

.
Seja bem vindo ao Titanic em Foco
Millvina Dean foi sem dúvida uma mulher de destaque: a sobrevivência ao naufrágio do Titanic quando ainda era uma bebê, somada à perda tão precoce de seu pai na tragédia, não foram fatores capazes de tomar de sua vida a disposição, a simpatia e um grande coração, que tornam-se evidentes ao analisar as sua recorrentes aparições na mídia, sempre ao contar de um modo simples e cativante como ela própria soube de sua estadia no Titanic, sobre a perda de seu pai, e suas opiniões sobre o acontecimento.
Millvina esteve por décadas longe dos holofotes da mídia, aparentemente sequer foi entrevistada para um dos mais reconhecidos livros sobre a tragédia "A Night to Remember", de Walter Lord, publicado em 1955. No entanto quando sua história ressurge após décadas de relativa obscuridade, ela própria teve a oportunidade de dividir com o mundo o seu relato: Um relato pessoal dramático que, devido à sua prematura idade naquela madrugada amarga de abril de 1912, nada guardara na memória sobre os fatos daquela tragédia, mas cuja incrível história de sobrevivência efetivamente a lançou para a mídia com o selo: "A mais jovem sobrevivente do Titanic".
.
Millvina Dean foi sem dúvida uma mulher de destaque: a sobrevivência ao naufrágio do Titanic quando ainda era uma bebê, somada à perda tão precoce de seu pai na tragédia, não foram fatores capazes de tomar de sua vida a disposição, a simpatia e um grande coração, que tornam-se evidentes ao analisar as sua recorrentes aparições na mídia, sempre ao contar de um modo simples e cativante como ela própria soube de sua estadia no Titanic, sobre a perda de seu pai, e suas opiniões sobre o acontecimento.
Millvina esteve por décadas longe dos holofotes da mídia, aparentemente sequer foi entrevistada para um dos mais reconhecidos livros sobre a tragédia "A Night to Remember", de Walter Lord, publicado em 1955. No entanto quando sua história ressurge após décadas de relativa obscuridade, ela própria teve a oportunidade de dividir com o mundo o seu relato: Um relato pessoal dramático que, devido à sua prematura idade naquela madrugada amarga de abril de 1912, nada guardara na memória sobre os fatos daquela tragédia, mas cuja incrível história de sobrevivência efetivamente a lançou para a mídia com o selo: "A mais jovem sobrevivente do Titanic".
.
Acompanhe seus depoimentos e sua história

Matéria:
"EU SOBREVIVI AO TITANIC"
***Matéria original de Anna Muggiati para Manchete
Ela
era pequena demais para viver a paixão fictícia encenada pela heroína
fictícia Rose DeWitt Bukater (Kate Winslet) no filme Titanic, dirigido
pelo canadense James Cameron. Mas Millvina Dean, nascida em 1912, foi
uma sobrevivente de verdade, com apenas 73 dias de vida, ela estava a
bordo do famoso transatlântico que naufragou em sua viagem inaugural.
Millvina
estava sendo levada pelos pais, com o irmão, para os Estados Unidos, em
busca do sonho de todo imigrante da época: conquistar a América. O
projeto de ter uma tabacaria em uma casa no estado do Kansas, Estados
Unidos, naufragou junto com o Titanic. Naquela noite fatídica e
“amargamente fria”, ela salvou-se no colo de sua mãe Georgetta, no bote
13, no meio do Atlântico Norte. Tinha nascido só há 9 semanas e só foi
saber que ela, o irmão Bertram e a mãe eram sobreviventes da desgraça
muitos anos depois. O pai ficou para trás e seu corpo nunca foi
encontrado, integrando a lista dos mais de 1.500 mortos. A
família Dean, que tinha um pequeno bar em Londres, viajava de terceira
classe a muitos níveis abaixo das maravilhas mostradas nos jantares de
gala do filme “Titanic” do diretor James Cameron.
Abaixo:
Quarta-feira, 10 de abril de 1912, Southampton, Inglaterra, 12:15 - A
tripulação do Titanic solta as amarras do cais Nº 44 e inicia a sua
jornada em direção à América. Ao som de milhares de despedidas e
gritos de adeus começa uma jornada que, por ordem do destino, rumaria
para dentro da história. Em algum lugar, nos labirínticos corredores e
cabines da 3ª classe do Titanic, estavam os quatro membros da
esperançosa família Dean: Bertram Frank, Eva Georgetta, o pequeno
Bertram Vere e a bebê Millvina Dean. Cinco dias depois desta foto, os
destinos desta e de centenas de outras famílias seriam radicalmente
mudados pela tragédia. Direita, acima: A movimentada partida do Titanic aqui reproduzida no filme homônimo de 1997, dirigido pelo canadense James Cameron. O Titanic renasce nesta superprodução graças à mais de 200 milhões de dólares, uma réplica gigantesca do navio e estonteantes tomadas compostas por efeitos especiais.
.
.


