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sexta-feira, 27 de junho de 2025

Memórias do grande filme: Ken Marschall , o artista e historiador que auxiliou o Titanic a ressurgir e naufragar novamente em 1997

Via Ocean Liners Designs, YT Channel

Ken Marschall, nascido na Califórnia em 28 de outubro de 1950, é um historiador, pintor e ilustrador estadunidense, conhecido por suas obras sobre navios transatlânticos famosos, como RMS Titanic, RMS Lusitania e HMHS Britannic, Andrea Doria, entre outros. Suas pinturas foram usadas em muitos livros sobre o Titanic, mais notavelmente em suas representações do naufrágio. Marschall serviu também como consultor em muitos filmes e documentários sobre o Titanic, incluindo "Raise the Titanic" (1980), "Titanic" (1997) de James Cameron, Ghosts of the Abyss (2002), no qual ele também apareceu atuando no papel de J. Bruce Ismay, o proprietário do Titanic, e Death of a Dream e The Legend Lives On, da A&E Networks.

"Em 1995 eu fiquei sabendo que James Cameron estava no Atlântico Norte e algo sobre ele estar filmando os escombros do Titanic para uma grande produção de cinema. E isto me pareceu inacreditável!" 

Eu tinha feito uma pintura matte para Cameron no passado, em 1984, para a cena final de "O Exterminador do Futuro", então eu já havia tido uma pequena experiência em trabalhar com ele. Eu sabia que tipo de perfeccionista ele era. Mas no momento eu mal podia juntar dois e dois, eu não podia acreditar que este cara, finalmente, um diretor-roteirista, estava interessado em fazer um projeto relacionado ao Titanic que realmente se importaria sobre os detalhes. E eu sabia que ele se importaria. 

Eu tive experiências com diretores antes, e não tinha sido a mesma coisa. Então eu peguei o telefone e rastreei onde James Cameron estava operando, na Lightstorm em Santa Monica, California. Eu liguei pra lá e conversei com John Bruno, que naquela época era o cara dos efeitos especiais. Eu me identifiquei e disse que Don Lynch e eu havíamos escrito um livro ilustrado chamado "Titanic an Illustrated History" poucos anos atrás e que nós adoraríamos trabalhar fornecendo informações para ele de alguma maneira. John Bruno me cortou e disse "Ah sim, James sabe sobre o livro, ele conseguiu o livro. Há várias copias espalhadas por aqui ao redor. E ele gostaria de falar com vocês meninos. Vamos combinar algo". 

Então eu achei que tinha morrido e ido para o céu. E em poucas semanas, Don Lynch e eu estávamos sentados no escritório de James Cameron em Santa Monica e falando sobre a criação do incrível sucesso de bilheteria que Titanic viria a se tornar. Ele nos contou sobre a expedição da qual ele tinha acabado de voltar, onde gravou cenas nos destroços reais do Titanic, tomadas que ele incorporaria no filme. Ele esperava que aquelas cenas dos verdadeiros destroços seriam boas e interessantes o suficiente para que os executivos da Twenty Century Fox ficassem tão impressionados a ponto de financiar a ideia que ele tinha de fazer o seu enorme e incrível blockbuster, seu filme épico na realidade. Ele nos contou como apresentou o conceito do filme aos executivos da Fox como sendo, em termos simples, "Romeu e Julieta no Titanic" e, usando nosso livro, apontou para várias pinturas que eu havia feito e disse: "Eu consigo fazer isso. Quero dar vida a isso." Muitos outros filmes foram feitos sobre o assunto ao longo das décadas, mas todos eram imprecisos, alguns de forma indesculpável. Jim, como Cameron preferia ser chamado, não queria nada disso. "Se houver alguma maneira de fazermos isso, é isso que eu quero fazer. Isso tem que estar certo."

Don Lynch e Ken Marschall nos bastidores das gravações. Don Lynch é historiador da Sociedade Histórica do Titanic. Ele foi coautor do livro "Titanic: Uma História Ilustrada" em 1992 com Ken Marschall e, posteriormente, coautor de "Ghosts of the Abyss". Lynch possui uma extensa coleção de memorabilia do Titanic e um conhecimento ainda mais amplo sobre o assunto, tendo pesquisado o RMS Titanic junto com Marschall desde o início da década de 1970. Sua pesquisa inclui entrevistas com sobreviventes do desastre marítimo e mergulhos no naufrágio do Titanic no fundo do Oceano Atlântico. Ele colaborou com vários outros autores e documentaristas como consultor e fornecedor de material de arquivo. Lynch apareceu em vários documentários e também aparece, sem créditos, no filme como o passageiro Frederic Spedden. Em sua cena, ele observa o filho de seu personagem girar um pião no convés da primeira classe. Ele também interpretou o projetista do navio, Thomas Andrews, em cenas de reconstituição do documentário Ghosts of the Abyss de James Cameron.

