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segunda-feira, 15 de abril de 2024

Titanic: 112 anos de história recontados na arte de Nathan Oliveira, entusiasta ilustrador brasileiro

Hoje, 15 de abril de 2024, marca a passagem do centésimo décimo segundo ano desde que o navio que nomeia este blog, em sua quinta noite de viagem, colidia com um iceberg às 23:40 de uma noite sem lua durante a primavera no hemisfério norte. Duas horas e vinte após a colisão, que interrompeu sua primeiríssima viagem rumo a New York, o Titanic naufragava sob um mar negro e calmo, levando consigo os sonhos de 1.496 pessoas que nele embarcaram, sepultando para sempre a aura de um TEMPO: aquele em que se acreditava que a tecnologia que a tempos surpreendia e encantava a sociedade, era a solução pra quase tudo [qualquer semelhança com nosso tempo atual ??].

O naufrágio marcou a história da navegação e a sociedade para sempre, sendo massivamente comunicado nos jornais e cinejornais daquele período entre Europa e Estados Unidos e ao redor do globo. E especialmente: causou uma revolução imediata e positiva no que se refere às leis de salvaguarda no mar.

As pouco mais de 11 décadas transcorridas desde então vem se encarregando de apresentar e responder - na forma de intermináveis investigações - muitas das abundantes questões acerca dos detalhes daquela promissora viagem iniciada em 10 de abril e a inesquecível fria noite e madrugada de 14 para 15 de abril de 1912, esclarecendo ou trazendo à luz questões multidisciplinares sobre o desastre.

Mas como não poderia deixar de ser, e como sempre acontece com as grandes e importantes passagens da história humana, o Titanic também se tornou palco de lendas, mitos, sonhos, pesadelos, encantos e fascínio para muita gente... motivos pelos quais ele nunca deixou de estar presente e sempre comentado nos grandes e pequenos círculos da nossa sociedade, quer de forma particular e entusiástica ou mesmo nos momentos em que sua história ressurge com novas descobertas; este ressurgimento foi testemunhado com foco especial para o ano de 1985, quando seus destroços foram finalmente encontrados setenta e três anos após o naufrágio, na madrugada de 1° de setembro. 

Fato este que trouxe à luz - e continua trazendo desde então - respostas que poderiam ficar para sempre confinadas às profundezas do abismo aquoso de quase 4 mil metros de profundidade e escuridão que envolvem os despojos deste gigante do passado que ainda parece comunicar-se estranhamente com a atualidade. E considerando que mais uma vez estamos a colocar toda nossa fé nas tecnologias atuais governadas por terceiros e descarrilhadas pela falta total ou a inadequação das leis que regem tudo o que anda nos conduzindo como sociedade. Leis estas que não seguem no mesmo passo em que caminha o gigantismo inédito do que tem se apresentado nas novas tecnologias das últimas décadas. E tudo isto de maneira análoga aos elos que levaram ao desastre do Titanic. A história vai repetindo-se com ares modernos mas sem a mesma pompa romantizada.

A viagem e desdita do Titanic, por sua natureza carregada de superlativos como "o maior", "o melhor",  "o mais luxuoso", "a primeira viagem"... naturalmente se tornou mote para a sétima arte, o cinema, que mesmo em 1912 já colocava à público a primeira obra inspirada pelo naufrágio com o curta metragem mudo "Saved from the Titanic" ("Salva do Titanic") protagonizado pela atriz Dorothy Gibson. Esta uma real sobrevivente da tragédia, embarcada como passageira de 1ª classe. Um verdadeiro evento histórico-artístico ainda hoje notoriamente incomum (para ser simpático e não dizer bizarro mesmo).

As muitas produções dramatizadas onde o Titanic se faz palco trazidas às telonas, e posteriormente às telinhas  - com a invenção da TV - desde então variaram muito de forma, foco e conteúdo. De toda maneira elas acabaram contribuindo sempre para reviver e reavivar o interesse público sobre o assunto, misturando muitas vezes a realidade e a ficção com personagens reais e ficcionais sendo levados e atingidos pelo desfecho insólito daquela travessia inacabada.

"Titanic", o filme de 1997, dirigido pelo canadense James Cameron, é, entre mais de uma dúzia de outras produções anteriores, o verdadeiro trampolim responsável por popularizar a história do Titanic nas últimas quase três décadas, num misto de realidade e ficção que colocou vivamente o público para experimentar vicariamente aquela tragédia através dos passos e da história fictícia de amor entre o casal igualmente ficcional "Rose e Jack", magistralmente vividos por Kate Winslet e Leonardo DiCaprio.