Lúcida e falante, a sobrevivente mais nova do desastre garante que é saudável não beber água. Também evita se estressar rememorando o pior da história do naufrágio. Não quer ver nem o que sobrou do transatlântico fora d’água ou se recordar daquele dia através de documentários ou filmes. Millvina, inclusive, mora bem longe do mar: em New Forest, cerca de 15 quilômetros da cidade de Southampton, de onde partiu o Titanic em 10 de abril de 1912. Mesmo assim, dois quadros com desenhos do Titanic estão pendurados na parede de sua casa.
Solteira, sem filhos, ela passou a maior parte de sua vida trabalhando como secretária em firmas de engenharia. Antes da 2ª Guerra Mundial chegou a fazer mapas cartográficos e só reviveu o drama do Titanic depois que o navio foi finalmente localizado pela expedição de Robert Ballard, em 1985. Acabou se tornando a estrela principal das convenções especializadas na tragédia, organizadas por Sociedades do Titanic espalhadas ao redor do mundo.
Uma das últimas sobreviventes do Titanic, é também a mais ativa de todas. Millvina recebeu os repórteres de MANCHETE com chá quente, biscoitos e sanduíches em uma área rural ao lado de uma floresta. Esperta e muitíssimo bem humorada, mostrou disposição para recontar sua história e explicar porque, com certeza, não vai ver o filme Titanic.
MANCHETE: Como o Titanic influenciou toda a sua vida, já que a senhora tem a mesma idade da tragédia?
MILLVINA: Não afetou toda minha vida, porque quando voltamos para a Inglaterra, não soube de absolutamente nada, até completar oito anos de idade. Vivíamos na fazenda de meu avô. Na verdade, eu pensava que ele era meu pai. Eu nunca havia perguntado nada sobre o assunto. Mas minha mãe resolveu se casar novamente, me contou tudo o que havia acontecido naquela noite de 14 de abril de 1912.
MANCHETE: O que ela exatamente te contou?
MILLVINA: No início da viagem, na cidade de Queenstown, a minha mãe mandou um cartão postal para a minha avó, na Austrália, dizendo: “Tudo está indo bem até agora”. Acredito que isso tenha soado como um pressentimento bastante estranho, porque ela disse claramente este “até agora”.

Na noite do acidente, meus pais ouviram um estrondo e meu pai avisou minha mãe que iria para o convés para ver o que se passava. Quando voltou, ele falou que aparentemente o navio havia colidido com um iceberg.
Ao lado: Bertram Frank Dean, pai de Millvina, tinha 25 anos quando pereceu no desastre.
.
“Tire as crianças da cama e vá para o convés o mais rápido possível”. Foi o que minha mãe fez. Acho que foi essa pressa que nos salvou. Nós estávamos na terceira classe e muitos de lá não sobreviveram porque os privilegiados foram os primeiros a embarcar nos salva-vidas. Fomos conduzidos até o bote de número 13 e, porque eu era muito pequena, fui colocada num saco. Quando minha mãe entrou no barco, percebeu que meu irmão não estava conosco. Ele tinha menos de 2 anos de idade. Ela não conseguia achá-lo e também tinha de se preocupar com meu pai. Apenas quando o navio Carpathia nos recolheu, ela descobriu que meu irmão tinha sido salvo por outro passageiro. Então se sentiu aliviada. Ainda bem. Caso contrário, seriam duas grandes perdas.
Abaixo, esquerda: O RMS Carpathia, da Cunard Line, atracado no cais Nº 54 do Rio Hudson, em New York, Estados Unidos, logo após o resgate dos sobreviventes da tragédia. Direita: Nesta foto raramente publicada, Eva Georgetta Dean, mãe de Millvina, é vista no convés do Carpathia com a bebê enrolada em seus braços. Cerca de 705 pessoas foram salvas (extrema direita).