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No começo de 1996 eu fui formalmente contratado em comecei a trabalhar com o departamento de arte na Lightstorm com os designers cenográficos e os desenhistas, e mesmo com o departamento de figurinos para a criação da moda daquele período de modo correto. Eu quero dizer que, disponibilizando todo o meu material de época, eu tinha muitas revistas daquele período, periódicos, e muito mais, com ilustrações de moda, fotografias e tudo mais. Então, é claro, tudo aquilo eu coloquei a disposição.
 
Após vários meses na Lightstorm, com os cenários em grande parte prontos, transferi-me para um enorme hangar de aviões antigo nas antigas instalações da Hughes Aircraft em Playa Vista, onde a Digital Domain estava ocupada se preparando para começar a trabalhar nas miniaturas. Lá, como havia feito em RAISE THE TITANIC quase duas décadas antes, circulei entre a equipe tentando garantir que todos tivessem todo o material de referência necessário à mão e que quaisquer perguntas fossem respondidas rapidamente. Com várias miniaturas do Titanic sendo construídas em escalas variadas, dois rebocadores de Southampton, uma balsa de Cherbourg chamada Nomadic e vários interiores, foi uma tarefa assustadora para um homem que simplesmente não podia estar ao lado de todos ao mesmo tempo. Mas, apesar de alguns erros, inevitáveis ​​em um projeto tão gigantesco, resultados surpreendentes foram alcançados. A maior das miniaturas era o modelo em escala 1/20 (13,5 metros) do Titanic completo, enquanto partes do navio eram modeladas em várias escalas maiores. Eram imensas e de tirar o fôlego de se ver, com cada rebite meticulosamente aplicado.


"Era uma gigantesca casa de brinquedo"

Vivenciar o cenário lá no México, tanto os cenários internos quanto os externos do navio, foi uma experiência absolutamente inexplicável, indescritível, que guardarei para o resto da minha vida. Você parava de pensar naquilo como um cenário muito rápido, e todos nós simplesmente nos referíamos a ele como um navio. Entre as filmagens "Ok, agora há um intervalo de duas horas. Eles vão todos almoçar ou jantar. Eu vou a bordo do navio. Quem quer vir?" 

E nós subíamos e simplesmente andávamos por ali. Era uma gigantesca casa de brinquedo, por assim dizer, para um aficionado por história do Titanic, um contador de rebites. Você se esquecia tão rapidamente que era um cenário de filme. Havia tantos detalhes que haviam sido incorporados ao cenário. E você aprendia muito sobre o que eles fizeram naquela noite do naufrágio e o que eles passaram, e por que as pessoas reagiram de de tal maneira a certas coisas porque estávamos reencenando tudo. Era como ter insights o tempo todo sobre os fatos históricos. 




"Você esquecia que aquilo estava inclinado"

Por exemplo, o navio, quando foi reposicionado durante as férias de Natal entre 1996 e 97, e depois reerguido em um ângulo de seis graus para as sequências de naufrágio que viriam nos meses seguintes. Foi incrível a rapidez com que nos acostumamos com aquele ângulo de seis graus, simplesmente você se acostumava. Depois de andar pelo convés por apenas alguns minutos, você esquecia que aquilo estava inclinado. Agora, por que isso é importante? Isso leva direto ao fato de que os passageiros não estavam tão preocupados no início do naufrágio. Você sabe que muitos acreditavam que o navio não ia realmente afundar. Você pensa... bem, como isso poderia ter sido a 1:15 da manhã? Veja o ângulo em que o navio estaria nesta hora. E isso nos deu uma experiência de teste em tempo real de como é estar em um navio que está a seis graus. E você se acostuma notavelmente com isso e não percebe o ângulo depois de um tempo. 



"Guindastes cedendo e oscilando enquanto eles liberavam as cordas"

E outra coisa eram os guindastes dos botes salva-vidas. Os que foram construídos para o set de filmagem foram feitos pela mesma empresa que construiu os guindastes originais para o Olympic e o Titanic, a Wellin Company. Por questões de leis de seguro, eles tiveram que reforçá-los para a produção do filme. Os guindastes originais eram bem finos e delgados, então eles os fizeram extra grossos e extra fortes, e o resultado é que eles não se pareciam exatamente com os guindastes originais. Mas a maneira como funcionavam e a maioria dos detalhes eram recriações muito boas. E apesar de sua resistência e rigidez extras, quando os botes salva-vidas cenográficos eram lançados, você via o topo desses guindastes cedendo e oscilando enquanto eles liberavam as cordas. 


Cameron disse, "eu pensei que eles iam se soltar do convés". Então, se isso sucedeu com esses guindastes extra robustos de 1996... você pode imaginar como eram os guindastes de 1912, o quanto eles devem ter se movido, e o quão nervosos essa visão deve ter deixado os passageiros no convés assistindo aqueles botes salva-vidas serem lançados.

