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domingo, 9 de dezembro de 2012

Decoração no Titanic: entusiasta brasileiro recria tela que pertencia ao famoso navio

Acima, fundo - A Sala de Fumantes da 1ª classe do RMS Olympic, digitalmente alterada para representar a mesma sala do Titanic, da qual atualmente não existem fotografias conhecidas. Considerando que os dois navios-irmãos contavam com decoração virtualmente idêntica, nesta foto apenas a tela acima da lareira precisou ser alterada: No Olympic a pintura chamava-se "The Approach to the New World" (A Aproximação do Novo Mundo), e ilustrava uma bela vista da chegada ao porto de New York, nos Estados Unidos, com a Estátua da Liberdade ao fundo. No Titanic a tela chamava-se "Plymouth Harbour" (Porto de Plymouth), e exibia esta bela vista da costa da cidade inglesa de Plymouth, no condado de Devon, no sudoeste da Inglaterra, onde o Titanic faria escala em sua viagem de retorno à Europa. Apesar de diferentes, as duas telas foram obra do mesmo artista, Norman Wilkinson (*1878  †1971).

Acima, em primeiro plano - Thomas Andrews Jr., o projetista do Olympic e do Titanic. Na madrugada de 15 de abril de 1912, com então 39 anos de idade, após auxiliar no penoso processo de embarque nos botes, ele corajosamente permaneceu a bordo do navio condenado. Reza a história que ele fora visto pela última vez nesta sala, com o olhar perdido voltado na direção da tela acima da lareira. Desde então, a bela Sala de Fumantes decorada em estilo Georgiano deixou de ser conhecida apenas pelo luxo, entrando para a história como o último refúgio do corajoso projetista que não se separou do navio que fora sua criação. Thomas Andrews foi tragado pelo mar gelado junto do Titanic, deixou uma filha e esposa. Hoje, somados 100 anos desde o naufrágio, ele continua lembrado como tendo sido um sujeito trabalhador, cavalheiro e querido por muitos. Acima, direita - O projetista Thomas Andrews em "Titanic" (1997), interpretado pelo ator Victor Garber.
Seja bem vindo ao Titanic em Foco

Dos muitos motivos que hoje levam aos curiosos e entusiastas a se interessarem pelo famoso Titanic, talvez o mais recorrente deles seja a beleza e luxo com que o famoso e trágico navio fora decorado. Equipado com acomodações de alto luxo nas áreas direcionadas para a 1ª classe, o barco era um 'banquete' para os olhos do público que foi capaz de pagar altos preços para aquela travessia do Atlântico. A viagem que começou às 12:15 h, de 10 de abril de 1912, partindo do cais Nº 44 da cidade de Southampton, Inglaterra,  não encontrou seu porto de destino, e aquele navio entrou para a história com o naufrágio às 2:20 da madrugada de 15 de abril de 1912, onde pereceram cerca de 1.500 pessoas.

Ao longo dos anos o Titanic têm sido alvo do interesse público, sua história parece se renovar através do tempo, sendo revivida nos livros, no teatro, nos filmes e nas séries de TV; e este movimento traz consigo a curiosidade e admiração do grande público que recorrentemente torna-se fiel admirador e, por vezes, surpreende ao realizar trabalhos artísticos inspirados pelo famoso navio.

Embalado por este movimento de admiração e interesse, o amigo e contribuidor do "Titanic em Foco", Luiz Saulo Gabriel, que é um entusiasta do Titanic, recriou uma das obras de arte que decoravam o transatlântico. Seu trabalho é uma das mais interessantes peças recriadas por um admirador brasileiro.

Acompanhe
Luiz Saulo Gabriel, Taguaí, São Paulo

Tendo como base várias pesquisas sobre o interior do Titanic, seu design, sua estrutura e seus acessórios, surgiu-me a idéia de reproduzir uma réplica da tela “Plymouth Harbour”, que decorava a Sala de Fumantes da 1ª classe do navio que admiro. De início a idéia era um embrião na minha mente, e segui pesquisando mais sobre a tela e sobre a Sala de Fumantes. Acabei descobrindo páginas na Internet que descrevem esta sala em detalhes. Resolvi então abraçar essa pesquisa, onde descobri que a tela original media 1,72 x 0,78 cm, ficava pendurada acima da imponente lareira de mármore, que media por volta de 1.44 m de altura. 

A tela original obviamente foi tragada junto com o Titanic em 15 de abril de 1912. Descobri também que a tela recriada para o cenário da Sala de Fumantes do filme “Titanic” (1997), é incrivelmente igual a uma réplica que hoje está exposta no “Sea City Museum”, na cidade de Southampton, Inglaterra.

Contando com o auxílio de pesquisa do Rodrigo [editor do Titanic em Foco] e procurando muito, encontrei uma foto da tela que se encontra hoje no ‘Sea City Museum’. Segundo informações esta réplica foi feita pelo filho de Norman Wilkinson, Rodney Wilkinson, que repintou a tela na década de 1990 através de um minúsculo esboço da versão original pintada pelo seu pai para o Titanic no início do século passado. Como a foto da tela do museu era bastante nítida, mandei revelar e complementei minhas informações com mais algumas pesquisas sobre a aparência do farol, e acabei juntando um monte de imagens atuais dessa paisagem representada na pintura.