Abaixo: A bordo do navio da White Star Line, RMS Adriatic, Eva posa para uma fotografia enquanto retorna para a Inglaterra poucos dias após o desastre: ela era então, com 32 anos de idade, mais uma das muitas "viúvas do Titanic".
. .
MANCHETE: Depois de saber que era uma sobrevivente a senhora passou a ser procurada como personagem?
MILLVINA: Não aconteceu nada até 1985, quando o navio foi encontrado. Eu mesma não sabia quase nada sobre o Titanic até aquela data. Na verdade, até 1988, vivia dissociada da tragédia. Tudo aconteceu quando fui à um memorial em Southampton, em homenagem à tripulação do navio. Os americanos me conheceram e imediatamente me convidaram para ir para a América. Hoje, é isso: eu vivo viajando por aí, dando entrevistas e conhecendo gente por todo o canto. Se não fosse esse evento, jamais teria ido para os Estados Unidos. Abandonamos o sonho de imigração porque não tínhamos dinheiro para isso e muito menos para visitar o país.
MILLVINA: Não aconteceu nada até 1985, quando o navio foi encontrado. Eu mesma não sabia quase nada sobre o Titanic até aquela data. Na verdade, até 1988, vivia dissociada da tragédia. Tudo aconteceu quando fui à um memorial em Southampton, em homenagem à tripulação do navio. Os americanos me conheceram e imediatamente me convidaram para ir para a América. Hoje, é isso: eu vivo viajando por aí, dando entrevistas e conhecendo gente por todo o canto. Se não fosse esse evento, jamais teria ido para os Estados Unidos. Abandonamos o sonho de imigração porque não tínhamos dinheiro para isso e muito menos para visitar o país.
MANCHETE: A senhora é a favor de que o navio seja retirado do fundo do oceano?
MILLVINA:
Não, definitivamente não. Meu pai ainda pode estar a bordo. Pode estar
lá. Me parece tão horrível. É a sua sepultura. Odeio esta idéia. Não me
importo com os objetos que são encontrados no mar. Só acho que nada deve
ser realmente retirado do Titanic.
MANCHETE: Se pudesse, a senhora mergulharia para ver o navio?
MILLVINA: (Risos) Nem se me oferecessem um milhão de libras.
MANCHETE: A senhora viajou alguma vez de navio?
MILLVINA: Embarquei pela primeira vez em agosto do ano passado, no Queen Elisabeth II, para Nova Iorque. Eles fizeram disso o maior acontecimento. Fui também a casa onde eu iria morar, em Kansas. Foi maravilhoso. Vi o quarto que poderia ter sido meu. Adorei o passeio. Só me senti mal um dia, quando o mar estava muito agitado, e não pude tomar café da manhã. Viajei de primeira classe e até os hotéis onde me hospedei são de primeira classe.

