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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Exposição Titanic em Curitiba - Meu depoimento

Curitiba foi a última parada da exposição no Brasil, onde permaneceu até 29 de janeiro de 2012.

Seja bem vindo ao TITANIC EM FOCO
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A exposição “Titanic, objetos reais, histórias reais” abriu em Curitiba, PR, em 28/10/2011 e permanece até janeiro de 2012. A mostra traz mais cerca de 240 artefatos reais recuperados dos destroços do Titanic à quase 4 Km de profundidade no Oceano Atlântico Norte, o local onde o grande navio naufragou em 15 de abril de 1912, a quase 100 anos atrás. As peças exibidas nesta exposição são reais, foram resgatadas pela empresa RMS Titanic INC, a única empresa no mundo judicialmente autorizada a recuperar, preservar e exibir os objetos resgatados do Titanic; a qual realiza este complicado processo através de ferramentas de alta tecnologia de exploração submarina e de avançados métodos de conservação de peças recuperadas do fundo do mar.
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A exposição reúne os mais variados objetos, que vão desde algumas das ferramentas usadas na manutenção do navio, componentes do próprio navio, jóias, dinheiro, moedas, louças, roupas, sapatos, documentos, cristais, prataria, entre muitos outros itens autênticos. Esta é a primeira vez que a exposição faz uma parada no Brasil e seguirá percorrendo o mundo, divulgando a verdadeira história do Titanic através de artefatos reais. Tudo isto primorosamente reunido nos leva numa grande viagem ao ano de 1912, causando uma forte ligação pessoal e emotiva entre expectador e história.
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Finalmente eu, Rodrigo, editor do TITANIC EM FOCO, tive a oportunidade de visitar a amostra de artefatos, onde estive em duas ocasiões (em 28/10 e em 20/11) acompanhado do amigo e grande admirador do Titanic, Jefferson Nitsche Krügger. 
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A matéria que se segue é a junção das nossas impressões tomadas nestas duas visitas que literalmente trouxeram para muito perto a história do Titanic e de seus ocupantes, tudo isto de modo absolutamente inesquecível.
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Siga então o que vimos e o que sentimos
Acompanhe
Depoimento do amigo Jefferson
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JEFFERSON NITSCHE KRÜGER - A expectativa para um evento sempre é grande, e se torna ainda maior quando se trata de um evento que marca a vida de qualquer fã. Apenas fato de a exposição Titanic vir ao Brasil foi algo que até agora estou sem palavras para descrever.
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A sensação após essa expectativa foi de grande alívio, de dever cumprido, valendo a pena esperar tanto tempo, a cada centavo gasto, pois a oportunidade de estar tão próximo de parte da história do Titanic já é um grande prêmio. Ter muitos dos objetos resgatados e expostos exatamente como foram deixados no fundo do mar após a tragédia, retorcidos, amassados, ainda que corroídos pela ação do tempo, mas mesmo assim preservando muitos detalhes, causa uma sensação de euforia.
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A mostra reúne alguns objetos que pertenciam à passageiros e ao lado uma breve descrição desse passageiro. O que me chamou bastante atenção foram os frascos de perfume que ainda preservam um sutil aroma de seu conteúdo. Outro forte ponto da exposição é a organização cronológica, o modo como é contada a história exposta ao visitante que recebe a informação de forma clara.
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Ao lado - Amostras de perfume que pertenceram ao passageiro Adolphe Saafeld (na foto abaixo), o qual sobreviveu, mas perdeu as pequenas amostras que levava aos Estados Unidos.
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Gostei da sensação que foi “tocar no iceberg”, puro gelo, temperatura baixíssima e ainda neste mesmo ambiente um soar de perigo, onde se ouvia sons do navio prestes a colidir. Neste momento fechei meus olhos toquei no iceberg e imaginei uma breve sensação do que foi naquela noite de 14 de abril de 1912. Outro ponto favorável é estar frente a frente às enormes fornalhas que eram constantemente alimentadas de carvão. O efeito de prolongamento das caldeiras é incrível, agora consigo entender a estratégia que o diretor James Cameron usara no filme Titanic, de 1997.
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E para finalizar quero relatar um fato curioso, eu e o amigo Rodrigo, encontramos na exposição (ou melhor ele nos achou hehe), um menino de nome Victor que é super fã do Titanic, que apesar de fã mirim já demonstra grande aptidão ao assunto.
Quero agradecer ao meu amigo Rodrigo por partilhar desse grande momento, e da oportunidade de expor minha experiência aqui no Titanic em Foco.
Meu depoimento (Rodrigo, Titanic em Foco)
Os "bilhetes de embarque"
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Réplica de um cartão de embarque. Clique e leia a descrição do passageiro.
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Para adentrar a exposição uma visita à bilheteria, o valor do ingresso foi de R$ 30,00. Ao passar pela catraca de entrada este ingresso foi somado com uma réplica de um cartão de embarque original, seguido de uma breve explicação da recepcionista sobre o cartão.
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Este cartão (ao lado) contém em seu verso uma breve história de um dos 2.200 ocupantes do Titanic, seus dados pessoais e a classe na qual se hospedou ou, em caso de ser um tripulante, o setor em que trabalhava.
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O intuito é de que o visitante descubra qual foi o destino final de “seu passageiro”. Isto é feito ao checar em um grande painel que relaciona os sobreviventes e os mortos na catástrofe, o qual fica na penúltima sala da exposição. Nas duas oportunidades em que estive na exposição, tão logo li o nome do passageiro em meu cartão de embarque, lembrei de quem se tratava, já conhecia as histórias de ambos.
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Na primeira visita (em 28/10) o nome “Edmond Roger Navratil” em meu cartão de embarque me fez lembrar de um jovem senhor que viajou na 2ª classe com os seus dois filhos que havia “raptado” da esposa na França. Grosseiro engano meu, na verdade “Edmond Roger Navratil” não se referia ao pai dos meninos, mas sim ao filho mais novo, de 02 anos de idade ( à esquerda do colo da mãe, Marcelle), o qual sobreviveu junto do irmão mais velho, mas ambos perderam o pai e ficaram conhecidos nos jornais como “OS ÓRFÃOS DO TITANIC”. Ambos os meninos só voltaram para a França após a mãe, Marcelle, ler a notícia nos jornais e finalmente descobrir o paradeiro de seus dois filhos.
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Na segunda visita (em 20/11) meu cartão de embarque registrava o passageiro “Benjamin Hart” (ao lado), o qual instantaneamente reconheci, visto que sabia da sua história dos muitos documentários que assisti. Lembrei-me de que ele estava hospedado na 2ª classe e pereceu no naufrágio. Sua filha, Eva Hart (com apenas 07 anos na época), se tornou uma das últimas sobreviventes do Titanic, ela faleceu em fevereiro de 1996, com 91 anos de idade e concedeu várias entrevistas para a TV.
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ENTRANDO NA EXPOSIÇÃO



A primeira de todas as impressões, na entrada da exposição, é uma enorme foto em alta resolução das hélices do Titanic, uma visão imensa. E ao olhar para os trabalhadores abaixo das hélices percebemos o quanto o navio era grande. Se esta foto fosse impressa em tamanho real certamente não haveria qualquer parede onde ela coubesse.