A imagem ampliada e revelada foi fotocopiada e quadriculada para servir de plataforma de trabalho. Entrando em contato com a Esdras Ateliê de Pintura, na cidade vizinha, ela “abraçou minha idéia” e me ajudou a encomendar uma tela de 1,70 x 0.80 cm e a moldura, que diga-se de passagem, é enorme “rs”. Ao chegar em casa logo comecei a traçar o desenho na tela.

Na fotocópia que usei para plataforma de trabalho a imagem foi quadriculada com padrão de 1 x 1 cm e, na minha tela branca, a imagem foi quadriculada com padrão de 6.5 x 6.5 cm. Ai foi só transferir a imagem do papel para o meu quadro, assim pude obter uma imagem bastante fiel à original, dentro da perspectiva e proporção.

Depois de muito tempo, de muitas pesquisas e de minha dedicação na pintura, agradeço a minha professora de pintura Zelina Taniguchi e ao amigo Rodrigo por ter me ajudado na pesquisa. E também a todos os amigos que me incentivaram e me ouviam falar muito desse quadro, que viram fotos preliminares dessa obra; e agradeço também a amiga Esdras Veiga, dona do "Ateliê e Galeria Art Esdras", que abraçou essa idéia e me forneceu tintas, pincéis e a tela, que foi feita sob medida para esse trabalho. 

Abaixo - Trabalho finalizado: esta é a recriação do amigo Saulo da tela histórica que decorava a Sala de Fumantes do Titanic, originalmente batizada de "Plymouth Harbour" (Porto de Plymouth). Na ilustração se vê uma bela vista da costa da cidade inglesa de Plymouth, no condado de Devon, no sudoeste da Inglaterra, onde o Titanic faria escala em sua viagem de retorno à Europa. A tela recriada possui as mesmas dimensões que a versão histórica original que naufragou com o Titanic: 1,70 x 0,80 m.
Um pouco mais sobre a Sala de Fumantes
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Ao lado - O destaque azul indica a localização da Sala de Fumantes, exatamente abaixo da 4ª chaminé.

 Decorada no antigo estilo Georgiano, à moda dos clubes de cavalheiros ingleses, era aqui onde se reuniam os passageiros da 1ª classe para uma conversa regada à bebida e do hábito de fumar. Em 1912 este hábito não era bem visto entre as mulheres, e deste modo a Sala de Fumantes recebia apenas homens. Com cerca de 3,7 metros de altura, a sala era (junto com o Lounge e a Sala de leitura da 1ª classe) uma das acomodações públicas com pé direito mais alto em todo o navio (a Sala de Fumantes só perdia em altura para a Quadra de Squash, localizada abaixo no Titanic, que ocupava a altura de dois andares, Convés F e Convés G).

Ao lado: A animação ao lado é um trecho de um vídeo publicitário sobre os interiores do RMS Olympic, gravado na década de 1920 para a companhia White Star Line. Nas imagens se vê o grande movimento de passageiros ao serem atendidos na Sala de Fumantes da 1ª classe. Estas são as únicas imagens em filme conhecidas desta sala.

As paredes eram revestidas com mogno polido e os elaborados desenhos foram compostos com complicadíssimas inserções de madrepérola cintilante, o que tornava esta uma das decorações mais caras de todo o navio. As dezenas de vitrais pintados à mão (alguns iluminados artificialmente) traziam figuras da Grécia antiga em cenas dedicadas a arte, como pintura, música e dança.

Abaixo - Nesta fotografia da Sala de Fumantes da 1ª classe do RMS Olympic, a ilustração perfeita de qual teria sido o visual da mesma sala do Titanic, da qual não existem fotografias conhecidas. A Sala de Fumantes foi instalada à ré do chamado "Convés de Passeio da 1ª classe", o Convés A, entre a Grande Escadaria traseira e as duas petiscarias chamadas "Cafe Verandah e Palm Court".

Acima - Viajando com luxo, as acomodações da 1ª classe no Titanic transbordavam uma imensa mistura de estilos decorativos centenários, mas a decoração denotava o balanço entre o "grandioso e o bom gosto". A fama exagerada ganhada pelo Titanic ao longo dos anos esconde que, na realidade, praticamente todos os grandes navios da rota do Atlântico Norte daquele período seguia a mesma tendência de interiores ricamente decorados para a 1ª classe. A verdade é que o tamanho do Titanic era a sua maior vantagem: Mais espaço, maiores as acomodações e melhores possibilidades de decoração de luxo.

Em outros vitrais haviam desenhos de antigas embarcações à vela e paisagens aquáticas campestres. Os lustres eram de bronze dourado polido com cúpulas de cristal lapidado, e firmemente aparafusados ao teto a fim de que não oscilassem com o suave balanço do Titanic sobre as ondas. Curiosamente a Sala de Fumantes era o único ambiente do Titanic onde havia uma lareira alimentada à carvão, pois todas as outras lareiras do navio eram, na realidade, aquecedores elétricos. Ainda mais curioso é o fato de que a fumaça gerada por esta lareira era eliminada pelo duto da 4ª chaminé do navio, conhecida hoje como "falsa chaminé"; a verdade é que a fumaça das cozinhas do navio também era exaurida pela chaminé traseira, a qual além de atuar como exaustor também supria vários dos ambientes do Titanic com ar fresco captado do exterior.