Acima: Uma fotografia feita por volta de 1910 de um cartão postal de Wishita, a cidade no estado do Kansas, EUA, onde a família Dean pretendia instalar-se. Após a tragédia onde perdeu o marido, Georgetta viu-se sem amparo e então abandonou o "sonho americano", retornou à Inglaterra carregando consigo Millvina e Bertram.
MANCHETE: A senhora pode ser contra trazer o Titanic á tona, mas... e os filmes? Nunca assistiu a qualquer um?
MILLVINA: Eu vi “A Night to Remember” (Somente Deus por Testemunha, no Brasil) com quatro ou cinco outros sobreviventes. E todos odiamos. Uma pessoa disse que passou a noite em claro querendo se livrar dos pesadelos que teve. Foi horrível. Aí resolvi nunca mais ver nada sobre o assunto. Não tenho nenhuma curiosidade sobre qualquer coisa que diga respeito do Titanic..
Ao lado: Uma animação gráfica feita a partir de uma fotografia verídica do Titanic, tirada por volta das 12:20 de 10 de abril de 1912, enquanto o grande transatlântico deixava o porto da cidade de Southampton, Inglaterra, se encaminhando para sua primeira escala, na cidade de Cherbourg, França. Nesta foto animada o Titanic faz oficialmente a primeiríssima curva da viagem ao contornar a linha do cais do porto..
MANCHETE: O que, no seu ponto de vista, faz com que as pessoas fiquem tão fascinadas com o acidente?
MILLVINA:
Primeiro, porque era o primeiro navio que se acreditava inafundável.
Segundo, ele era um sonho, um luxo. Depois, havia muitos americanos
milionários à bordo. Junte estas coisas e as pessoas sempre ficam
interessadas. Agora virou parte da história. Quando fui à exibição de
objetos resgatados, há dois anos, em Londres, tinha gente de todos os
lugares do mundo. Dei autógrafos para sete brasileiros.
Abaixo: Neste artigo do britânico "The Daily Echo", de dia não especificado de maio de 1912, a informação é a seguinte:
"SOBREVIVENTES DO TITANIC - Esta é uma foto de alguns dos sobreviventes do Titanic que chegaram a Liverpool no Adriatic. Os homens são comissários de bordo do navio perdido. A mulher é a Sra. Dean, que se salvou com seus dois filhos. A mais nova, um bebê de oito semanas, aparece no grupo. Sr. Dean afogado."
Abaixo: Publicada nas páginas do jornal britânico "The Daily Mirror" em 13 de maio de 1912, a reportagem destaca a sensação causada pela bebê Millvina Dean a bordo do Adriatic sendo levada de volta para a Inglaterra pela mãe junto do irmãozinho mais velho, com a seguinte descrição [e uma provocação direcionada ao diretor da companhia White Star Line, Bruce Ismay, que se salvou do desastre entrando em um bote]:
"BEBÊ DE SETE SEMANAS DE VIDA SALVO DO TITANIC: SAUDAÇÕES PARA O Sr. ISMAY - A mais jovem sobrevivente do desastre do Titanic chegou a Liverpool no domingo a bordo do Adriatic. A bebê Dean, de apenas sete semanas de idade, foi o bichinho de estimação do transatlântico durante a viagem, e a rivalidade entre as mulheres para mimar esse adorável ser humano era tão grande que um dos oficiais ordenou que os passageiros da primeira e segunda classes não a segurassem por mais de dez minutos. O Sr. Dean estava entre os que se afogaram, mas a Sra. Dean e duas crianças foram salvas. (1) Os dois pequenos Deans. (2) Passageiras acariciando a bebê enquanto (3) outras aguardam com suas câmeras para fotografá-la."
MANCHETE: É verdade que a senhora não bebe água?
MILLVINA:
sabe que dia desses eu estava com tanta sede que até bebi um copo?
(Risos). Mas, num almoço na Câmara dos Lordes, o cavalheiro do meu lado
me ofereceu água e eu disse “não, obrigada”. Ele respondeu que deveria
beber porque faz muito bem. Recusei. Minha avó viveu até os 93 anos e
nunca bebeu água. Meu avô, até os 95 e nunca bebeu água porque preferia
vinho. Minha tia tem cem anos e não bebe água. Porque eu beberia água?
Não tem gosto de nada.
MANCHETE: Qual o segredo de tanta felicidade?
MILLVINA: Não é o gim com frutas que preparo. Acho que sou assim mesma, me fiz assim. Ou, quem sabe, como se diz agora, são meus genes.
Abaixo, esquerda: Bertram, Eva e Millvina, cerca de dois anos após o desastre do Titanic. Direita: A família Dean em 1969, por ocasião do aniversário de 90 anos de Eva Georgetta, mãe de Millvina e Bertram. Eva faleceu em 1975 aos 96 anos de idade, e Bertram faleceu em 1992, aos 81 anos.


A vida de Millvina Dean
Elizabeth Gladys Millvina Dean nasceu em 02 de fevereiro de 1912, em Branscombe, Inglaterra, era filha de Bertram Frank Dean e de Eva Georgetta Dean. Ela também tinha um irmão mais velho, Bertram Vere Dean, nascido 21 de maio de 1910.
Os pais de Millvina decidiram deixar a Inglaterra e imigrar para Wichita, Kansas, onde seu pai tinha família e onde ele queria abrir uma loja de tabaco. A família não deveria estar a bordo do Titanic, mas devido a uma greve de carvão, foram transferidos para o navio e embarcaram como passageiros de terceira classe na cidade de Southampton, Inglaterra. Millvina tinha apenas 73 dias de vida quando embarcou no navio.

