Em parceria com a Editora Contexto, o TITANIC EM FOCO apresenta o livro "Titanic, a História Completa", que é o mais recente lançamento em português que reconta a história real do RMS Titanic e sua saga pela cultura mundial. Quer começar sua coleção sobre o Titanic, complementar seu acervo ou fazer uma interessante leitura numa obra que apresenta uma vasta pesquisa sobre o mais famoso navio da história?
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APRESENTAÇÃO
Aquela viagem prometia. Para alguns era a chance de "fazer a América". Para outros, a oportunidade de desfrutar do navio mais luxuoso já construído. Havia aqueles que apenas queriam fazer a travessia do velho ao novo continente. E uma multidão de tripulantes, responsáveis pela segurança e pelo conforto. Porém, a vida das mais de 2.200 pessoas que deveriam desembarcar em Nova York em 17 de abril de 1912 tomou um rumo inesperado. O Titanic não resistiu ao choque com um iceberg e pereceu nas águas profundas do Atlântico Norte. Quase 1.500 morreram no mais impressionante desastre marítimo já visto. Philippe Masson, um dos maiores especialistas navais do mundo, nos leva a bordo do Titanic. Seguimos com ele os botes salva-vidas, os navios que receberam pedidos de socorro e acompanhamos, também, a agonia dos que estavam em terra esperando informações precisas. Conhecemos, ainda, a vida pós-Titanic e o que mudou depois o desastre. Com bons mapas, ilustrações, quadros e fotos, Titanic: a história completa surge como a obra definitiva sobre a verdade de uma das maiores tragédias do século xx.
DADOS TÉCNICOS
Editora Contexto Autor: Philipe Masson Número de Páginas: 272 Peso: 480 gramas Dimensões: 16X23 Acabamento: Brochura
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Eu Rodrigo, editor do TITANIC EM FOCO, recebi um exemplar do livro, lí e recomendo à todos que apreciam uma boa leitura e para os que querem saber mais sobre o Titanic. O Livro traz uma pesquisa profunda que reconta a trajetória do Titanic desde os primórdios de sua base histórica, passando pela construção, viagem, naufrágio, mito, redescoberta em 1985 e herança cultural. Considerando-se a riquesa de informações, a leitura é agradável e de fácil compreeensão, contando com fotos em P&B e vários gráficos informativos que auxiliam o entendimento. O livro é indicado para todo o público, desde o admirador mais informado, à aqueles que começam agora uma coleção e também para quem gosta de uma boa leitura, que, neste caso, traz para os nossos dias a história verídica do mais famoso navio do mundo, o RMS Titanic.
*** O TITANIC EM FOCO faz unicamente a divulgação da obra em parceria com a EDITORA CONTEXTO, não assumindo nenhuma responsabilidade no processo de compra, o qual é de responsabilidade única e mútua entre o comprador e a Editora CONTEXTO.
O modo pelo qual o Titanic afundou é bastante conhecido de maneira geral, porém há mais mistérios no processo do naufrágio do Titanic do que se pode imaginar. Durante as últimas décadas, especialmente depois de que o navio fora descoberto a quase 4 KM de profundidade pelo explorador Robert Ballard em setembro de 1985, as teorias de como se deu o naufrágio se multiplicam com o passar dos anos, estando presentes nas pesquisas científicas e históricas, documentários, filmes e também na Internet.
Da tragédia ocorrida entre a noite de 14 e a madrugada de 15 de abril de 1912, ainda restam perguntas não respondidas à contento:
Qual era o tamanho exato do iceberg? Quais foram os reais danos causados no casco? O navio inclinou-se quantos graus antes de quebrar-se? De que modo exato o navio se partiu ao meio?
Estas e outras perguntas ainda continuam com respostas especulativas, visto que para nenhuma delas há uma resposta factual e conclusiva, o que deixa espaço aberto para que as novas pesquisas sejam feitas e para que novas evidências sejam apontadas, encaminhando a história para um esclarecimento mais preciso.
Abaixo seguem as simulações em Computação Gráfica (CG) que estiveram presentes em filmes, documentários e na Internet nas últimas décadas.
ACOMPANHE Teoria 1: Esta teoria é a mais recente de todas, foi formulada por uma junta de especialistas reunida e liderada pelo cineasta James Cameron (de Titanic e Avatar) e apresentada no documentário "Titanic: The Final Word With James Cameron", divulgado em abril de 2012. A simulação gráfica foi elaborada após grande levantamento focado no mais recente mapa fotográfico completo dos destroços do Titanic divulgado em março de 2012, e nos depoimentos cedidos pelos sobreviventes da catástrofe.
Destaques deste estudo
1. Pode-se notar que o 1º Oficial William McMaster Murdoch ordenou rapidamente para o timoneiro Robert Hichens para que executasse uma manobra com intuito de contornar o iceberg, evitando a colisão das hélices com o bloco de gelo / 2.
Durante o naufrágio o Titanic inclinou-se cerca de 9 graus para
bombordo, causando a queda da chaminé frontal para o lado esquerdo,
sobre a asa da ponte de comando / 3. A ruptura do navio deu-se logo à frente da chaminé nº 03; e não entre a nº 3 e a nº 4, como antes se pensava / 4. A
inclinação vertical da popa ocorreu em um ângulo ligeiramente menor do
que antes se acreditava. A popa então executou meio giro ao redor do
si antes de desaparecer sobre as ondas / 5.
A proa se desprendeu da secção da popa e desceu em posição inclinada
até o fundo do oceano, endireitando-se levemente antes de colidir com
o leito marinho / 6.
A popa sofreu uma explosão durante o início do mergulho e perdeu
boa parte dos aparatos e parte do casco, arrancados pelo fluxo de água, chegando ao fundo do oceano depois da parte frontal do navio /7.
Enquanto a secção da proa desceu em queda livre quase na posição
correta, a popa sofreu um contínuo processo de giro, lançando milhares
de peças, secções estruturais e artefatos ao fundo do mar / 8.
Ambas as secções, proa e popa, receberam uma potente onda de choque
ao chegar ao fundo, provocada pela enorme fluxo de água deslocada
durante a queda de pouco mais de 3.800 metros.
Teoria 2: Esta simulação foi apresentada como parte do documentário "Titanic at 100: Mystery Solved", que foi ao ar em 2012 pelo Canal History Channel.
Teoria 3: Esta teoria foi formulada após intensa pesquisa IN LOCO (no local do naufrágio) e apresentada no documentário "Titanic, Final Moments: Missing Pieces" de 2006
Teoria 4: Versão revisada e atualizada da simulação apresentada no início do filme "Titanic" de 1997. Esta simulação foi divulgada no documentário "Last Mysteries of Titanic" de 2005.
Teoria 5: Reconstituição do naufrágio apresentada no início do filme "Titanic" de 1997.
Teoria 6: Teoria formulada através de pesquisa no local do naufrágio e apresentada no documentário "Titanic: Anatomy of a Disaster" de 1997. .
Vídeos não oficiais
As reconstituições abaixo foram feitas por fãs e fontes não oficiais, portanto incorporam visões particulares de cada autor, ou seja, carregam detalhes e visões pessoais, servindo apenas como vídeos ilustrativos e livres de compromisso histórico preciso. Ao contrário das versões oficiais, estas versões não têm por base de pesquisa a visita direta aos escombros do navio.
Para ir direto a um convés específico, clique em CTRL+F e digite: .
*cb - Para convés de botes
*a - Para convés A
*b - Para convés B
*c - Para convés C
*d - Para convés D
*e - Para convés E
*f - Para convés F
*g - Para convés G
*t - Para Tank Top .
1. Cabine da 1ª classe "B65" 2. Chaminé nº 02 3. Cabine "B63" 4.Salão de jantar da 1ª classe 5. Cabine "B59" 6.Convés A (passeio da 1ª classe)7.Ginásio de exercícios da 1ª classe 8.Cabine "B57" 9. Convés de passeio particular das suítes "B51", "B53" e "B55" 10. Claraboia protetora sobre a cúpula da Grande Escadaria dianteira da 1ª classe 11. Grande Escadaria dianteira da 1ª classe 12. Convés A (passeio da 1ª classe) 13. Recepção da 1ª classe 14. Portas de embarque para a 1ª classe, convés B 15. Bote salva vidas nº 5 16. Banho Turco 17.Piscina da 1ª classe 18. Alojamentos dos oficiais 19. Portas de embarque da 1ª classe, convés D
Seja bem vindo ao Titanic em Foco
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Os mais de 100 anos de fama e memórias relacionadas ao Titanic trazem consigo um gigantesco misto de arte, sonho, história, drama e desastre. Ao citar a palavra Titanic, a primeira imagem que vêm a mente da grande maioria de todos nós é a do grandioso navio e o destino encontrado por 2/3 das pessoas que nele embarcaram entre 10 e 11 de abril de 1912. .
As fontes documentais que registram seus aspectos são conflitantes, espalhadas entre livros, documentários, filmes e na Internet; e a parte trágica da história se estende em tantas direções quanto um punhado de poeira dispersa no vento. Apesar da imensa divulgação direcionada ao Titanic, não há uma grande quantidade de fontes fixas que registram especialmente os seus aspectos interiores de modo esmerado e expandido, de modo que estas informações são fragmentadas na maioria dos casos. .
Em uma tentativa de registrar parte [considerando que é virtualmente impossível explorar todos os interiores em uma só matéria] dos aspectos interiores do Titanic de modo sucinto e concentrado, o Titanic em Foco traz a matéria a seguir, que faz um registro muito compacto - ainda que inevitavelmente muito longo - de como eram as acomodações interiores do transatlântico mais famoso da história marítima, quer seja para bem ou para mal. .
Faça um tour muito informativo para dentro do Titanic... Boa leitura
IMPORTANTE - A maior parte das fotos nesta matéria é proveniente do RMS Olympic, o navio irmão do Titanic. A histórica e frequente identificação incorreta das fotografias exteriores e interiores dos dois navios não é algo que só acontece nos dias recentes, visto que até mesmo nos registros de época - jornais, livros e cartões postais - existem incontáveis casos de fotografias identificadas como pertencentes ao Titanic, que na realidade são provenientes do Olympic. Esta má identificação acontece ainda hoje até mesmo em algumas das melhores publicações e fontes online, o que contribui para acentuar ainda mais as muitas lendas e meias verdades criadas sobre o Titanic ao longo dos anos.
"A relativa raridade de fotos dos interiores do Titanic é causada tão simplesmente pelo atraso na finalização do navio que, quando já atracado em Southampton, Inglaterra, e faltando poucos dias para a viagem, ainda passava pelo processo de arremates na decoração e nos equipamentos. As obras e ajustes de última hora, a falta de tempo para uma abertura ampla aos fotógrafos da imprensa e a curtíssima vida útil do Titanic, são os fatores diretamente responsáveis pela pequena quantidade de registro fotográfico de seus aspectos interiores". .
Há dezenas de casos, inclusive, de fotografias do Olympic que foram manualmente (ou digitalmente) alteradas para representar o Titanic. Estas pequenas fraudes têm motivo evidente: A vida útil extremamente curta do Titanic impediu que ele fosse largamente fotografado, enquanto que seu navio irmão, recebeu maior atenção da mídia por ser o primeiro da classe e teve longa carreira de 24 anos de navegação, na qual fora ostensivamente fotografado em milhares de ocasiões. .
Ao lado: Mais uma das dezenas de fotos do Olympic manualmente alteradas para representar o Titanic. A foto foi publicada em jornais nos dias posteriores ao desastre em 1912. A identificação correta pode ser feita pela simples análise da configuração das janelas do convés superior, que no Olympic era apresentado como uma longa varanda aberta para o mar, mas no Titanic este convés teve metade de sua extensão fechada com janelas basculantes de vidro.Neste caso não foi preciso grande esforço para maquiar o Olympic: a nomenclatura foi simplesmente reescrita sobre a foto. O mesmo tipo de troca de identidade é igualmente válido para as fotos interiores do Titanic que, em sua maioria, em verdade são fotos dos interiores do Olympic. .
No entanto é seguro dizer que grande parte das fotos do Olympic servem como perfeita ilustração de como foi o Titanic, considerando que ambos os navios possuíam interiores muito similares, especialmente no início da carreira. Em casos de fotos reais do Titanic haverá uma clara indicação na legenda. Registrado o alerta, siga a matéria onde todo o esforço foi feito para a correta identificação histórica destas imagens únicas.
Abaixo: Neste cartão postal em estilo "wide" publicado pós naufrágio do Titanic, mais uma vez a criatividade do artista permitiu uma nova versão de uma foto pré existente, mas neste caso uma foto autêntica do Titanic, tirada em 1° de abril de 1912 (acima), quando o Titanic ainda atracado nas instalações do Estaleiro Harland and Wolff, aguardava por tempo adequado para os testes de navegação que seriam executados naquele dia, mas foram transferidos para o dia seguinte. Neste caso a mesma foi invertida e os demais aspectos retrabalhados e criados manualmente em função de oferecer uma nova visão artística do transatlântico, especialmente sugerindo um contraponto entre suas dimensões e as demais embarcações que o flanqueiam.
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Um tour histórico por dentro do Olympic, o navio gêmeo do Titanic
Olympic e Titanic são fotografados lado a lado em marco de 1912, com os trabalhos de pintura do casco em pleno andamento no Titanic.
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O
que você vai ver a seguir é uma incrível filmagem publicitária original encomendada pela empresa proprietária do Olympic e do [então
naufragado] Titanic, que explora a vida a bordo do "irmão mais velho" da
classe, no começo da década de 1920. Um tour de 16 minutos pelos
conveses e interiores de luxo do transatlântico durante a tradicional
viagem de 6 mil Km entre Southampton, na Inglaterra, e New York, nos
Estados Unidos. As cenas percorrem a rotina da travessia passando pelos conveses
externos do transatlântico, pela piscina, quadra de squash, pelo ginásio de
exercícios, pela sala de leitura da 1ª classe, pela cozinha da 1ª e 2ª classe, pelo
salão de jantar, pela recepção e elevadores da 1ª classe, pela escadaria dianteira da 1ª classe , por uma cabine sala
de estar em estilo decorativo Adam e pela sala de fumantes da 1ª classe.
Durante as décadas em que navegou com grande sucesso na rota do Atlântico, onde
recebeu o apelido de "Old Realiable" [velho Coanfiável], o Olympic
passou por variadas obras de reequipagem e remodelação, que
vagarosamente mudaram os aspectos externos e internos, tornando seu
design cada vez mais distinto do Titanic, no entanto todas as tomadas
internas neste filme promocional exibem um visual essencialmente idêntico ao seu
fatídico navio irmão naufragado em 1912. .
Navegando durante
impressionantes 24 anos na perigosa rota do Atlântico Norte, o Olympic percorreu
mais de 3.3 milhões Km em suas centenas de travessias, suficientes para
dar 83 voltas na Terra [distância equivalente à 8.6 vezes a distância
entre a Terra e a Lua !]. Tivesse um intrépido
cinegrafista gravado os interiores do Titanic em 1912, as imagens
captadas seriam essencialmente iguais ao que se vê nesta nesta filmagem em específico [à
exceção dos trajes femininos, cuja moda recatada de 1912 não permitia
vestidos mais curtos]. Guiado por variadas combinações de tripulação - e pela sorte do
destino - o Olympic cruzou o Atlântico por 1/4 de século, transladando milhares de
pessoas e deixando uma longa história de júbilo e a saudosa imagem do
tempo em que tudo parecia feito para encher os olhos.
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Uma visão geral do Titanic
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Acompanhe uma visão geral das acomodações interiores, aspectos técnicos e dimensões do Titanic. A animação tem 101 quadros e termina após 7 minutos.. Para reiniciar a animação, atualize a página.
Abaixo: Publicidade de época sobre os dois navios irmãos divulgada pela Companhia White Star Line. A ilustração foi reeditada para uma visualização básica das acomodações interiores
do Titanic.
Plano de arranjo geral interno
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Você sabia?
Você sabia que na decoração dos interiores do Olympic e do Titanic foram utilizados mais de 20 estilos arquitetônicos diferentes? .
Ao lado: Desenhistas são filmados durante suas funções no imenso escritório de projeção dos navios da empresa Harland and Wolff durante o trabalho de elaboração dos transatlânticos da classe Olympic por volta de 1910. Ao fundo do salão vê-se um grande modelo em escala dos novos navios da classe (Olympic e Titanic) configurado como um corte lateral longitudinal para uma visualização básica do que viriam a ser os novos navios da classe. O grande galpão dos projetistas sobreviveu ao tempo e a falência da empresa, e hoje segue restaurado funcionando como parte do roteiro turístico da cidade de Belfast no chamado "Titanic Quarter"", onde está também o museu dedicado ao Titanic, junto da rampa de construção de onde os navios foram construídos e lançados entre 1908 e 1911.
Apesar da grande mistura de estilos e elementos decorativos, os decoradores dos dois navios irmãos conseguiram alcançar um balanço entre o grandioso e o bom gosto, o que fez com que ambos os navios estivessem a frente de seus dois maiores concorrentes, o RMS Mauretania e o RMS Lusitania, ambos propriedade da companhia Cunard Line.
A coletânea de estilos adotada no interior do Titanic percorria centenas de anos em evolução arquitetônica, que se viam representados na decoração das cabines e salas sociais da 1ª e da 2ª classes. Seguem nomeados 21 dos estilos aplicados: Renascença Italiana, Luís XIV, Luís XV, Luís XVI, Adam, Tudor, Georgiano, Rainha Anne, Jacobino, Holandês Antigo, Holandês Moderno, William e Mary, Regência, Dórico, Jônico, Coríntio, Marroquino, Mouro, Chippendale, Sheraton e Grinling Gibbons.