Mais uma razão clara e óbvia pela qual as pessoas hesitavam em entrar nos botes salva-vidas durante o naufrágio, embora eu não tenha lido especificamente nenhum relato de passageiros, de sobreviventes dizendo 

"Ah, e você deveria ter visto o topo daqueles guindastes! Eles balançavam para frente e para trás"

Nunca li nenhum relato sobre isso, mas eles devem ter visto. Certamente viram, porque os nossos guindastes eram realmente assustadores. 



"Não existe perfeição, ponto final"

Apesar da tendência de Cameron de querer que tudo fosse preciso, houve algumas coisas, alguns erros óbvios e inevitáveis. Como eu disse, era como travar uma guerra: Você tem centenas de pessoas na construção e assim por diante, e pequenas coisas passam despercebidas, há pequenos erros nas miniaturas, nos cenários ou no gigantesco cenário do navio. E, claro, as pessoas na internet tiveram dias de glória desde então... "Ah, esse equipamento está no lugar errado, e essa escada não estava realmente lá". Então, isso é inevitável.

Não existe perfeição, ponto final. Mas houve algumas coisas que foram feitas de forma deliberadamente imprecisa com os cenários, e isso é um tipo de coisa interessante. Como, por exemplo, no salão de jantar da primeira classe. Há pequenas luminárias em todas essas mesas, e Cameron sabia que era um erro, que era uma coisa duvidosa a ser representada. E na primeira vez que fui ao cenário depois que tudo já tinha sido instalado, ele me chamou de lado imediatamente para se desculpar e explicar sobre as luminárias sobre as mesas.




Ele disse: "Bem, eu sei que tecnicamente a fotografia do Padre Francis Browne tirada na hora do almoço não mostra abajures em nenhuma das mesas, e não há outras fotografias do salão de jantar real do Titanic, certo?" 
E eu disse, "sim, é verdade". 
Ele disse: "Ok, mas nós temos esta ilustração do restaurante à la carte do Olympic e há abajures nessas mesas e não havia abajures no Olympic nos anos posteriores." 
E eu, "Sim"
Ele: "Então, meu pensamento é, já que preciso de mais luzes nos meus atores, se eu puder colocar abajures lá, não podemos tecnicamente provar que o Titanic não tinha abajures de mesa para o jantar nas mesas do salão, certo?" 
E eu disse, "Ok, eu vejo sua lógica aí. Eu acho que está errado.
Ele disse então, "Eu sei que provavelmente está errado, mas eu tenho que fazer isso porque se eu tiver apenas as luzes no teto, é como se estivéssemos em um refeitório, ou sentados em uma estação de ônibus. Eu tenho que ter um pouco de luz."



Então, essa foi uma das coisas que ele fez de propósito. Outra foi adicionar luzes de convés extras nos alojamentos do convés de botes e ao longo do navio. Percebi isso imediatamente, porque já tinha orientado cuidadosamente a posição de cada rebite no lugar certo. 


"Por que todas essas luzes extras?", Perguntei. Ele disse: "Eu seide novo - não posso ter apenas a luz azulada adicional noturna para iluminar o navio exteriormente. Eu coloquei mais luzes nos alojamentos de convés. Fizemos testes e funciona melhor se eu colocar mais luzes nos alojamentos do convés." Então, droga! Claro! sendo o perfeccionista que eu era, isso estava me partindo o coração. Então, houve algumas coisas que foram feitas conscientemente, chamemos de licença cinematográfica, licença artística. 




"Oh Deus, aí vem o Ken!"

Aqui está um terrível erro - novamente, desculpe Cameron! - mas isto não teve a ver com Cameron, mas com o pessoal da Digital Domain e com as pessoas trabalhando lá, aqueles que estavam trabalhando nas miniaturas. Então lá eu estava novamente tentando ter cada rebite no lugar certo - eu não estava sujando minhas mãos lidando com os rebites, isto era tarefa para outras pessoas -, mas eu estava provendo as fotografias e planos  para ter isto tudo muito acurado. Para metade da equipe na Digital Domain, os artesãos, os construtores de modelos, eu era um enviado de Deus, porque eu  podia responder suas questões, então era como "Oh Deus, aí vem o Ken!". A outra metade odiava minha existência! "Ah! Aí vem o Ken!. Vamos colocar este duto de ventilação no lugar errado para irritá-lo!"