Direita - Sábado, 03 de fevereiro de 1912, Belfast, Irlanda do Norte: o Titanic adentra a doca seca Thompson para os trabalhos de finalização, apenas 67 dias antes da viagem inaugural, que iniciou-se em 10 de abril. Millvina Dean nasceu um dia antes da gravação destas imagens, na sexta-feira, 02 de fevereiro de 1912.

Abaixo: Uma cabine de 2ª classe a bordo do navio SS Laurentic, da Companhia White Star Line. No Titanic as cabines da 3ª classe seguiam exatamente o mesmo tamanho, mobiliário e padrão. Não há registro de qual teria sido a cabine ocupada pela humilde família Dean, mas certamente estariam hospedados na seção da popa do Titanic, uma área reservada exclusivamente às famílias e mulheres solteiras. Os homens sozinhos e/ou solteiros eram obrigatoriamente hospedados no extremo oposto do navio, na proa.

Abaixo: Não há confirmação exata quanto ao bote onde Eva e e a pequena Millvina foram colocadas, mas se realmente embarcaram no bote salva vidas Nº 13, passaram por maus momentos quando seu bote que já estava na água, quase foi "esmagado" pelo bote de Nº 15, que por muito pouco não desceu sobre o de Nº 13. Este incidente verídico foi recriado de modo realístico para o filme "Titanic" (1997).
Logo após o resgate, a mãe de Millvina quis continuar no Kansas, Estados Unidos, para cumprir o desejo do marido de uma nova vida na América. No entanto, depois de perder o marido e ficar com duas crianças pequenas para cuidar, ela decidiu voltar para a Inglaterra a bordo do navio RMS Adriatic, também de propriedade da Companhia White Star Line. Enquanto esteve a bordo do Adriatic, a pequenina Millvina Dean atraiu considerável atenção.
Esquerda: O RMS Adriatic, da White Star Line. Direita: Na foto a pequena Millvina aparece no colo de sua mãe, Georgetta, junto ao irmão Bertram a bordo do navio Adriatic. O jornal "The Daily Mirror" destaca nas duas fotografias: "Bebê de sete semanas salvo do Titanic...".

.
Millvina Dean demorou a se envolver nas atividades relacionadas ao Titanic, foi apenas na casa dos 70 anos que ela começou a ser conhecida pela sua ligação com o malfadado navio. Ao longo dos anos ela participou de várias convenções, exposições, documentários, entrevistas de rádio e televisão e correspondências pessoais com pessoas interessadas em sua história.
Millvina Dean demorou a se envolver nas atividades relacionadas ao Titanic, foi apenas na casa dos 70 anos que ela começou a ser conhecida pela sua ligação com o malfadado navio. Ao longo dos anos ela participou de várias convenções, exposições, documentários, entrevistas de rádio e televisão e correspondências pessoais com pessoas interessadas em sua história.

Acima, um registro histórico único: Onze sobreviventes do Titanic - com idades entre 76 e 100 anos - são fotografados juntos em 1988 à convite da Titanic Historical Society em Boston, Massachusetts.. Fundo, esq. p/ dir.: Frank Philip Aks e Bertram Vere Dean. Meio, esq. p/ dir.: Eileen Lenox-Conyngham, Eleanor Ileen Johnson, Marjorie Newell Robb e Ruth Becker. Frente, esq. p/ dir. : Luise Gretchen Kink-Heilmann, Eva Miriam Hart , Elizabeth Gladys Millvina Dean, Beatrice Irene Sandström, Michel Marcel Navratil.
.
Em 1998 ela viajou para os Estados Unidos para participar de uma convenção sobre o Titanic em Springfield, Massachusetts, e outra em 1999, em Montreal. Ela também tinha sido convidada a aparecer à um tributo ao aniversário de 94 anos, em 2006, mas uma fratura no quadril impediu sua comparição. Ela também participou do documentário "Titanic’s Final Moments: Missing Pieces" (no Brasil: "Os Momentos Finais do Titanic: Peças Perdidas").