Ao lado: Um registro de extrema raridade que flagra parte dos trabalhos de decoração a bordo dos navios da classe Olympic. Na foto trabalhadores especializados em gesso seguem em obras de restauração e reformas em uma das alcovas laterais no Salão de Jaatar da 1ª classe no Olympic em 1929, seis anos antes da demolição deste, e dezessete anos após o naufrágio do Titanic. Aqui alguns elementos decorativos como parte dos relevos florais do teto estão em destaque fora de suas posições, bem como uma cabeça de Netuno com barba encaracolada destacada das paredes que recebe retoques. As cabeças de cariátides localizadas entre os vitrais eram elementos inspirados pela arquitetura grega, e surgem como formas femininas que "seguram" o entablamento do teto sobre suas cabeças.
O salão de jantar dos dois navios foi decorado com o centenário estilo o Jacobino do século XVII, mas de uma maneira revivalista, ou seja, foi modernizado para trazer um visual mais leve e delicado, com o abandono de paredes em madeira natural originais do estilo para dar lugar à pintura branca. O teto com ornamentos florais das várias alcovas laterais fora quase fielmente copiado da Long Gallery da Chastleton House em Oxfordshire, Inglaterra. Nas três alas centrais do mesmo salão a decoração era mais geométrica, tendo como base outra mansão, neste caso Haddon Hall, também na Inglaterra.
Ao lado: Arthur Henry Durand
Grande
parte da decoração interior dos navios irmãos foi projetada e instalada
pelas mesmas equipes de artistas e e artesãos, visto que o Olympic e o
Titanic foram construídos quase ao mesmo tempo. Os interiores foram
projetados pela empresa Aldam, Heaton & Co., que já havia
trabalhado em outros navios da White Star Line e também havia criado o
design dos interiores das casas do presidente da White Star Line J.
Bruce Ismay e sua família. A maior parte dos interiores em ambos os
navios foi projetado pelo arquiteto Arthur Henry Durand, que tinha
estudado a arquitetura em Bruxelas no fim da década de 1890, e estava
envolvido também com o projeto da Torre Eiffel em Paris. Durand
trabalhou tanto para a White Star Line como para a Peninsular &
Oriental Steam Navigation Company.
Acima, esquerda: Marceneiros a bordo do Olympic se reúnem para uma fotografia à ré do Salão de Jantar da primeira classe, em data não confirmada. A foto posada sugere a satisfação destes operários em executar suas profissões a bordo dos navios de luxo daquele período, considerando que o requinte das acomodações destes transatlânticos oferecia uma boa oportunidade de mostrar suas habilidades. Direita: Um raro registro de uma das amplas oficinas de marcenaria do estaleiro Harland and Wolff, um registro datado por volta de 1899. Aqui era construído parte do mobiliário padronizado mais comum dos navios criados pela empresa, como armários, camas, beliches, lavatórios, entre outros; ficando a cargo de empresas sub contratadas o fornecimento da decoração e mobiliário de maior luxo.
Via the-saleroom.com
Acima: Um par de esboços a lápis de Johan Jacob Gunter-Mohr, um mestre artesão que, durante sua carreira, trabalhou na Harland & Wolff. As ilustrações florais lembram muito os entalhes ao estilho do mestre escultor 'Grinling Gibbons' , que foram reproduzidas e aplicados nas colunas de sustentação das escadarias do Olympic e do Titanic, mas não são idênticas, portanto não se pode afirmar de qual navio estes planos são originários.
Embora as oficinas da Harland and Wolff tenham sido responsáveis pela criação da maioria da carpintaria e móveis regulares do Olympic e do Titanic, e a empresa Adam Heaton & Co. pelos ambientes de luxo, como cabines e áreas de convivência, uma das sub contratadas para equipar cabines de luxo para o Olympic e o Titanic foi a empresa alemã Mutters & Zoon, que já trabalhava nos interiores dos navios construídos pela Harland & Wolff desde 1896, quando pela primeira vez equiparam o navio Rotterdam para a Holland-America-Line em Belfast.
A empresa foi responsável pelos painéis decorativos e mobília de 24 das cabines mais luxuosas do navio, compostas por um quarto, sala de estar e banheiro. Dezenas de funcionários da Mutters trabalharam no prestigioso empreendimento no estaleiro durante meses. Os móveis para a recepção da 1ª classe, Palm Court, Lounge, Sala de Fumantes e os conveses privativos foram feitos em Haia. Os móveis de vime foram terceirizados para uma subcontratada: a Royal Dutch Basket Factory W.F. van Vliet, também em Haia.
Para concluir o trabalho no Titanic, cerca de 500 a 600 homens trabalharam nos interiores e nos móveis na fábrica em Haia, criando painéis "superdimensionados" para que, quando fossem entregues em Belfast, pudessem ser cortados para se ajustarem perfeitamente a cada cabine. Duzentos e cinquenta dos operários especializados viajaram a Belfast para concluir as cabines, trazendo ferramentas, mas compartilhando máquinas com os artesãos da H&W no estaleiro. As suítes de primeira classe fornecidas foram particularmente aquelas nos conveses B e C, para as quais a empresa forneceu tudo, desde os painéis até os travesseiros e edredons. Essas suítes eram ricamente decoradas em vários estilos de época, como neoclássico, Luís XIV, séculos XV, XVI, Império, georgiano e renascentista italiano.
Em 31 de maio de 1911, o diretor Herman Pieter Mutters (acima), estava presente em Belfast para ver o Titanic ser lançado ao mar. Um convite para participar da primeira viagem dez meses depois foi recusado devido à longa duração. Em retrospecto, um grande golpe de sorte.
Abaixo: Nesta foto tomada em 1911 a subcontratada Royal Dutch Basket Factory W.F. van Vliet exibe o mobiliário de vime que no momento estava fornecendo aos novos navios da White Star Line. Neste caso a poltrona e namoradeira em vime são como as utilizadas na Recepção da 1ª classe, no convés D. O mobiliário simples e feito com matéria natural, ainda que numeroso, conferiu à Recepção da 1ª classe nos dois navios uma sensação de leveza, talvez o que tenha contribuído para a grande aprovação que estas áreas em ambos os transatlânticos viria a receber.
Os interiores do Titanic
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As instalações para os passageiros da 1ª classe a bordo do Titanic tinham como objetivo atender os mais altos padrões de luxo da época. De acordo com os planos de arranjamento geral o navio podia acomodar 833 passageiros na 1ª classe, 614 na segunda classe e 1.006 na terceira classe, totalizando uma capacidade combinada de 2.453 passageiros. Além disso, sua capacidade de hospedar membros da tripulação ultrapassava 900. A maioria dos documentos que registram a configuração original do Titanic afirmam que a capacidade total de transporte para os passageiros e tripulantes era de aproximadamente 3.547 pessoas ao todo. .
Ao lado: Lawrence Beesley, passageiro da 2ª classe, aproveita a oportunidade para pedalar em uma bicicleta estacionaria do ginásio da 1ª classe do Titanic em 10 de abril de 1912. À frente das duas bicicletas estacionarias um grande marcador que permitia aos passageiros a disputa de uma corrida de velocidade. Certamente ele não imaginava na ocasião que sobreviveria a um desastre dentro de 5 dias, tampouco que sua estadia no Titanic seria registrada em um livro de sua própria autoria, no qual contaria a sua experiência a bordo.
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O design dos interiores do Titanic partia do mesmo princípio do encontrado nos interiores de outros navios de passageiros da época, que eram tipicamente decorados em estilos bastante pesados, como os de mansões ou casas de campo inglesas. No entanto o Titanic foi projetado com um estilo geral muito mais leve e moderado, semelhante ao das casas contemporâneas de alta classe e hotéis de luxo; o Hotel Ritz foi um dos muitos ponto de referência como inspiração para os decoradores. .
Uma grande variedade de outros estilos de decoração, que iam desde o Renascimento ao estilo Vitoriano, foram usados para decorar cabines e salas públicas na áreas da primeira e segunda classe. O objetivo era transmitir a impressão de que os passageiros estavam em um hotel flutuante ao invés de estarem em um navio. Exemplificando este sentimento, a seguinte frase foi utilizada como publicidade feita pela Companhia White Star Line sobre um passageiro que entrasse no navio: .
"Nós deixamos o convés e passamos através das portas que nos levam ao interior do barco e, como por mágica, perdemos o sentimento de que estamos a bordo de um navio, a sensação é de que estamos entrando no saguão de uma grande casa em terra."
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Ao lado: Janelas arcadas do ginásio de exercícios da 1ª classe do Olympic, com padrão idêntico às instaladas no Titanic. A porta aberta era de acesso ao ginásio, e o pequeno nicho varanda na sequência protegia a porta de acesso para o mais alto patamar da grande escadaria da 1ª classe. Sobre a composição destaca-se a grande chaminé dianteira com 19 metros de altura visível acima do teto dos alojamentos dos oficiais. .
Os passageiros da terceira classe não eram tratados com todo o luxo como os de primeira classe, mas mesmo assim eles estavam em melhores acomodações do que os seus companheiros em muitos outros navios da época. As acomodações de terceira classe a bordo do Titanic eram fortemente representativas da grande mudança de padrões que a White Star Line havia tomado no que se refere as melhorias das acomodações direcionadas aos passageiros imigrantes da classe mais baixa.
Ao Lado: Colocada para venda no ebay no ano de 2023 por pouco mais de 80 mil reais, a janela ao lado é um dos exemplares que sobreviveu e foi preservado através das décadas depois da demolição do Olympic após sua aposentadoria em 1935. A relíquia neste caso perteneu aos arredores da Grande Escadaria, segundo as descrições. Feita de madeira de teca, uma das mais resistentes madeiras do mundo, o exemplar segue com plena utilidade. No Olympic e no Titanic, bem como nos navios daquele período, a teca foi pontualmente utilizada em áreas onde haveria contato direto com intempéries ou umidade, por sua importante propriedade de resistência à degradação em ambientes úmidos e também ao calor excessivo. Além das janelas, o mobiliário instalado no banho turco a bordo era composto em teca (e segue ainda hoje notavelmente conservado), além de que a madeira servia como contorno para as bordas dos conveses externos do navio e contorno do piso ao redor das paredes, bem como servia como base sólida para os equipamentos pesados de convés, como guindastes, guinchos, cabrestantes e demais peças do gênero. Ainda hoje nos escombros do Titanic, passados mais de 111 anos, há a evidente presença de teca conservada de modo notório. Conservação muito superior ao restante de todo o madeiramento dos conveses e mobiliário do navio, onde em boa parte dos casos houve degradação total de outros tipo de madeiras empregadas na construção. Este exemplar mede 81 X 1,68 m. .
Na maioria dos navios de passageiros que percorriam a movimentada rota de transporte do Atlântico Norte, as acomodações de terceira classe consistiam em grandes dormitórios abertos, nos quais dezenas de pessoas eram alojadas, muitas vezes sem uma alimentação adequada, confinados no interior de compartimentos localizados na extremidade dianteira dos navios. A White Star Line há muito tempo vinha enfrentando o desafio de quebrar essa regra. Como visto, a bordo do Titanic, e todos os navios da White Star, os passageiros da terceira classe se dividiam em duas seções, sempre localizadas nas extremidades opostas do navio. O acordo estabelecido foi que homens solteiros seriam hospedados nas áreas dianteiras, enquanto as mulheres solteiras, casais e famílias seriam alojados à ré da embarcação. Além disso, enquanto outros navios da época forneciam apenas dormitórios coletivos, os navios de linha White Star Line ofereciam aos passageiros de terceira classe cabines privadas, pequenas mas confortáveis, capazes de acomodar dois, quatro, seis, oito e 10 passageiros em cada uma delas. .
Abaixo: Uma cabine de 2ª classe a bordo do navio SS Laurentic, propriedade da Companhia White Star Line. No Titanic as cabines da 3ª classe seguiam o mesmo tamanho, mobiliário e padrão. Ao invés de grandes salões dormitórios onde amontoavam-se emigrantes humildes, no Titanic havia a vantagem de poder dividir uma cabine com familiares ou amigos conhecidos. A popa era uma área reservada exclusivamente às famílias e mulheres solteiras, os homens sozinhos e/ou solteiros eram obrigatoriamente hospedados no extremo oposto do navio, na proa.
Como na maioria dos navios da época do Titanic, as instalações de primeira classe eram localizadas na parte central do navio, onde as vibrações e o balançar do navio eram minimamente sentidas. O navio tinha seus andares designados por letras (Convés A, Convés B, Convés C,...), com exceção do andar superior, chamado Convés de Botes. A primeira classe abrangia desde o andar superior (Convés de Botes) até o Convés E, enquanto que a maioria dos outros conveses possuíam acomodações da 2ª e 3ª classe, porém devidamente isoladas uma da outra. Neste panorama o convés A era uma exceção, uma vez que continha apenas instalações de primeira classe. Nos outros conveses a primeira classe ficava ao centro do navio, a segunda classe ficava nas bordas e a terceira classe se localizava na popa e na proa, onde o barulho e as vibrações eram mais evidentes.
As classes eram rigidamente isoladas, e era teoricamente proibido passar de uma classe para a outra. Haviam placas nos acessos que indicavam aos passageiros que eles eram proibidos de frequentar determinada área. Na prática, era completamente impossível, por razões de saúde, um passageiro de terceira classe entrar em contato com as outras classes, porém as barreiras entre a primeira e segunda classe eram mais flexíveis.
Ao lado - Cenário do filme "Titanic" (1997): "AVISO PASSAGEIROS DA 3ª CLASSE NÃO SÃO PERMITIDOS ALÉM DESTE PONTO."
É sabido que um passageiro da primeira classe poderia visitar um amigo que estivesse viajando na segunda classe. Da mesma forma, antes do início da viagem os passageiros de segunda classe poderiam visitar as acomodações da primeira classe antes da partida do navio. Assim Lawrence Beesley, um passageiro de segunda classe, foi fotografado em uma bicicleta no Ginásio do Titanic, local reservado apenas para a primeira classe. .*cb
. . O
convés de botes no Titanic era o mais alto no navio, e a maior parte
nele era aberta para o passeio e lazer dos passageiros. A plataforma era
dividida pelos alojamentos construidos ao redor dos compartimentos ao
redor das aberturas das chaminés e dutos de ventilação das entranhas do
navio, e também pelos tetos elevados de algumas das salas públicas
localizadas diretamente abaixo. A maioria dos captadores de ventilação
do navio também estava localizada aqui, mas devido ao uso de
ventiladores do tipo Sirocco [com motores para ajudar na indução do ar]
para ajudar com a indução do ar, o convés não estava obstruído com a
típica floresta de visual desagradável proeminentes em tantos outros
navios do mesmo período, assim como os encontrado a bordo do navio RMS
Mauretania, da concorrente Cunard Line.
Ao lado: Uma visão parcial do convés de botes fotografado em sua ala de estibordo/boreste a bordo do Olympic, numa de suas estadias em New York em 1911, antes do naufrágio do Titanic. A configuração do grupo de botes na área dianteira (a esquerda da foto) - precedendo os demais botes à ré do mesmo convés - atesta a data da foto, período pré desastre quando a configuração dos botes era quase a mesma que seria usada a bordo do Titanic. O ângulo da foto denuncia que, curiosamente, o fotógrafo tomou a imagem se postando em pé sobre o teto da asa da ponte de navegação, junto da lâmpada morse que no Titanic chegou a ser utilizada para emitir de socorro com sinal morse luminoso para algum eventual navio que pudesse captar o pedido de urgência.
Uma grande área de convés era
revestido de madeira de pinheiro amarelo. Os tetos elevados da sala de
leitura da 1ª classe e do Lounge da 1ª classe, que se elevavam acima do
convés, proviam espaço para os jogos de convés, como o shuffleboad,
típico nos navios da época. A maior porção do espaço no convés de botes
era reservada aos passageiros de 1ª classe, enquanto uma área menor à ré
servia como passeio para os passageiros de 2ª classe. Intercalando os
dois espaços, havia um estreito convés separado por gradio e portões,
reservado aos engenheiros da sala de máquinas. Em adição, os oficias
tinham o seu próprio espaço na área dianteira do convés, separados da
área pública por gradio com portões em ambos os lados do navio. Em
virtude da vista panorâmica, a ponte de comando estava alocada na área
dianteira do convés de botes, junto da casa do leme e sala de mapas.
Abaixo: O RMS Mauretania, da Cunard Line, concorrente da White Star Line fotografado durante os trabalhos de equipagem entre 1906/07. No Olympic e no Titanic a White Star Line - junto da Harland and Wolff - optou por equipar os conveses com uma quantidade e dimensão reduzida de ventiladores, tendo como tática a preferência por modelos equipados com motores eficientes que agiam na indução e expulsão forçada de ar para a climatização das entranhas do dois navios. No Mauretania, no entanto, a profusão e dimensão exagerada das chamadas "cow vents" se devia principalmente ao fato de que estes aparatos neste caso não contavam com motores, atuando então com um fluxo de ar naturalmente impelido para dentro através do próprio movimento do navio ou mesmo a direção prevalente do vento quando o navio estivesse atracado. A tática era também eficiente, porém automaticamente exigindo dimensões e quantidades extra, o que obliterava em muito o visual e os espaços livres de convés externo. No Lusitania, o navio irmão do Mauretania, a opção era também por indução natural de ventilação, porém o modelo adotado era distinto, ligeiramente menos desagradável ao design, porém ainda em grande quantidade e dimensão.
Os
alojamentos dos oficias de alto patente e do capitão [com sua própria
sala de estar] estavam situados à ré da ponte de comando, bem como a
sala de telégrafo, seis cabines de 1ª classe, o ginásio de exercícios da
1ª classe a o saguão superior da escadaria principal da 1ª classe. À ré
da plataforma acima do longe da primeira classe estava um acesso com
escada interna para o convés de passeio da 1ª classe, a sala dos
tanques de água junto da sala de fumantes dos oficiais e, logo adiante, a
plataforma elevada do teto da sala de fumantes da 1ª classe e o saguão
de acesso para a escadaria da 2ª classe. As claraboias protetoras dos
domos decorativos das duas escadarias de 1ª classe estavam também aqui, a
primeira alocada adjacente ao teto do alojamento dos oficiais no saguão
superior da escadaria, e a segunda ao nível do convés de botes. O fosso
de luz e ar sobre a sala de máquinas terminava aqui também, com
alçapões envidraçados sobre o alojamento entre a terceira e a quarta
chaminés. Flanqueando os dois lados do navio estavam alojados dezoito
botes salva vidas, sendo mais dois deles alojados junto à base da
chaminé dianteira.