A maquete do Titanic
Na primeira sala está disposta, entre muitos objetos reais, uma grande maquete do Titanic dentro de uma vitrine. Este é um modelo completo em escala 1:100 com 2,69 m de comprimento, assim então seriam necessárias exatas 100 maquetes como esta enfileiradas uma após a outra para que o comprimento total do navio real fosse alcançado (2,69 m da maquete contra 269 m do Titanic real).
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O mesmo vale para a altura, seriam necessárias 100 maquetes como esta empilhadas uma sobre as outras para que a altura total do navio fosse alcançada (72 cm de altura da maquete contra 72 metros de altura do Titanic real).
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O modelo é feito de madeira e apresenta todos os detalhes, incluindo miniaturas de passageiros, causando um encantamento geral, confesso que admirei durante bons minutos cada detalhe.
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Apesar de muito bem construída, esta maquete apresenta muitos erros, peças em locais incorretos, portas com formato incorreto, detalhes que deixam a desejar e pequenos locais danificados. Ainda assim não perde em encanto, qualquer admirador do Titanic certamente gostaria de tê-la exposta em casa ou mesmo construir algo similar.
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A maquete em vídeoDivulgação - lucas1600
Cenografia, iluminação, sons e imagens
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Toda a exposição está em ordem cronológica, partindo da idealização do Titanic, construção, embarque, viagem, vida e trabalho a bordo, colisão, naufrágio, resgate e tributo. Deste modo também, todos os objetos estão distribuídos em salas com iluminação, sons ou músicas específicas, o que contribui para uma completa imersão do visitante na história do Titanic e de seus ocupantes. É como entrar em um outro mundo, por algumas horas esquecer de que existe luz do sol do lado de fora, ser envolvido pela história.
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Há uma grande quantidade de painéis com fotos de época que auxiliam o entendimento da exposição. Também há alguns vídeos curtos que são exibidos constantemente, tal como imagens da construção do Titanic, simulação do naufrágio e um vídeo com o processo de resgate dos artefatos.
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Reprodução de uma cabine da 1ª classe. Clique na foto e veja a cabine na qual esta reprodução foi baseada.
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Há a reprodução cenográfica de uma cabine da 1ª classe (ao lado) com um belo papel de parede vermelho e móveis de época ao estilo dos que foram instalados no Titanic. Os objetos espalhados em uma mesa e em uma penteadeira completam o clima de realismo. Esta é uma reprodução apenas aproximada, não é uma cópia fiel em detalhes, mas ilustra muito bem as acomodações dispostas aos ricos passageiros e que embarcaram naquela viagem fatal.
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Reprodução de uma cabine da 3ª classe do Titanic. Clique na imagem e veja uma cabine de 3ª classe do Olympic, o navio irmão do Titanic.
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Em um pequeno corredor havia uma réplica de uma cabine da 3ª classe com duas beliches cobertas com colchas vermelhas com grandes logotipos da White Star Line. Junto desta cabine alguns objetos referentes à 3ª classe estão exibidos dentro de uma vitrine e, surpreendentemente há uma maçaneta de metal que ainda preserva madeira ao seu redor, algo incrível, visto que quase todo o madeiramento do Titanic se diluiu durante as décadas no fundo do Oceano Atlântico, onde repousa desde a madrugada de 15 de abril de 1912.
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Reprodução de um corredor da 3ª classe. Clique na foto e veja um corredor do RMS Olympic, o navio irmão do Titanic.
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Neste corredor com a cabine da 3ª classe não há música, mas um som semelhante à vibrações e à grandes máquinas em funcionamento, o que completa a sensação de que se está dentro do navio. No fim do corredor, atrás de um portão pantográfico de estilo idêntico aos vistos no filme “Titanic” (1997), está um pequeno lance de escadas que parece levar mais além, mas pára por aí, o portão pantográfico está trancado.
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A cenografia também deixa à desejar pela falta de total exatidão se comparado às fotografias de época, mas ainda assim é caprichosa.
O que me chamou bastante atenção é que até mesmo as lâmpadas utilizadas nas luminárias são diferentes das convencionais que conhecemos. Nestas lâmpadas os filamentos são muitos e bem longos com uma cor âmbar, muito curiosa e diferente, bem ao estilo de época.
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Em uma das passagens entre as salas da exposição há uma enorme reprodução de uma porta a prova d’água em posição aberta acima de nossas cabeças (na foto à direita), assim como estavam as portas dos compartimentos do Titanic pouco antes da colisão as 23:40 em 14 de abril. Ao passar pela porta e olhando para cima, tive a impressão que ela desceria sobre nossas cabeças, e se realmente foi reproduzida em tamanho exato, posso dizer que as portas à prova d’água eram enormes e muito pesadas.
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Reprodução de uma das caldeiras do Titanic. Clique na foto e veja as caldeiras reais do Titanic antes de sua instalação.
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A sala seguinte está relacionada ao trabalho nas caldeiras, onde os artefatos expostos pertenceram a esta área do navio. Entre eles um grande bloco de carvão e uma enorme chave inglesa que teria sido usada no ajuste de válvulas de pressão da área das caldeiras. Nesta sala há a reprodução cenográfica de uma imensa fornalha, onde os operários abasteciam constantemente com com carvão triturado. Quando me aproximei das caldeiras, que continham inclusive simulação de fogo, ao olhar para os lados me surpreendi: Havia um jogo de dois enormes espelhos que fizeram com que uma única caldeira se multiplicasse em dezenas delas. A impressão de espaço foi tão real e a iluminação tão perfeita que me arrepiei, por um instante tive a clara impressão de estar dentro das entranhas do navio, uma ilusão muito realista.
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A sala que reconta a colisão com o iceberg talvez seja a que contenha o mais pesado clima de toda a exposição. Os objetos expostos somados à iluminação especial e um som assombroso (que nem mesmo sei descrever) causam arrepios e uma forte impressão de perigo. Nesta sala há um enorme iceberg (com cerca de 5 m de largura por 3 m de altura) totalmente congelado. Uma peça alegórica, é claro, onde pode-se tocar. Curioso é que se vê as marcas das mãos de visitantes anteriores em seu formato derretido no gelo.
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A conservação dos objetos
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A mostra reúne cerca de 240 objetos, os quais estão todos protegidos dentro de fortes caixas de vidro/acrílico com espessura de aproximadamente 10 mm e com uma iluminação indireta que possibilita a visualização dos detalhes. Em cada peça há uma pequena legenda que traz suas informações, e há bastante para ler. Absolutamente todos os artefatos estão muito bem protegidos e preservados e passaram por um caprichoso processo de preservação e limpeza que os mantém com todas as marcas da tragédia, ou seja, nada foi restaurado à sua condição de “novo”, apenas foram prestigiosamente conservados e limpos, mantendo todas as marcas, traumas e quebras causadas pelo violento naufrágio. .
Os objetos
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Ao percorrer as salas da exposição encontramos uma variedade tão grande de objetos do navio e pertences dos passageiros que torna-se impossível lembrar de todos eles. Entre eles estão peças de uso tão trivial como meias de lã até peças de grande requinte como louças utilizadas na 1ª classe; passando por peças do próprio Titanic que vão desde um vaso sanitário que pertencia à 3ª classe até uma das luminárias de bronze que pertenciam ao Convés de Botes.
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As peças em louça, assim como as de vidro, são impressionantes, pois se não possuem quebras estão no mais absoluto estado de conservação. Apenas uma pequena sujidade ou uma descoloração na pintura pode denunciar que a mesma esteve por mais de 75 anos no fundo do Atlântico. É realmente impressionante.
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Tigelas de louça perfeitamente preservadas. Clique na imagem e veja estas peças no fundo do mar, antes de serem resgatadas.
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Um conjunto de pequenas tigelas dentro de uma grande vitrine chama a atenção, estão estrategicamente posicionadas em fileira, assim como foram encontradas nos escombros do navio. Segundo o que consta estas tigelas estavam guardadas em um armário de madeira, e este armário diluiu-se com o passar das décadas, deixando as peças em perfeita ordem e totalmente intactas sobre o leito marinho.