O piso da Sala de Fumantes era composto com ladrilhos de linóleo ao invés de carpetes, um benefício que facilitava a limpeza do ambiente. Poltronas, cadeiras e sofás revestidos em couro vermelho texturizado permitiam o repouso e o jogo de cartas nas mesas acompanhado de uma bebida, que podia ser pedida no pequeno passa-pratos do bar, localizado discretamente a direita da parede atrás da lareira. Por estar localizada à meia ré do Titanic, a Sala de Fumantes foi um dos ambientes completamente devastados quando a popa afundou violentamente no oceano, enquanto girava descontroladamente lançando escombros até chegar aos 3.800 metros, no fundo do Oceano Atlântico.

Ao lado - A seta nesta pintura dos escombros do Titanic indica a localização da Sala de Fumantes, hoje visivelmente devastada. (arte de Ken Marschall)


Conheça um pouco mais do visual da Sala de Fumantes da 1ª classe na simulação virtual abaixo, que é uma prévia para um futuro jogo para video-game. A reconstrução gráfica é primorosa em detalhes e contém excelente pesquisa histórica. 

DIVULGAÇÃO: mrrrobville
Em "A Night to Remember" (1958)

Ao lado: Em seus últimos instantes de vida o projetista Thomas Andrews (interpretado por Michael Goodliffe) contempla a tela acima da lareira. Belamente e incorretamente recriada com o mesmo tema da tela que decorava a lareira do Olympic.

No famoso e célebre filme de 1958 sobre o desastre do Titanic, conhecido no Brasil como "Somente Deus por Testemunha", a Sala de Fumantes foi recriada pela primeira vez desde o naufrágio em 1912. A cenografia deste filme não chega à qualidade exibida em "Titanic" (1997), no entanto este ambiente fora quase integralmente recriado.

O Trabalho de cenografia foi guiado pelas fotografias do RMS Olympic, e pelo texto descritivo do livro "A Night to Remember" publicado por Walter Lord em 1955. À época acreditava-se que a tela acima da lareira do Titanic teria sido a mesma utilizada no Olympic; deste modo a equipe de arte recriou a pintura "The Approach to the New World". Mais tarde, após o fim das gravações, o erro foi descoberto. Posteriormente a tela foi presenteada ao escritor norte-americano Walter Lord que a pendurou em seu apartamento.

Em "Titanic" (1997)

Ao lado - Uma das caríssimas recriações dos interiores do Titanic, a Sala de Fumantes recebeu toda a atenção e cuidado artístico, e a tela acima da lareira finalmente representada de modo correto, com a imagem do porto de Plymouth.

Hoje reconhecido como o filme com a melhor qualidade de reproduções cenográficas dos exteriores e interiores do Titanic, o filme homônimo de 1997, dirigido pelo canadense James Cameron se tornou notável, entre outras coisas, pela extrema proximidade de semelhança entre os seus cenários e o verdadeiro navio.

Dentre as dezenas de interiores do Titanic reconstruídos, a Sala de Fumantes da 1ª classe recebeu extrema atenção por parte da equipe de arte, incorporando dezenas de aspectos históricos de design, diretamente copiados das fotografias de época do Olympic, que serviram como base para a recriação da Sala de Fumantes do Titanic.
O exigente diretor James Cameron recorreu ao artista Ken Marschall, famoso pelas suas ilustrações realísticas do Titanic, para que reproduzisse a tela "Plymouth Harbour" acima da lareira; no entanto devido aos muitos compromissos, Marschall não pôde atender ao pedido, e a tela foi então pintada por outro artista, possivelmente da própria equipe de arte. Insatisfeito com o resultado, James Cameron pediu para que Marschall retocasse o trabalho, e deste modo a tela foi quase integralmente repintada pelo renomado artista. Ao final das gravações James Cameron ofereceu a tela como presente para o exigente Ken Marschall que, achando o resultado da pintura apenas aceitável, recusou ficar com a obra para si; atitude da qual se arrependeu depois, porque na época não imaginava o sucesso retumbante que o filme faria ao redor do mundo logo em breve.

Abaixo: Ken Marschall exibe a tela em novembro de 1996, logo após tê-la terminado de retocar, antes das gravações. (crédito à nzpetesmatteshot.blogspot.com)

A qualidade da recriação cenográfica no entanto não impediu os muitos erros: no verdadeiro Titanic a sala era recoberta apenas por ladrilho de linóleo, e não por um carpete / As poltronas no Titanic teriam sido revestidas em couro texturizado, e não com veludo floral. Partes deste cenário permaneceram expostas durante mais de 10 anos nos Estúdios Fox Baja, na cidade de Rosarito, no México, onde ocorreram as gravações. 