.
Ponte de Comando
Acima
- A ponte de comando do Olympic ilustra com proximidade a
mesma área do seu navio irmão, considerando que não há
fotografias conhecidas da ponte no Titanic.
Os dois objetos circulares instalados na parede entre duas janelas
são os controles de acionamento dos apitos situados nas chaminés Nº 1 e 2; as únicas com apitos realmente funcionais. Ao
redor do timão, contornando a circunferência em bronze, havia a seguinte inscrição gravada em baixo
relevo:
Ao lado: Um dos telégrafos de bronze que compunham a ponte de comando no Titanic, recuperado dos escombros do navio a 3.800 m de profundidade. .
O cérebro de qualquer embarcação no mar é a ponte de comando e, no caso do Titanic, a ponte de comando foi onde ocorreram algumas das ações mais importantes de 14 de abril de 1912. A Ponte de Comando, no alto da superestrutura do navio, era o centro de comando da navegação do Titanic."Ponte de Comando", em sua descrição original, se refere a uma estrutura similar a uma passarela que atravessa a largura de um navio, permitindo que os comandantes tenham vista para a frente e para os lados da embarcação quando atracado ou em movimento.
Os veleiros não tinham ponte de comando, sendo navegados e comandados a partir do tombadilho, onde se encontrava o leme. Mas com a chegada da energia a vapor e a instalação de pás nas laterais dos navios, os engenheiros precisavam de uma maneira de ir facilmente de um lado ao outro e inspecionar as máquinas. Isso tomou a forma de uma plataforma elevada que se estendia entre os dois lados da embarcação, formando uma ponte literalmente falando. Quando as pás laterais desapareceram em favor da hélice, a ponte de comando permaneceu e se tornou o lar dos instrumentos de comando e navegação das embarcações.
Ao lado: Edward John Smith, o capitão, fotografado à bombordo do Titanic, frente a entrada para a ponte de comando. Pela vidraça vê-se o topo de um dos telégrafos que integravam as comunicações de bordo.A foto foi tirada em Southampton no dia 9 de abril de 1912, um dia antes da partida e 6 dias antes do naufrágio.
Por volta do ano 1900, as empresas começaram a instalar janelas de vidro nas pontes de comando dos novos navios, o que protegia os oficiais do mal tempo e do vento frio. Nos transatlânticos da classe Olympic, assim como em outros transatlânticos da época, a ponte de comando estava localizada na proa, acima da superestrutura. Denominada por uma série de nove janelas retangulares na parte frontal central do convés dos botes salva vidas, a ponte de comando abrangia uma Ponte de Navegação logo atrás das janelas, uma Casa do Leme fechada situada atrás desse espaço, e englobava também as asas inclinadas para trás em ambos os lados, que terminavam em uma "cabine" coberta, onde os oficiais podiam entrar e observar ambos os lados do navio. Conectadas à Casa do Leme, havia uma Sala de mapas e alojamentos para um prático do porto.
Marconigraph, Parks Stephenson
A Ponte de Navegação continha cinco telégrafos de ordens, um timão e uma bitácula de bússola. Havia também duas pequenas mesas dobráveis em cada parede lateral que podiam ser usadas para análise de cartas náuticas.
Embora o timão aqui fosse operado apenas quando navegava perto da costa, os cinco telégrafos podiam e seriam usados para se comunicar com as várias casas de máquinas durante uma viagem.
Os dois telégrafos mais externos eram conectados à sala de máquinas para transmitir ordens de velocidade do navio. A manivela de bombordo desses telégrafos transmitia ordens para a máquina de bombordo e a manivela de estibordo fazia o mesmo para a máquina de estibordo.
Esses dois telégrafos também eram conectados um ao outro, de modo que as ordens só precisavam ser "passadas" em um dos telégrafos. Um terceiro telégrafo de ordem para as máquinas estava localizado diretamente a bombordo do leme.
Este era o telégrafo de emergência. Ele tinha uma conexão independente com a sala de máquinas em caso de falha do par de telégrafos de ordem da máquina principal, mas, de resto, tinha a mesma função.
Os dois telégrafos restantes eram para uso quando o navio estava atracado ou próximo à costa. Eles se comunicavam com a Ponte de Atracação localizada na popa. Este era semelhante aos três telégrafos de comando de motor, mas retransmitia esses comandos para a Ponte de Navegação a partir da Ponte de Atracação.
O outro tinha um conjunto duplo de comandos nos mostradores laterais, um interno e um externo. Comunicando-se nos dois sentidos, a Ponte de Navegação podia enviar comandos de atracação. No centro da Ponte de Navegação ficava o timão e a bússola. A bitácula de teca continha uma bússola Kelvin-White de 10".
Esta era uma das quatro bússolas principais a bordo dos navios da classe Olympic, com as outras localizadas na casa do leme, uma plataforma de bússola no meio do navio entre as chaminés 2 e 3, e um na ponte de atracação na popa. A bússola dentro da bitácula era iluminada para facilitar a visualização à noite.
Atrás da bitácula da bússola ficava o leme do navio, um dos três que podiam ser usados para dirigi-lo. Este leme, feito de teca e medindo 1,25 m de diâmetro, estava montado em um pedestal de latão de 86 cm de altura. Este era operado apenas quando o navio estava próximo da costa, mas era conectado ao telemotor na casa do leme, que então o conectava às máquinas do leme alojada sob a popa. A ponte de navegação era fronteada por nove grandes janelas, com um dos sinos do navio montado do lado de fora e acima da janela central.
Ao lado: A
casa do leme recriada para os cenários de "Titanic" (1997). Na casa do leme o timoneiro poderia pilotar sem estar
exposto ao clima frio, como na ponte de comando à frente. A reprodução cenográfica é bastante próxima à realidade, porém não é historicamente exata; a mesma regra é válida para todos os demais cenários do filme.
Logo atrás da Ponte de Navegação ficava a Casa do Leme, de onde o navio era pilotado em mar aberto. Foi aqui que o Contramestre Robert Hichens manobrou abruptamente o leme do Titanic em resposta à ordem de "virar a estibordo" do Primeiro Oficial William Murdoch. Embora a Casa do Leme tivesse cinco janelas na dianteira, estas eram frequentemente fechadas quando o espaço estava em uso, forçando o homem ao leme a executar apenas os comandos recebidos dos oficiais de convés. A parede frontal do espaço era ocupada por um armário onde as bandeiras e outros equipamentos de sinalização eram guardados para uso imediato quando necessário.
Instalados na antepara (parede) traseira da Casa do Leme, haviam telefones que se comunicavam com várias partes do navio. Esses aparelhos foram imortalizados em filmes como o local onde o Sexto Oficial James Moody recebeu a ligação do cesto da gávea informando que gelo havia sido avistado bem à frente.
No centro da casa do leme ficavam a bitácula do leme e o telemotor, que conectavam o leme do navio à máquina de manobras à ré. O leme aqui era ligeiramente menor do que o da Ponte de Navegação, medindo 1,18 m e estava montado em um pedestal de 81 cm de altura. O telemotor, fabricado pela Brown Brothers & Co. de Edimburgo, substituiu o conceito de direção direta em embarcações muito mais antigas. Esse sistema hidráulico permitia que o navio se reposicionasse a meia-nau se não houvesse ninguém atuando no leme.
Como parte do sistema hidráulico usado para dirigir o navio, quando o leme era girado na ponte, as linhas hidráulicas transmitiam o comando para o motor de direção na popa do navio, e o motor de direção girava o enorme leme. Em vários pontos da Ponte de Navegação, da Casa do Leme, das asas de navegação e cabines das asas, havia outros equipamentos. Vários relógios, termômetros, barômetros e um clinômetro usado para medir a inclinação do navio estavam localizados ali, assim como um compartimento de aparatos para abastecer os botes salva-vidas. Os apitos do navio também podiam ser controlados a partir controles instalados nesta área.
O Titanic possuía também dois megafones de latão [ambos foram recuperados a partir do local do naufrágio] para gritar ordens de ancoragem da Ponte para a proa do navio. No entanto na noite do acidente os oficiais usaram para coordenar o lançamento dos botes salva vidas.
.
Acima - Cena excluída do filme Titanic que reproduz o uso de um dos megafones pelo Capitão Edward John Smith [interpretado por Bernard Hill] ao chamar de volta para o navio o bote salva vidas Nº 6.
As acomodações do Capitão
11 de abril de 1912, segundo dia de viagem, segunda e última escala na Europa, águas de Queenstown, Irlanda - EJ Smith é visto aqui a bordo do Titanic do lado de fora dos alojamentos dos oficiais, no convés de botes de estibordo do transatlântico, ao lado do comissário-chefe Hugh McElroy, um veterano da White Star e recém-transferido do Olympic. É seu dever esta manhã, juntamente com sua tripulação competente e bem treinada, supervisionar e preparar o embarque e o bem-estar das mais de 2.200 pessoas que em breve estarão sob sua supervisão durante a próxima semana no mar. Contando de trás para frente, as acomodações de Smith correspondem da segunda à quinta janela ao lado de seu ombro. As pequenas vigias circulares junto ao nível do convés se abriam para dutos de iluminação para as cabines localizadas no convés abaixo, sendo discretamente ocultadas nas acomodações de Smith pelo mobiliário. No topo direito, ao fundo se destaca o cesto da gávea, posicionado 12 metros acima do convés e a 28 metros do nível do mar, de onde apenas cinco dias adiante os vigilantes Frederick Fleet e ReginaldLee avistariam o iceberg.
Diretamente acima da cabeça de Smith é possível notar parte do bote salva vidas desmontável "A", que durante a madrugada de 15 de abril seria palco de um dos maiores dramas daquela noite, quando na tentativa desesperada de baixá-lo ao convés, o mesmo encheu-se de água porque suas bordas extensíveis não puderam ser levantadas. O bote então foi "cuspido para longe" as 2:15h da madrugada, cinco minutos antes do mergulho final do Titanic, quando o convés superior mergulhou rapidamente e na subsequente queda da chaminé dianteira. No bote sobreviveram cerca de 14 pessoas durante a noite - outras tantas pereceram durante a madrugada pela exposição ao frio, - todas enregeladas e com parte do corpo dentro da água até que foram resgatadas na manhã seguinte pelos tripulantes do bote de número 14 liderado pelo 5° Oficial Alfred Lowe, que na sequência os distribuiu entre os botes de número 4, 10 e12. Acima: Cenas de "Titanic" 1997.
A cabine do capitão consistia em três cômodos, uma sala de estar, um quarto e um banheiro privativo. O conjunto estava alocado logo após as acomodações operacionais da Ponte de Comando, no lado estibordo/boreste do navio, com janelas voltadas para o convés de botes. Estas foram equipadas com venezianas e painéis com vitral retrátil para permitir iluminação, mas garantir maior privacidade interior. O conjunto todo era bem equipado, melhor e mais amplo do que as cabines menos custosas da primeira classe. O capitão contaria também com seu próprio camareiro pessoal para atender às suas necessidades.
Fazendo um contraponto entre as acomodações do capitão e as de primeira classe, apenas quatro cabines de luxo na primeira classe contavam com sala de estar e banheiro privativo integrados, algo destinado apenas para as acomodações de maior luxo e consequentemente mais dispendiosas.
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A sala de estar e o quarto foram decorados com painéis brancos e lambrequins em madeira polida. Se comparada às cabines standard na primeira classe, esta era mais espaçosa, porém mais confortável do que luxuosa, dispensando decoração rebuscada. O lavabo era equipado de forma semelhante a um banheiro privativo de Primeira Classe. Suas paredes eram pintadas de branco, e contava com banheira, aquecedor elétrico, vaso sanitário e uma pia. O quarto era bastante semelhante a um quarto dos oficiais subalternos. Ali havia uma cama e uma cômoda de carvalho, ambas com várias gavetas, além de uma penteadeira, uma escrivaninha e aquecedor elétrico. A sala de estar era bem grande com mesa e uma escrivaninha de carvalho, um relógio Magneta conectado ao sistema de relógios escravos do navio, um barômetro montado em um nicho na parede, um aquecedor elétrico, um tapete, cadeiras, uma grande estante de livros de carvalho, dois guarda-roupas suspensos e um sofá
Convés de Botes
Acima -
Convés de Passeio da 2ª classe, ao lado da 4ª chaminé do Titanic, em uma
fotografia tomada durante a escala na cidade de
Queenstown, Irlanda, em 11 de abril de 1912, sua segunda e última escala
na Europa.As dezenas de espreguiçadeiras recostadas na plataforma elevada do teto da Sala de
Fumantes eram dobráveis, e poderiam ser locadas pelos passageiros
através do balcão do Comissário de Bordo, no Convés C, e não poderiam
ser levadas e trazidas para qualquer lugar no Convés, tinham marcação
de local fixo numerado onde obrigatoriamente eram posicionadas. Na esquerda se pode notar os botes salva-vidas Nºs 10, 12 e 14. As três
pessoas caminhando sob pesadas roupas são as cunhadas Elsie Doling (18),
Ada Julia Doling (34) e Edwin Frederic Wheeler (24), passageiros da 2ª classe. Edwin era criado particular do milionário
norte americano George Washington Vanderbilt, que cancelou sua passagem
no Titanic, mas o enviou com passageiro da 2ª classe. Edwin pereceu no
desastre e seu corpo, se recuperado, não foi identificado. Elsie e
Ada sobreviveram ao desastre. Esquerda: Uma visão dos bastidores de "Titanic" (1997) que exibe o mesmo local visto na fotografia histórica.
.
Ao lado
- Cadeira autêntica do Titanic resgatada pelo navio CS
Minia durante o processo de recuperação dos corpos no local do desastre nos dias posteriores ao naufrágio. A cadeira foi presenteada ao
Reverendo Henry W. Cunningham, em reconhecimento ao seu trabalho no
funeral e sepultamento das vítimas. A peça foi doada pelo neto de Henry ao Museu
Marítimo do Atlântico, em Nova Escócia, onde estão enterradas a maioria
das vítimas do naufrágio. A espreguiçadeira é de mogno, com uma
estrela esculpida sobre o apoio da cabeça, marca registrada da White Star Line; o assento de palha não é
original, foi refeito. Hoje esta é uma das únicas intactas ainda preservadas.
.
O Titanic tinha a reputação de ser espaçoso, o que é evidenciado pela plataforma superior do navio com seu vasto passeio com piso revestido de pinheiro. Navios mais antigos eram cheios de equipamentos de ventilação, clarabóias, cabos de aço e botes salva vidas, mas os projetistas do Titanic mantiveram todos esses recursos em requisitos mínimos em virtude de liberação de espaços.
.
Lâmpadas elétricas iluminavam o convés superior. Tetos elevados sobre o Convés de Botes formavam terraços em que os passageiros podiam passear ou jogar. Se o exercício não estivesse nos planos, bancos foram estrategicamente colocados para descanso e contemplação do mar.
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No vídeo abaixo: Teste com um real conjunto de apitos resgatado dos escombros do Titanic. O som emitido possivelmente não é o mesmo que teria sido em 1912, considerando que o artefato permaneceu por mais de 74 anos no fundo do oceano e o teste foi executado com um nível de pressão inferior ao que realmente era utilizado no início do século, quando o Titanic fez sua primeira e única viagem.
Esquerda - Foto autêntica da chaminé frontal do Titanic. Na madrugada do desastre os 12 cabos de aço que a sustentavam não resistiram à inclinação do navio e se arrebentaram, e a chaminé caiu sobre os que se debatiam em meio ao turbilhão de água.
Ao lado e abaixo - Momento
recriado 85 anos depois do desastre... Em 1997 o diretor
canadense James Cameron põe a seu favor a moderna tecnologia do cinema e
utiliza-se de grandes efeitos especiais nas cenas do filme Titanic.
O momento da queda da chaminé fora recriado através da mistura
de filmagem em cenário do Convés de Botes com tamanho natural alojado num tanque, uma miniatura física da chaminé e um céu com horizonte
gerado por computador. Curiosidade - A cena foi conseguida com duas técnicas diferentes: Na sequência inicial uma chaminé em miniatura foi gravada em estúdio fechado separado, com uma estrutura metálica interna coberta por uma "pele de aço" de papelão pintado nas cores da chaminé. Para simular a queda em dimensão mais próxima à realidade na tomada final foi utilizado um tanque de caminhão cilíndrico suspendido em cabos de aço sobre o tanque com dublês. .
. Abaixo -Os apitos do Titanic tal como reproduzidos nos cenários do filme Titanic, possivelmente um som bastante próximo ao original de 1912, quando o Titanic fez a primeira, única e não terminada jornada em direção à América. Direita: Um conjunto de apitos resgatado dos escombros do navio a 3.800 m de profundidade.
Altamente visíveis nas áreas de passeio aberto estavam as quatro imponentes chaminés, três das quais eram totalmente funcionais, com uma chaminé extra adicionada para completar a simetria de design. Anexado a cada uma das chaminés havia um conjunto de apitos. Os apitos instalados nas duas chaminés dianteiras eram funcionais, e operados eletricamente a partir da ponte de comando. Os apitos das duas últimas chaminés não eram funcionais, sua presença visava completar a simetria apenas.Estas imensas estruturas com altura máxima de 19 m e largura máxima de 7,30 m, tinham como função a eliminação dos gases e fumaça da queima do carvão nas caldeiras do navio, mas também carregavam as cores tradicionais presentes nos navios da Companhia White Star Line, uma espécie indefinida de marrom levemente alaranjado com topo pintado de preto. Era nelas também onde os potentes apitos foram instalados com escadas de acesso e onde haviam várias tubulações e canos de eliminação de vapor excedente.
.