O filme que concorreu a 14 e venceu 11 estatuetas do Oscar continua levando consigo ainda hoje, mais de vinte e cinco anos depois de lançado, a muitos cinéfilos, entusiastas e curiosos a embarcar nesta jornada histórica de modo sucinto ou esmerado, e segue inspirando muita gente o redor do mundo que se concentra dedicadamente a descobrir e entender a história e detalhes acerca do Titanic. Não há desculpas, de "mamando a caducando", não há viva alma que não saiba pelo menos o que significa a palavra Titanic.

Mas não é apenas o espírito entusiástico e investigativo que faz parte da esteira aquática do Titanic, de modo que para além da sétima arte, o Titanic em seu mar de superlativos também evoca inspiração para aqueles que tem propensão artística, como entusiastas ilustradores, por exemplo, que se esmeram a reviver os passos deste gigante do passado e seu destino final através da ponta dos lápis e canetas, guiados sempre por um espírito curioso que mistura talento e fascínio que pousa sobre tudo isso: A arte ilustrada preenche lacunas que as relativamente escassas fotografias preto e branco da época não foi capaz de preencher. Somente o cinema e a arte inspirada é capaz de materializar e nos fazer ponderar e sonhar  - e ter pesadelos - ao pensar "COMO FOI ESTAR LÁ?"

E é na arte ilustrada e espirito entusiástico de aprendizado, e como forma de relembrar os 112 anos do naufrágio do Titanic com respeito - e extraindo dessa data o seu lado positivo e inspirador aqui no Titanic em Foco - que se deita esta matéria, onde apresento as ilustrações de Nathan Oliveira, 26 anos,  natural de Poá, SP, e morador de Uberlândia, MG. Um talentoso desenhista amigo deste editor, e também apoiador e leitor do Titanic em Foco.

Ademais... Que bom é poder relembrar estes 112 anos de histórias trazendo não apenas lástimas, mas apresentando uma das formas de legado positivo, como é a arte inspirada que o Titanic segue hoje suscitando, e aparentemente seguirá para sempre assim: Se renovando e se reinventando ao navegar pelos mares das inesquecíveis lições históricas e nos corações daqueles que conseguem extrair algo bom e o inspirador dessa epopeia impressionante. Assim como nosso amigo Nathan, que como entusiasta apaixonado imortaliza sua admiração simplesmente exercitando algo que ama e que o Titanic generosamente segue inspirando: ARTE e EVOLUÇÃO.

Nathan Oliveira, 26 anos, ilustrador, Uberlândia, MG

Um lápis: Meu fascínio pela história do Titanic começou em meados de 2012, alguns meses antes de seu aniversário centenário. 

Ao lado: Primeiro desenho que realizei sobre o Titanic ao final de 2011, sem nenhuma imagem de referência, apenas o que eu lembrava sobre sua estrutura e visual. 

Eu tinha 14 anos e estava no computador pesquisando sobre action figures pois gostaria de começar uma pequena coleção a respeito dos filmes dos quais eu mais gostava. Foi quando tarde da noite me veio a mente sobre esse navio, me recordava seu nome perfeitamente e até mesmo o que passou em meu pensamento: “Mas e aquele navio... ‘Titanic’ o nome. Será que existe colecionáveis dele além do filme?”

Comecei a pesquisar sobre no Google e então, algumas maquetes, plastimodelismos e réplicas começaram a aparecer. Com o pouco conhecimento que eu tinha sobre sua história, não demorou muito para que eu abrisse uma segunda aba no computador para pesquisar um pouco mais a fundo, e em questão de algumas horas lendo sua história já tinha prendido a minha atenção. Como costume, gostava de passar na livraria junto a minha mãe sempre que visitávamos o shopping para escolher um livro.

Registro do processo de meu trabalho mais recente ao lado do primeiro livro que comprei sobre o assunto


Naquele dia, não havia um livro em mente que me fizesse entrar na loja, pegar e ir direto para o caixa, passei próximo as prateleiras de canto e acabei batendo o pé em um dos livros que estava quase no chão, mas com a ponta fora da prateleira. Sua capa era prateada, puxei ele e li seu título: “A Viagem do Titanic: Um Navio Inesquecível, Uma Tragédia Histórica” – me brilhou os olhos na hora e não olhei para nenhum outro livro. Através da capa do livro e de algumas ilustrações nele presente, pude ter uma noção ainda maior sobre o formato de seu casco e seus conveses, comecei então a traçar meus primeiros esboços fazendo com que os desenhos seguintes fossem completamente diferentes do primeiro que eu havia feito. 