Abaixo - A protagonista "Rose DeWitt Bukater" (Kate Winslet)  encontra o projetista do Titanic, Thomas Andrews (interpretado pr Victor Garber), em estado de choque frente à lareira da Sala de Fumantes da 1ª classe. O momento do filme foi diretamente baseado no texto do livro "A Night to Remember" (no Brasil, Uma Noite Fatídica) publicado por Walter Lord em 1955. * O momento é verídico, à excessão dos protagonistas Rose e Jack (Kate Winslet e Leonardo DiCaprio), ambos personagens ficcionais criados pelo cineasta James Cameron.
EEm "Rebuilding the Titanic" (2011)
Acima e ao lado - Reconstruída com materiais alternativos, a parede central da Sala de Fumantes exibe o intrincado trabalho de arte que teria sido enfrentado pelos decoradores do Olympic e do Titanic. Diferente das reconstruções cenográficas exibidas nos filmes "A Night to Remember" (1958) e "Titanic" (1997), aqui o resultado se aproxima muito da realidade, no entanto há também os erros...

No documentário inglês "Rebuilding the Titanic" (Reconstruindo o Titanic), lançado em 2011 pela National Geographic, um time de quatro engenheiros foi convidado a reconstruir com técnicas centenárias algumas partes icônicas do Titanic, entre as quais uma secção e do casco de aço do navio, a âncora principal, e a parede central principal da Sala de Fumantes da 1ª classe com a lareira.

Devido ao altíssimo custo que a reconstrução teria se fossem utilizados materiais idênticos aos originais, como mogno, madrepérola e mármore verdadeiro, a equipe recorreu à técnica de cenografia, o que possibilitou uma bela réplica, muito próxima da realidade. A tela acima da lareira foi recriada através de uma impressão em tamanho real. 

Esta recriação cenográfica foi então montada e exibida no "Ulster Museum", na cidade de Belfast, capital da Irlanda do Norte, cidade onde o Titanic foi construído entre 1909 e 1912. Apesar do resultado não ter coincidido plenamente com a realidade vista nas fotografias de época (especialmente no aparador da lareira em forma de dois leões, que no navio real eram de metal polido e não em mármore), os vitrais foram recriados com exatamente a mesma técnica que se utilizava há cem anos pelos construtores do Titanic. 
 Crédito 
Depoimento e imagens - Luiz Saulo Gabriel
Pesquisa, edição e adaptação de texto e imagens - Rodrigo, Titanic em Foco

Agradecimento
Ao amigo Saulo, parabéns pelo fantástico trabalho e  muito grato por ceder seu depoimento e suas fotos.

domingo, 2 de dezembro de 2012

A incrível aventura de dois argentinos que atuaram no filme "Titanic" (1997)

Acima - Luis Incisa e Juan Ignacio Brown, ambos trabalharam como figurantes em "Titanic".

 Seja bem vindo ao Titanic em Foco

Como teria sido a experiência de participar das gravações de um dos maiores sucessos do cinema?

Em abril de 2012, por ocasião do relançamento do filme "Titanic" convertido para o formato 3D nos cinemas mundiais, foram encontrados dois amigos argentinos que trabalharam em 1996 como figurantes neste filme vencedor de 11 Oscars. Siga a história destes dois "incógnitos" e sua aventura de vários meses nos bastidores deste épico do cinema dirigido pelo canadense James Cameron.

Acompanhe"Chegaram por acaso ao imponente cenário do filme multipremiado, se transformaram em figurantes e viveram cinco meses inesquecíveis." 

"Acorde. Você saiu no jornal", disse a irmã. Juan Ignacio Brown olhou para a foto e viu seu rosto perfeitamente distinguível em uma multidão desesperada. A imagem estava acompanhada de uma nota antecipando o lançamento do filme Titanic e ele, apenas um figurante no filme de James Cameron, tornou-se uma pessoa procurada por todas as mídias. "Mirtha Legrand até me convidou para o seu programa", ele conta surpreso, no entanto a aventura por detrás dessa história é ainda mais surpreendente.

Abaixo - Na foto de divulgação de "Titanic" se vê claramente Juan Ignacio Brown, vestido como marinheiro, sustentando a multidão. Naufrágio seguro: diferente do verdadeiro Titanic na madrugada de 15 de abril de 1912, a escuridão aqui não guardava o perigoso e gelado Oceano Atlântico-Norte e seus 3.800 metros de profundidade. Para além do breu noturno escondiam-se os morros da cidade de Baja California, os galpões do estúdio e uma piscina de concreto preenchida com água do mar, neste caso água do Oceano Pacífico..
Entardecer na cidade de Rosarito, México. Um longo dia de surf ao sol na costa do Oceano Pacífico Central ainda lhes deixou um pouco de energia para passar por um bar antes de voltar para casa. Juan Ignacio e seu amigo de longa data, Luis Incisa, estavam vivendo na cidade de San Diego, onde chegaram aos 23 anos ansiosos para se deixarem levar pelo mundo afora.  

http://titanicemfoco.blogspot.com.br/2016/05/e-ai-voce-sabia-uma-lista-de.htmlEles queriam aprender inglês e fazer uma especialização em negócios internacionais, mas os planos mudaram radicalmente depois que compartilharam algumas cervejas com um grupo de mexicanos naquele bar. "Fomos informados de que eles estavam filmando o filme Titanic alí, e estavam testando um elenco de figurantes. Um tal Jesus insistiu para que nós nos juntássemos," contam com tantos detalhes que parece não ter passado 15 anos. 