Ao lado: Entre as quatro chaminés, a última à ré fugia às funções das demais, não estava conectada às saídas das fornalhas de carvão e atuava na eliminação dos gases da sala de máquinas, a fumaça da lareira da Sala de Fumantes e fumaça das cozinhas, servindo também como duto de ventilação para várias áreas internas. Geralmente chamada de "falsa chaminé" ou "chaminé decorativa", que são termos incorretos considerando o aspecto funcional apenas distinto das demais. O diferencial era de que ela não expelia uma grande quantidade da conhecida fumaça negra assim como as três dianteiras. No entanto em determinados momentos quando a cozinha ou a lareira da 1ª classe estivesse em funcionamento a 4ª chaminé expelia uma quantidade moderada de fumaça.
Acima: Ao contrário do que fora exibido em "Titanic" (1997), as chaminés possuíam nenhuma iluminação noturna especial. A única luminosidade que recebiam era indireta, vinda das fracas lâmpadas que iluminavam o convés, portanto as quatro se apresentavam bastante obscuras durante a noite, difíceis até mesmo de serem vistas à distância. Curiosidade: A cena acima foi gravada com um modelo do Titanic em escala 1:20, com 13,45 metros de comprimento. A maquete demorou 5 meses para ser concluída, incorporando extremo nível de detalhes técnicos. A cena fora gravada em estúdio fechado com uma câmera de movimento controlado por computador. Na pós produção a tomada recebeu os toques da realidade com a adição da fumaça, céu, estrelas e mar gerados através de complicados métodos de computação gráfica e animação. Este grande modelo permanece ainda hoje como um das maiores e mais completos modelos do Titanic já criados.
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Abaixo: A reconstituição gráfica ilustra de modo muito próximo como possivelmente seria a aparência do Titanic durante a noite, com luminosidade muito inferior ao que oi cinema e suas exageradas técnicas de iluminação popularizaram.
Direita: Chaminés do Olympic recebendo retoques na pintura nas docas da White Star Line, em Southampton, Inglaterra. A tubulação à esquerda e à direita permitia a eliminação de vapor excedente. À direita também se pode ver o conjunto de apitos com sua própria tubulação de vapor. .
. . Ao lado: No detalhe da fotografia ao lado vê-se em 2º plano o mastro traseiro do Olympic e a chaminé Nº 4, com o conjunto de apitos instalado na porção frontal. As quatro chaminés carregavam apitos, no entanto apenas os instalados nas chaminés Nº 1 e Nº 2 eram funcionais, apenas eles estavam conectados às saídas de vapor responsáveis pela emissão de som. Através da enorme abertura oval de 7.3 m de diâmetro seria virtualmente possível a passagem com folga de uma locomotiva.
.
A área de passeio da primeira classe ficava no meio do navio no convés superior, enquanto que o passeio de segunda classe, ficava à ré, no final do convés de botes. Em 1912, as leis que regiam a capacidade de bote salva vidas estavam gravemente antiquadas. Através de uma peculiaridade na regulamentação, o número de botes salva vidas dependia dos metros cúbicos do navio. Este regulamento exigia que Titanic tivesse capacidade para evacuar apenas 950 passageiros. Embora o Titanic estivesse equipado com mais botes do que a lei exigia, com seus 20 botes salva vidas ainda não se poderia evacuar todos os passageiros em caso de emergência. . Ao lado - Uma rara fotografia da 4ª chaminé do Titanic. Aqui Charles Whilems, passageiro da 2ª classe, é
fotografado equilibrando-se sobre o alojamento junto de sua esposa, Eliza e a filha Eillen, de 11 anos; ambas apenas visitando o navio em 10 de abril, antes da partida,, não fizeram a viagem. Charles sobreviveu ao naufrágio e sua foto é muito
raramente publicada nos livros. Considerando que esta não era uma área disposta para trânsito de passageiros,
a foto denota ter sido propositalmente captada com intuito
jornalístico de ressaltar as dimensões inéditas do Titanic.As chaminés mediam pouco mais que 19 metros de altura em
sua porção externa visível acima dos alojamentos do Convés de Botes, no
entanto seus respectivos dutos se projetavam para dentro das entranhas
do navio onde estavam instaladas as 29 caldeiras.
.
Após a colisão com o iceberg às 11:40 h da noite de 14 de abril, foram perdidos minutos importantes no exame, avaliação e início do processo de evacuação. Finalmente, às 00:45, o bote salva vidas de estibordo nº 7 foi colocado para fora suspenso em um turco para iniciar a aterrorizante descida de sete andares para o mar. Neste bote estavam apenas 28 pessoas, muito longe dos 65 que tinha sido projetado para transportar. Nestes momentos, era difícil convencer os passageiros de que uma pequena
embarcação em mar aberto seria mais segura do que o quente e bem
iluminado convés do Titanic. . Abaixo: Quinta feira, 11 de abril de 1912, Queenstown, Irlanda: No convés de passeio da 2ª classe um jornalista do Irish Examiner fotografa a extensão do navio, flagrando John Harper e a pequena Annie Jessie [ao lado] caminhando sob pesados trajes. Apenas quatro dias após o clique histórico a pequena "Nina " seria salva no bote salva-vidas nº 11 - que na foto está exatamente ao lado de pai e filha -, mas John se tornaria uma das vítimas do desastre. Haviam mais botes disponíveis ao acesso imediato à 2ª classe [8 ao todo] do que para a 1ª classe, onde apenas 4 botes estavam de fato instalados no convés de passeio na parte dianteira do navio, porém outros 8 botes foram alojados no convés reservado aos tripulantes. Na madrugada do desastre, no entanto, as barreiras divisórias foram abertas, e a área da 1ª classe contou então com 12 botes ao todo. Nas áreas da 3ª classe, no entanto, não haviam qualquer bote disponível, sendo estes passageiros precariamente escoltados para as áreas de evacuação, muitos deles fizeram seu próprio caminho através de barreiras divisórias ao longo dos interiores e dos conveses externos.
Sala do Telégrafo / Marconi Room
Acima: Única foto conhecida da Sala de Telégrafo do Titanic, prejudicada pela dupla exposição do negativo, efeito que duplicou a imagem . De costas operando o aparelho de telégrafo está Harold Bride. Harold sobreviveu ao desastre com os pés feridos pelo congelamento, mas perdeu seu companheiro de trabalho, Jack Philips.
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A sala de telégrafo era localizada no Convés de Botes, perto da ponte de comando, e nela trabalhavam dois operadores de telégrafo empregados da Companhia Marconi. Seus trabalhos principais eram de receber e enviar mensagens por ondas de rádio usando o código Morse. Os
operadores da sala de telégrafo eram contratados exclusivos, não eram
considerados parte da tripulação normal. Os uniformes usados por eles
eram diferentes dos uniformes dos demais tripulantes, possuíam emblemas
próprios nos botões, mangas e no quepe. Os operadores não eram
diretamente subordinados à qualquer um dos tripulantes do navio, tendo
apenas determinadas obrigações para com os comandantes do barco. A maior
parte de seu tempo era gasto dentro da sala, com a
exceção das refeições que eram feitas em um salão de jantar reservado
no convés C. .
Acima: Reconstituição gráfica da Sala de Telégrafo do Titanic. À esquerda vê-se parte da porta da cabine dormitório dos oficiais de rádio, que intercalavam em turnos de repouso e trabalho. Esta é uma recriação virtual que incorpora extrema atenção histórica, incluindo novas informações vindas de explorações aos destroços do Titanic onde a sala ainda hoje preserva muitos de seus aspectos originais em meio à decomposição.
Ao lado: Cenas excluída de "Titanic" (1997), com os operadores Jack Philips e Harold Bride em pleno trabalho na sala de telégrafo. As mensagens escritas pelos passageiros e depositadas no Convés C [3 andares abaixo] chegavam aqui através dos tubos pneumáticos afixados na parede ao fundo, impelidas tubulação acima através de ar comprimido. .
Na década de 1910 a telegrafia sem fio era ainda uma novidade e estava em seu estado de infância, era considerada uma maravilha tecnológica. Telégrafos em navios eram incorporações recentes na nova era. Muitos navios ainda não tinham aparatos de telégrafo e muitos capitães de navios ainda não haviam adquirido confiança nestes aparatos, outros viam estas comunicações como uma mera frivolidade direcionada apenas aos passageiros.
Abaixo: A sala de telégrafo a bordo do Olympic, em data não especificada, mas ainda em sua configuração original de 1911. Equipada de maneira similar à correspondente no Titanic, embora no Olympic esta ocupasse uma posição ligeiramente diferente no convés de botes, possibilitando a presença de uma janela para o exterior. Posteriormente reposicionada, a sala de telegrafia no navio mais velho da classe perdeu o benefício da janela externa, e foi realocada então para um ponto central daquele convés, assim como no Titanic. Ainda que contasse com os mesmos aparatos funcionais como os posteriormente instalados no Titanic, neste último alguns dos equipamentos vistos nesta foto foram posicionados dentro da sala silenciosa situada ao lado, gerando então uma configuração exclusiva para o Titanic no quesito da distribuição de equipamentos. Fato este que surpreendeu os pesquisadores quando finalmente puderam acessar a sala de telégrafos do Titanic nos escombros a 3.800m de profundidade no Atlântico Norte, constatando então mais esta distinção curiosa entre os dois navios irmãos.
A 'Silent Room'
Localizada junto da sala de telégrafo, a sala silenciosa era onde os operadores podiam ajustar e controlar o transmissor principal e alternar para o aparato de emergência caso a energia do navio fosse comprometida. Este equipamento provou ser crucial na noite de 15 de abril de 1912 por ajudar a manter a faísca para os pedidos de socorro do navio enquanto a energia do Titanic começava a falhar. O nome da sala "Silent Room" provinha exatamente de suas propriedades, como uma sala com isolamento sonoro eficiente para abafar o ruido do transmissor de rádio. O amortecimento sonoro era muito eficiente e o disco faiscador era alojado dentro de um invólucro de teca para que tanto operadores e hóspedes das cabines adjacentes permanecessem imperturbáveis pelos ruídos do maquinário.
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Acompanhe no vídeo abaixo uma reconstituição aproximada gráfica da sala de telégrafo
O ginásio de exercícios
Acima: Uma foto original do ginásio no Titanic, fotografado por Robert John Welch em março de 1912 em Belfast cerca de um mês antes da viagem inaugural. Os planos originais mais antigos do Olympic e do Titanic ilustravam a posição do ginásio no convés F, próximo à piscina.
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O Titanic oferecia aos passageiros da primeira classe um ginásio totalmente equipado, localizado no lado estibordo do convés de botes. Havia uma máquina de remo, duas bicicletas estacionarias, saco de pancadas, o Titanic tinha um conjunto completo de equipamentos de exercício sob a supervisão do instrutor de academia Thomas W. McCawley.
Acima: Nesta cena excluída do filme Titanic a personagem ficcional "Rose" (Kate Winslet) visita o Ginásio do Titanic acompanhada do engenheiro Thomas Andrews (Victor Garber). O cenário foi reproduzido de modo bastante próxima à realidade, mas não incluindo todos os aparelhos. Os painéis com o mapa-múndi e o desenho dos cortes que exibem os interiores do Titanic foram incluídos de maneira próxima à realidade.
Acima, direita: Sentado na máquina de simulação de remo o instrutor do Ginásio, Thomas W. McCawley.O instrutor chegou a comentar com um passageiro que não usaria um colete salva vidas porque este o atrapalharia quando tivesse que nadar; acabou perecendo no desastre. O sujeito sentado em um aparelho ao fundo é William Henry Marsh Parr, gerente assistente do departamento elétrico da Construtora Harland and Wolff. Ele embarcou no navio a serviço da Harland and Wolff como membro do "Guarantee Group" (Grupo de Garantia), que tradicionalmente acompanhava os navios em viagens inaugurais com o intuito de observar e corrigir eventuais problemas técnicos que porventura surgissem. William Parr pereceu no desastre e seu corpo, se recuperado, não foi identificado.
Ao lado: Formalmente trajada, a jovem Lillian Bentham de 19 anos, passageira da 2ª classe, posa para os fotógrafos enquanto experimenta um "cavalo" elétrico a bordo do ginásio do Titanic em sua visita de cortesia, em 10 de abril de 1912, horas ou mesmo minutos apenas antes do início da viagem. A cortesia de visita à 1ª classe parece ter sido uma prática comercial inteligente da White Star Line, visando uma possibilidade de que estes passageiros pudessem embarcar na classe luxuosa em eventuais viagens posteriores. Ou, como certamente poderia acontecer, que estes visitantes pudessem tecer comentários empolgados sobre as maravilhas da 1ª classe junto à sua roda social, assim arrebanhando a curiosidade de possíveis novos passageiros. A foto no entanto raramente é publicada, embora registre uma tática comercial importante e seja um raríssimo registro histórico.Apenas cinco dias separavam esta visão descontraída da jovem Lillian, da experiência que vivenciou na madrugada de 15 de abril, enquanto embarcada no bote salva vidas número 12, que recolheu os náufragos exaustos e molhados do bote de emergência B, que se equilibravam em pânico no fundo deste último que se encontrava emborcado de cabeça para baixo:
"Ajudei os marinheiros a puxar aqueles 20 homens para o nosso barco, que já tinha mais de 30 dentro. Tivemos que empilhá-los no fundo do barco, como se fossem sacos de farinha, porque eles não conseguiam fazer nada para se ajudar. O [nosso] barco estava muito sobrecarregado quando a tarefa terminou."
Ao lado: O Grupo de Garantia a bordo do Olympic, em fotografia não datada, mas a considerar que estes trabalhadores selecionados embarcariam apenas e sempre nas viagens inaugurais dos novos navios da White Star Line construídos pelos Estaleiros Harland and Wolff, a foto teria sido tirada em junho de 1911, quando o Olympic fez sua bem sucedida viagem inaugural entre Southampton, Inglaterra e New York, nos estados Unidos, na qual percorreu os tradicionais 6.000Km entre 14 e 21 de junho de 1911, sendo recebido em festa como o maior e mais luxuoso navio da história até aquela data. Não há até o momento informações se algum dos sujeitos na foto teria estado também entre o grupo seleto a bordo da viagem fatal do Titanic apenas 10 meses após este registro.
Abaixo: Os painéis instalados no ginásio eram iluminados por detrás. O painel ao fundo trazia um mapa-múndi com a inscrição "Tracks of White Star Line Steamers"
(Trajetória dos navios da White Star Line). O painel mais à frente trazia um corte longitudinal do Titanic e cinco cortes transversais
que ilustravam as várias acomodações a bordo. Abaixo do desenho a seguinte
frase: "RMS Olympic & RMS Titanic, The Largest Steamers in the World" (RMS Olympic e RMS Titanic, os Maiores Navios do Mundo). .
Ao lado: Na foto publicitária de 1913, o mesmo modelo de cavalo elétrico como instalado no Titanic pela Rossel, Schwarz & Co., empresa alemã responsável pelo equipamento.
*** O termo "Grupo de Garantia" definia o grupo formado por nove trabalhadores selecionados para participar das viagens inaugurais de navios construídos pela Harland and Wolff, a fim de registrar o desempenho e todos os problemas que pudessem surgir. Os membros do Grupo de Garantia eram sempre aqueles considerados os melhores em suas respectivas áreas naquela época. Este grupo de elite nunca era o mesmo e poderia mudar a cada viagem inaugural. A possibilidade de fazer parte do grupo era sempre uma grande motivação para os trabalhadores da Harland e Wolff de trabalhar duro e provar suas habilidades para a empresa. Os membros do Grupo de Garantia do Titanic incluíam: Thomas Andrews (o projetista do navio), William Henry Campbell, Roderick Chisholm Robert Crispin, Alfred Fleming Cunningham, Anthony Wood Frost, Robert Knight, Francis Parkes, William Henry Marsh Parr, e Ennis Hastings Watson. Todos pereceram no naufrágio.
Abaixo: O display iluminado a bordo do ginásio de exercício no Olympic, tal qual fotografado ainda antes do naufrágio do Titanic, quando ainda exaltava os dois navios irmãos, como os maiores do mundo no enunciado em letras destacadas ao rodapé. Quando suas luzes estavam apagadas no painel publicitário se via apenas a ilustração do perfil de boreste/estibordo do Olympic em alto mar, mas quando acesa a pintura se transformava em algo completamente distinto: O casco negro contínuo e a superestrutura do navio "magicamente" desaparecia ficando transparente e então surgia a imagem dos interiores do navio, desde o convés de botes, passando pelas acomodações de passageiros até as entranhas inferiores, com o fundo duplo, a sala de máquinas, porões, caldeiras e demais alojamentos. Nesta foto em específico a ilustração aparece iluminada, permitindo ver os interiores do Olympic em seu desenho esquemático.
Ao lado - As janelas eram no ginásio eram de padrão idêntico às instaladas na grande escadaria situada adiante, mas foram equipadas com vidro texturizado para dificultar a visão e preservar a privacidade de quem estivesse fazendo exercício.O sujeito na foto é Percival
Wayland White (54), fabricante de algodão norte americano que
embarcou na manhã de 10 de abril de 1912 acompanhado de seu
filho, Richard, hospedando-se como passageiro da 1ª classe e ocupando a
cabine "D 26"; pai e filho pereceram no desastre. À direita de Percival está o bote
salva-vidas Nº 7, onde a famosa atriz Dorothy Gibson embarcou junto de
sua mãe e foi salva na madrugada de 15 de
abril, apenas 4 dias após esta foto (ela era passageira da 1ª
classe, na foto ao lado). Vinte e nove dias após o naufrágio
Dorothy Gibson estreava o 1º filme sobre o desastre "Saved from the
Titanic" (Salva do Titanic), no qual ela interpretou a si própria. .
O piso era composto de um mosaico de linóleo branco com pequenos losangos pretos nas extremidades. Sete janelas arqueadas deixavam entrar muita luz natural, o que era um benefício adicional para o ginásio, visto que ele era localizado no convés superior. . Dois cavalos mecânicos [um de sela lateral para senhoras] tinham um movimento motorizado que simulava o hipismo. Propagandas para o Ginásio do Olympic mostram passageiros montados nesses “cavalos” de exercício vestidos em plenos trajes de equitação. Havia também um "camelo" elétrico, seu movimento ondulante era voltado para o fortalecimento das costas e da tonificação dos músculos abdominais. . Ao lado: Cavalo mecânico do Ginásio do Olympic em pleno uso. .