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Assim como as peças em louça, muitos dos artefatos de metal estão em perfeita condição. Porém, enquanto alguns feitos em bronze estão praticamente intactos (ou apenas retorcidos), outros feitos com metais ferrosos se encontram bastante corroídos, como por exemplo as chaves inglesas que, neste caso, se assemelham à uma peça de madeira carbonizada, tamanha foi a corrosão e a cor negra atual.
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Um dos lustres de bronze da Sala de Fumantes da 1ª classe. Clique na imagem e veja a localização original desta peça.
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Destaque para um belo lustre da que integrava a Sala de Fumantes (ao lado), esta peça de bronze dourado é muito bela e, não fosse o estado contorcido, poderia perfeitamente ser utilizado, pois não apresenta marcas, apenas perdeu alguns de seus “braços”.
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Dentre os objetos de metal está um pequeno pedaço do casco do navio (na foto abaixo), a única peça autêntica em que o visitante pode tocar através de uma vitrine com um orifício circular. Este pedaço de aço confirma o que muitas vezes li: a espessura do casco do Titanic era de 2,5 cm, e realmente era.
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Abaixo: Protegido no interior de uma grossa vitrine horizontal, o pequeno fragmento do casco do Titanic que foi "rasgado" durante a violenta ruptura do navio por volta das 2:15 da madrugada de 15 de abril de 1912. Medindo não mais do que 45 cm de uma ponta à outra, a peça revestida em cera podia ser tocada pelo visitante por um orifício circular. Um pequeno fragmento de aço que contém em sí mais de 100 anos de história, testemunha de uma das tragédias mais emocionalmente imortais da história da navegação.
Base de bronze do timão da ponte de atracagem traseira, localizada na popa do Titanic. Clique na imagem e veja a localização original desta peça.
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Também em metal, neste caso bronze, uma das peças mais impressionantes: a base do timão (volante do navio). Esta peça não ficava na ponte de comando e não foi usada na noite da tragédia. Haviam três deles no Titanic e este pertencia à ponte de atracagem traseira, uma espécie de ponte de comando de apoio que era utilizada em manobras de atracagem nos portos.
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Esta base do timão está totalmente preservada, mas perdeu o timão que era de madeira, em seu topo pude ler: “PORT” e “STARB”, ou seja, BOMBORDO E ESTIBORDO (esquerda e direita), e isto me fez lembrar as manobras desesperadas de desvio do iceberg na noite de 14 de abril.
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Os mais impressionantes e inacreditáveis objetos não são parte do navio em si. São pertences dos passageiros como documentos, dinheiro, cartas de baralho, cartas escritas a mão e roupas.
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Estes objetos estão em ótimo estado de conservação tendo em vista a sua grande fragilidade e, segundo o que consta, a preservação só aconteceu devido ao fato de que estas peças foram encontradas dentro de bolsas de couro, um material de enorme resistência à corrosão que contribuiu para que roupas e papéis fossem resgatados e conservados. Uma toalha de banho me causou muita reflexão, por curioso e engraçado que possa soar, nela havia bordado em uma das extremidades o nome de seu proprietário, algo muito pessoal.
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O painel memorial
Ao chegar no fim da exposição, na penúltima das salas, há um imenso painel memorial com os nomes de todos os que estavam no Titanic, incluindo-se os tripulantes.
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Este painel está divido entre 1ª classe, 2ª classe, 3ª classe e tripulação, além da divisão por setores também estão divididos entre sobreviventes e mortos na tragédia. Neste grande painel o visitante confere o que houve com o passageiro de seu cartão de embarque. Não cheguei a conferir porque já conhecia as histórias de “meus passageiros”, mas ajudei à conferir, uma tarefa complicada tendo em vista que são pouco mais de 2.200 nomes. Os nomes do painel estão dispostos na típica grafia dos norte-americanos: primeiro o sobrenome, depois o nome e os cartões recebidos na entrada da exposição trazem o modo brasileiro de grafia: primeiro nome, depois sobrenome, e este desencontro de grafias dificulta muito a procura.
A loja de lembranças
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Finalizando a caminhada histórica pelas salas da exposição, a última delas é uma pequena loja de lembranças relacionadas ao Titanic, entre as quais estão reproduções de louça, colares, jornais com as notícias da tragédia, caixas de acrílico com pequenos pedaços de carvão recuperados dos escombros, entre outros itens modernos de recordação, como agendas, canecas e camisetas. Esta pequena loja não teve estoque de reposição contínua, a organização veio ao Brasil com um só lote de produtos, portanto em Curitiba (a última parada) os objetos já eram poucos, as últimas peças. Adquiri alguns poucos itens, apenas peças históricas. Segue abaixo meus itens.
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Fragmento de carvão
Um pequeno fragmento de carvão recuperado dos escombros alojado dentro de um estojo de acrílico resistente. A peça vêm com logotipo da empresa RMS Titanic INC, a única empresa autorizada judicialmente à recuperar, preservar e expor os artefatos do Titanic.
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Na parte frontal da caixa lê-se:
CERTIFICADO DE AUTENTICIDADE
Este carvão foi recuperado dos escombros do Titanic durante a expedição de pesquisa e resgate de 1994.
Objeto Nº 94/0036
Autenticado pela RMS Titanic, Inc
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"Dos quase 900 membros da tripulação que mantinham o Titanic em funcionamento, nenhum deles trabalhava mais pesado dos que os trabalhadores das caldeiras. Nos profundos recessos do navio, 29 caldeiras medindo mais de 4,5 m de diâmetro, produziam o vapor de alta pressão necessário para impulsionar os motores do Titanic e o seu maquinário. O combustível para estas caldeiras era o carvão, e a cada dia mais de 650 Toneladas deste carvão tinha de ser movida dos estoques para os carvoeiros e lançados aos fornos manualmente. Estes homens, conhecidos popularmente como a "gangue negra" devido à seus corpos cobertos de poeira de carvão, eram a verdadeira máquina que dirigiram o Titanic em direção à New York."
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"Este carvão, que é uma limitada peça da história, continua sendo o único artefato autêntico recuperado dos escombros do Titanic disponível para venda."
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Me foi feita a pergunta: Seria mesmo um carvão autêntico?
A única resposta que concebi é de que a autenticidade do pequeno fragmento é uma relação entre a boa fé da empresa RMS Titanic INC e a crença de quem adquire um carvão como este. Adquiri apenas como uma lembrança da exposição, e nem mesmo que o estojo viesse junto de uma autenticação em cartório, ele não deixaria de ser um simples e mero pedaço de carvão dentro de uma proteção, nada mais que isto.
É ou não é? Não sei, à mim sinceramente não preocupa.
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Réplica de prato de sopa com padrão da terceira classe
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Este prato é uma reprodução, peça muito simples, traz apenas um logotipo vermelho da empresa White Star Line, a proprietária do Titanic.
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Apesar de simples, a peça é bastante pesada e resistente, confirmando os dados que dizem que a louça destinada à terceira classe tinha de ser resistente à quebras, devido a simplicidade e talvez “desleixo” pensado sobre os passageiros por parte da empresa.
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Réplica de recipiente de louça para creme dental
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Esta é uma peça curiosa, segundo o que consta foi resgatado uma peça como esta (ou várias) dos escombros do navio.
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Ela é, na verdade, um recipiente onde os ricos passageiros depositavam creme dental, o qual era manipulado nas boticas (farmácias) e vendidos com o nome do químico responsável e a seguinte inscrição na tampa:
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“PASTA DE DENTE DE CEREJA - EXTRA ÚMIDA - para embelezar e preservar os dentes e gengivas - Preparado por John Cosnell & Co LTD, Londres - PATROCINADO PELA RAINHA”
(a rainha, neste caso, é a Rainha Vitória da Inglaterra, falecida em janeiro de 1901)