Entusiasmados com a idéia de visitar um set de filmagem e, acima de tudo, depois de ouvir que o navio montado por James Cameron era "impressionante", vieram a encontrar alguns seguranças. "Nós somos atores", disse Luis, brincando. "Quem vem ver?", Perguntaram. "Vieram ver Jesus". Jesus Guerero?" Perguntou o segurança. "Sim", respondeu o argentino, "exatamente". "Incrivelmente, quem estava no comando do elenco de figurantes chamava-se Jesus, igual ao nosso amigo." Vinte e quatro horas mais tarde, Luis e Juan Ignacio estavam vestidos como marinheiros na gravação de uma das muitas tomadas que um dia se somariam e se tornaram o filme "Titanic". O que começou como uma brincadeira se transformou no trabalho de cinco meses de suas vidas. Eles deixaram o curso de inglês e adiaram o início das aulas na faculdade. Não importava, a experiência valia a pena.
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Acima, esquerda - A popa cenográfica do navio que hoje é um ícone. Este foi o cenário onde ocorreram algumas das primeiras gravações, fora da ordem cronológica da história: Antes que a popa fosse finalmente unida ao cenário principal ela foi ajustada sobre um eixo pivotante de inclinação, então os atores principais, figurantes e dublês, se uniram aqui para encenar a agonia final, quando o Titanic se inclina em noventa graus e mergulha no oceano. Acima, direita - Juan Ignacio no dia em que viu o Titanic cenográfico pela primeira vez. Sobre o topo de cada chaminé de 17 metros de altura (reduzidas em 10% em relação às verdadeiras chaminés do Titanic) se pode notar um grande holofote de iluminação auxiliar. A placa ao fundo alerta: Acesso não permitido para visitantes. A aparência de grande realismo do cenário esconde que, na verdade, tratava-se quase na totalidade apenas da carcaça exterior do navio. Acima - 11 de abril de 1912, Queenstown, Irlanda (entre 11:30 e 13:30), um grande grupo de passageiros da 3ª classe é fotografado ao sol, na popa do verdadeiro Titanic. Esta era a última escala da viagem. Aqui muitos deles veriam as terras do Velho Mundo (a Europa) pela última vez na vida, indo rumo ao Novo Mundo (a América) em busca de tempos melhores.

Ser um figurante

"Uma vez que você está lá, você entra em um grupo de figurantes. Convidam você começar a trabalhar em outros filmes e há alguns que passam a vida viajando. Buscando a oportunidade de saltar para a fama. Alguns buscam a fama escrevendo roteiros", diz Luis. Ele e seu amigo, ambos de San Pedro (Buenos Aires), tinham interesse no mundo da atuação. Lembram-se da experiência de terem atuado em "Titanic" com uma saudade enorme das amizades: "Nós encontramos grandes pessoas a quem nunca mais vimos. Naquela época não haviam celeulares ou o Facebook."
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Acima, esquerda - Luis posa para uma foto no Convés de Passeio da 1ª classe do navio cenográfico. Acima, direita - Os figurantes fotografados à extrema ré do Passeio da 1ª classe, atrás deles o mastro traseiro do navio e um dos exaustores de ar. Nesta mesma área foram gravadas as cenas em que os personagens "Jack e Rose" (Leonardo DiCaprio e Kate Winslet) admiram o pôr do sol e em seguida se dirigem para a amurada do navio na famosa cena do 'treino de cuspe'. Ao lado - Uma das raras fotos verídicas dos conveses do Titanic, neste caso tirada por um jornalista no Convés de Passeio da 1ª classe no dia 10 de abril de 1912 em Southampton, Inglaterra, dia em que o Titanic iniciou sua viagem inaugural. As primeiras três janelas que se vê na imagem pertenciam à Sala de Fumantes da 1ª classe. Ao fundo pode-se observar discretamente uma janela e a porta de saída deste convés, alí instaladas como medida de proteção contra o mal tempo. Esta foto denota o quão próxima da realidade era a réplica cenográfica criada por James Cameron, basta compará-la à primeira imagem acima. Curiosidade - A 4ª e a 5ª janela que se pode observar muito discretamente nesta foto pertenciam à cabine A36 da 1ª classe, exatamente a suíte ocupada pelo projetista do Titanic, Thomas Andrews, durante os 04 dias da viagem, que foi interrompida pela tragédia na madrugada de 15 de abril de 1912.

Assinaram um contrato de 160 dólares por dia de filmagem. "Às vezes, nós trabalhávamos até de manhã. Nos pagavam horas extras, o hotel e todos os alimentos", disse Juan Ignacio. Cada um recebeu um número: 1998 e 1999. "Nós fomos passageiros de terceira classe, fomos marinheiros, estivemos nos botes salva-vidas, nos afogamos e também afundamos. Estávamos por toda parte", diz Luis, se divertindo. "Cada dia era uma nova aventura, e não tínhamos idéia do que se tratava o roteiro". Eles dizem que quando viram o filme não deram muita atenção para a história, porque tentavam lembrar dos bastidores de cada cena e identificar seus amigos: "Na mais dramática, quando o navio está afundando, nós realmente nos divertimos. Nos maquiaram com um aspecto pálido como congelados e não tínhamos problemas em ficarmos submersos na água."