O último crepúsculo do Titanic


Quando aluguei o DVD de "Titanic" (1997) de James Cameron, o filme me prendeu a atenção do inicio ao fim, mostrando a grandiosidade do transatlântico para sua época, seus detalhes, sua curta história em sua viagem inaugural e seu fim, despertando ainda mais meu interesse em expressar minha admiração com a arte. Tão bem representado que me lembro de passar as férias escolares vendo e revendo inúmeras vezes, todos os dias como se eu nunca enjoasse. 

A gigantesca chaminé sendo instalada no Titanic 


Nos anos seguintes conheci novos entusiastas, sites e blogs relacionados ao assunto, no qual pude compartilhar as coisas que aprendi e também ler e ouvir sobre o que eles tinham aprendido. Em 2012, com o centenário do naufrágio, os grupos relacionados ao tema e os jornais faziam seus especiais relembrando com simulações, fotografias e citações, além do grande relançamento do filme de 1997 em 3D,  que naquele ano acabei não indo assistir nos cinemas. 

 HMHS BRITANNIC em PAPEL KRAFT 


A cada dia que passa, aprendo algo novo com os conteúdos e amigos que o Titanic me trouxe. Ainda que cheio de seus mistérios, ele intriga e fascina por sua jornada. 

Hoje, com 26 anos, minha admiração por ele só aumentou. Os trabalhos exibidos aqui trazem a mim e a quem me acompanha, bons momentos de uma época que não voltará, mas que serão magnificas lembranças para o resto da vida. 

Ao lado: Paixão permanentemente registrada no braço

“O Titanic afundou mas renasceu do abismo através das minhas artes, através do poder que um simples lápis de escrever tem e através da mágica que um simples lápis de cor pode fazer. Arte é além de um simples rabisco ou esboço: é a alma se expressando e trazendo luz em meio a escuridão.” 

Sobre os 112 anos A história do Titanic é algo impressionante. É recheada de mistérios, curiosidades, dúvidas e reflexões. A cada livro novo lançado, a cada mergulho no campo de seus destroços e a cada imagem nova revelada, podemos aprender um pouco mais a respeito dele. De sua superestrutura, de seu legado, de seus passageiros.  E, por mais que busquemos respostas ou tentamos compreender a gravidade de algumas situações, há dúvidas que nunca serão solucionadas, permitindo assim que vá da imaginação e interpretação de cada entusiasta. Podemos perceber como esse símbolo (que um dia foi trunfo da engenharia) era de extrema importância para as pessoas: uma revolução em tecnologia para sua época e para seus construtores. Símbolo do esforço e dedicação das pessoas que prenderam cada rebite em seu casco, símbolo dos sonhos de cada um dos passageiros que nele embarcou para uma viagem pelo Atlântico para recomeçar a vida em um ambiente diferente.

São 112 anos de um "conto" que as vezes, é quase impossível de acreditar que realmente aconteceu. Visto que levantamos as informações dos atos de heroísmo, de vitimismo, de desespero, de ascensão e de queda. O Titanic é o símbolo perfeito de demonstração do auge em que o homem pode chegar, mas também o símbolo perfeito para mostrar que nós somos tão frágeis perante a Mãe-Natureza.

São 112 anos de uma história que cativa crianças, adolescentes e adultos a demonstrarem seu tamanho carinho, paixão ou encanto através de uma leitura, uma live, um vídeo animado ou fotográfico e até mesmo, pela ato da pura arte. E dessa forma, permanecerá.

Do gigantismo ao tamanho de uma moeda: RMS Olympic e RMS Titanic




Como me influenciou e me inspirou Ele tem me influenciado positivamente como uma representação de um desafio. Cada detalhe em seu casco ou no ambiente em que esteve presente, me faz pensar que sou um Artista capacitado para realizar tamanha representação através do meu maior Hobbie: a ilustração e a pintura. Cada arte que desenvolvo, aprendo algo visual novo, aprendo informações históricas que antes nunca tinha lido ou ouvido falar. Apenas digo que cada desenho que faço tem se baseado em livros e documentários, seja de um relato que me deixou impressionado ou de uma curiosidade que eu nunca tinha ouvido falar até aquele momento.