E eu não estou brincando! Então eu dei uma volta e disse:"Estes dutos, você os fez todos iguais! Cadê minhas notas com as fotos? Aqui eles, veja! Eu fiz um guia especialmente para você sobre como todos est..." [Interrompido com] "Não há necessidade em fazê-los todos diferentes, é apenas um filme! Nós os fizemos todos iguais." Eu: "Cameron sabe que você pensa assim? Porque o que ele me disse foi para que eu garantisse que todos os modelos fossem corretos". Então ficávamos indo e voltando desse jeito. Em algumas coisas eu vencia e era capaz de mudar e torná-las corretas. Em outras coisas não. Eu não tinha tempo suficiente, ou era algo muito acima do orçamento. Ficaram apenas boas o suficiente. Então nós tínhamos disputas, confrontos. Uma vez eu me lembro de apenas dizer "Eu não vou vir aqui mais, isto é perder meu tempo, eu estou apenas te irritando, finalize este modelo do jeito que quiser". Então alguém soube sobre aquilo: "Não! James Cameron quer que você volte ao estúdio, ele realmente quer você aqui, precisamos resolver isso".

Aqui está um eros que não foram corrigidos, neste caso com as chaminés. Elas são muito estreitas olhando o navio diretamente de frente. Como isso aconteceu eu não sei. Eu não fiz as chaminés, eu forneci os planos, as fotografias, os projetos de convés e os detalhes para fazê-las. Alguém as produziu exageradamente elípticas. Então elas parecem ótimas de perfil, mas quando o navio etá navegando na sua direção, de frente para você... Até hoje eu penso Oh...!

Via Ocean Liners Designs, YT Channel
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"Não tínhamos orçamento para ficar brincando"

Num dia eu fui até lá e as chaminés tinham apenas as estruturas internas, algo como o formato delineado em madeira e eu perguntei: "Isso vai ser uma chaminé? Eu espero que não". "Ah sim, estes são nossos gabaritos para serem revestidos em metal", [elas foram feitas em metal]Então eu disse "Não, não não! Vamos pegar as referências. Olha para o formato oval, é uma elipse muito mais larga, não é tão fina". [A responta] "Bem... nós não vamos mudar isso agora". Enfim, isto é o que você enfrenta na indústria dos filmes, você lida com esse tipo de coisa o tempo todo. 

Então isso foi discutido e um dos chefes lá avaliou sobre. Ele disse, "Sim, você tem razão, aquilo não está correto. Se você puder nos alcançar as dimensões corretas, e nos enviar via FAX esta noite". Eu disse, "Está bem aqui! Mas eu envio novamente esta noite tão logo eu chegar em casa, sobre as dimensões que deveria ter". E eu enviei assim que cheguei. Então voltei nos dias seguintes e eles tinham ido adiante e as feito da maneira errada assim mesmo. Bem, nós não tínhamos orçamento para ficar brincando com isso, e tínhamos que manter a paz. Estas são algumas das frustrações quando você está em qualquer projeto que seja.  

"Uma das minhas maiores emoções e satisfações é a beleza do conjunto da grande escadaria."


É difícil para mim imaginar que mais de 20 anos se passaram desde o lançamento de Titanic. E isso me faz lembrar de todas as diferentes memórias que guardei do trabalho no projeto, do trabalho com Cameron, dos pontos altos e baixos. Sabe, qualquer projeto como esse será repleto de frustrações. Mas eu me lembro dos momentos emocionantes, das coisas que realmente me impressionaram mais. E tudo começou quando ajudei o departamento de arte com todo o meu material de referência, fotografias e imagens de pesquisa que eu havia coletado desde o final dos anos 60. E objetos do Olympic que eu também havia colecionado, peças reais de madeira esculpidas pelas mesmas mãos que trabalharam no Titanic.

E tive a sorte de adquirir um balaústre de ferro forjado e bronze dourado do Olympic, que de repente acabou virando sobra na Inglaterra. Tive a sorte de entrar em ação e fazer essa compra para minha coleção. Assim, tínhamos uma seção exata do balaústre para a grande escadaria, a partir da qual pudemos fazer moldes para torná-la perfeita para o cenário do filme. Uma das minhas maiores emoções e satisfações é a beleza do conjunto da grande escadaria. Em grande parte por causa das peças do Olympic, com as quais pudemos fazer moldes.




Outras peças da minha coleção eram lustres do Olympic, por exemplo. Tenho alguns lustres com contas de cristal que ficavam nas áreas da escadaria, exatamente iguais àquele que Bob Ballard fotografou pela primeira vez em 1986 usando seu ROV Jason Jr, quando encontrou os destroços do Titanic. E assim pudemos fazer moldes a partir dele e fazer reproduções exatas para o cenário do filme. 

"Você se sentia como se tivesse saído de uma máquina do tempo"

Também tenho algumas luminárias octogonais de teto da sala de recepção, também usadas no salão de jantar. Na década de 1920, eles mudaram o vidro das do Olympic. Era um tipo diferente de vidro, mas a moldura de latão dourado é idêntica à do Titanic. Eles conseguiram moldes maravilhosos a partir disso e nós os reproduzimos perfeitamente para o filme. Então, essas foram fontes de incrível satisfação para mim. 