Acima, esquerda - Juan Ignacio em uma das salas no interior do cenário do navio. Na foto pode-se notar claramente o topo de um par de janelas com os famosos vitrais da sala de Fumantes da 1ª classe. O holofote direcionado para as janelas cumpre o própósito da ilusão de realismo, simulando a iluminação do interiores dos requintados salões do Titanic. Na realidade o cenário da Sala de Fumantes não foi construído a bordo do navio, mas em um estúdio seco fechado, e assim também aconteceu com a maioria dos cenários, todos construídos nos estúdios em terra, ao lado do navio. Acima, Direita - Juan Ignacio e Luis, vestidos como marinheiros, posam no lado de dentro do que seriam as janelas do 'Palm Court' do Titanic. Aqui novamente há apenas a ilusão de realismo, o cenário do Palm Court em sí também fora construído em estúdio exterior coberto. Ao lado - O verdadeiro 'Palm Court' no RMS Olympic - a sala era uma petiscaria da 1ª classe decorada à maneira de um gazebo de jardim, e oferecia uma bela vista para o Convés de Passeio e para o mar através de suas grandes janelas arcadas, as maiores em todo o navio.

Eles sabiam que aquele seria considerado o filme mais caro da história. No entanto, eles ainda ficam impressionados com a mega produção da qual que fizeram parte:.. "O buffet era incrível, podia pedir qualquer coisa. Além disso, dentro do cenário do navio, que era como um edifício com andares e elevadores, haviam quiosques onde pedíamos desde sopas até todo os tipos de guloseimas. À noite, o povo do Titanic lotava os bares da cidade de Rosarito, e todos compartilhavam a diversão, independentemente da hierarquia: Nós saíamos juntos, incluindo alguns atores principais, como Billy Zane, que se juntavam."

As lembranças se derramam de suas memórias. Já pasou muito tempo, mas eles não podem deixar de sorrir cada vez que que contam essa história. Um monte de fotos que tiraram sem permissão, os seus contratos assinados por Jesus Guerrero, queridos amigos que talvez voltem a ver novamente e o filme, são esses os tesouros que esses dois amigos compartilharão para sempre.

Dois argentinos no Titanic (em espanhol)



Os astros mais de perto

James Cameron 
"Mau. Se não fosse tão louco não seria tao gênio. Se via algum figurante no fundo de alguma cena em que não devia estar, ele mesmo o agarrava pelo colarinho da camisa e o retirava. Ele tinha a história do Titanic estudada à perfeição. Ele fez com que pintassem todas as máquinas de preto, para que nenhum relexo interferisse nas gravações. Quando ele soube que éramos argentinos nos agradeceu por estarmos alí."

Leonardo DiCaprio
"Não parececia um astro, ele parecia apenas mais um de nós. Fazia piadas o tempo todo e nos pedia cigarros."

Billy Zane
"Ele era muito legal. Muito engraçado, sempre brincando, nos fazendo rir."

Kate Winslet
"Ela se sentava e esperava como todos nós. Às vezes várias horas entre as cenas. Muito agradável e humilde."

Acima - Luis, caracterizado como marinheiro, posa ao lado de Kate Winslet por ocasião das filmagens do naufrágio. O madeiramento ao fundo demonstra a técnica de simulação adotada pela equipe de arte: a grande maioria das paredes do navio fora construída com madeirite, quando, no navio real, foram utilizadas chapas de aço.

Segredos do barco mais famoso do cinema

"O barco era uma estrutura enorme e parecia real por fora, mas por dentro haviam apenas salas comuns com elevadores. Algumas salas faziam parte do filme (como a sala de mapas e a ponte de comando, por exemplo), mas o resto era apenas como um edifício cheio de andaimes por dentro. Ele foi construído em um tanque que ganhou no Guinness Book como a maior piscina do mundo, e era localizado em morro paralelo ao mar, de modo que realmente se via o mar como plano de fundo, no entanto quase todas as cenas do mar foram refeitas ou retocadas por computador. "

"Eles construíram o estúdio lá na cidade de Rosarito devido a um acordo com a Televisa, o que significava que uma grande percentagem da equipe tinha de ser mexicana. A Televisa conseguiu um terreno enorme para realizar as gravações."

"Haviam várias piscinas. O barco estava na maior, mas, por exemplo, a cúpula de vidro que é vista na Escadaria da primeira classe, estava em um tanque separado e coberto. Para a cena do afundamento, Cameron a inundou com água do mar e destruiu a cúpula. Eles usaram dublês nesta cena ".

"A personalidade áspera de James Cameron trouxe alguns problemas com um grupo de figurantes tchecos. Eles tinham sido contratados porque eram especialistas em cenas subaquáticas, e deviam auxiliar à todos que simulavam afogamento. Eram essenciais para a filmagem. Mas um dia um deles se demitiu devido abuso de Cameron e todos fizeam o mesmo. O diretor teve que pedir desculpas para que eles voltassem."

"O afundamento do cenário foi muito impressionante. O barco estava na posição normal e era noite. Primeiro tudo foi inclinado à 12 graus, em seguida o afundaram no tanque cheio de água em que eu estava e tive de nadar para fora."