Em dezembro de 2008, com 96 anos, ela foi forçada a vender vários bens de família para pagar seus cuidados médicos privados em uma casa de repouso depois de uma fratura no quadril. Esses bens incluíam uma carta enviada a sua mãe pelo Fundo de Apoio do Titanic, e uma mala entregue a ela e sua mãe em Nova York após o naufrágio. Sua venda levantou cerca de £ 32.000 (32 mil libras).
Ao lado: Uma maleta de vime dada à mãe de Millvina Dean pelas pessoas de New York depois que a família o perdeu todos os pertences na tragédia do Titanic. A maleta foi exibida antes do leilão em Devizes, no sudoeste da Inglaterra, em 18 de outubro de 2008.
Após a morte de Georgetta em 1975, Bertram encontrou a mala entre os pertences da mãe e declarou: "Nós a abrimos e descobrimos roupas velhas, incluindo de crianças, acho que deviam ser as que usávamos naquela noite (15 de abril de 1912), mas as traças fizeram tanto estrago que tivemos de jogar tudo fora".
.
Em fevereiro de 2009 ela anunciou que estaria vendendo mais itens para pagar pelas crescentes despesas médicas que excediam £ 3.000 por mês.
Aos 97 anos Millvina Dean faleceu de de pneumonia na manhã de 31 de Maio de 2009, exatamente no mesmo dia do 97º aniversário do lançamento do casco do Titanic. Em 24 de outubro de 2009 as cinzas de Millvina Dean foram espalhadas nas docas da cidade de Southampton, no exato ponto onde a viagem do Titanic tinha começado havia 97 anos.
Ao lado: Bruno Nordmanis, amigo de longa data de Millvina Dean, espalha suas cinzas no cais de Southampton, o local de onde o Titanic partiu em 10 de abril de 1912.
BBC Brasil, 01 de junho de 2009 - Morre sobrevivente do Titanic
.
"A última sobrevivente do Titanic morreu no domingo na Grã-Bretanha aos 97 anos de idade.
.
"A última sobrevivente do Titanic morreu no domingo na Grã-Bretanha aos 97 anos de idade.
.
A britânica Millvina Dean tinha só nove semanas quando embarcou com a família de Southampton para Nova York. Na noite do dia 14 de abril de 1912, a embarcação se chocou com um iceberg e afundou no oceano Atlântico menos de três horas depois. Millvina, a mãe e o irmão foram levados para um bote salva-vidas, conseguindo sobreviver à tragédia. Mas o pai, um comerciante que sonhava fazer a vida na América, foi um dos 1.500 mortos. A britânica nunca se casou e viveu grande parte da vida em Southampton, a casa decorada com enfeites do Titanic. Há alguns anos ela até ganhou uma rua em sua homenagem e passava os dias tentando ler as dezenas de cartas que recebia."
A britânica Millvina Dean tinha só nove semanas quando embarcou com a família de Southampton para Nova York. Na noite do dia 14 de abril de 1912, a embarcação se chocou com um iceberg e afundou no oceano Atlântico menos de três horas depois. Millvina, a mãe e o irmão foram levados para um bote salva-vidas, conseguindo sobreviver à tragédia. Mas o pai, um comerciante que sonhava fazer a vida na América, foi um dos 1.500 mortos. A britânica nunca se casou e viveu grande parte da vida em Southampton, a casa decorada com enfeites do Titanic. Há alguns anos ela até ganhou uma rua em sua homenagem e passava os dias tentando ler as dezenas de cartas que recebia."

Abaixo: Um curto depoimento de Millvina Dean que foi incorporado ao documentário "Extreme Machines: World's Greatest Ships" exibido em 1997 pelo canal Discovery Turbo (no Brasil - "Super Máquinas: Os Maiores Navios do Mundo").