A doca da White Star  recriada no México foi outra coisa que eu nunca imaginei no começo que seria tão precisa. Eu estava tão focado no navio e em seus interiores, naturalmente, e assim por diante, mas forneci todo tipo de material de referência para a aparência dos galpões na doca da White Star em 1912, o pier de numero 44. E então, meio que saiu do meu controle e os caras lá no México fizeram o que queriam. E a primeira vez que fui lá, em outubro de 1996, lá estava este galpão da doca da White Star, praticamente concluído, pelo que me lembro. E era tão impressionante quanto o próprio navio. Você se sentia como se tivesse saído de uma máquina do tempo e estivesse ali no cais. 




Nada escapou ao olhar de Marschall
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Uma das características das quais eu também tive muito orgulho foram os grandes cabrestos de amarração que eram fixados na borda do cais. Eram coisas enormes, feitos pela Thornycroft naquela época. No final dos anos 80 eu tinha ido para a Inglaterra com um amigo e fizemos muita pesquisa. Naquela época você podia andar livremente pelo antigo cais da White Star ou pelo que depois se tornou o Ocean Dock posteriormente. Foi lá que o Queen Mary e o Queen Elizabeth atracaram e tiveram longos, longos anos de serviço. 

E lá estavam esses postes de amarração originais que foram instalados quando esses novos cais foram construídos em 1909 e 1910, e ainda estão lá, ainda em uso hoje. E no final dos anos 80 - isso é típico de mim, eu não consigo me conter, nunca sei quando um projeto vai surgir e eu posso precisar dessas informações - então lá estava eu, medindo. Eu tinha uma fita métrica comigo e medi este poste com precisão de enésimo grau, fotografando-o de todos os ângulos. Encontrei aquele que tinha a marca Thornycroft mais bem preservada na base.

Fotografei aquilo, fiz um traçado, sem saber que seria usado para alguma coisa. Mas eu estava lá, e registrei isso. E foi útil para o filme anos depois. E dei todas essas fotos e medidas para os caras dos adereços. E não sei se foi feito em Hollywood ou no México, mas as pessoas fizeram esses postes de fibra de vidro, e eles saíram perfeitos. Quer dizer, eles ficaram exatamente como os que estão lá em Southampton. 



"Foi como remover pequenas fatias de um pão ao longo de todo o navio"

Houve alguns desafios na construção do grande cenário externo, o "Stage One", como era chamado. Esses desafios giravam em torno do fato de que o tanque em que ele deveria caber só podia ter um tamanho limitado. E, claro, a Fox estava tentando economizar dinheiro no orçamento. Então, surgiu a ideia de tornar o navio mais curto do que realmente era. Em vez de 269 metros de comprimento de ponta a ponta, optaram por encurtá-lo em cerca de 10% para que ele se encaixasse melhor, assim economizando algum dinheiro. 




Bem, isso implicava que não se podia simplesmente encolher o navio inteiro, porque eles queriam que o navio tivesse a altura e a largura corretas. E então começamos a mexer nas proporções. Para deixar as chaminés na proporção correta, eles tiveram que reduzi-las em 10% para que ficassem espaçadas corretamente ao longo de todo o comprimento do casco. E o que eles fizeram foi como remover pequenas fatias de um pão ao longo de todo o navio, tirando alguns metros aqui e ali e juntando tudo novamente. E foi assim que eles truncaram o navio e o tornaram um pouco menor do que realmente era historicamente. 

Isso significava que os guindastes dos botes salva vidas, se fossem deixados no espaçamento correto, ficariam muito distantes e não funcionariam no novo convés encurtado. Então, os botes salva-vidas foram feitos cerca de 10% menores do que realmente eram em 1912. Talvez fossem 15%. Está um pouco vago na minha memória agora, mas aqueles botes salva-vidas que você vê no filme não são tão grandes quanto os reais... eles não têm os 9 metros que tinham no navio real. 

"A grande escadaria foi criada um pouco maior"

Mas em contrapartida a isso tudo, o cenário da grande escadaria foi criado um pouco maior. Se você olhar para o relógio da escadaria, bem naquela parede frontal com as escadas descendo e o patamar central, e então o patamar em forma de leque abaixo dele, você notará que é um pouco mais largo que nas fotos de época do Olympic, que foi utilizado como referência. 

O painel do relógio é preciso, na escala correta, mas uma pilastra extra foi adicionada em cada lado do painel do relógio. Por que isso foi feito? Se Cameron Cameron estava tão atrás da precisão, por que isso foi alterado? Bem, a razão é que as pessoas são maiores hoje do que eram em 1912. E ele fez testes com pessoas tentando passar umas pelas outras nas escadas, usando seus coletes salva-vidas. E ele disse, "é muito apertado". Você sabe, o homem americano médio hoje é cerca de dez centímetros mais alto do que era em 1912, e é uma diferença dramática. E então todos discutiram e decidiram que o que faríamos era apenas tornar a escada um pouco mais larga para que os atores parecessem estar na escala correta. 