Abaixo -
 O Titanic cenográfico fora reconstruído sobre andaimes de aço (do meio até a popa) e uma plataforma com elevação hidráulica (do meio até a proa) para que fosse fisicamente afundado em frente às câmeras. O cenário media 236 metros de uma ponta à outra, apenas 33 metros mais curto que o verdadeiro Titanic, e foi construído sobre um gigantesco tanque com três níveis de profundidade e com capacidade de acomodar 64 milhões de litros de água (equivalente à 25 piscinas olímpicas), que foi bombeada diretamente do Oceano Pacífico. 

Enquanto que o navio histórico real fora feito de aço e consumira exatos três anos para ser concluído na cidade de Belfast (Irlanda do Norte), o grande cenário foi construído num período de 100 dias na cidade de Baja California (México), utilizando aço (estruturas), compensado de madeira (casco e paredes), imitações de milhares rebites feitos com material plástico, botes salva-vidas e a grande maioria dos aparatos de convés reconstruídos com fibra de vidro. Um capricho histórico: os guindastes de suspensão dos botes salva-vidas do cenário realmente eram funcionais, foram reconstruídos pela empresa 'Welin Davit and Engineering Co.', a mesma que fornecera os guindastes para os botes do Titanic em 1912.

























Acima -  Com 236 metros de uma ponta à outra, a gigantesca reprodução do Titanic foi erigida junto à costa do Oceano Pacífico, suportada por um grande e complexo conjunto de andaimes de aço, parcialmente conectado à um potente sistema de elevação hidráulica. Apesar do caprichado trabalho de reconstituição, o navio não teve sua fachada plenamente reconstruída de ambos os lados: a lateral de bombordo (esquerda do navio) não possuía o enorme paredão negro que simula o casco; a qual não foi construída como meio de contenção de gastos. As cenas ambientadas no lado esquerdo do navio foram então gravadas no lado direito do cenário, e então invertidas (espelhadas) na pós produção, e isto supriu a ausência de parte do cenário. 

Ao lado - Com apenas o lado de estibordo plenamente reconstruído (o mesmo lado da colisão com o iceberg), os aspectos faltantes do navio foram então preenchidos na pós produção com os efeitos de computação gráfica e, em parte das cenas, o navio inteiro fora substituído com a utilização de maquetes populadas com pessoas digitais, criadas por efeitos de animação.

O cenário de "Titanic" - lapso de tempo da construção
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Um passeio pelos cenários de "Titanic"
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O vídeo abaixo, que é um passeio pelos cenários, foi gravado por Anders Falk, diretor de fotografia do filme, que aproveitou os momentos em que os estúdios estavam vazios nas pausas entre as gravações. Este vídeo, e o vídeo acima, estão nos extras do box do DVD de colecionador de "Titanic", lançado em 2005.
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Crédito

Fonte - lanacion.com, com texto de Silvina Ajmat e fotografias cedidas por Luis Incisa
Pesquisa, tradução, adaptação, complementação e reedição de texto e imagens - Rodrigo, Titanic em Foco

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

"Uma Noite Fatídica" / "A Night to Remember" - Chega ao Brasil o célebre livro sobre o Titanic publicado por Walter Lord em 1955


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É com prazer que o Titanic em Foco anuncia que finalmente, após 57 anos de seu lançamento original, chega ao Brasil "Uma Noite Fatídica", a versão em português do livro “A Night to Remember”, considerado a obra definitiva sobre a última noite do Titanic, escrito pelo historiador norte-americano Walter Lord e publicado no ano de 1955. Agora nós, os leitores brasileiros, temos a oportunidade de apreciar por completo este trabalho que ainda hoje é considerado a mais autêntica narração dos fatos ocorridos a bordo do Titanic entre a noite de 14 e a madrugada de 15 de abril de 1912. O livro traz um texto primoroso, tão vívido em sua narrativa e detalhes que coloca o leitor junto das 2.200 pessoas, reunidas no Titanic e indo de encontro ao destino. 
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"Uma Noite Fatídica"

SINOPSE

Em 10 de abril de 1912, o Titanic zarpou de Southampton, na Inglaterra, para sua viagem inaugural rumo a Nova York. Era o maior e mais luxuoso transatlântico até então construído, com tecnologia tão avançada que se acreditou que o navio seria "inafundável". Na noite de 14 de abril, ele colidiu com um iceberg e foi a pique. Mais de 1.500 passageiros e tripulantes morreram nas águas do Atlântico, na primeira e última viagem do Titanic.

Nos anos 1950, quando decidiu fazer um relato sobre o desastre, o escritor Walter Lord localizou mais de sessenta sobreviventes, além de outras dezenas de pessoas de alguma forma envolvidas com o naufrágio. Lord entrevistou-os para reconstituir tudo o que ocorreu na última noite do navio, bem como na madrugada do dia 15, quando os sobreviventes tiveram de esperar durante horas em botes no oceano até serem resgatados.

Publicado em 1955, "Uma Noite Fatídica" tornou-se imediatamente um best-seller nos EUA. Atualmente, é considerado o mais importante livro sobre a tragédia, pela precisão na apuração dos eventos, riqueza das informações obtidas e força do relato. O pioneirismo e a acuidade de Lord também fizeram de seu livro referência incontornável para quem se interessa pela história e mitologiado navio. James Cameron recorreu a Lord como consultor de seu filme Titanic. "Da primeira à última página, "Uma Noite Fatídica" versa sobre as pessoas que habitaram brevemente o Titanic, e nenhum outro autor terá a oportunidade de falar com tantos deles", observou o escritor Nathaniel Philbrick. "Por essa razão, o livro de Lord nunca poderá ser superado." 