Réplicas de jornais com as notícias da tragédia
Adquiri duas réplicas de jornais, um deles o “THE NEW YORK TIMES” e o outro “THE NEW YORK AMERICAN”, ambos com as primeiras notícias do naufrágio na capa.
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O “TIMES” é uma compilação selecionada de notícias relacionadas ao Titanic de 16 de abril até 28 de abril de 1912, com dados parciais até notícias mais precisas, publicadas nos dias posteriores quando a tragédia finalmente foi compreendida.

O “THE NEW YORK AMERICAN” traz um enorme anúncio:
“J. J. Astor perdido no Titanic, 1.200 à 1.500 MORTOS”
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Esta manchete foi publicada em 16 de abril de 1912, ou seja, apenas 1 dia depois da tragédia.
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Livreto introdutório da RMS Titanic Inc. e da exposição




Este livro descreve parte da história do Titanic ao se utilizar das fotografias de época e fotografias dos artefatos resgatados pela empresa RMS Titanic INC. Nele é descrito brevemente como funciona o processo de pesquisa, exploração, resgate e preservação dos objetos históricos do Titanic. A publicação é totalmente ilustrada e contem 48 páginas. .
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Depoimento para a TV
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No primeiro dia da exposição, 28 de outubro, prestei um breve depoimento para a equipe de reportagem do CNT Jornal, acompanhe no vídeo abaixo, minha aparição está em 0:50 min.

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Reportagem Jornal Gazeta do Povo
Conclusão
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Pessoalmente indico a exposição para todo o público. Os mais bem informados terão a chance de finalmente "encontrar a história cara a cara", comprovar que a realidade existe e pode até mesmo ser tocada. Aos admiradores menos informados é também uma experiência sem igual, tanto se pode realmente entender a história, quanto aprender mais sobre como tudo ocorreu e como realmente foi o Titanic e a vida de algumas das pessoas que nele estiveram.
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Ao público que não conhece a história certamente também é uma visita inesquecível, um encontro com um fato que marcou a humanidade e que percorre o mundo através da mídia e da cultura popular. Além de que é surpreendente observar o quanto os objetos estão bem preservados, peças que passaram mais de 75 anos debaixo de 4Km de água salgada e hoje permanecem, em alguns casos, intactas.
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Fui à exposição por duas vezes, e confesso que minha mente não absorveu toda a grandiosidade daquilo que lá eu vi, é como se não fosse capaz de compreender a dimensão histórica e a monumental tragédia do Titanic e de seus ocupantes.
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E creio que seja exatamente por isto que somos incapazes de apreender com exatidão o que isto tudo significa, visto que a história do Titanic se transformou em uma tragédia grega (literalmente falando) deixando uma mensagem tão forte que dificilmente será apagada. E distante de qualquer fanatismo ou lendas, a mensagem é a seguinte:
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“Nada que a humanidade propõe pela sua evolução ou tecnologia é infalível, e o sucesso de qualquer empreendimento depende única e tão somente de nossa cautela, atenção, respeito e da eterna consciência de que somos meras criaturas, quem dispõe e governa é Deus, assim foi e sempre será.”
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Penso que a tragédia do Titanic, apesar de muitas fantasias e boatos sem fundamento, é uma mensagem de que somos falíveis e, ainda que sejamos livres para evoluir e fazer coisas grandiosas, temos de ser cautelosos e lembrar-mos que somos meros mortais, criaturas falíveis, frágeis e, por vezes, arrogantes.
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Para especialistas, estudiosos, religiosos, cientistas, historiadores, admiradores, curiosos ou fãs, o TITANIC seguirá trazendo algo de construtivo, encantamento ou algum ensinamento. E assim esta lenda segue causando um eterno movimento de interesse, numa viagem que começou em 10 de abril de 1912, mas que dificilmente encontrará um porto de destino. O Titanic navegará indeterminadamente pelos mares da cultura popular. Ele foi, é e continuará sendo uma história atemporal e imortal.
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E se este interesse nos faz aprender algo, então isto tudo torna-se muito válido.
Serviço
Local: ParkShoppingBarigüi – ParkCultural
Endereço: Rua Professor Pedro Viriato Parigot de Souza, 600 - Ecoville
Horários
Segunda a Sexta: das 11h às 22h (acesso à exposição até as 21hs).
Sábado, domingo e feriados: das 10hs às 22hs (acesso à exposição até as 21hs).
Preço: Inteira -30,00 / Meia entrada - 15,00 / Crianças de 0 à 02 anos - Grátis