As horas de operação no Ginásio eram bem específicas, a fim de dar aos passageiros a oportunidade de usufruir dos exercícios de modo privativo com membros de seu próprio sexo ou da mesma faixa etária:
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Homens - das 06:00 às 09:00
Mulheres - das 10:00 às 13:00
Crianças – das 13:00 às 15:00
Homens - das 16:00 às 18:00 .
Foi aqui que o passageiro John Jacob Astor, o mais rico a bordo, aguardou com sua jovem esposa grávida, Madaleine, o lançamento do bote que a levaria em segurança para longe do navio em crise. Impedidos de embarcar juntos, ele entregou-lhe as luvas como proteção contra o frio e se afastou para encontrar o destino. .
Acima: Ginásio no Olympic em uma fotografia voltada para a proa (frente do navio). Tal como no Titanic aqui também havia o painel publicitário com as rotas da White Star Line, no entanto a imagem longitudinal que se vê no último painel não era um desenho com um corte do navio - como no Titanic -, mas uma foto do Olympic em alto mar.Nesta foto se pode ver também o pequeno saco de pancadas suspenso no teto ao fundo. A porta na foto acessava o patamar superior da escadaria dianteira da 1ª classe.
Abaixo: Na publicidade de 1895, uma empresa ressalta o curioso aparelho de simulação de cavalgada com cela, destacando os benefícios do exercício, como aumentar a circulação, estimular o fígado, ajudar na digestão, cura para gota e reumatismo, além de reduzir a obesidade de modo seguro. O destaque indica ainda modelos especiais com sela lateral para as mulheres, que naquele período usavam trajes longos. O curioso aparelho aqui era de uso pessoal e doméstico, de modelo distinto das versões instaladas no Olympic e no Titanic porque nestes últimos mais lembravam cavalos celados de fato, mas com as mesmas promessas de benefícios à saúde.
Abaixo: Para os cenários de "Titanic" (1997) o lounge foi quase plenamente reconstruído, com atenção histórica que incluiu quase todos os aparelhos de exercício. Até mesmo a grelha de latão para o sistema de ventilação interna ao rodapé da antepara lateral foi refeita. Nem mesmo um gancho para pendurar artigos junto da coluna frisada em primeiro plano foi deixado de lado. Infelizmente o set só aparece em uma cena, quando os personagens principais se encontram para um breve diálogo. As cenas históricas aqui gravadas foram deixadas de lado, sendo excluídas da edição final para o cinema.
Acompanhe no vídeo abaixo uma reconstituição gráfica aproximada do Ginásio do Titanic .
*a
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O Promenade Deck - ou convés A - estava localizado abaixo do
convés de botes e era onde estavam algumas das mais extravagantes
acomodações de luxo. O Cafe Verandah estava aqui, os saguões de acesso à
grande escadaria dianteira e traseira, a sala de fumantes da 1ª classe,
a sala de leitura da 1ª classe e o Lounge da 1ª classe. Todas as
cabines no convés A eram de 1ª classe e localizadas junto da área
dianteira do convés e não contavam com banheiros privativos, sendo
servidas por dois blocos de banheiros comunitários. Haviam apenas duas
cabines adicionais situadas à ré, junto da escadaria traseira, e
numeradas A36 e A37, ambas servidas por banheiros privativos com
banheiras. As cabines no convés A eram de padrão simplificado sem
ornamentação pesada. As cabines de luxo estavam situadas nos conveses B e
C logo abaixo.
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A grande escadaria dianteira
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Abaixo:
A icônica Grande Escadaria dianteira da 1ª classe do Olympic numa foto de seu mais conhecido
patamar, no Convés A. Iniciando a cobertura no mais alto convés
habitável do Titanic, o Convés de Botes, a escadaria percorria sete
patamares do navio, sendo seis deles de luxo. A composição grandiosa seguia à
risca a regra dos interiores da 1ª classe, e a escadaria foi
projetada especialmente para interconectar as acomodações como via
principal de acesso para todos os conveses dos mais privilegiados
passageiros a bordo.
Ao lado: A escadaria dianteira do Olympic. Não se conhece qualquer foto das escadas do Titanic, mas os registros históricos confirmam que nos dois navios este ambiente era muito similar em composição decorativa e arquitetônica.
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Abaixo: Reconstrução gráfica que flutua pelos interiores da Grande Escadaria de cima à baixo. A arte incorpora vários aspectos históricos mas não é exata. De todo modo as incorreções não diminuem a possibilidade de entendimento dimensional.
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O Titanic tinha duas escadarias na primeira classe(assim como o Olympic), uma localizada entre a primeira e segunda chaminé e a outra localizada à ré, entre a terceira e a quarta chaminé. A escadaria dianteira, ou Grande Escadaria, era a mais elaborada das duas, ligando seis conveses e encimada por uma cúpula de ferro e vidro.
A decoração de ambas as escadas era uma curiosa combinação de estilos. Os painéis de madeira seguiam o estilo criado pelos mestresartesãos ingleses do casal de monarcas William and Mary. Também foram instalados corrimãos de madeira e ferro com guirlandas de bronze dourado, as quais eram inspiradas pelas decorações da corte francesa de Luís XIV.
Em moda naqueles tempos, um querubim de bronze erguia uma lâmpada que iluminava o patamar principal da escadaria no convés A (proa) e um no convés C (escadaria traseira). Muitos anos antes, luminárias como estas eram colocadas aos pés das escadas dos escuros palácios e mansões como aparato de iluminação que contribuía com segurança, mas no Titanic os querubins eram apenas ornamentais, visto que as escadarias já eram plenamente iluminadas pelos lustres e pelo domo de vidro.
Ao lado: Reprodução do querubim da Grande Escadaria. Esta é uma réplica criada para o museu "Titanic Branson Attraction", localizado na cidade de Branson nos Estados Unidos. O querubim do Titanic foi instalado na base dos degraus da escadaria no Convés A. A escultura de bronze media 1.3 m de altura da base ao topo da chama. A alegoria apresentava cabelos ondulados e fora representado seminu, onde apenas um pequeno manto recaia de cima de suas asas e cobria seu ventre, terminando envolvido em suas costas como se estivesse solto ao vento. Um outro querubim como este, mas de posição invertida [espelhada], estava instalado na escadaria traseira, no convés B.
Acompanhe abaixo mais uma reconstituição gráfica aproximada da Grande Escadaria, aqui vista em seu mais alto patamar, no Convés de Botes.
A grande escadaria em "Titanic" (1997)
Ao lado:Eric Braeden, que interpretou o passageiro da 1ª classe
John Jacob Astor no filme "Titanic" (1997), relatou que atuar nesta cena onde o domo
é implodido por uma imensa massa de água foi uma das experiências mais
assustadoras pelas quais já passou, visto que não houve qualquer
possibilidade de ensaio prévio antes da tomada.
A Grande Escadaria dianteira recriada para os cenários do filme "Titanic" (1997). A reprodução foi possível graças às fotografias e às peças esculpidas sobreviventes da escadaria do RMS Olympic, o navio irmão do Titanic, das quais foram feitas cópias em gesso artisticamente pintadas para se assemelharem à madeira de carvalho inglês esculpido.
A excelência do trabalho de cenografia pode ser vista em cada detalhe, e à exceção dos dois lances centrais que foram alargados em cerca de 50 cm em cada lado [levando ao aumento na largura do ambiente como um todo, consequentemente também redimensionando a cúpula], todo o restante segue de maneira bastante educada a obra original, contanto não seja de fato uma réplica fiel, perdendo detalhes e recebendo alterações visíveis de design. Escorregadas curiosas, mas totalmente perdoáveis frente ao fato de que para uma produção como estas existem muitos limites a serem respeitados, como de tempo, de orçamento e mesmo de pesquisa histórica.
Ainda hoje esta é a melhor recriação física da escadaria já materializada, e nem mesmo as muitas versões em museus ao redor do mundo conseguiram o feito de ultrapassar os resultados obtidos por James Cameron e seu batalhão de historiadores, artistas e cenógrafos.
O cenário foi construído sobre uma plataforma de elevação sobre um tanque com 19 milhões de litros de água salgada para que fosse fisicamente afundado frente às câmeras. Durante a tomada onde foram literalmente "despejados" 342 mil litros de água que estouram o domo de vidro, a seção de degraus repentinamente soltou-se de suas bases e imergiu violentamente sob os pés dos dublês, mas sem causar ferimentos aos presentes.
Toda a reprodução foi muito danificada durante as repetidas tomadas, no entanto muitas peças da escadaria puderam ser salvas e hoje encontram-se sob posse de colecionadores, museus, sociedades históricas e esporadicamente surgem à venda em leilões virtuais.
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Um tour pela escadaria cenográfica
A Grande Escadaria nas palavras da White Star Line
Acima: Ilustração e texto extraídos de um panfleto publicitário de época publicado pela Companhia White Star Line, antecipando a beleza e benefícios dos interiores do Olympic e do Titanic.
A Escadaria
"Nós deixamos o convés e passamos através das portas que nos levam ao interior do barco e, como por mágica, perdemos o sentimento de que estamos à bordo de um navio, a sensação é de que estamos entrando no saguão de uma grande casa em terra. Dignos e simples painéis de carvalho cobrem as paredes, enriquecidos em alguns lugares por trabalhos de entalhe, reminescentes dos dias quando Grinling Gibbons colaborava com seu grande contemporâneo, Wren.
No meio do saguão se ergue uma graciosa escadaria curva, sua balaustrada sustentada por leves volutas de ferro com ocasionais toques de bronze, na forma de flores e folhagens. Acima de tudo um grande domo de ferro e vidro verte uma inundação de luminosidade pelas escadas abaixo.
No lance abaixo há um grande painel esculpido que contribui com seu toque de riqueza na sobriedade da composição das paredes de painéis simples. O painel contém um relógio, e em cada um dos lados há uma figura feminina, uma composição simbolizando a Honra e a Glória Coroando o Tempo.
Olhando por sobre a balaustrada, nós vemos as escadarias precipitando-se para os muitos pisos inferiores. Voltando-nos para o lado poderemos ser poupados do trabalho de descer os degraus ao entrar em um dos elevadores com seu suave deslizar que nos levará rapidamente a quaisquer outros dos inúmeros pisos do navio que queiramos visitar. A escadaria é um dos principais atributos do navio, e será muito admirada como sendo, sem dúvida, a mais fina obra deste tipo no mar."
Ao lado: Recriado plenamente e em tamanho real pelas mãos do talentoso escultor norte americano Alan St. George em 2018, o querubim foi replicado através de uma extensa pesquisa, com materiais e técnicas similares às utilizadas no início do século XX.
O relógio da Grande Escadaria do Olympic, o navio irmão do Titanic.
Ao lado:O grande relógio esculpido em carvalho inglês que integrava a Grande Escadaria dianteira do Olympic, o navio irmão do Titanic; hoje preservado sob os cuidados do 'SeaCity Museum', na cidade de Southampton (Inglaterra), o museu é localizado próximo às docas de onde o Titanic partiu em 10 de abril de 1912.
Texto original: "Uma mulher olha para uma fotografia original da Grande Escadaria do Olympic em Southampton, Inglaterra, terça-feira, 03 de abril de 2012. O novo museu será aberto no dia 10 de abril de 2012, cem anos após o malfadado Titanic ter partido do porto da cidade". .
O belo relógio foi vendido na década de 1930, por ocasião do leilão de uma infinidade de peças decorativas do Olympic, que foram dispostas para venda após a demolição do navio; a peça esteve por décadas sob propriedade privada antes de ser doada ao antigo 'Maritme Museum of Southampton'. Originalmente o relógio não possuía qualquer tipo de tinta aplicada sobre a madeira de tom natural, mas foi primeiramente pintado quando o Olympic passou por uma reformulação da decoração de seus interiores no final de sua carreira (o relógio foi também repintado enquanto esteve sob propriedade privada). Em 1996, por ocasião da realização de pesquisas históricas sobre o visual do Titanic para a construção dos cenários do filme "Titanic", do diretor James Cameron, esta peça foi criteriosamente estudada, medida e fotografada, e deste modo permitiu a perfeição absoluta na recriação de uma réplica idêntica para os cenários do famoso filme Titanic..
Acima:
A icônica escadaria dianteira da 1ª classe do Titanic aqui vista
em seu mais conhecido patamar, o Convés A. Ainda hoje o sumiço da escadaria está entre os pontos
físicos mais intrigantes do naufrágio, e o
desaparecimento quase completo dos vestígios dos lances de degraus da
escadaria é um mistério; especialistas e historiadores ao cogitam a possibilidade de que
os lances teriam sido brutalmente arrancados de suas bases durante o
naufrágio devido à força da água, tendo sido destroçados, flutuando
livres em meio aos destroços. O desaparecimento completo até mesmo da balaustrada de ferro forjado e bronze contribui para a teoria, considerando que a corrosão não afetaria o material resistente à ponto de eliminar qualquer vestígio de sua presença. Frações da balaustrada no entanto foram vistas e fotografadas na década de 1980 em meio aos destroços espalhados pelo leito marinho ao redor do Titanic.
Hoje o que resta do aspecto interior mais icônico do Titanic é tão somente este grande "fosso" aberto do Convés de Botes até o Convés D, circundado por dezenas de colunas de aço e intensa formação de detritos ferruginosos formados pela decomposição do aço estrutural do Titanic. Ainda que não se saiba qual é a solução do mistério, a madeira da escadaria eventualmente poderia ter apenas se decomposto com o passar das décadas, seguindo a regra de quase toda a madeira nos interiores do navio, que se decompôs quase na totalidade ao passar dos anos.
Ao lado: Escadaria do Olympic, numa foto posada para publicidade na década de 1920. A presença de corrimãos metálicos instalados sobre os originais demarca a preocupação com segurança, considerando a altura temerária ao redor de todos os patamares.
Pesquisas e gravações obtidas em 2001 para o documentário "Ghosts of the Abyss" demonstraram que nos interiores dos escombros do Titanic há ainda incontáveis casos onde a madeira segue relativamente bem preservada; em sua maioria são peças que receberam aplicação de tinta, que acidentalmente atuou como uma espécie de "repelente químico" dos microrganismos decompositores. A escadaria do Titanic era revestida em madeira de carvalho apenas polida e encerada, o que aparentemente não afastou os microrganismos decompositores, os quais ainda hoje seguem devorando com voracidade o ínfimo de madeiramento que ainda resta da rica decoração interior do Titanic. Apesar da quase completa descaracterização visual da escadaria devido à decomposição, notavelmente dezenas de lustres de bronze e cristal ainda pendem do teto, sustentados pela própria fiação em meio às estalactites de aço decomposto.
Abaixo: Em setembro de 2001, através de um robô teleguiado remotamente enviado aos interiores dos escombros do Titanic, o diretor de "Titanic", James Cameron obteve esta fantasmagórica e impressionante imagem, onde em um dos nichos entre as vigas do teto da Grande Escadaria da 1ª classe um lustre de bronze brilha e insiste em permanecer fixo em sua posição original por 89 anos desde que o navio naufragou. Casos extremos de conservação como este são notados em várias áreas do navio, sempre deixando o público deslumbrado por aquilo que o Titanic ainda preserva de sua beleza perdida. Estar pendurado no teto 89 anos depois de tragado por um navio que se partiu ao meio e mergulhou violentamente em direção aos 3.800 m de profundidade, é de fato algo que beira o inacreditável. A única ressalva à preservação notável do lustre é que o pequeno cristal lapidado da ponteira do arremate inferior não está mais presente, se soltou e certamente mergulhou nos sedimentos diretamente abaixo. Este é, sem questionamento, um dos casos mais impressionantes de preservação nos interiores do Titanic, onde até mesmo parte das vigas decorativas no teto permanecem preservando parte de seu formato ornamental.
"The Titanic Commuatator - Ghosts of the Abyss Outtakes"
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Abaixo:
Nesta fotografia tomada a partir do balcão frontal em direção
ao patamar entre o convés de botes e o convés A da escadaria dianteira,
dois sujeitos posam junto ao famoso painel do relógio esculpido Honour
and Glory Crowning Time.
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A foto ressurgiu a público em maio de 2003. Após uma extensiva e acalorada discussão entre
especialistas de várias áreas, chegou-se ao consenso de que a fotografia
é na realidade, proveniente do Olympic, e teria sido tirada em um
período em que o transatlântico foi submetido a uma de suas várias
reequipagens entre temporadas [a sujidade no chão aos pés dos sujeitos
demonstra os trabalhos em andamento].
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titanicchannel.tv.
Entre os muitos fatores que ajudaram a comprovar a identidade da
fotografia estão os frontais nas quinas dos degraus da escada, que no
Olympic receberam proteções de borracha entre o fim de 1911 e o começo
de 1912, mas originalmente até antes desta reequipagem eram finalizados
com filetes largos de latão polido aparafusado [como pode ser visto em
outras tantas fotos da escadaria tiradas antes de 1912]. Através de
profunda análise de uma cópia nítida desta mesma imagem, o renomado
especialista visual do Titanic Ken Marschall, cruzou as informações
visuais a partir dos veios do apainelamento da madeira nas paredes de
outras fotos de diferentes épocas, constatando então que as "impressões
digitais" correspondem exatamente entre as várias imagens. A discussão
no entanto se arrastou por um longo período, mas o consenso final
postulou a identidade da foto como proveniente do Olympic após o início
de 1912, e que ainda hoje não se conhece qualquer fotografia verídica
das escadarias do Titanic. No entanto a foto não perdeu seu indiscutível
valor histórico. .
Cabines da 1ª classe no Convés A
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Esquerda: Uma cabine de 1ª classe para uma só pessoa, localizada no Convés A do Olympic. Direita: Uma cabine da 1ª classe para duas pessoas, localizada no Convés C do Olympic. No Titanic as respectivas cabines seguiam o mesmo tamanho, estilo e padrão.
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Todas as 37 cabines da 1ª classe instaladas no convés A do Titanic possuíam visual e mobiliário similares aos das fotografias acima, o que resulta em um grande constaste quando comparadas às cabines de luxo instaladas no Conveses B e C. .