"Não há navios como estes flutuando por aí hoje em dia"

Além do cenário externo, com tantos detalhes e acabamento até o último rebite, o que era impressionante o suficiente, fiquei muito feliz que eles realmente fizeram um esforço para reproduzir a curvatura sheer do navio. Essa curvatura é a que você vê externamente no meio de um navio daquela época. A proa é alta, a popa não é tão alta, e o meio do navio é arqueado mais para baixo. Essa era uma característica de design comum entre todos os navios até os anos 1950 e até mesmo os anos 60. E é difícil de fazer, é complicado e caro. 



E eu estava preparado desde o início para que Cameron dissesse, "Olha, nós simplesmente não podemos nos preocupar com isso. Teremos que deixar o casco basicamente plano. Talvez possamos levantar um pouco a proa e a popa, mas  tentar entender isso vai realmente atrapalhar e atrasar o processo". Mas, para seu crédito, Cameron queria a curvatura ali. Ele disse que tinha que se parecer com um transatlântico de 1912. Então esta curvatura está lá no set e eu nunca me canso de apreciar isso, junto com os maravilhosos rebites ao longo do casco. Não há navios como estes flutuando por aí hoje em dia.

"Você percebe que está testemunhando a história do cinema!"

Quando eles se prepararam para as câmeras rodarem, com os atores e figurantes alinhados nos conveses, eles ligaram uma máquina geradora de vapor nas chaminés que enviariam um pouco de fumaça para fora dos dutos de exaustão, então elas começaram a produzir de fumaça. Em função da direção dos ventos predominantes lá em Rosarito no México, e essa dispersão da fumaça na direção correta, isso é a razão pela qual todo o conjunto  do cenário do navio foi construído na posição e ângulo que foi feito. 

Foi pensando dos ventos predominantes naquela região, assim a fumaça sopraria geralmente para trás. Então quando você coloca esses figurantes no navio e as câmeras começam a filmar, e essa fumaça está saindo das chaminés e o Titanic está se preparando para deixar a doca... simplesmente não há palavras para descrever isso! Você se belisca, você percebe que está testemunhando a história do cinema! Provavelmente desde que Cecil B Demille filmou os Dez Mandamentos nunca houve um cenário tão vasto, complicado, com todas as peças e todas as engrenagens funcionando, e de tal escala. Foi simplesmente emocionante.



Em outubro de 96, quando eu fiz minha primeira visita ao Fox Baja Studio, onde os cenários estavam em estágio avançado de construção, algumas das chaminés estavam no lugar, as casas do convés estavam sendo construídas e Ed Marsh, o documentarista, estava me seguindo com sua câmera de vídeo. Esse era o trabalho dele, obter minhas primeiras impressões como historiador visual - como fui creditado - vendo o navio, vendo o cenário pela primeira vez e andando por lá. Quais seriam minhas impressões, quais seriam minhas reações.  



"É tão incrível estar aqui vendo o Titanic tomar forma novamente depois de todos esses anos, depois de 30 anos estudando tão atentamente e pintando o navio tantas vezes, centenas de vezes para vários projetos de livros e assim por diante. Ver isso em três dimensões e estar aqui, estou absolutamente sem palavras. Lágrimas rolaram nos meus olhos quando entrei aqui pela primeira vez." 
[Ken Marschall em declaração feita por ocasião de uma das visitas ao set ainda em construção em 1996]




Nós fomos até o topo dos alojamentos dos oficias e eu olhei para cima e conversamos na frente das chaminés falando sobre isso e aquilo: 

"Bem, nós estamos no topo dos aposentos dos oficiais, e aqui exatamente abaixo estava a escadaria de primeira classe, a escadaria da proa,  e eu não posso te dizer o que mais me emocionou. Acho que uma coisa recorrente como artista que eu tenho sido tão atento ao longo dos anos é a cor real das chaminés nos navios da White Star Line. Nas obras de arte que foram produzidas e modelos que têm se construído do Titanic ao longo dos anos, a cor das chaminés é um tom muito difícil de conseguir, a maioria das pessoas o replicam muito amarelo pelo que me parece. E em meus anos de pesquisa, cheguei ao que considero ser a cor correta para o White Star Buff, e dei a eles uma amostra. Mas você nunca sabe se eles vão copiar a amostra e fazê-lo com precisão, mas eles fizeram isso neste caso! E não consigo encontrar nada de errado nesta cor, eles recriaram essas chaminés na cor certa, é simplesmente surpreendente!"

