Acima: Ilustração do artista norte-americano Ken Marschall, reformulada recentemente para apresentar o panorama atual dos escombros do Titanic.
Seja bem vindo ao TITANIC EM FOCO
Uma equipe de pesquisadores mapeou pela primeira vez os destroços do Titanic. As imagens foram divulgadas há poucos dias e mostram com clareza que os restos do luxuoso navio ocupam

uma área com cinco quilômetros de largura e oito de comprimento no fundo do mar.
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O estudo deve explicar melhor o que exatamente aconteceu no acidente que matou mais de 1,5 mil pessoas em 15 de abril de 1912. Os cientistas já descobriram, por exemplo, que a popa do navio girou como uma hélice, em vez de afundar reta como acontece no filme dirigido por James Cameron em 1997.
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A expedição aconteceu em 2010 e só agora terminou o mapeamento, feito com imagens de sonar e mais de 100 mil fotos tiradas por robôs submarinos. Desde 1985, quando o navio foi localizado no fundo do mar, pesquisadores tentam fazer o mapeamento, mas nenhum tinha sido tão completo quanto o atual.
Acompanhe
Pesquisadores criaram o que é considerado o primeiro mapa abrangente da área de 4,8 km por 8 km na qual estão espalhados os destroços do Titanic. A expectativa é a de que o mapeamento forneça novas informações sobre o que aconteceu há quase cem anos, quando o transatlântico bateu em um iceberg, naufragou no Oceano Atlântico e se tornou uma lenda.
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Marcas no solo oceânico sugerem, por exemplo, que a popa (parte de trás do navio) rodou como uma hélice de avião durante o naufrágio. Antes, imaginava-se que a popa teria mergulhado em trajetória reta.
Uma equipe de expedição usou imagens de sonda e cerca de 130 mil fotos tiradas por robôs submarinos para criar o mapa, que mostra o local no qual centenas de objetos e partes do navio caíram após colidir com o iceberg, em uma tragédia que deixou mais de 1,5 mil mortos.

Exploradores do Titanic - que naufragou em sua viagem inaugural, que seria de Southampton, na Inglaterra, para Nova York, nos Estados Unidos – sabem há mais de 25 anos onde estão a proa (parte da frente) e a popa do navio. Mas mapas anteriores do solo ao redor dos destroços eram incompletos, de acordo com Parks Stephenson, historiador consultado durante a última expedição.
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Segundo ele, estudar o local com os mapas antigos era como tentar navegar em um quarto escuro com uma lanterna fraca. “Com o mapa sonar, é como se de repente tudo se iluminasse e você pudesse passar de cômodo a cômodo com uma lupa, documentando tudo”, afirmou. “Algo assim nunca tinha sido feito no local onde está o Titanic.”
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O mapeamento foi feito em 2010, durante uma expedição ao Titanic liderada pela RMS Titanic Inc., a dona legal dos destroços, em conjunto com o Instituto Oceanográfico Woods Hole, de Falmouth, em Massachusetts, e o Instituto Waitt, de La Jolla, na Califórnia. Eles foram acompanhados por uma equipe da emissora History Channel e da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica.
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(ao lado) Extraordinário: As grandes secções da proa e da popa descansam há cerca de 600 metros uma da outra, separadas por um grande campo de pequenos e grandes destroços. Como já previamente sabido, a secção da proa (frente do navio) continua notavelmente preservada com seu formato característico, enquanto que a secção da popa (traseira do navio) se apresenta como um amontoado incaracterístico de escombros. Proa e popa apontam em direções opostas, cada parte voltada para direções diferentes, elas não caíram na exata posição em que se encontravam na superfície.
Após a ruptura do navio em duas partes na madrugada da tragédia em 15 de abril, as duas partes desceram ao fundo comportando-se de modo diferente: A proa deslocou-se para frente, colidindo violentamente com o leito marinho relativamente inteira. Enquanto que a secção da popa, gravemente afetada pela ruptura da parte frontal, enfrentou uma brutal descida ao abismo com correntes aquáticas geradas pelo movimento de queda e girou durante este processo, arremessando muitos destroços no solo marinho.
As 130 mil fotos em alta resolução tiradas por robôs foram unidas por um programa de computador, criando um detalhado mosaico dos destroços. O primeiro mapeamento do Titanic foi feito logo após sua descoberta, em 1985, usando fotos tiradas com câmeras instaladas em um veículo operado por controle remoto que não se aventurou muito além da proa e da popa.Com o passar dos anos, os mapeamentos foram ficando mais sofisticados. Na última versão é possível ver, por exemplo, um grande pedaço da lateral do navio, com peso estimado em mais de 40 toneladas, pedaços do casco, uma porta giratória e cinco caldeiras.
Em 1912...
Abaixo: Localizados na porção dianteira do navio, estavam a ponte de comando, 12 botes salva-vidas, os alojamentos dos oficiais, o mastro frontal com posto de vigia, 02 guindastes de carga e aberturas de acesso aos porões de armazenamento. Como um dos aspectos mais marcantes do barco, erguiam-se duas chaminés de 22 metros de altura, com o topo pintado de negro e 2/3 de sua extensão na tradicional cor utilizada nas chaminés dos navios da White Star Line, uma espécie indefinida de amarelo-ocre.
2012...
Abaixo: A secção da proa em sua apresentação atual, despida das duas chaminés frontais e sem a grande maioria dos aparatos de convés. No entanto ainda preserva muito de seus traços originais, incluindo-se o mastro frontal debruçado sobre a asa da ponte de navegação no lado de bombordo (esquerda do navio). A imagem denota que desde o ano de 1985, quando o navio fora finalmente redescoberto após 73 anos da tragédia, os escombros seguem num contínuo processo de deterioração.
A análise dos destroços pode ajudar pesquisadores a responder questões sobre como o navio se partiu ao meio, como naufragou e quais falhas de construção tiveram papel crucial na tragédia. O vice-presidente da rede History Channel, Dirk Hoogstra, se recusou a responder quais novas teorias estão sendo levantadas. “Temos uma visão de todo o local que não tínhamos antes”, afirmou. “Vamos poder reconstituir o naufrágio exatamente como aconteceu. Será inovador, de cair o queixo.”
Secção da proa (acima) e secção da popa (abaixo): Pela primeira vez completamente mapeado, as imagens em alta resolução dos destroços do Titanic permitirão avanços importantes nos estudos das reais causas e condições do naufrágio e também contribuirão para a própria monitoração e preservação dos escombros.
Simulação da colisão e naufrágio
O vídeo abaixo, que é uma simulação em computação gráfica, ilustra como se deu a colisão e o naufrágio do Titanic. Esta simulação foi formulada e apresentada no documentário "Os Últimos Mistérios do Titanic", lançado em 2005 e dirigido pelo canadense James Cameron (de Titanic e Avatar). Com a divulgação do detalhado mapa dos escombros do Titanic, parece óbvio que esta simulação sofrerá novas transformações, oferecendo um panorama ligeiramente (ou bastante) diferente do que hoje é aceito sobre o acidente com o Titanic pela comunidade científica mundial e pela opinião pública.
Como o Titanic naufragou?

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