Crédito
Composição de texto e edição de imagens - Rodrigo, TITANIC EM FOCO
Agradecimento
Ao amigo Jefferson Nitsche Krügger

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Os últimos sobreviventes do Titanic

Acima, um registro histórico único: Onze sobreviventes do Titanic - com idades entre 76 e 100 anos - são fotografados juntos em 1988 à convite da Titanic Historical Society em Boston, Massachusetts.. Fundo, esq. p/ dir.: Frank Philip Aks e Bertram Vere Dean. Meio, esq. p/ dir.: Eileen Lenox-Conyngham, Eleanor Ileen Johnson, Marjorie Newell Robb e Ruth Becker. Frente, esq. p/ dir. : Luise Gretchen Kink-Heilmann, Eva Miriam Hart , Elizabeth Gladys Millvina Dean, Beatrice Irene Sandström, Michel Marcel Navratil.
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Seja bem vindo ao Titanic em Foco

Das 2.200 pessoas que embarcaram na primeira, única e última viagem do RMS Titanic em 10 de abril de 1912, apenas cerca de 700 se salvaram da catástrofe ocorrida entre a noite de 14 de abril e a madrugada de 15 de abril. Cerca de 1.500 pessoas perderam suas vidas nas águas geladas do Oceano Atlântico Norte que naquela primavera estava tomada por grandes banquisas de gelo, icebergs.

Das 700 pessoas que se salvaram, um número muito pequeno esteve disposto a falar sobre sua experiência, e um número menor ainda sobreviveu até os nossos dias para registrar sua passagem pelo Titanic e o impacto na vida daqueles que sobreviveram ao naufrágio.


Hoje não há mais mais sobreviventes do Titanic

A última sobrevivente, a simpática Elizabeth Gladys Millvina Dean, mais conhecida apenas como "Millvina Dean" (ao lado), faleceu em 31 de maio de 2009, levando consigo o título de ter se tornado uma das mais falantes, mais simpáticas e mais ativas sobreviventes do Titanic. Millvina cedeu dezenas (talvez centenas) de entrevistas para TVs, documentários, revistas, jornais e até mesmo para fãs e admiradores do Titanic.

Millvina tinha apenas 73 dias de vida quando foi salva do naufrágio nos braços de sua mãe Georgette. Ela foi, juntamente com os pais e o pequeno irmão, passageira da 3ª classe que, levada pela família ia em busca do "sonho americano", eles rumavam para os Estados Unidos com intuito de começar uma nova vida e melhores condições financeiras.

O sonho foi interrompido na madrugada de 15 de abril de 1912: Millvina e seu irmão, Bertram Vere Dean, foram salvos pela mãe Georgette, mas na tragédia perderam seu pai, Bertram Frank Dean, ele morreu e seu corpo jamais foi recuperado. Depois da tragédia a pequena Millvina foi levada de volta à Inglaterra, onde viveu até os seus últimos dias, mas se tornou a mais jovem passageira resgatada da tragédia e a última pessoa que esteve no Titanic a falecer.

Mais sobre a vida de Millvina Dean AQUI
Reportagem e entrevista com a sobrevivente Millvina Dean ao jornalismo do FANTÁSTICO em 09 de abril de 1995, 83 anos após a partida do Titanic
***OBS: A reportagem contém algumas incorreções históricas.


Correções de dados relatados na reportagem
1. A reportagem relata que o Titanic colidiu com o iceberg as 23:46 de 14 de abril de 1912, no entanto, na realidade a colisão ocorreu as 23:40.
2. O Titanic não foi o 1º navio da história a enviar um pedido de socorro com o código S.O.S. Em 1909 (três anos antes do naufrágio do Titanic) o navio Slavonia da Companhia Cunard Line emitiu o primeiro S.O.S. oficial de um navio em perigo, ele estava naufragando nos Açores.
3. A sigla S.O.S. não significa "Save Our Souls" (Salvem nossas almas). Apesar de que a frase foi largamente utilizada para ajudar os antigos operadores de telégrafo a se lembrarem do código, ela não tem significado específico, e foi criada com estas três letras tendo em vista que era de fácil entendimento e fácil de ser transmitida, portanto seria detectada com facilidade em caso de uma situação de emergência.
4. A área do porto de Southampton em que Millvina Dean concede entrevista ao Fantástico, não é o exato ponto de onde o Titanic partiu em 10 de abril de 1912. A doca de número 44 ocupada pelo Titanic é vista ao fundo em algumas tomadas da reportagem.

Acompanhe no gráfico e na matéria quais foram os últimos de todos os sobreviventes do Titanic
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Observação - A britânica Millvina Dean tinha exatos 68 dias de vida quando embarcou no Titanic em 10 de abril de 1912; no amanhecer do dia 15 de abril ela somava tão somente 73 dias de vida, ou seja, 2 meses e 13 dias de idade.

A mais idosa de todos os sobreviventes do Titanic
Saiba quem foi a passageira do Titanic que viveu mais tempo

Mary Davis Wilburn nasceu em Londres, Inglaterra, e embarcou desacompanhada no Titanic no dia 10 de abril de 1912 (com então 28 anos de idade) como passageira da 2ª classe, com intuito de visitar sua irmã na cidade de New York, Estados Unidos.
Quando a colisão com o iceberg aconteceu, às 23:40 de 14 de abril de 1912, ela despertou em sua cabine mas foi informada de que não havia qualquer perigo, retornando então para seus aposentos. Apenas poucos minutos mais tarde foi alertada para que se direcionasse ao convés superior porque o navio estava afundando. Ela vestiu-se rapidamente a ajudou sua companheira de cabine, Lucy Ridsdale, que dormia na parte de baixo da beliche a aprontar-se. As duas então seguiram para o Convés de Botes.
 
Ao lado: Mary Davis à época em que embarcou no Titanic, com 28 anos.
 