As 37 cabines do Convés A eram todas cobertas com painéis de madeira inteiriços pintados de branco, livres de grande ornamentação. Nenhuma das cabines localizadas a frente da Grande Escadaria dianteira neste convés possuía banheiro privativo; os banheiros eram de uso comunitário, localizados em ambos os extremos do grande conjunto de dormitórios. As cabines A 36 e A 37, junto da Grande Escadaria traseira, eram as únicas que possuíam banheiros privativos. .
Curiosamente o projetista do Titanic, Thomas Andrews (na foto ao lado), hospedou-se na cabine de primeira classe A 36, junto da Grande Escadaria traseira. Apesar de ser uma das maiores deste convés e conter um banheiro próprio com uma banheira, a cabine era bastante simples, e muito similar à fotografia acima (direita).
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Sala de leitura da primeira classe
Acima: A Sala de Leitura do Olympic, com design idêntico à do Titanic. Os grandes lustres de cristal receberam críticas negativas dos primeiros passageiros do Olympic, que alegaram que a luminosidade no ambiente era exagerada, causava ardência nos olhos durante a leitura.
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Ao lado: Réplica de uma das cadeiras da Sala de Leitura. Os móveis aqui eram estofados em seda estampada com padrão de folhagens, laços de fita e flores, combinando com o tema leve feminino do ambiente. Ilustrações publicitárias da época lançadas pela White Star Line sugerem que a sala era coberta por um carpete e cortinas róseas.
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No meio do Convés de Passeio e junto ao Lounge da 1ª classe ficava aSala de Leitura da 1ª classe, decorada no estilogeorgiano dofinalde1770-1780com painéisbrancos e um mobiliário delicado e elegante que variava entre cadeiras, poltronas, sofás, mesas e escrivaninhas. Havia uma lareira recostada à parede de fundo onde se dispunha um relógio e acima um espelho oval emoldurado. As proporções geravam um ambiente acolhedor no qual se podia fazer uma leitura agradável, escrever, ou mesmo conversar entre amigos. .
Este ambiente era um contraponto à Sala de Fumantes, direcionada apenas para os homens, visto que este espaço foi planejado principalmente para as senhoras. Após o jantar, quando as convenções sociais ditavam que os casais se separariam em suas atividades, as mulheres poderiam se direcionar para este espaço aconchegante para tomar um café ou para uma conversa. .
Embora
agradável aos olhos, a sala não era tão popular como o esperado pelos
designers, os quais consideravam que ela fosse muito grande e foram
feitos planos para eliminar a alcova lateral, convertendo o espaço em
dois camarotes de primeira classe quando o Titanic entrasse para sua
renovação no final de sua primeira temporada, o que não aconteceu, visto
que o navio naufragou em sua primeira viagem. . Ao lado: A Sala de Leitura a bordo do Olympic. A grande janela à esquerda era voltada para o Convés de Passeio e para o mar. Ao fundo, através da grande janela, se pode observar uma dupla de janelas arcadas da Grande Escadaria, situada logo adiante. O topo extremo de todas as janelas aqui estava situado acima do nível do convés acima, e a área da sala de fumantes se apresentava então como uma plataforma elevada sobre o convés de botes, bem como a área do lounge situado ao lado, que também seguia a mesma regra.
A grande luminosidade que se pode observar através da janela à esquerda e a ausência da silhueta de janelas acima da amurada exterior, comprova que esta é uma fotografia tirada no Olympic, onde a Sala de Leitura teve proveito vista panorâmica voltada para o Convés de Passeio e para o mar. No Titanic a instalação de janelas basculantes em metade do Convés de Passeio prejudicou esta a vista..As instalação de janelas basculantes de vidro (na foto ao lado) só veio ocorrer um mês antes da partida. No Titanic a perca do passeio envidraçado no Convés B - originalmente planejado como um longo passeio, mas eliminado com a inclusão de cabines da 1ª classe - obrigou a instalação de janelas envidraçadas nas duas metades dianteiras do convés de passeio da primeira classe para que assim os passageiros pudessem sair ao convés em dias de tempo menos favorável.
Abaixo: A sala de leitura no Olympic, fotografada a partir da alcova lateral. No Olympic a sala foi reduzida de dimensão em uma de suas primeiras reformas, com a eliminação da alcova e a instalação de cabines de primeira classe no local.
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Lounge da primeira classe / Salão de estar
Acima: O Lounge do Olympic, com mesmo design arquitetônico, dimensões, decoração e mobiliário do Lounge a bordo do Titanic. A foto foi tomada com a câmera voltada para a proa (frente do navio). A porta que se nota atrás da coluna se abria para um longo corredor de acesso para a grande escadaria traseira da 1ª classe. Na madrugada de 15 de abril de 1912 a sala correspondente no Titanic foi destroçada pela ruptura do navio em duas partes e a posição da lareira foi a mais afetada, considerando que estava próxima do epicentro da quebra. Medindo 3.55 m de altura o lounge era - junto da sala de leitura e da sala de fumantes da 1ª classe - o ambiente interno de pé direito mais alto, perdendo apenas para a quadra de squash que ocupava toda a altura entre os conveses F e G.
Ao lado: Nesta cena de "Titanic" (1997), a personagem ficcional Rose aparece reflexiva enquanto toma chá no lounge. James Cameron optou por não recriar o ambiente em tamanho natural devido a dimensão que demandaria gastos consideráveis, então a cena foi composta com a ajuda de uma modelo em escala do lounge, onde a ação ao vivo foi sobreposta através de efeitos especiais. Apenas uma pequena secção lateral foi de fato construída em dimensão natural, onde a pequena garotinha aparece tomando lições de etiqueta.
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Ao lado: Em meio ao campo de destroços do Titanic, uma cópia da estátua "Diana of Versailles, cuja obra original pouco maior que o tamanho natural integra a coleção do Louvre, em Paris. No Titanic a pequena réplica de bronze estava afixada ao topo da lareira do Lounge, e eventualmente foi arrancada de sua posição com a quebra do navio durante o naufrágio. Fotografada pela última vez numa das expedições liderada por Robert Ballard na década de 1980, a obra de arte só foi fotografada novamente em 2024, quando novamente encontrada, eliminando as suspeitas que perduraram por mais de 30 anos de que teria sido resgatada ilegalmente.. No Olympic a obra também estava presente sobre a lareira, mas curiosamente não aparece na fotografia de época acima.
Ao lado: Uma arandela de bronze em estilo francês de padrão idêntico às instaladas no Lounge do Titanic. Os adereços foram equipados com lâmpadas de formato "vela".
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O Salão de Estar da primeira classe era localizado no meio do navio, no Convés A (Convés de Passeio). Ao contrário da Sala de Leitura à frente ou a Sala de Fumantes à ré, o salão foi projetado para ser usado por ambos os sexos desde cedo até a sala ser fechada às 11:30 da noite. Quatro grandes alcovas foram equipadas com janelas de grandes dimensões para proporcionar uma vista panorâmica para o Convés A e para o mar.
Acima: Divulgada em 2024, a fotografia acima pôs fim às sérias suspeitas de resgate ilegal, levantadas ao longo dos anos na comunidade de pesquisadores e entusiastas, desde que a figura de bronze foi pela última vez fotografada no final da década de 1980 (na foto mais acima). O artefato segue hoje tal e qual na mesma posição e estado visto em seu mais antigo registro. Considerando que o bronze é uma liga de altíssima resistência à corrosão - com exemplos de duas estátuas de guerreiros gregos nomeadas "Riace Bronzes" datadas de 450/60 A.C., ambas resgatadas em 1972 em impressionante estado de conservação mesmo após 2.422 anos imersas no mar - é possível palpitar que ainda que a estátua de Diana não seja recuperada mais adiante, sua vida junto dos destroços do Titanic (compostos em sua maioria em aço seguem se deteriorando em uma taxa que tem sido percebida e registrada em foto e vídeo) possa alcançar pelo menos uma par de milênios adiante. Ao longo dos próximos séculos, quando finalmente os escombros do mais famoso navio da história se tornarem apenas um borrão ferruginoso, a pequena Diana ainda estará lá intacta, bem como quaisquer outros artefatos em vidro, cerâmica ou latão, todos com propriedades de resistência que garantem longevidade milenar frente a água salgada. Mas, pela percepção de importância histórica e cultural da história do Titanic, que permanece e aumenta ao longo dos anos, não seria surpresa alguma se este e outros milhares de artefatos soltos ao redor dos escombros do Titanic venham a ser recuperados em futuras expedições, assim como os mais de 5.500 artefatos recuperados desde setembro de 1985, quando o Titanic foi finalmente encontrado após 73 anos perdido a 3.800 m de profundidade.
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Acima: O Lounge do Olympic, a foto foi tomada com a câmera voltada para a popa (parte traseira do navio). No andar superior externo, acima do recesso elevado do grande lustre oval [esquerda da foto], fora instalada uma plataforma elevada onde alocou-se uma pequena escada de acesso para a plataforma da da bússola auxiliar do navio. A porta arcada se abria para um longo corredor de acesso à grande escadaria dianteira da 1ª classe. Os dois elementos decorativos instalados em ambos os lados da estante de livros eram, acredita-se, um relógio e um barômetro. Na parede próxima à porta arcada a pequena vitrine seria para o depósito das correspondência escritas a bordo. . Inspirado
no estilo Luís XV, muitos dos detalhes, como as luminárias de parede e
maçanetas foram inspiradas pelo Palácio de Versalhes. A sala toda tinha
um clima britânico, no entanto, os painéis de carvalho com entalhes
seguiam o tom natural da madeira, ao invés de serem dourados, assim como
a moda ditava em ambientes localizados em terra firme. A lareira era de
mármore acinzentado, mas não era alimentada à carvão, era na verdade um
aquecedor elétrico. .
Várias
escrivaninhas foram organizadas em torno do salão e os cartões postais
podiam ser comprados através do atendente responsável. Uma caixa de
correio foi colocada no canto da sala e os passageiros eram avisados que
as mensagens deveriam ser depositadas ali ou entregues ao comissário no
balcão de informações para serem postadas. Na parte posterior da sala
havia uma grande estante de livros que poderiam ser emprestados pelos passageiros . Ao lado - O grande lustre do Lounge do Olympic hoje preservado e em uso no edifício Cutlers Hall em Sheffield, Inglaterra. Ao fundo se vê o outro padrão de lustre, originalmente instalado nas alcovas laterais do lounge.
Abaixo: Um par de lustres do Lounge a bordo do Olympic, como o visto ao fundo da foto acima, leiloados em 2024 pela Anderson & Garland por 23 mil Libras. Mais uma vez é possível notar a técnica aplicada em todos os lustres utilizados nos navios irmãos, que foram especialmente escolhidos pela rigidez e por não contarem com partes oscilantes que pudessem demonstrar balanço, deste modo conferindo aos ambientes sensação de maior estabilidade mesmo em águas mais agitadas. Característica aplicada em toda a iluminação dos espaços públicos.
.Abaixo: Um dos vitrais do lounge do Olympic, hoje preservado e em uso como parte de um salão de eventos no White Swan Hotel em Alnwick, Reino Unido. Em 1935 por ocasião da demolição do Olympic e leilão de seus componentes internos, Algenon Smart - proprietário do hotel - arrematou uma vasta quantia dos painéis do Lounge, lustres da sala de fumantes da 1ª classe e seções inteiras da escadaria de 1ª classe, utilizando a decoração sob novas formas nas instalações internas, e desde então seguem conservados em pleno uso. Os vitrais coloridos no Lounge carregavam figuras dedicadas à música, cada uma delas representadas à tocar um instrumento. Curiosamente o lounge no entanto não contava com apresentações musicais, nem mesmo um piano.
Abaixo: Fotografado também no White Swan Hotel em Alnwick, o arco esculpido com motivos florais em forma de guirlandas que adornavam a secção superior da lareira em mármore no Lounge do Olympic. O trabalho elaborado e profundamente esculpido segue o estilo criado pelo escultor holandês Grinling Gibbons, grande mestre da técnica que transformava blocos de madeira em delicadíssimas obras esculpidas que pareciam querer "voar ao vento" a qualquer momento. Embora no Olympic e no Titanic, a reprodução da técnica fosse menos delicada em função de oferecer maior resistência frente às demandas e desgaste diário, comuns destes navios que seriam sempre muitos movimentados.
Atrás
do salão havia uma despensa para elaboração dos chás da tarde e para os
cafés depois do jantar, além de sanduíches feitos sob pedido. Também
havia uma despensa de onde eram servidas as bebidas alcoólicas. O
Titanic não tinha um bar, assim como os bares americanos ou britânicos,
mas as bebidas poderiam ser encomendadas na maioria das acomodações da
primeira classe.
Acima: O relógio tipo "cartel" em bronze dourado ormolu, estilo Luís XV, que antes compunha o Lounge do Olympic. Originalmente estava afixado na extremidade traseira do salão, a bombordo da parede curva ao redor da chaminé nº 3. No lado oposto (estibordo) da estante de mogno com livros havia um segundo de mesmo design, mas no caso se tratava de um indicador de data. No Titanic, ao que se sabe, os itens eram idênticos.
Acima, o Lounge do Olympic transformado em sala de cinema. Durante a carreira ativa do Olympic - em época não determinada - o lounge fora utilizado para um novo fim, o cinema. Devido às grandes dimensões da sala não foram necessárias grandes alterações, de modo que as cadeiras e poltronas foram reagrupadas entre a lareira elétrica e a estante de livros. Em uma das alcovas sobre duas janelas foi instalada uma tela de projeção de tamanho médio, e possivelmente no outro extremo da sala fora instalado o aparato projetor. Certamente este novo uso teria sido de grande sucesso, visto que a exibição de filmes a bordo de navios era algo raro no início do século XX.
Sala de fumantes da 1ª classe
Acima: A Sala de Fumantes a bordo do Olympic com mesmo design, decoração e dimensões da Sala de Fumantes do Titanic. Acima da lareira pode se ver uma tela, cujo nome era "The Approach of a New World" (A chegada ao Novo Mundo), com uma imagem da Estátua da Liberdade e de New York. No Titanic a pintura era diferente, chamava-se "Plymouth Harbour" (Porto de Plymouth) e exibia uma bela vista da costa da cidade
inglesa de Plymouth, no condado de Devon, no sudoeste da Inglaterra,
onde o Titanic faria escala em sua viagem de retorno à Europa.
Ao lado: Resgatado dos escombros do Titanic à cerca de 3.800 metros de profundidade no Oceano Atlântico Norte, o lustre de bronze demonstra as brutais forças geradas no momento da quebra do Titanic, por volta das 2:15 da madrugada de 15 de abril de 1912. A Sala de Fumantes se localizava próxima à área da ruptura do navio em dois. Durante a descida violenta ao leito do Oceano o navio se desintegrou parcialmente, lançando milhares de artefatos e objetos que desceram ao redor dos destroços da popa e da proa, incluindo o lustre, que perdeu todas as suas cúpulas de cristal lapidado.
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Tradicionalmente encontrada nos navios britânicos, a Sala de Fumantes da primeira classe era um ambiente direcionado ao público do sexo masculino. A White Star Line concebeu a sala com ares modernos, eliminando a pesada claraboia tradicional e, em seu lugar, instalou vitrais naturalmente iluminados e vitrais iluminados por lâmpadas interiores que cobriam o duto ao redor da quarta chaminé. .
Acima: Outro ângulo da Sala de Fumantes a bordo do Olympic. À esquerda os vitrais artificialmente iluminados que revestiam o duto abaixo da quarta chaminé e que exibiam figuras com trajes clássicos em cenas de trabalhos artísticos, como a dança, escultura e música. Haviam três vitrais com o mesmo design do grande vitral na esquerda da foto, com imagens de antigas embarcações à vela de propriedade da White Star Line.
Ao lado: Uma poltrona revestida com couro texturizado de padrão similar às instaladas na Sala de Fumantes do Titanic. Estudos recentes dão conta de que eram revestidas na cor vinho/vermelho, e combinariam com o piso em tons de vermelho e azul. A cor das poltronas é dos fatores diferenciais entre as salas de fumantes dos dois navios irmãos, entre outras variações de design interno, pequenas e mais evidentes.
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Projetada para se parecer com os clubes de cavalheiros de Londres ou Nova York, a sala oferecia várias alcovas laterais para se desfrutar de uma conversa intimista, um charuto ou uma bebida. Ao longo da sala as mesas foram convenientemente instaladas para um jogo amigável de cartas. A White Star Line, durante a viagem do Titanic, alertou a presença de jogadores de cartas profissionais no navio, que se fizeram a bordo para poder ganhar dinheiro dos jogadores menos experientes.
Ao lado - Uma reprodução da tela "Plymouth Harbour", de Norman Wilkinson. Uma pintura idêntica à esta decorava a lareira da Sala de Fumantes do Titanic. Esta reprodução foi pintada por Rodney Wilkinson, filho de Norman, o pintor da versão original que afundou com o Titanic. Esta tela encontra-se hoje exposta no SeaCity Museum, na cidade de Southampton, Inglaterra.
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Ao contrário de outras salas a bordo, a Sala de Fumantes continha uma real lareira alimentada à carvão, a única lareira totalmente funcional do navio. Para completar a sensação aconchegante, haviam sofás curvos perto da lareira. Sobre o topo da lareira havia um relógio e na parede acima havia uma grande tela pintada pelo artista Norman Wilkinson denominada "Plymouth Harbour". Thomas Andrews, o projetista do Titanic, foi visto em pé em frente à lareira quando o navio estava prestes a afundar, e possivelmente ele próprio teria afundado com o navio no interior desta sala.
Abaixo: Um par de lustres da Sala de Fumantes a bordo do Olympic, leiloados em 2024 pela casa Anderson & Garland por 23.800 Libras. Se comparados, estes e o lustre recuperado dos escombros do Titanic na foto mais acima, neste detalhe a opção decorativa de ambos era os navios era idêntica Embora as delicadas cúpulas de cristal lapidado foram perdidas no naufrágio.