Dados técnicos

Título original - A Night to Remember
Autor - Walter Lord
Tradutor - Tomás Rosa Bueno
Área - História / reportagem
Páginas - 296
Formato - 14 cm x 21 cm
Lombada - 1,8 cm
Peso estimado - 360 g
Acabamento - brochuraDisponível em

  
Opinião do Titanic em Foco

“Tentar se colocar no local, na pele e na mesma situação das pessoas que estiveram à bordo do Titanic”... 
 
Ao lado - Cena do filme "A Night to Remember" (1958), baseado no livro de Walter Lord.
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Esta é a frase que possivelmente determina a maneira mais eficiente de tentar entender o verdadeiro significado humano e consequências desta tragédia de há 100 anos atrás. É é exatamente por isto que indico o livro “Uma Noite Fatídica”. Ao ler – e reler - esta narrativa mantive o constante sentimento de que estava presente naquele navio, naquela noite e com aquelas pessoas. Walter Lord, ao escrever seu livro em 1955, certamente sabia do extremo valor contido na autenticidade de sua pesquisa e da narração viva em sentimentos e detalhes que tornou o seu livro tão indispensável para os que realmente se interessam pelo “caso Titanic”. No entanto certamente ele próprio não sabia o quanto a palavra “TITANIC”, já então feita uma lenda em si mesma, permaneceria viva na memória histórica e coletiva mundial. Não resta a menor dúvida de que qualquer pessoa que se diga realmente interessada por este acontecimento histórico merece apreciar este livro; “Uma Noite Fatídica”, melhor do que tantos outros já publicados ao longo dos anos, mostra o Titanic como um grandioso palco onde as histórias que realmente se fazem vivas e importantes são as das 2.200 pessoas que nele embarcaram e as das 1.500 que dele jamais se separaram.

Curiosidades sobre o livro "Uma Noite Fatídica"
 
Primeira edição, EUA, novembro de 1955.... Versão portuguesa, maio de 1998....Versão brasileira, outubro de 2012

O livro de Walter Lord já foi traduzido para mais de 12 idiomas diferentes nos últimos 57 anos, inclusive Portugal já teve sua versão traduzida, onde recebeu o nome “A Tragédia do Titanic”. Mas esta é a 1ª vez que é publicado em tradução brasileira, e aqui recebe o título “UMA NOITE FATÍDICA”.

O interesse do escritor Walter Lord pelo Titanic começou quando em 1926, aos nove anos de idade, ele viajou a bordo do RMS Olympic, o navio irmão do Titanic. Como ele próprio citou mais tarde, ele gastou seu tempo a bordo do Olympic “rondando” e tentando imaginar aquela “coisa tão grande” afundando.

Ao lado - 1926, Walter Lord se diverte jogando  shuffleboard à extrema ré do Convés de Passeio da 1ª classe do RMS Olympic, o navio-irmão do Titanic. Ao fundo pode-se observar discretamente um dos guindastes de carga e a porta de entrada para o Palm Court, uma petiscaria da 1ª classe.

Então começou a ler sobre o Titanic e a desenhá-lo quando tinha 10 anos, e passou muitos anos colecionando coisas relacionadas ao navio, levando as pessoas a “tomar nota desta esquisitice”. Mais tarde se formou em história e começou a trabalhar em uma agência de publicidade. Escrevendo em seu tempo livre, ele conseguiu entrevistar (ao vivo e por correspondências) cerca de 60 sobreviventes da tragédia.

Desde seu lançamento em 1955 o livro “A Night to Remember” nunca deixou de ser reimpresso. Este o 2º livro publicado por Walter Lord, de uma série de 12 obras com variados temas históricos diferentes escritos ao longo de sua carreira. Lord falesceu em maio de 2002 com 84 anos em Manhattan, New York. 

Ao lado - Walter Lord em 1966

Em 1956 o livro recebeu sua primeira dramatização para a TV, no capítulo “A Night to Remember”, um episódio da série “Kraft Television Theatre”, da NBC. A produção utilizou 31 cenários, 107 atores e foi encenada ao vivo na TV, sendo então assistida por 28 milhões de espectadores.


Em 1958 o livro foi base para o filme “A Night to Remember”, conhecido no Brasil como “Somente Deus por Testemunha”.

Ao lado - Cena do filme "Somente Deus por Testemunha", 1958.

Assim como Walter Lord, o produtor deste filme, William MacQuitty, também tinha uma conexão indireta com o Titanic, pois quando tinha seis anos de idade havia visto o casco do Titanic ser lançado à água no dia 31 de maço de 1911. William MacQuitty era irlandês, nascido em Belfast, a cidade onde o Titanic fora construído. Da mesma maneira que o livro de Walter Lord, o filme “A Night to Remember” é considerado definitivo pelos críticos e historiadores, a melhor representação histórica da tragédia do Titanic para o cinema.

Assista aqui ao filme "A Night to Remember", que fora baseado no livro de Walter Lord 
(com legendas) 
Divulgação Diogo Santos
Dica

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