Dois homens a ajudaram a entrar no bote salva-vidas Nº 13; Mary lembrava-se que o tempo estava claro, as águas calmas e uma bela lua cheia iluminava todo o oceano por quilômetros ao redor (possivelmente uma falha de memória, visto que não havia luar na noite da tragédia). Ela afirmou posteriormente que não houve muita sucção quando o Titanic afundou. De manhã quando o RMS Carpathia chegou ao local Mary foi resgatada, ela estava amortecida da cintura para baixo e praticamente inconsciente devido ao cansaço e ao frio.

Esquerda: Uma cabine da 2ª classe para duas pessoas no RMS Olympic. No Titanic as cabines correspondentes teriam sido exatamente idênticas. Mary viajava sozinha, dividindo sua cabine com a colega de viagem, e possivelmente sua cabine teria sido igual a esta.
 
Mary retornou à Inglaterra alguns meses após a tragédia, quando a Companhia White Star Line concedeu-lhe bilhete gratuito de embarque. Em 1913 ela retornou aos Estados Unidos onde trabalhou como cozinheira, em 1915 casou-se e teve um filho.
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Ela faleceu em 29 de julho de 1987 em Syracuse, New York, com admiráveis 104 anos de idade, o que lhe confere o título de ter sido a mais longeva (idosa) de todas as pessoas que sobreviveram ao desastre. Quando Mary faleceu haviam apenas 30 sobreviventes ainda com vida, e os destroços do Titanic tinham sido encontrados havia dois anos - em setembro de 1985 - pelo oceanógrafo Robert Ballard.
Um pouco mais sobre os últimos sobreviventes

Millvina Dean (Elizabeth Gladys Millvina Dean) (02/02/1912 - 31/05/2009) - Ela foi a mais jovem de todos os sobreviventes resgatados do naufrágio, tinha apenas 73 dias de vida quando foi salva. A família de Millvina rumava para o estado do Kansas, EUA, com intuito de abrir uma tabacaria, algo que nunca aconteceu, visto que seu pai morreu na catástrofe e a família (Millvina, sua mãe e irmão pequeno) voltaram para a Inglaterra. Millvina foi a última pessoa que esteve no Titanic à falecer. Ela é, pelo que consta, a única sobrevivente do Titanic que concedeu entrevista exclusiva para a TV brasileira. Millvina, por coincidência do destino, faleceu no mesmo dia em que se completou 98 anos do lançamento do Titanic ao mar, 31 de maio de 2009. Millvina Dean foi cremada e suas cinzas foram lançadas no cais de Southampton, o local de onde o Titanic partiu em 10 de abril de 1912.

Em entrevista concedida à extinta revista brasileira MANCHETE no ano de 1998 Millvina Dean, aos 86 anos de idade, declarou o seguinte:

MANCHETE: Depois de saber que era uma sobrevivente a senhora passou a ser procurada como personagem?
MILLVINA DEAN: Não aconteceu nada até 1985, quando o navio foi encontrado. Eu mesma não sabia quase nada sobre o Titanic até aquela data. Na verdade, até 1988, vivia dissociada da tragédia. Tudo aconteceu quando fui à um memorial em Southampton, em homenagem à tripulação do navio. Os americanos me conheceram e imediatamente me convidaram para ir para a América. Hoje, é isso: eu vivo viajando por aí, dando entrevistas e conhecendo gente por todo o canto. Se não fosse esse evento, jamais teria ido para os Estados Unidos. 
MANCHETE: A senhora é a favor de que o navio seja retirado do fundo do oceano?
MILLVINA DEAN: "Não, definitivamente não. Meu pai ainda pode estar a bordo. Pode estar lá. Me parece tão horrível. É a sua sepultura. Odeio esta idéia. Não me importo com os objetos que são encontrados no mar. Só acho que nada deve ser realmente retirado do Titanic."
MANCHETE: A senhora pode ser contra trazer o Titanic a tona, mas... e os filmes? Nunca assistiu a qualquer um?
MILLVINA DEAN: Eu vi “A Night to Remember” (Somente Deus por Testemunha, no Brasil) com quatro ou cinco outros sobreviventes. E todos odiamos. Uma pessoa disse que passou a noite em claro querendo se livrar dos pesadelos que teve. Foi horrível. Aí resolvi nunca mais ver nada sobre o assunto. Não tenho nenhuma curiosidade sobre qualquer coisa que diga respeito do Titanic. 

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Ao lado: Millvina Dean junto de sua mãe mãe, Eva Georgetta Dean e seu irmão, Bertram Vere Dean, cerca de dois anos após o desastre do Titanic. O trauma dos acontecimentos parece estampado no semblante sóbrio de Eva, que só relatou a história do acidente à filha quando a pequena estava com 8 anos de idade.
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Barbara West (24/05/1911 - 16/10/2007) - Ela viajava como passageira da 2ª classe junto com os pais e a irmã mais velha. Seu pai faleceu na catástrofe e seu corpo jamais foi recuperado. Barbara não se lembrava de sua estadia no Titanic pois, assim como Millvina Dean, ela tinha menos de 1 ano de idade quando embarcou. Ela foi a penúltima sobrevivente no Titanic, faleceu em 16 de outubro de 2007. Para manter a privacidade e prevenir publicidade não desejada, antes de falecer Barbara pediu para que a notícia de sua morte fosse publicada somente depois de seu enterro.

A mãe de Barbara, Ada, relatou certa vez: 

"Estávamos todos dormindo quando a colisão ocorreu, fomos apenas sacudidos em nossas camas. Meu marido e as crianças nem mesmo despertaram, e foi só a pressa dos passageiros fora da cabine que nos causou atenção. O comissário nos fez levantar e nos vestir bem com muitas roupas quentes. Arthur colocou o coletes salva-vidas nos nossos filhos e depois nos levou para o convés do barco. Segui carregando minha bolsa. Depois de nos ver em segurança no barco salva-vidas, Arthur voltou para a cabine atrás de uma garrafa térmica de leite quente e, na volta, encontrando o bote já sendo baixado, ele me alcançou a garrafa por meio de uma corda e com uma despedida, voltou para o convés do navio."
Lillian Asplund
(21/10/1906 - 06/05/2006) - Ela foi a última sobrevivente a realmente ter alguma memória sobre sua estadia no Titanic pois, ao contrário de Millvina Dean e Barbara West, ela tinha 5 anos quando embarcou na terceira classe junto de seus pais, seu irmão gêmeo e mais três irmãos. 

Ela citou certa vez: "O Titanic era muito grande e tinha acabado de ser pintado, lembro de não gostar do cheiro de tinha fresca." 