Ao lado: A restauração de um dos vitrais das 16 janelas superiores em estilo clerestório da sala de fumantes do Titanic, resgatada dos escombros do transatlântico a 3.800 m de profundidade. A peça incrivelmente bem preservada ainda denota as cores originais. O mesmo tipo de vitral em semi círculo pode ser observado na foto abaixo. . Abaixo:
A sala de fumantes da 1ª classe no Olympic, numa foto voltada para a
frente do navio. A porta ao fundo se abria para a grande escadaria
traseira. Junto dos vitrais se pode ver também a porta de acesso ao
lavatório e banheiro que servia a sala de fumantes. A fotografia foi
tomada após uma das muitas reformulações dos interiores do Olympic, o
que pode ser notado especialmente pelo diferente design do piso de
linóleo em relação ao piso original instalado no início de sua carreira
[o que se pode comparar analisando as duas fotos anteriores].
Abaixo: O exigente diretor James Cameron recorreu ao artista Ken Marschall, para que reproduzisse a tela "Plymouth Harbour" acima da lareira para utilizar em seu filme. No entanto devido aos muitos compromissos, Marschall não pôde atender ao pedido, e a tela foi então pintada por outro artista, possivelmente da própria equipe de arte. Insatisfeito com o resultado, James Cameron pediu para que Marschall retocasse o trabalho. Ao final das gravações Cameron ofereceu a tela como presente para o exigente Ken Marschall que, achando o resultado da pintura apenas aceitável, recusou ficar com a obra para si. Atitude da qual se arrependeu depois, porque na época não imaginava o sucesso retumbante que o filme faria logo em breve. Acima: Uma das cenas ambientadas na sala de fumantes com uma visão da tela sobre a lareira.
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Abaixo: A Sala de Fumantes a bordo do Olympic, aqui fotografada nos anos iniciais do 24 anos em que operou na linha entre Southampton e New York. Em destaque a pintura "Plymouth Harbour", obra de Norman Wilkinson. Rezou a lenda durante muitas décadas que Thomas Andrews, o engenheiro do Titanic foi visto na sala correspondente do Titanic quando o vapor naufragou em 15 de abril de 1912; tradição que o levou a ser representado nos filmes frente á lareira enquanto o transatlântico era tragado pelo oceano Atlântico. No entanto, pesquisas realizadas nas últimas décadas descartam a possibilidade de que ele aqui estivesse nestas circunstâncias dos minutos derradeiros, considerando que ele próprio fora visto por aqui bem antes do desfecho ainda naquela madrugada fatal. No entanto a ideia romantizada - e irreal - não destoa demais da personalidade de Andrews, um profissional gentil, querido por muitos e visivelmente devoto ao seu trabalho, que aparentemente por decisão pessoal permaneceu no navio condenado até o fim, se tornando então vítima da criação que ele próprio ajudou a materializar.
Ao lado: A fotografia posada do sujeito junto à lareira da Sala de Fumantes do Olympic, embora não datada, parece ecoar os ditos da lenda relacionada à Thomas Andrews. Para além disso, ela oferece uma visão do aparador junto à base da lareira, com a figura de dois leões. Como anteriormente descrito, esta era a única lareira a bordo de fato funcional, cuja fumaça era expelida por um duto junto à quarta chaminé. Todas as demais lareiras a bordo eram falsas, equipadas com aquecedores elétricos com simulação de carvões em brasa.
Conheça um pouco mais do visual da Sala de Fumantes da 1ª classe na simulação virtual abaixo. A reconstrução gráfica é primorosa em detalhes, mas não historicamente perfeita. .
DIVULGAÇÃO: mrrrobville
Café Verandah e Palm Court (Petiscarias da 1ª classe)
Acima: O Palm Court de estibordo do Olympic (direita do navio), de padrão semi-idêntico ao mesmo café do Titanic. Algumas das janelas arcadas aqui possuíam espelhos ao invés de vidros transparentes, oferecendo a falsa sensação de estarem voltadas para o ar livre, conferindo maior amplitude ao ambiente. Nesta foto a porta de saída do local aparece refletida nos espelhos das duas janelas arcadas centrais, situadas na parede ao fundo.
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Ao lado
- A protagonista Rose DeWitt Bukater (vivida pela atriz inglesa Kate
Winslet) é vista enquanto almoça no Palm Court, do lado de bombordo do
Titanic, em 11 de abril de 1912 [cena de "Titanic", 1997]. O cenário
fora fielmente recriado pela produção do mega sucesso dirigido pelo
canadense James Cameron que, por uma questão de melhoria do visual,
optou deliberadamente por não incluir a heras trepadeiras sobre as
paredes desta petiscaria. Mais uma gafe do filme: No verdadeiro
Titanic não eram oferecidos almoços completos neste local, aqui os
passageiros poderiam pedir apenas lanches leves e refrescos. Refeições
completas estavam disponíveis apenas nos outros três refeitórios da 1ª classe (Salão de Jantar, Restaurante A La Carte e Café Parisiense).
O Cafe Verandah e
Palm Court eram duas salas localizadas à ré do Convés A (Convés de
Passeio). Estas salas eram praticamente idênticas e decoradas de modo
que se assemelhavam aos gazebos encontrados nos jardins das grandes
casas de campo Inglesas.
Abaixo: A seção superior de bronze de uma das janelas arcadas do Palm Court resgatada dos escombros do Titanic. Localizado na área traseira do navio, o Palm Court foi uma das áreas devastadas durante a quebra e descida do navio em direção ao leito oceânico.
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Ao lado: O Palm Court de bombordo do Olympic, semi idêntico ao café localizado no Titanic. A porta giratória ao fundo acessava a Sala de Fumantes da 1ª classe. A porta branca que se vê à direita acessava o pequeno bar onde eram preparados e servidos lanches rápidos e bebidas aos comensais; o bar também possuía um pequeno balcão de atendimento, voltado para dentro da Sala de Fumantes logo à frente.
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Abaixo: A única fotografia conhecida do Palm Court a bordo do Titanic. Nesta foto vê-se a ala de estibordo, originalmente pensada para os não fumantes, e que na viagem do Titanic foi utilizado como "sala de brinquedo" para as crianças da 1ª classe. A sala era era versão idêntica da ala de bombordo, mas não contava com uma porta giratória de acesso à sala de fumantes, como no outro lado. A porta ao fundo acessava uma pequena despensa e o bar fechado que servia a sala de fumantes à frente. Da mesma forma que na outra ala à bombordo, as heras trepadeiras aqui eram também artificiais.
O Café Verandah carregava a sensação de estar localizado ao ar livre. Enormes janelas davam uma visão ininterrupta do oceano, enquanto que as portas de correr abriam espaço para a brisa do mar. Um trabalho de treliças de madeira pintadas de verde predominava sobre as paredes cobertas de heras trepadeiras, embora as imagens do Olympic e do Titanic sugerem que a folhagem era artificial, em vez de plantas reais. Cadeiras de vime concluíam a ilusão de um jardim à beira-mar. O Café Verandah compartilhava uma despensa de serviço com a Sala de Fumantes da primeira classe localizada à frente, oferecendo aos passageiros a possibilidade de encomendar refeições rápidas e também bebidas. Durante a travessia do Titanic, o café Verandah de estibordo (direita do navio) tornou-se uma creche informal e parque infantil para as crianças de primeira classe que passaram parte do tempo a brincar nesta sala.
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Ao lado: Uma das cadeiras de vime fielmente reconstruída para os cenários do filme Titanic (1997). A reprodução foi possível graças às referências obtidas através das fotografias do Palm Court do Olympic, que fora fotografado em diversas ocasiões durante os 24 anos de sua carreira de navegação.
Abaixo: Extraída de um panfleto publicitário de época, a ilustração abaixo sugere as cores do ambiente amplamente iluminado pelas janelas em arco, as maiores em todo o navio.
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O Bridge Deck, ou convés B, era
tão opulento quanto o convés A, e local de maior concentração de cabines
e suítes da 1ª classe. Também localizado aqui estavam o exclusivo
restaurante A La Carte e o Café Parisiense, a Sala de Fumantes da 2ª
classe e os conveses de passeio da 2ª classe em ambos os lados à ré do
convés. Na extrema ré do navio estava o castelo de popa, que também era
parte do convés B, e onde os passageiros da 3ª classe poderiam
socializar ao ar livre, dispondo de um conjunto de bancos e
compartilhando espaço com aparatos operacionais como a ponte de
atracagem traseira, guindastes de carga e guinchos elétricos. A área
dianteira extrema do convés B era tomada pela proa do navio, vetada ao
acesso de passageiros, onde se agrupavam os aparatos operacionais do
navio, como a âncora central de 16 Toneladas, cabeços de amarração,
guinchos elétricos, a escotilha de acesso ao porão de carca nº 1, o
mastros dianteiro, entre outros equipamentos pesados.
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Corredores da 1ª classe no Titanic
As instalações para os passageiros da 1ª classe no Titanic estavam distribuídas ao longo do Convés de Botes, Convés B, C, D, E e F, em todos estes patamares haviam cabines e/ou espaços comuns direcionados para o mais privilegiado grupo a bordo do transatlântico. As cabines para a 1ª classe se encontravam distribuídas em blocos separados a bombordo e estibordo por longos corredores longitudinais em cinco conveses: A, B, C, D e E, mas as mais opulentas suítes se alocavam apenas nos conveses B e C, onde se encontravam também os mais luxuosos corredores de trânsito.
Os corredores nos conveses B e C percorriam o sentido do comprimento do
navio, irterconectando dezenas de cabines da 1 classe. Partindo em linha
reta do início de qualquer um dos corredores nos
conveses B e C, era possível ir de uma escadaria a outra que estavam
alocadas 63 metros distantes entre si.
Abaixo:Uma
recente reconstituição gráfica do longo corredor da 1ª classe no Convés
B. A porta dupla ao fundo se abria para a Grande Escadaria. O pequeno
letreiro iluminado indicava a localização de um pequeno conjunto de
sanitários comunitários deste convés. Curiosamente as cabines dianteiras
à frente da Grande Escadaria neste patamar não possuíam banheiro
privativo, todas eram servidas por um bloco de banheiros comunitários.
Titanic Honor and Glory
Acima: O
curioso acabamento decorativo abaulado junto ao teto parece apenas um
elemento decorativo, mas a realidade é que estes eram importantes dutos
que continham uma grande quantidade de cabeamento elétrico e tubulações
de ventilação. O piso aqui era coberto com linóleo geométrico,
material largamente utilizado em todo o Titanic. Os corredores no Convés
C logo abaixo deste andar seguiam praticamente esta mesma disposição
decorativa.
Ao lado:
Recentemente descobertas, as peças históricas que pertenceram ao
Olympic, o navio irmão do Titanic, possibilitaram as várias recriações
em computação gráfica dos corredores não fotografados dos dois
transatlânticos irmãos. Nesta pequena coleção está um ladrilho de
linóleo geométrico e também frisos dourados metálicos que integravam a
decoração de disfarce dos dutos superiores ao longo dos corredores.
Os
artefatos foram leiloados após a demolição do Olympic em 1935 e então
reaproveitadas como elementos decorativos em propriedades privadas do
Reino Unido. Recentemente redescobertos, foram novamente leiloados e/ou
direcionadas a museus e instituições históricas. Simples e
despretensiosas à primeira vista, estas são relíquias que valem muito
especialmente aos colecionadores de objetos náuticos histórico
relacionados aos transatlânticos do início do século XX.
Ao lado:Uma
cabine em estilo decorativo Adam do Olympic, fotografada em maio de
1911 enquanto o navio passava por processo de equipagem, o que pode ser
notado especialmente pela ausência de maçanetas nas portas. Através da
porta semi aberta se vê parte da pia de um banheiro adjacente. A porta
fechada acessava um pequeno closet particular. No Titanic este era o
visual correspondente das cabines C 64 e C 90, ambas localizadas no
Convés C.
A foto têm sido citada como um dos corredores do Titanic, e a confusão é causada especialmente pela ausência de mobiliário.A
luz natural que se projeta pela lateral direita da fotografia - que
entra através de uma das janelas da cabine ainda vazia - ajuda também a
comprovar a identidade como uma cabine, visto que nenhum dos corredores
longitudinais no Titanic possuía janela, além de que neles não haviam
arandelas de iluminação, tampouco aquecedores de ar ao longo das paredes. .
Esquerda:Uma
rara foto de um dos corredores apainelados da 1ª classe a bordo navio
RMS Mauretania - da Cunard Line - concorrente aos navios da White Star
Line. A foto
certifica que o grande navio de 1907 havia sido também
equipado com requinte. .
Direita: Um
corredor do Convés B da 1ª classe recriado para os cenários de
"Titanic" (1997). Muito curioso é notar que por conta da ausência de
fotografias de época dos corredores luxuosos da 1ª classe no Olympic e
no Titanic, a produção de arte liderada pelo perfeccionista James
Cameron parece ter recorrido à fotografia do Mauretania [foto ao lado]
durante as pesquisas históricas para materializar a recriação adaptada
dos corredores luxuosos no Titanic. O único acréscimo à versão cenográfica
é a inclusão do frontão decorativo sobre as portas das cabines. Salvo
pequenas variações, no demais a versão cenográfica segue quase à
perfeição o visual encontrado nos corredores do navio concorrente. . Considerando que o Mauretania e o Titanic eram
contemporâneos, apesar de pertencerem à companhias concorrentes, a
reprodução pareceu bastante apropriada. No entanto, ainda que belamente
recriado para o filme, as recentes descobertas revelam que a versão de James
Cameron em verdade está bastante incorreta.
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Suítes da Primeira Classe no Convés B
Acima: A suíte de primeira classe B 58, fotografada enquanto o Titanic ainda estava em Belfast, Irlanda do Norte, em março de 1912, antes de seguir para a cidade de Southampton.Nesta cabine hospedou-se o passageiro Quigg Edmond Baxter, que não escapou do desastre, pereceu no naufrágio.
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Ao lado: Através da porta semi aberta do closet ao lado dos pés da cama, pode-se notar um pequeno rack de madeira onde estão armazenados alguns coletes salva vidas.O Titanic levava um total de 3.560 coletes salva vidas de modelo aprovado pela Câmera do Comércio Britânica, os quais ficavam estocados em locais muito acessíveis aos tripulantes e aos passageiros da primeira, segunda e da terceira classes. As peças foram colocadas nas cabines, em prateleiras e também eram encontrados em armários ao longo dos corredores da 3ª classe.
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Ao lado: Banheiro de uma suíte da primeira classe (ilustração publicitária) .
As cabines da primeira classe do Titanic eram espalhadas ao longo de cinco conveses, no centro do navio, onde o movimento causado pelas ondas seria menos sentido. As acomodações variavam desde cabines para uma só pessoa até suítes com sala de estar que poderiam ser configuradas para acomodar várias pessoas, fazendo com que se pudesse embarcar de 689 a 735 passageiros na primeira classe.
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Hoje, o termo "suíte" passou a significar acomodação de luxo, mas na época do Titanic, o termo refletia o seu significado original (francês) de cabines juntas, portanto, quando falamos de primeira classe do Titanic, a palavra suíte se refere a um conjunto de cabines com portas entre si, através das quais os ocupantes poderiam ir diretamente de uma sala para outra sem precisar acessar os corredores. A maioria das suítes localizadas no convés B seguiam exatamente esta disposição.
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O Titanic foi equipado com duas suítes de altíssimo luxo, as quais eram compostas por quartos, salas de estar e banheiros privativos com pias de mármore, mas o mais importante eram os conveses de passeio privativo que ofereciam vista direta para o mar. A intenção era a de permitir que os hóspedes mais ricos viajassem em completo isolamento, se assim desejassem, com tudo arranjado para prover suas necessidades.
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Ao lado: Umas das pias de mármore resgatadas dos escombros do Titanic. Esta peça segue o mesmo padrão do desenho publicitário na imagem acima.
Os quartos eram grandes, bem iluminados e equipados em uma variedade de estilos decorativos históricos. Os decoradores do navio tinham aprendido recentemente uma lição importante: menos era mais. Os estilos existentes nas cabines dos navios anteriores tendiam a ser exemplos do rococó e do barroco, como os encontrados nos palácios da Europa.
Estes densos estilos ficavam muito bons para um salão de baile, mas não para cabines de passageiros. Portanto, os decoradores do Titanic sabiamente escolheram variedades mais simples dos estilos decorativos. O estilo Adams, Chippendale, e até mesmo o estilo oficial da França de Napoleão, apropriadamente chamado de "Império", foram utilizados. O objetivo era fazer com que as suítes parecessem ainda maiores do que eram.
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Acima: O convés de passeio particular das suítes B52, B54 e B 56, localizado à bombordo do Titanic (esquerda do navio). Havia apenas mais um passeio particular como este, localizado à estibordo (direita do navio) integrando as suítes B 51, B 53 e B 55. Os dois passeios particulares foram decorados no estilo Tudor com mobiliário de vime, piso de pinheiro e vasos com plantas. As 10 grandes janelas envidraçadas (à direita) ofereciam vista para o oceano e podiam ser abertas através de manivelas de rotação. As cabines milionárias eram as mais caras de todo o navio e contavam com 2 quartos, uma sala de estar, 1 banheiro, 1 banheira, 2 closets e o convés de passeio. Foi neste trio de cabines que hospedou-se Joseph Bruce Ismay, diretor administrativo da White Star Line, o "dono" do Titanic.DETALHE: às costas do fotógrafo (fora de quadro) havia uma porta dupla que acessava diretamente o saguão de entrada da Grande Escadaria. .
Ao lado:
O Convés de Passeio particular das suítes B52, B54 e B56 aqui reproduzido para as cenas de "Titanic" (1997). A reprodução
cenográfica segue quase à perfeição a versão real, exceto por 1 metro adicional em sua largura, pela substituição dos
soquetes simples das lâmpadas no teto por uma versão incrementada e pelas treliças com eras trepadeiras nas paredes. Nesta
cena o protagonista Caledon Hockley (vivido por Billy Zane)
observa o mar através de uma das 10 janelas envidraçadas. Na vida real,
Joseph Bruce Ismay eventualmente teria feito o mesmo após se acomodar na luxuosa
suíte. As duas portas fechadas que se vê ao fundo acessavam o saguão de entrada da famosa Grande Escadaria dianteira.