"Eu só poderia sonhar em andar em uma recriação de um navio virtualmente do tamanho real"


Chegou um momento depois de 10 minutos ou mais, foi aqui que parei e perguntei ao Ed, "Desculpe, você poderia me dar uma alguns minutos sozinho aqui?". Ele disse "eu entendo perfeitamente", e foi embora. E eu tive alguns minutos para apreciar em pé no que era virtualmente um Titanic em tamanho real sendo erguido, sendo reconstruído em 1996. Simplesmente surreal! O que eu quero dizer é que alguém como eu só poderia sonhado durante todas as décadas que eu tinha estudado o Titanic e pintado o Titanic e tentado trazê-lo de volta à vida do meu jeito, eu só poderia sonhar em andar em uma recriação de um navio virtualmente do tamanho real como aquilo, mesmo que as chaminés tivessem apenas noventa por cento do seu tamanho total. Mas elas eram ainda grandes. E as alturas do conveses eram as corretas, e foi tão impressionante e tão comovente para mim que eu tive que pedir ao Ed por um momento a sós. É difícil até mesmo falar sobre isso hoje, acho que choro facilmente, quanto mais velho fico, mais fácil é chorar, embora essa seja uma das memórias que sempre ficará comigo.

A grande pintura sobre a lareira do cenário da sala de fumantes da primeira classe é uma cópia da original [que afundou com o Titanic], intitulada Porto de Plymouth, pintada a óleo pelo lendário artista britânico Norman Wilkinson. Nenhuma fotografia da pintura original era conhecida pelos historiadores quando o filme estava sendo planejado, e sabíamos que teríamos que inventar alguma composição imaginária. 

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Quando o departamento de arte estava prestes a enfrentar esse desafio, uma pequena reprodução em preto e branco apareceu, uma página amarelada de uma publicação antiga, se bem me lembro, aparentemente encontrada naquela época entre os pertences do falecido artista. Usando apenas uma fotocópia disso, um artista da equipe da Lightstorm fez uma versão em acrílico da pintura em tamanho real para ser avaliada por Cameron. 

Ele achou que parecia inacabada, e percebemos vários detalhes faltantes e discrepâncias entre a pintura e a fotografia antiga. Ele me propôs o desafio de adicionar mais detalhes, ampliando o céu e a água e revisando tudo para dar uma aparência mais acabada. Acredito que foi nessa época que uma fotocópia colorida foi encontrada. 

Com um pouco de sorte, o filho do Sr. Wilkinson, Rodney, que também era artista, havia recriado recentemente a pintura no estilo de seu pai, para ser exibida no Museu Marítimo de Southampton, usando anotações que seu pai guardava enquanto trabalhava no original para o Titanic. 

Embora eu tivesse apenas as duas fotocópias relativamente pequenas, com essa referência de cor adicional, iniciei na repintura da tela, fazendo inúmeras alterações e melhorias para alinhá-la com o original há muito perdido, adicionando muitos detalhes e, em seguida, dei à superfície um acabamento espesso e brilhante com pinceladas que pareceriam, no filme, ser pintura a óleo.
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Ao lado e abaixo:  Para além de sua crucial contribuição como consultor histórico, Don Lynch, amigo de Ken Marschall, recebeu um convite de James Cameron para atuar brevemente em uma das cenas do longa. Na tomada em questão ele interpreta o passageiro de primeira classe não creditado Frederic Oakley Spedden, numa cena em que observa seu filho Douglas (Thomas Fiss) brincando com um pião à ré do convés de passeio da primeira classe. Sua irmã, Chelsea (na foto), também participou do como figurante. A cena fora diretamente em uma das fotos históricas tiradas a bordo do Titanic em 11 de abril de 1912, em sua segunda e última escala na Europa às margens da cidade de Queenstown (hoje Cobh).


"Havia uma espécie de conceito velado de como você via os atores com base em suas roupas"

Os cenários, os detalhes, os tecidos, os tapetes eram impressionantes, de cair o queixo para mim, tudo evocativo além das palavras. Mas quando Deborah Scott, a figurinista extraordinária que desenhou os figurinos e então vestiu os atores e figurantes com seus trajes adequados de 1912, e eles estavam todos circulando pela sala de recepção ou entrando no salão de jantar - quando isso estava sendo filmado - essa foi a cereja do bolo. É quando você tem uma energia extra. "Não estou apenas andando nesta recriação, estou lá!". Era tão realista e você era tão envolvido naquilo. 


Algo realmente fascinante sobre isso também é sobre o sistema de classes... os diferentes trajes entre primeira classe, segunda classe e terceira classe, os diferentes guarda-roupas, os diferentes chapéus que usavam, os diferentes sapatos que usavam. Eu nunca teria imaginado, antes dessa experiência trabalhando no filme, que desenvolveríamos nosso próprio sistema de classes - no set de filmagens - baseado no guarda-roupa. É difícil colocar em palavras. 