"Minha mãe disse que preferia ficar com ele [meu pai] e afundar com o navio. Mas ele disse que as crianças não deveriam ficar sozinhas. Ela [minha mãe] conseguiu um lugar. Ela estava com o Félix no colo e me colocou entre os joelhos. Acho que ela pensou que assim poderia me manter um pouco mais aquecida."
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Sobre o resgate no Carpathia ela relembrou: "Uma mulher tirou as roupas de mim. Minha roupa ficou muito suja e molhada no barco salva-vidas. Minha mãe estava tentando me encontrar. Ela estava dizendo: "Eu tenho uma filha!" Bem, ela me encontrou. E, finalmente, quando minhas roupas secaram eu as coloquei novamente. Eles nos levaram para o lugar onde se alocava pessoas doentes. Bem, não doentes, mas pessoas que precisavam de um pouco mais de atenção. As pessoas no Carpathia foram muito boas para nós."

Apenas Lillian, sua mãe e 1 irmão se salvaram, seu pai e 3 irmãos morreram na catástrofe, incluindo seu irmão gêmeo. A mãe de Lillian, Selma Augusta, faleceu em 15 de abril de 1964, no 52º aniversário do naufrágio do Titanic. Muito abalada com a perca de três filhos e do marido, Selma não falava sobre o assunto, e a mesma conduta foi seguida por Lillian, que levou uma vida muito reservada concedendo raras entrevistas e aparições na mídia. Ao falecer Lillian foi a última sobrevivente com lembranças pessoais do Titanic, considerando que as duas derradeiras sobreviventes, Barbara West e Millvina Dean, não tinham idade suficiente para se recordarem de suas experiências a bordo.
. Winnifred Vera Quick Van Tongerloo (23/01/1904 - 04/07/2002) - Ela embarcou no Titanic junto com sua mãe e sua irmã, todas sobreviveram. Winnifred recordava-se de ter chorado ao ver os sobreviventes a bordo do Carpathia e os "sepultamentos no mar" que foram feitos ainda a bordo deste barco.

Ela foi a última sobrevivente que não perdera ninguém na tragédia em 1912, visto que as três (mãe e filhas) sobreviveram.

Certa vez, quando perguntada se gostaria de ir visitar a Inglaterra ela respondeu: "Não! Eu não gosto de grandes barcos! Eu gosto de água, mas apenas até o pescoço, mas não água acima da minha cabeça!".
Michel Marcel Navratil (12/06/1908 - 30/01/2001) - Michel tinha 04 anos quando embarcou no Titanic junto de seu pai, Michel Navratil, e seu irmão Edmond Roger Navratil de 02 anos de idade. Ele e o irmão foram raptados pelo pai que os levava para os Estados Unidos após uma separação conjugal onde a esposa, Marcelle, havia ganho a custódia dos dois.

No Titanic o pai de Michel se fez passar por viúvo e assumiu a identidade de "Louis M. Hoffman", um nome falso para que não fosse identificado, tampouco impedido de levar consigo os filhos. Apesar da viagem ilegal o Sr. Michel Navratil era totalmente dedicado aos filhos, os amava profundamente. Ele e não se separava dos meninos por nenhum momento no navio, apenas os deixou por algumas horas com uma passageira francesa de nome Bertha Lehmann enquanto jogava cartas. Na noite da catástrofe o Sr. Navratil conseguiu colocar os dois meninos no último bote que deixou o navio (dobrável D) e permaneceu no Titanic, onde perdeu sua vida. Embora tivesse apenas 04 anos de idade Michel se recordou das últimas palavras que seu pai lhe dissera:

Michell Navratil (pai)

"Meu filho, quando você encontrar sua mãe, e tenho certeza que encontrará, diga a ela que eu a amava muito e ainda amo. Diga a ela eu queria que ela viesse conosco, para que nós pudéssemos todos viver felizes juntos na paz e liberdade do Novo Mundo"
[ Novo Mundo é a América, os Estados Unidos]
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Michell e o irmão Edmond foram resgatados pelo navio Carpathia através de sacos com cordas (este foi o processo que usou-se para içar as crianças pequenas dos botes para bordo do Carpathia). Os dois meninos ganharam as manchetes dos jornais, ficaram conhecidos como "OS ÓRFÃOS DO TITANIC".

A mãe, Marcelle, finalmente soube dos seus dois filhos após ler as notícias da tragédia nos jornais franceses. E finalmente em 16 de maio de 1912, ela reencontrou os dois meninos nos Estados Unidos. Na sequência voltou para a França a bordo do navio RMS Oceanic, da White Star Line.

Esquerda: O navio de passageiros RMS Oceanic, da Companhia White Star Line. Direita, acima: Os pequenos irmãos Michel e Edmond finalmente reencontram a mãe, Marcelle.
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No ano de 1996, Michel foi convidado à ir assistir o resgate de uma grande peça do casco do navio, e antes que voltasse para a França, finalmente pôde ir visitar o túmulo de seu pai na cidade de Nova Escócia, Canadá, 84 anos depois de que se separaram no naufrágio.

Para o documentário "Titanic a tragédia contada pelos sobreviventes" (1998), Michel declarou: "Sim, eu tenho perfeitamente registrado em minha memória a noite do naufrágio, eu me lembro como se tivesse acontecido ontem. Toda vez que vejo uma foto do Titanic, tenho a impressão de reviver aquele momento. Eu estava ansioso, provavelmente porque eu estava longe da minha mãe e não entendia que o Titanic ia afundar. Meu pai me colocou num bote e ainda lembro do momento em que soltaram as cordas e do barulho do pequeno barco batendo na água e das ondas do mar. Eu me lembro do momento em que meu pai me colocou no bote, ele disse para eu sempre amar minha mãe, e foi isso que eu contei para ela quando nos reencontramos".

Abaixo - A bordo do Oceanic, Marcelle retorna para a França com seus dois filhos..
Ao lado: Bertram Vere Dean e Eva Hart, sobreviventes do Titanic, examinam lembranças do navio no Merseyside Maritime Museum, na cidade de Liverpool, Inglaterra (década de 1980). Os itens incluem o enorme modelo dos construtores, um colete salva-vidas de cortiça, uma colher de prata, um relógio e chaves recuperados junto à uma vítima e um letreiro metálico de um dos botes salva vidas. 

Bertram era irmão de Millvina Dean, a última sobrevivente do Titanic (falecida em 31 de maio de 2009); ele faleceu aos 81 anos, em 14 de abril de 1992, coincidentemente no mesmo dia do aniversário de 80 anos da colisão do Titanic com o iceberg. Eva Hart faleceu em 14 de fevereiro de 1996, aos 91 anos.
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Teria algum real sobrevivente do Titanic assistido ao filme de 1997?
Na foto: O diretor canadense James Cameron e a sobrevivente Eleanor Ileen Johnson 
A resposta é sim, dois deles... E com muita emoção e memórias. 

Sete pessoas ainda estavam vivas quando o filme foi lançado no final de 1997 nos Estados Unidos, eram eles: Millvina Dean, Barbara Joyce West, Lillian Gertrud Asplund, Winnifred Vera Quick, Michel Marcel Navratil, Eleanor Ileen Johnson e Louise Laroche. 

A estadunidense Eleanor Ileen Johnson embarcou no Titanic quando contava apenas 1 ano e 9 meses de vida, junto de sua mãe e seu irmão, como passageiros de 3ª classe. A família milagrosamente sobreviveu ao embarcar num dos botes traseiros do navio no lado boreste. Ela foi a única sobrevivente que o diretor James Cameron encontrou enquanto filmava Titanic, e este lhe deu tratamento especial. Eleanor assistiu ao filme três vezes, e em todas bastante emocionada. 

Ela se tornou uma celebridade instantânea após o lançamento do filme e teve que trocar seu número de telefone para um número não listado após receber ligações todos os dias de pessoas esperançosas de conversar com ela. Até seus 80 anos de idade, Eleanor permaneceu presente em atividades relacionadas ao Titanic. 

Em agosto de 1996, ela se juntou a outros sobreviventes do Titanic, Michel Navratil e Edith Brown em uma expedição ao local dos destroços do navio. Dois anos antes de se encontrar com Cameron, em 1994, Eleanor visitou seu filho na Flórida, e foi a primeira vez que ela viu o Oceano Atlântico desde a tragédia em 1912. Eleanor faleceu poucos meses depois da estréia mundial de Titanic, em março de 1998, aos 87 anos. Com sua morte restaram apenas cinco sobreviventes restantes do Titanic. 

Além de Eleanor, o sobrevivente francês Michel Marcel Navratil (ao lado), também assistiu ao longa de James Cameron e, segundo sua filha, durante a exibição ele tinha lágrimas nos olhos o tempo todo.

A britânica Millvina Dean, nascida em 2 de fevereiro de 1912 - tinha apenas 73 dias de vida quando o Titanic naufragou - , e foi a última de todos os sobreviventes, falecendo em 31 de maio de 2009 aos 97 anos. Millvina recusou veementemente a assistir o filme de James Cameron, alegando - e com razão - os traumas pela perda de seu pai no desastre. E ela é pelo que consta a única sobrevivente a conceder entrevista para uma revista brasileira, que foi publicada na extinta revista Manchete.

Titanic: A tragédia contada pelos sobreviventes
 
Assista abaixo o documentário “Titanic – A Tragédia Contada Pelos Sobreviventes” ["Titanic: The Survivors Story", 1998], contendo quarenta minutos de narração de especialistas e historiadores, com depoimentos emocionantes de seis passageiros sobreviventes do Titanic, que narram suas lembranças pessoais relacionadas à tragédia. O documentário conta também com a participação de Don Lynch, um dos mais conhecidos historiadores do Titanic e Karen Kamuda, presidente da Sociedade Histórica do Titanic..  
Um tributo aos últimos sobreviventes do Titanic

Segue um tradicional vídeo-tributo aos últimos sobreviventes do Titanic, composto por um admirador. O vídeo foi originalmente divulgado em 23 de junho de 2010.

Descrição do vídeo (originalmente publicado em espanhol) - Este é um álbum que eu mesmo fiz, com o passar do tempo fui recompilando as fotos dos sobreviventes, algumas foram difíceis de conseguir e apenas poucas pessoas as tem. Aí estão os sobreviventes: Ruth Becker, Bertram Dean, Louise Kink, Marjorie Newell, Beatrice Sandström, Eva Hart, Edith Brown Haisman, Louise Laroche, Eleanor Johnson, Michel Navratil, Winnifred Quick, Lillian Asplund, Barbara Joyce West, Millvina Dean.


Divulgação - CampanasXalapa
A personagem Rose do filme Titanic existiu na vida real?

Ao lado - A atriz norte-americana Gloria Frances Stwart (*1910 - †2010), seu último filme antes de "Titanic" fora "Wildcats" (1986), mas sua grande atividade no cinema ocorreu entre os anos de 1932 e 1946. Ao todo, sua carreira soma 54 filmes e 17 participações em produções televisivas.

Gloria Stuart, a famosa atriz que viveu a personagem "Rose Calvert" no filme "Titanic" (1997) ainda hoje, mais de 15 anos desde o lançamento do longa-metragem, gera uma eterna questão que parece não apagar-se com o tempo:  

"Ela realmente esteve no Titanic? Ela foi uma real sobrevivente da tragédia?"

A resposta é negativa, para a infelicidade dos cinéfilos de plantão. A veterana do cinema Gloria Stuart foi selecionada pelo cineasta James Cameron para viver a idosa Rose de seu filme devido à sua idade avançada (com então 87 anos em 1997), pela sua vivacidade de espírito e pela carreira de relativo sucesso que tivera no cinema entre as décadas de 1930 e 1940. Gloria Stuart interpretou a heroína fictícia Rose DeWitt Bukater (com 17 anos quando embarca no Titanic), que reconta seu romance após 84 anos da tragédia, em 1996, aos 100 anos de idade. No entanto Gloria tinha apenas 87 anos na época das gravações; e quando a tragédia do Titanic se sucedeu, em 15 de abril de 1912, Stuart somava apenas 1 ano e 9 meses de vida. Ela não esteve no Titanic e não tinha qualquer ligação com a históriado navio malfadado.

Da mesma maneira não estiveram no verdadeiro Titanic toda a comitiva de empregados da personagem Rose DeWitt Bukater (interpretada por Kate Winslet), sua mãe Ruth (Frances Fisher), seu noivo (Billy Zane) e o personagem Jack Dawson (Leonardo DiCaprio); todos personagens ficcionais, criados pela imaginação poderosa do cineasta James Cameron e inseridos em meio à tragédia real com sua história romântica fictícia, gerando um impressionante mix de ficção e realidade que levou os expectadores a a se sentirem mais próximos daquele evento. Gloria Stuart faleceu em 26 de setembro de 2010, com então 100 anos de idade. Coincidentemente sua personagem em Titanic, Rose Calvert, aparentemente falece nas cenas finais do filme com a mesma idade. Ou estaria a personagem apenas sonhando com o amor do passado? A decisão e interpretação fica por conta do expectador.


Crédito

Pesquisa, composição de texto e edição de gráfico e imagem - Rodrigo, TITANIC EM FOCO
Fontes - "encyclopedia-titanica.org", "wikipedia.org", "youtube.com"

Em memória à Millvina Dean e aos envolvidos na tragédia do Titanic.