Manipulação digital por Kyle Hudak
Acima: Nesta foto digitalmente alterada do convés B a bordo do Olympic, uma visão do mesmo local tal qual se apresentaria no Titanic. Atravessando as duas portas de acesso no costado vindo das passarelas provisórias do cais do porto, outras duas portas se abriam para o saguão aos pés da grande escadaria dianteira da primeira classe. As portas abertas ao fundo se abriam para o convés de passeio privado das suítes "B-51, B-53 e B-55" alocadas a estibordo e, como uma versão espelhada à bombordo, para as suítes "B-52, B-54 e B-56". Ambos os conveses de passeio contavam com visual idêntico nos dois lados do navio, embora as cabines adjacentes fossem únicas diferindo em estilo decorativo, mas com mesmo padrão de luxo e mesma planta baixa. .
A Grande Escadaria traseira
Acima, Convés A: A escadaria traseira da ª classe no Olympic vista em uma foto tirada no seu mais alto patamar, no Convés A. No Titanic atrás das duas janelas sem iluminação estava alocada a cabine A 36, a qual o projetista Thomas Andrews ocupou durante durante a viagem. Diferente da escadaria dianteira da 1ª classe que contava com um domo de vidro em formato elíptico/oval de maiores dimensões, o domo aqui era circular e pouco mais compacto, com 5.2 m de diâmetro.
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Ao lado, Convés B: A Grande Escadaria traseira do Olympic (virtualmente idêntica à do Titanic) seguia o mesmo estilo da escadaria na proa, com o diferencial de ser um versão ligeiramente mais compacta e de não possuir o grande relógio ornamental em seu patamar central, onde neste caso se localizava um relógio de menor porte e simplificado em suas formas.
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As duas portas ao fundo da imagem (uma aberta e outra fechada) comprovam que esta não é uma fotografia feita no Titanic, visto que estas são as portas das cabines A 65 e A 67; ambas as cabines foram construídas/adicionadas em uma das muitas reformas do Olympic, realizada tempos após o naufrágio do Titanic. Originalmente aos pés da escadaria na popa (tanto no Olympic quanto no Titanic) ficava a Recepção do Restaurante À La Carte (que será explicada no tópico abaixo), e caso esta fotografiativesse sido feita no Titanic (ou no início da carreira do Olympic), ao invés das duas portas de entrada das cabinesA65 e A67, veríamos as mesas, poltronas e sofás da recepção do Restaurante à La Cartee uma bela parede apainelada na cor branca.
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*** Apesar de originalmente este patamar da Grande Escadaria traseira estar localizado no chamado "Convés B", no Olympic este convés foi posteriormente renomeado como "Convés A", por isto as duas cabines receberam a devida nomeação "A 65 e A 67". .
A Grande Escadaria traseira era localizada entre a terceira e a quarta chaminés e se estendida por três conveses, A, B e C. Ela era caracterizada por balaustradas de madeira de carvalho de mesmo estilo da escadaria na proa e também contava com o mesmo modelo de cúpula de ferro forjado acima das escadas. Durante a expedição realizada pela empresa RMS Titanic INC em 1987, um querubim de bronze, considerado ter pertencido ao convés C da escadaria traseira, foi recuperado (na foto ao lado). Ao contrário dos dois querubins grandes localizados na Grande . Escadaria dianteira (no Convés A) e na escadaria traseira (no Convés B), este querubim resgatado em 1987 é bem pequeno, com cerca da metade do tamanho de seus "primos mais famosos". As descobertas mais recentes apontam, no entanto, que este tipo de querubim pequeno em realidade pertencia ao conveses inferiores das duas escadarias, e não foram instalados no centro do lance de degraus, mas nas colunas laterais da escada, sempre em pares, onde dois querubins seguravam juntos uma tocha. Como na reconstrução gráfica abaixo.
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Titanic Honor and Glory
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As
diferenças maiores entre esta escada e a escadaria dianteira eram
de que em vez de haver um grande relógio esculpido no patamar
central, nesta escadaria havia um relógio de formato quadrado menor e
mais simples. A cúpula de ferro forjado acima desta escadaria tinha
formato circular e foi instalada no Convés de Botes, enquanto que na
Escadaria dianteira a cúpula era um pouco maior, tinha formato oval e
foi instalada um andar acima. À ré da Grande Escadaria na proa havia
um conjunto de três elevadores para a 1ª classe, o mesmo não se
aplicava à esta escadaria, pois aqui não haviam elevadores. Enquanto
que havia um piano vertical logo abaixo da cúpula da escadaria na proa,
aqui não havia piano em nenhum dos três conveses por onde se estendia a
escada.
Ao lado: Um pequeno tour partindo do convés C da grande escadaria traseira, aqui recriada para o game "Titanic Honor and Glory".
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Outro
fator diferencial entre as duas escadarias eram suas áreas de
cobertura: A escadaria na proa se estendia por 07 conveses (Convés de
Botes, A, B, C, D, E e finalizava-se num lance muito simples no Convés
F, ao lado do Banho Turco e da Piscina), enquanto que esta escadaria se
estendia apenas por 03 conveses: Convés A, Convés B e finalizava-se no
Convés C, onde ficavam a Barbearia e a Sala de Jantar das criadas e
mordomos dos passageiros da 1ª classe.
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Abaixo: Parte dos escombros do domo da escadaria traseira, aqui fotografado a 3.800 m de profundidade, e a cerca de 100 metros de distância dos escombros da popa do Titanic. A escadaria traseira estava alocada nas proximidades da área em que o Titanic partiu-se ao meio, e foi esmigalhada durante a quebra e descida ao leito marinho, onde uma infinidade de artefatos do navio se espalharam ao serem "vomitadas" para o fundo enquanto o transatlântico partido fez seu caminho até o leito do Atlântico.
Recepção do Restaurante À la Carte
Acima: Ilustração de panfleto publicitário da Recepção do Restaurante À la Carte. A porta dupla ao fundo da imagem acessava diretamente o Café Parisiense, enquanto que o acesso ao Restaurante ficava à direita das portas duplas, através de um pequeno corredor.
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A Sala de Recepção era localizada fora do restaurante e aos pés da Grande Escadaria traseira. A decoração seguia o estilo georgiano e as paredes eram revestidas de painéis brancos com detalhes emoldurados. O piso era composto de mosaicos de linóleo, coberto por grandes tapetes elaborados. A sala era equipada com cadeiras e sofás de vime estofados com seda. A característica mais impressionante era a escadaria de carvalho com o relógio simplificado no patamar central e o querubim de bronze aos pés da balaustrada central. .
Restaurante À la Carte
Acima: O restaurante À La Carte do Olympic, de padrão e decoração semi-idêntica ao restaurante do Titanic. Em 1911, quando o Olympic entrou em operação, o Restaurante À La Carte era uma completa novidade e provou-se extremamente popular; esta grande aceitação fez com que no Titanic o mesmo restaurante fosse equipado com mesas e cadeiras adicionais para acolher os passageiros. Enquanto que no Olympic havia um piano localizado em uma área de destaque do restaurante, no Titanic o piano não foi instalado.
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Ao lado: Uma das arandelas de bronze em estilo Luís XV que compunham o Restaurante À La Carte que foi resgatada dos escombros do Titanic.
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Além de tomar as refeições no Salão de Jantar principal, os passageiros da primeira classe poderiam fazer reservas em um Restaurante À la Carte, localizado na parte final do convés B. O que começou como um pequeno restaurante no Olympic um ano antes, foi expandido em dimensões no Titanic, oferecendo 140 lugares, onde o luxo e exclusividade dos serviços virtualmente acabou criando uma “Primeira Classe dentro da Primeira Classe”.
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Esquerda: Uma das cadeiras do Restaurante À la carte do Olympic, que recentemente foi disposta para leilão. A peça é original e em bom estado de conservação, apenas o estofamento fora substituído por um novo tecido, perdendo o padrão original.
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Observadores informais citaram: .
"A introdução do Restaurante À la Carte parece estar criando uma nova classe de passageiros dentro do navio, que assumem um ar de superioridade e se mantém distantes do Salão de Jantar comum." .
Por padrão as refeições para todas as classes do Titanic eram incluídas no preço da passagem e os passageiros poderiam selecionar as suas refeições em um cardápio generoso, mas fixo. No entanto, no Restaurante À la Carte os passageiros poderiam escolher cada prato separadamente a partir de uma seleção mais ampla do que a seleção disponível no Salão de Jantar principal. Lady Lucy Duff Gordon, uma modista de renome internacional, viajando com seu marido, Sir Cosmo Duff Gordon, escreveu sobre a experiência da refeição no restaurante: "Morangos frescos em abril, e em meio ao oceano. É estranho, porque você pensaria que estivesse no Restaurante Ritz.” (Ritz é o nome do restaurante em terra no qual o Restaurante à la Carte fora baseado).
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Ao lado: O restaurante À La Carte do Olympic, de padrão e decoração semi-idêntica ao restaurante do Titanic. Na noite de 14 de abril de 1912, exatamente neste local do Titanic, fora dado um jantar especial em honra ao capitão Edward John Smith.
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Com esse luxo também vinha um alto preço, os passageiros tinham que pagar por estas refeições, assim como em qualquer restaurante em terra. O Restaurante À La carte era abastecido por uma cozinha exclusiva (a qual também servia o Café Parisiense, adjacente ao restaurante), esta era totalmente independente da enorme cozinha que abastecia os Salões de Jantar da 1ª e da 2ª, ambos localizados no Convés D.
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O restaurante era decorado no estilo francês Luís XV, com paredes formadas por painéis de nogueira com molduras e detalhes esculpidos que imitavam laços de fita; estes receberam aplicações douradas que engrandeciam ainda mais a beleza da composição. Guirlandas esculpidas embelezavam o teto e foram repetidas até mesmo nos desenhos das bordas dos pratos. No teto também haviam lustres de cristal, mas com uma diferença sutil dos lustres encontrados em terra: estes tinham sido construídos de forma rígida para que não demonstrassem o suave balanço do Titanic sobre as ondas. .
Ao lado: Réplicas exatas da louça utilizada no serviço luxuoso do restaurante À la Carte do Titanic. As reproduções foram feitas pela reconhecida empresa Royal Crown Derby em 2011, a mesma que fornecera as peças originais para o Titanic em 1912. A empresa Royal Crown Derby existe desde 1750 e é reconhecida pela sua cerâmica branca de alta qualidade. A réplica exata da louça só foi possível graças aos antigos arquivos da empresa, que mantinham ainda os projetos originais utilizados para a louça do Restaurante À la Carte do Olympic e do Titanic. . O desenho aplicado nas
peças era composto por delicadas guirlandas de folhagens verdes e
bordas arrematadas com um minucioso filete dourado redesenhado. No
centro das peças havia o logotipo da "Oceanic Steam Navigation Company", nome oficial da White Star Line.
Ao lado:
Uma curta reconstrução gráfica do Restaurante A la carte do Titanic que
ilustra de maneira muito próxima a real aparência do salão em cores.
Painéis em nogueira francesa com detalhes esculpidos dourados, um belo
carpete róseo e maciças cadeiras de madeira estofadas com tecido estampado num motivo
floral. A animação gráfica exibe a área dianteira do restaurante, equipada com janelas arcadas com espelhos.
Abaixo: Uma ilustração publicitária publicada no dos livreto de divulgação oficial dos novos navios, nesta caso retratando o restaurante a bordo do Olympic.
Café Parisiense
Acima: O Café Parisiense do Titanic, Belfast, março de 1912. Note a ausência parcial das heras trepadeiras artificiais sobre as treliças de madeira, algo que só foi completado após a tomada desta foto. .
Outro novo recurso no Titanic era o "Café Parisien" (Café Parisiense), que localizava-se exatamente ao lado do Restaurante À la Carte. O Café Parisiense era uma inovação de luxo no Titanic, esta inovação foi depois incorporada também no Olympic, no ano de 1913, após o naufrágio do Titanic.
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Ao lado: O Café Parisiense do Olympic foi incorporado apenas em 1913, um anos após o naufrágio do Titanic, mas possuía exatamente a mesma decoração e localizava-se no mesmo local que o Café do Titanic, ao lado do Restaurante À La Carte. A diferença notória era de que no Olympic foram instaladas pequenas divisórias entre as mesas localizadas na borda exterior, propiciando um ambiente pouco mais privativo para o bate-papo. Ao fundo da sala, antes da porta de saída, também fora instalada uma passagem arcada, e isto fez com que o Café Parisiense ficasse virtualmente dividido em dois ambientes, diferente do Titanic, onde a sala era totalmente aberta e sem divisórias. Os lustres aqui também não seguiam o padrão dos soquetes simples tal como os anteriormente instalados no Titanic.
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Passageiros sentados aqui poderiam escolher as refeições do menu do Restaurante À La Carte, mas no Café Parisiense haviam grandes janelas panorâmicas que ofereciam vista direta para o mar, algo que nunca havia sido feito em um navio britânico antes. Se o tempo colaborasse, as janelas poderiam ser abertas e os passageiros poderiam jantar ao ar fresco, outra exclusividade do Titanic. Em sua primeira e única viagem, o Cafe Parisien se revelou particularmente popular entre os passageiros mais jovens da primeira classe. Ao lado: O café capturava o estilo e atmosfera de um café de calçada em Paris. A publicidade da White Star Line descrevia:
“Uma varanda encantadora iluminada pelo sol, belamente decorada com treliças francesas com heras e outras plantas trepadeiras ...”
. Acima: O café novamente fotografado, agora finalizado com as heras trepadeiras artificiais nas treliças e o carpete no centro da sala.
Ao lado: Um exemplar de pires e xícara idêntico à algumas raríssimas peças encontradas entre os escombros do Titanic. Estas peças eram decoradas com esmalte azul cobalto e filetes dourados, com o monograma da "Oceanic Steam Navigation Company" gravado no centro do pires.
Este modelo refinado de louça foi empregado pela White Star Line no Olympic, no Titanic, no Majestic e esteve em uso até o final da carreira do Olympic em 1935, quando este fora demolido após a fusão entre as duas empresas (White Star Line e Cunard Line), formando então a Cunard White Star.
Não há um consenso sobre em que local do Titanic esta louça cara foi utilizada. Alguns historiadores inicialmente acreditavam que teria sido no serviço do Café Parisiense. No entanto a descontração e leveza características do Café Parisiense, a extrema raridade destas peças nos escombros do navio e o alto valor da louça (a mais cara de todo o navio), levam a crer que teria sido utilizada apenas nas chamadas "suítes milionárias", localizadas nos dois lados do Convés B, ou então em serviços especiais relacionados ao comandante.
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Na noite de 14 de abril de 1912 (a noite da colisão com o iceberg) o menu do Café Parisiense incluía ostras, salmão, pato assado, bife de picanha, patê de Foie Grass (patê de fígado de ganso), pêssegos em geleia Chartreuse [um tipo de licor francês muito apreciado] e éclairs de baunilha e chocolate [bombas de chocolate]. .
Acompanhe no vídeo abaixo uma reconstituição gráfica do Café Parisiense .
Sala de Fumantes da 2ª Classe
Acima: A sala de fumantes da 2ª classe no Olympic.
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Localizada no Convés B, a Sala de Fumantes da segunda classe era uma acomodação direcionada apenas para os homens, suas paredes eram compostas de painéis de carvalho esculpido. Os móveis, também de carvalho, eram estofados com couro marroquino verde-escuro para aumentar ainda mais o ar masculino. O piso era composto de mosaicos de linóleo, a última moda em revestimentos em 1912, e situado à ré, num canto da sala havia um bar com bebidas e um lavatório para o conforto dos passageiros. Luzes simples em soquetes de cerâmica iluminavam o espaço.
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Ao lado: A escadaria da 2ª classe do Olympic. A porta à esquerda acessava diretamente a sala de fumantes. A porta ao fundo acessava o convés de passeio aberto da 2ª classe.
As mesas eram todas aparafusadas ao chão para impedi-las de mover-se quando o navio balançasse sobre o oceano. Salas de fumo como estas no início do século só eram abertas para homens e eram vistas como inadequadas para as mulheres frequentarem, isso acontecia porque, em muitos aspectos, o hábito de fumar ainda era visto como algo grosseiro para as mulheres. .
Abaixo: A sala
de fumantes da 2ª classe no Olympic. A grande janela arcada e a porta
ao fundo estavam voltadas para a Escadaria da 2ª classe.
Em
todos os navios da época haviam salas especificamente destinadas para
que os homens pudessem se recolher para fumar e para tomar bebidas.
Eles também poderiam se encontrar neste ambiente para conversar com os
colegas passageiros e se o mar não estivesse muito áspero poderia-se
jogar cartas, xadrez ou um algo similar. A Sala de Fumantes da
Primeira Classe era muito mais espaçosa e confortável do que a da
segunda. Os passageiros de terceira classe não dispunham de uma sala
de fumar, eles tinham uma "sala geral", que agia como uma sala de fumo
/ sala de estar.
*c
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Assim como os conveses acima, o Shelter Deck,
ou convés C, era dominado pelas suítes da 1ª classe na porção central
do navio em direção à proa. No extremo final da proa estava alocada a
cozinha da tripulação e salões dos marinheiros e bombeiros, totalmente
separados das áreas de 1ª classe. Pouco para diante da seção mediana
traseira, e junto da escadaria traseira, estavam a barbearia da 1ª
classe e o salão de jantar dos mordomos e criadas da 1ª classe. As áreas
de recreação da 2ª e 3ª classe estavam na direção da popa, separadas
das áreas de 1ª classe. O convés de passeio coberto da 2ª classe e a
livraria da 2ª classe estavam aqui, e mais à ré estava a sala de
fumantes e o salão geral da 3ª classe.
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Gabinete do Comissário de Bordo (central de atendimento e informações da 1ª classe)
Acima: O
Gabinete do Comissário de Bordo do Olympic. