 5º Oficial Lowe pouco antes do resgate pelo Carpathia, após a constatação de que os três homens morreram em algum momento durante a noite. Um deles é identificado como o passageiro da Primeira Classe, Thomson Beattie, de 37 anos, enquanto os outros dois, não identificados, parecem ter sido tripulantes, provavelmente foguistas. Levado pela água do convés do Titanic nos momentos finais do naufrágio, o Desmontável A tornou-se um refúgio desesperado para muitos, sem outra opção. Embora sem tempo para içar adequadamente as laterais de lona do barco, ele oferecesse pouca proteção contra o mar congelante. Pela manhã, apenas metade dos que haviam se agarrado uns aos outros a bordo ainda estava viva, e esses sobreviventes foram resgatados por Lowe no Bote Salva-vidas 14, quase vazio.



15 de maio – A White Star Line envia o Algerine de St. John, terra Nova. Ele recupera apenas um corpo. Todos reunidos, os barcos contratados pela White Star Line encontram um total de 328 corpos.


18 de maio - O corpo de Wallace Hartley, líder da orquestra do Titanic, é sepultado na cidade de Colne, na Inglaterra. Mil pessoas compareceram ao seu funeral, enquanto 40.000 pessoas se alinharam na rota de seu cortejo fúnebre. 
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16 de maio - De St. John's, Terra Nova, um último navio inicia hoje a navegação em direção à área a sudeste do local do naufrágio do Titanic, em uma tentativa final de recuperar o que quer que esteja à deriva ali, uma decisão sem dúvida motivada, pelo menos em parte, pelos recentes relatos da descoberta do Desmontável A no meio do Atlântico pelo RMS Oceanic há apenas três dias. Trata-se do SS Algerine, um navio a vapor de 505 toneladas e três mastros, construído em 1880 pela Harland & Wolff e atualmente de propriedade da Bowring Brothers Ltd. como um navio de carga mista e passageiros limitados, sob o comando do Capitão John Jackman. Também estão a bordo os agentes funerários Andrew Carnell e Thomas Lawrence, de St. John's, bem como um suprimento de gelo, lona, ​​fluidos de embalsamamento e serragem semelhante ao transportado pelos três navios de recuperação contratados anteriormente. Após ser especialmente equipado com um aparelho Marconi com alcance de 200 quilômetros (e aparentemente sob ordens de usar seu novo rádio principalmente para a transmissão de relatórios oficiais para a White Star Line), o Algerine parte esta tarde para começar as buscas perto da área onde os destroços do Titanic foram vistos pela última vez há vários dias. Ela navegará ao longo de um grande círculo de 320 quilômetros ao sul e a leste do local do desastre, seguindo as correntes e o clima variado na esperança de encontrar alguém ainda preso à deriva por um colete salva-vidas flutuante. Apesar de três semanas de buscas, Algerine encontrará apenas um corpo (o do comissário de bordo do Titanic, James McGrady, de 27 anos) em 25 de maio. Depois disso, nenhum outro avistamento de corpos ou destroços será feito pelo navio de recuperação, e ele eventualmente retornará ao porto de St. John's na manhã de 6 de junho.



6 de junho - Em meio a uma viagem rotineira, mais de um mês e meio após o naufrágio do Titanic, marinheiros a bordo do petroleiro SS Ottawa, rumo ao oeste, avistam um único corpo à distância, próximo à proa do navio. Os restos flutuantes ainda estão presos à deriva por um colete salva-vidas encharcado e já bastante deteriorado. O capitão R.G. Tait ordena que o navio pare para recolher o corpo, e a tripulação encarregada do resgate deduz rapidamente que a vítima deve ter vindo do Titanic — embora registrem sua posição como estando a pouco mais de 874 km do local do desastre, onde os destroços estão em repouso no fundo do mar há quase oito semanas. Embora o corpo tenha se deteriorado, infelizmente, principalmente quando exposto aos elementos, a tripulação do Ottawa consegue recuperar vários pertences pessoais antes de realizar uma pequena cerimônia em prol da Igreja da Inglaterra e um sepultamento no mar. Esses pertences incluem uma carteira com as iniciais "W.T.K." e um punhado de cartas e documentos pessoais que identificam o homem como William Thomas Kerley, de Salisbury. Kerley havia embarcado no Titanic como assistente de camareiro de segunda classe em 4 de abril, data que, aliás, também era seu aniversário de 28 anos. Seria sua primeira experiência trabalhando no mar. Após o funeral e o sepultamento no mar, o Ottawa prossegue sua viagem, embora seu ritmo lento e a falta de comunicação sem fio signifiquem que as notícias da recuperação de William Kerley só cheguem à costa em sua próxima atracação, em 5 de julho de 1912. A essa altura, a cobertura do desastre finalmente terá começado a desaparecer das manchetes dos jornais de todo o mundo, e o triste destino desta penúltima vítima encontrada à deriva será noticiado com parcimônia, e apenas em boletins informativos de menor importância, impressos várias semanas após sua descoberta e entrega ao mar.



8 de junho - Em uma cena quase idêntica à ocorrida dois dias antes a bordo do SS Ottawa, a última vítima do Titanic é encontrada por acaso esta manhã pelo cargueiro britânico SS Ilford. O diário de bordo indica, por sua posição, que os restos mortais já se afastaram mais de 900 km do local do desastre. Mais uma vez, quase oito semanas após a tragédia, os elementos cobraram seu preço, e os seis tripulantes do Ilford que remaram para recolher o corpo relataram não conseguir reconhecer nenhuma característica distintiva do homem. Ele foi identificado, por seus pertences pessoais, como o comissário de bordo da primeira classe do Titanic, William Frederick Cheverton, natural de Newport, na Ilha de Wight, que havia sido transferido da tripulação do Olympic junto com outros membros de sua equipe de abastecimento na manhã de 4 de abril. Cheverton tinha 27 anos na época de sua morte, com vários anos de experiência no mar – incluindo seis anos de serviço na Marinha Real, começando aos 17 anos, em julho de 1902. Após sua dispensa em 1908, Cheverton trabalhou em alguns empregos como operário e pintor antes de ingressar na White Star Line como comissário de bordo. O pagamento mais estável enviado para casa permitiu que ele ajudasse a sustentar seus pais e sua irmã deficiente, Nellie. Após a identificação de seus restos mortais e outro breve serviço anglicano, William Cheverton é sepultado no mar. Com esta descoberta final confirmada de uma vítima do Titanic à deriva, o número de corpos recuperados chega a 337 dos 1.496 mortos conhecidos, o que significa que apenas 22% dos perdidos no naufrágio são encontrados. Sem dúvida, muitas vítimas flutuantes desapareceram ao longo de semanas à deriva na vasta extensão do Atlântico, e algumas ainda podem ter passado despercebidas por navios que a cruzaram por algum tempo após este último encontro do SS Ilford. Vários relatos infundados de pequenos destroços e possíveis corpos foram feitos no final do ano, embora nenhum deles tenha sido confirmado, e nenhuma identificação conclusiva de mais restos do Titanic tenha sido feita no mar após hoje. 

Os números finais de vítimas do Titanic encontradas são os seguintes: 

Sobreviventes recolhidos pelo RMS Carpathia - 4 corpos sepultado no mar 
CS Mackay-Bennett - 190 corpos recuperados, 116 sepultado no mar 
CS Minia - 15 corpos recuperados, 2 sepultado no mar 
CGS Montmagny - 3 corpos recuperados, 1 sepultado no mar 
SS Algerine - 1 corpo recuperado 
RMS Oceanic - 3 corpos sepultado no mar 
SS Ottawa - 1 corpo enterrado no mar 
SS Ilford - 1 corpo sepultado no mar


Lições 

Junho de 1912 - O passageiro da 2ª classe Lawrence Beesley, sobrevivente do naufrágio, publica um livro de própria autoria sobre a tragédia. Intitulado "The Loss of the SS Titanic", a publicação faz um resumo da curta vida, viagem e desastre do Titanic através de sua experiência a bordo. O livro torna-se histórico por ter sido publicado apenas poucas semanas após o desastre, sendo então o segundo publicado sobre o Titanic e primeiro deles escrito por um real sobrevivente. 

De 2 a 3 de julho – O Inquérito Câmara do Comércio Britânica é conduzido. 25.622 perguntas são feitas para 96 testemunhas, incluindo experts como o inventor do radio, Marconi, o explorador Sir Ernest Shackleton sobre gelo e icebergs. Os únicos passageiros testemunhas são Sir Cosmo e Lady Duff Gordon e J. Bruce Ismay. Outras testemunhas incluem o Capitão Lord do Californian, Lightoller, que enfrenta 1.600 questões sozinho, membros da tripulação, os proprietários do navio, e membros da Câmara do Comércio. As recomendações finais do julgamento são “mais compartimentos a prova d’água nos navios, a provisão de botes salva-vidas para todos a bordo, e também uma melhor vigilha”.


1913, abril – A Patrulha Internacional do Gelo é criada para vigiar as rotas marítimas do Atlântico Norte sob a direção da Guarda Costeira Americana.

Irmãos de cina

1914, 26 de fevereiro – O segundo navio-irmão do Titanic, o Britannic, é lançado.

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1916, 21 de novembro – O Britannic, originalmente planejado para chamar-se “Gigantic”, requisitado pelo Almirantado Britânico em 1915, antes mesmo de sua completa equipagem, e atuando como navio-hospital durante a 1ª Guerra Mundial sem sequer ter sido completamente decorado, naufraga após colidir com uma mina explosiva alemã no Canal Kea, na costa da Grécia, causando a morte de 30 pessoas trituradas pelas suas hélices que ainda estavam ligadas durante a descida dos bote salva-vidas. Diferente do Titanic, seu nome foi quase esquecido através dos anos, estando presente apenas como uma nota de rodapé da história do trio de navios-irmãos. Seus destroços hoje se encontram a 122 metros abaixo da superfície do mar Egeu, na costa da Grécia, de frente para a Ilha Kea, acessível aos mergulhadores com balão de oxigênio. À exemplo do Titanic, O Britannic jamais chegou a ter a oportunidade de encontrar o seu porto de destino, Nova York, nos Estados Unidos. Embora, neste caso, não houve nenhuma oportunidade de travessia do Atlântico, a Grande Guerra se interpôs em sua história.


1918, 17 de julho, 9:15 - O RMS Carpathia é torpedeado pelo submarino alemão "U-55" no Mar Celta, oeste das Ilhas Scilly na costa da Irlanda. As 11:00 h da manhã, após 1 hora e 45 minutos de agonia, o Carpathia desapareceu sob as ondas levando consigo cinco vítimas fatais.



1929, 18 de novembro – O Terremoto dos Grandes Bancos ocorre e imagina-se que ele pode ter causado um grande deslizamento de sedimentos, soterrando o Titanic. O abalo submarino aconteceu a cerca de 600 Km de distância do local onde acreditava-se estar os destroços do Titanic. Foi apenas em 1985, com a descoberta dos escombros do Titanic, que finalmente constatou-se que o abalo não afetara os restos do navio.

1935 – Depois de 24 anos de serviço, incluindo serviço na guerra carregando tropas, e quatro grandes reequipagens, o Olympic é aposentado e enviado para a completa demolição. Ele havia cruzado o Atlântico 500 vezes, navegado 1,5 milhão de milhas, e ganhado o apelido de “Velho Confiável”. Espantosamente o Olympic sobrevive os 24 anos de sua carreira ativa percorrendo a rota entre Southampton e New York relativamente sem graves acidentes; a mesma rota na qual o Titanic naufragou em sua primeira e não terminada travessia.  

CURIOSIDADE: Durante sua carreira o Olympic navegou milhas suficientes para dar 70 voltas no planeta Terra.
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A descoberta

1980, julho – O empresário e explorador americano Jack Grimm financia uma expedição científica que se propõe localizar o Titanic. Perseguido por um mal tempo e mal funcionamento dos equipamentos, a expedição falha em encontrar o Titanic.

1981, junho - A segunda expedição de Jack Grimm novamente tenta encontrar o Titanic, mas não obtém êxito.

1983 - A terceira e final expedição financiada por Jack Grimm falha em encontrar o Titanic.

1985, 1º de setembro - A expedição científica franco-americana liderada pelo Dr. Robert Ballard finalmente descobre e fotografa os restos do Titanic em uma profundidade de 3.800 metros no fundo do oceano.

1986, julho - Robert Ballard retorna ao Titanic com uma segunda expedição. Descendo no navio através do submarino Alvin, ele explora e fotografa os escombros por completo e o campo de destroços.

1987 - O Congresso dos Estados Unidos se mobiliza para fazer do Titanic um memorial internacional. Uma expedição francesa recupera aproximadamente 900 artefatos dos escombros.
Crédito
Pesquisa, tradução e adaptação de texto e imagens - Rodrigo, Titanic em Foco
Texto - "The Discovery of the Titanic", Robert Ballard, Madson Press Book, 1987 /
"O Crepúsculo da Arrogância: RMS Titanic Minuto a Minuto", Sergio Faraco, L&PM, 2006.
Ilustrações - Ken Marshall, Tom Lay, Harley Crossley, 
Richard DeRosset, Stuart Williamson, Simon Fisher, Seteve Noon, Christian Jagou.
Cenas - "Titanic" (1953), “A Night to Remember” (1958), 
“Titanic” (1996), “Titanic” (1997), "Britannic" (2000), 
“Titanic: Blood and Steel” (2012).
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Em memória às 1.500 vítimas do desastre do Titanic