Vou ver se consigo descrever isso: Você acostumava tanto com a moda de época que ela se tornava normal. Não era tipo "Oh, olhe para aquelas roupas estranhas e fofas de 1912 que são tão fora de moda!" Você se acostumava muito rapidamente normalizando aquilo: 

"Esta é uma mulher, ela está linda! E esta é uma mulher de terceira classe, e é assim que ela se parece"

E você simplesmente aceitava isso no decorrer dos dias, se tornou comum. Havia uma espécie de conceito velado de como você via os atores com base em suas roupas, você sabia que esta ou aquela era uma pessoa de primeira classe chegando, talvez ela fosse apenas uma figurante - que não merecia mais respeito do que qualquer outra pessoa - e ainda assim, você estaria ao seu lado dizendo 

"Oh! com licença, onde você estará hoje?"... "Bem... Cameron me colocou na grande escadaria, eu devo estar parado perto do corrimão".





É constrangedor dizer, mas sua mente meio que rapidamente se volta para aquele sistema de classes de 1912, para aquela mentalidade de distinguir a primeira classe, deixando a terceira classe pro banco de trás, e a segunda classe em algum lugar nesse meio -  a segunda classe não aparece muito no filme de Cameron - mas eu percebi aquilo e achei isso interessante. E você não podia evitar, você não podia lutar, mas você chegava então a aceitar o sistema de classes diferenciado e rígido, entre este mundo de primeira classe e os espartilhos e a maneira como elas se sentavam e a maneira como eles tinham que se levantar e sentar, tudo isso era coreografado lindamente. Isso tudo versus a terceira classe casual e descontraída, que era um mundo totalmente diferente. É uma experiência interessante, sabe.

"Até hoje eu estou trabalhando com Cameron"

Mais de vinte anos depois, eu olho para minha experiência no grande filme, que é como eu penso em tudo isso, eu percebo que foi um evento, um período pivotante foi na minha vida. Houve um antes do filme e há um depois do filme. Muita coisa aconteceu depois do filme, muita coisa evoluiu da minha amizade com Cameron. As expedições aos destroços, trabalhando em "Ghosts of the Abyss" (documentário "Fantasmas do Abismo", 2002), "Last Mysteries of Titanic" (documentário "Os últimos Mistérios do Titanic"), o livro Exploring the Deep, das quais tenho muito orgulho. Foram tantos projetos, e eles continuam até hoje. Minha amizade com Cameron, minha associação com sua equipe, isso me fez crescer como pessoa, aprendi muito trabalhando naquele projeto, que foi cheio de surpresas e delícias. Aprendi muito andando pelos sets, andando pelo navio. Aprendi muito mais sobre os detalhes da estrutura, ajudando o pessoal das miniaturas na Digital Domain e ajudando a equipe de lá a tentar colocar todos os detalhes nas miniaturas para torná-las o mais precisas possível. 



Como por exemplo, ficamos todos surpresos quando o conjunto do Salão de Jantar foi inundado e todas as tigelas e pratos, em vez de apenas afundarem até o chão da sala de jantar, começaram a flutuar na água e a tilintar umas contra as outras delicadamente. Lá estavam as cadeiras de carvalho caindo, a sala estava inundando e todas aquelas louças, toda a porcelana estava flutuando e tilintando, era uma espécie de coisa mágica no meio de tudo aquilo. Em meio a curto-circuitos e faíscas, e todas aquelas coisas dramáticas acontecendo, lá estavam aquelas porcelanas delicadas tilintando "tlim, tlim, tlim". Pequenas surpresas como essa que ficam de alguma forma na memória, e sempre estarão. Sou eternamente grato a Cameron pelas oportunidades que ele me abriu. Espero ter ajudado em seus projetos e contribuído à minha maneira para torná-los melhores. 


"O que eu mais valorizo é minha relação com Cameron"

Mas, principalmente, o que eu mais valorizo ​​em toda aquela experiência cinematográfica é minha relação com Cameron, devo dizer. Isso levou a tantos outros projetos depois disso e à minha amizade com ele. Antes disso eu só o conhecia como uma coisa legal de negócios, mas distante. 

Mas ao longo da experiência do filme, isso se tornou possível. E depois disso, em 2001, eu fui com ele mergulhar no Titanic novamente para explorar os destroços em, eu acho, uma dúzia de mergulhos diferentes. E até hoje eu estou trabalhando com Cameron. Ele me pediu para fazer um pequeno trabalho com as miniaturas que ele construiu para o filme, que sofreram um pouco de dano ao longo dos anos e todos os transportes e exposições em que foram exibidas. 

Ele me chamou para supervisionar algumas restaurações nesses modelos para deixá-los como estavam originalmente para as filmagens. Então simplesmente nunca para. Fui convidado para a festa de 60 anos dele. Somos amigos agora. E isso para mim é a coisa mais importante.



Fontes

"Titanic Channel / Memories from the Big Movie"
"Titanic" (1997)
wikipedia.org
Titanic: 20 Years Later with James Cameron
Ocean Liners Designs, YT Channel
nzpetesmatteshot.blogspot.com
"Exploring the Deep: The Titanic Expeditions", James Cameron
Pesquisa, tradução e adaptação de texto e imagens, Rodrigo, Titanic em Foco