.
Divulgação- Billy Martins
Correções de dados relatados na reportagem
1. A reportagem relata que o Titanic colidiu com o iceberg às 23:46 de 14 de abril de 1912, no entanto, na realidade a colisão ocorreu as 23:40.
2. O Titanic não foi o 1º navio da história a enviar um pedido de socorro com o código S.O.S. Em 1909 (três anos antes do naufrágio do Titanic) o navio Slavonia da Companhia Cunard Line emitiu o primeiro S.O.S. oficial de um navio em perigo, ele estava naufragando nos Açores.
3. A sigla S.O.S. não significa "Save Our Souls" (Salvem nossas almas). Apesar de que a frase foi largamente utilizada para ajudar os antigos operadores de telégrafo a se lembrarem do código, ela não tem significado específico, e foi criada com estas três letras tendo em vista que era de fácil entendimento e fácil de ser transmitida, portanto seria detectada com facilidade em caso de uma situação de emergência.
4. A área do porto de Southampton em que Millvina Dean concede entrevista ao Fantástico, não é o exato ponto de onde o Titanic partiu em 10 de abril de 1912. A doca de número 44 ocupada pelo Titanic é vista ao fundo em algumas tomadas da reportagem.
.

Titanic: A tragédia contada pelos sobreviventes
Assista abaixo o documentário “Titanic – A Tragédia Contada Pelos Sobreviventes” contendo quarenta minutos de narração de especialistas e
historiadores, com depoimentos emocionantes de seis passageiros sobreviventes do
Titanic - incluindo Millvina Dean - que narram suas lembranças pessoais relacionadas à tragédia, ocorrida entre 14 e 15 de
abril de 1912. O documentário conta também com a participação de Don Lynch, um
dos mais conhecidos historiadores do Titanic e Karen Kamuda, presidente da
Sociedade Histórica do Titanic.


Gloria Stuart, a famosa atriz que viveu a personagem "Rose Calvert" no filme "Titanic" (1997) ainda hoje, mais de 15 anos desde o lançamento do longa-metragem, gera uma eterna questão que parece não apagar-se com o tempo:
"Ela realmente esteve no Titanic? Ela foi uma real sobrevivente da tragédia?"
A resposta é negativa, para a infelicidade dos cinéfilos de plantão. A veterana do cinema Gloria Stuart foi selecionada pelo cineasta James Cameron para viver a idosa Rose de seu filme devido à sua idade avançada (com então 87 anos em 1997), pela sua vivacidade de espírito e pela carreira de relativo sucesso que tivera no cinema entre as décadas de 1930 e 1940. Gloria Stuart interpretou a heroína fictícia Rose DeWitt Bukater (com 17 anos quando embarca no Titanic), que reconta seu romance após 84 anos da tragédia, em 1996, aos 100 anos de idade. No entanto Gloria tinha apenas 87 anos na época das gravações; e quando a tragédia do Titanic se sucedeu, em 15 de abril de 1912, Stuart somava apenas 1 ano e 9 meses de vida. Ela não esteve no Titanic e não tinha qualquer ligação com a históriado navio malfadado.
Da mesma maneira não estiveram no verdadeiro Titanic toda a comitiva de empregados da personagem Rose DeWitt Bukater (interpretada por Kate Winslet), sua mãe Ruth (Frances Fisher), seu noivo (Billy Zane) e o personagem Jack Dawson (Leonardo DiCaprio); todos personagens ficcionais, criados pela imaginação poderosa do cineasta James Cameron e inseridos em meio à tragédia real com sua história romântica fictícia, gerando um impressionante mix de ficção e realidade que levou os expectadores a a se sentirem mais próximos daquele evento. Gloria Stuart faleceu em 26 de setembro de 2010, com então 100 anos de idade. Coincidentemente sua personagem em Titanic, Rose Calvert, aparentemente falece nas cenas finais do filme com a mesma idade. Ou estaria a personagem apenas sonhando com o amor do passado? A decisão e interpretação fica por conta do expectador.
Com informações de:
Revista Manchete, 07/02/1998 / encyclopedia-titanica.org / wikipedia.org / Titanic 4 Disc Deluxe Collector's Edition 1997 DVD / aftitanic.free.fr/
Em memória
À Elisabeth Gladys Millvina Dean, Eva Georgetta Dean, Bertram Frank Dean e Bertram Vere Dean
Revista Manchete, 07/02/1998 / encyclopedia-titanica.org / wikipedia.org / Titanic 4 Disc Deluxe Collector's Edition 1997 DVD / aftitanic.free.fr/
Em memória
À Elisabeth Gladys Millvina Dean, Eva Georgetta Dean, Bertram Frank Dean e Bertram Vere Dean