As inspirações ficam por parte de cada resultado final que entrego. Pois considero cada novo trabalho o "meu melhor" em relação ao seu antecessor, e cada novo trabalho quanto mais detalhado for mais eu compreendo que estou me expressando da forma que eu queria em relação a esse navio que tanto amo.

Arte Digital: Visitas ao Abismo












O que penso sobre o Futuro dessa história? A história em si já é algo que eu vinha me questionando a muito tempo: tantas outras coisas já aconteceram no mundo [e cada uma delas tem seus próprios segredos e fantasmas] mas, "Qual o motivo desta ser especial? Por que esse navio? Por que este naufrágio em específico?" - essas perguntas eu me fazia com muita frequência, depois que comecei a me aprofundar mais um pouco nos documentários, pude concluir que por mais que existam super produções impactantes ou um simples vídeo representativo, a vida que existia no Titanic em 1912 são a ponta do iceberg para personagens tão cativantes, não é apenas um navio que afundou no mar, há inúmeras história sobre aquelas pessoas que jamais serão ouvidas [ou pelo menos, por enquanto, ainda não foram contadas], o conhecimento que temos sobre ele até o momento pode ser 2 ou 3% de 100%. Quando achamos que ele sai das notícias, de repente, algo novo é descoberto e ele é relembrado nos jornais e nos blogs sobre o assunto. 

Procuro pensar que futuramente teremos mais informações sobre ele e seus passageiros, mais informações sobre sua construção ou até uma versão reimaginada de seu naufrágio, que pode causar uma reviravolta em tudo o que sabemos ou achamos que conhecemos. Ele faz parte da cultura pop no mundo e tem se revelado dentro de seu tempo. É uma história que será contada e recontada pelos próximos 100, 200 anos (mesmo que ele já não esteja mais no fundo do mar nos centenários seguintes) e isso, graças a todas as homenagens, museus, fãs e super produções feitas por pessoas que visam manter a história dele viva.

 Arte Digital: Ao Cair da Noite 



Por que a história ainda é comentada? Há mais histórias nos navios antigos do que nos atuais, e não digo isso apenas pelo avanço da tecnologia no mundo, mas pelas formas manuais em que as coisas também aconteceram no século passado. O tempo, o cansaço, o desgaste, as brigas entre os trabalhadores, as manifestações por parte das mulheres, desde as músicas, a forma de se vestir e se comportar, o diálogo elegante, cada detalhe feito a mão por decoradores tornam essa uma das histórias únicas do século XX que facilmente pode chamar a atenção sem nenhum esforço ou um texto forçado. Basta você pesquisar pela primeira vez, que cada palavra chave utilizada em um texto, despertará sua curiosidade que te levará a caminhos diferentes, permitindo que você tire as suas próprias conclusões e conheça pessoas que estão com o mesmo objetivo que o seu: compartilhar seu entusiasmo por ele [Titanic].

Saindo de Southampton e entrando para a história



Como pretendo levar essa inspiração para o futuro? Meus desenhos são a melhor representação sobre a minha personalidade. É através deles que mostro um pouco de mim para o mundo. Dentre todas as coisas que desenhei desde a minha infância até minha vida adulta, posso te garantir que desenhei mais "Titanic" do que qualquer outro objeto. Sinto minha evolução em cada pesquisa que faço para um desenho, sinto minha vontade de aprender mais em cada técnica que uso para representá-lo, e essa mesma técnica reaproveito quando quero fazer um desenho diferente, que me traz o resultado satisfatório. 

Alguns processos de pintura




Já ouvi dizer das pessoas que, em algum certo ponto da vida, a forma que me expresso nos meus desenhos as fizeram enxergar de uma outra forma as coisas, seja com alegria, cores vivas ou tristeza com cores muito frias. Quero levar para o futuro exatamente essa inspiração. A inspiração  onde cada um que ver, consiga ter seus próprios entendimentos, suas conclusões e sua forma de representação. Gosto de ler comentários, gosto de elogios, aceito as críticas positivas e também as negativas, pois é dessa forma que me vejo maduro para saber levar as coisas adiante.

Detalhes na grande chaminé






"Dedico esses desenhos aos meus melhores amigos Titânicos, que acompanharam minha evolução de 2012 até o momento e também aos meus familiares, por me motivarem a ilustrar as coisas que amo."

Créditos
Depoimento e fotos: Nathan Oliveira
Introdução e edição de texto e imagens, Rodrigo, Titanic em Foco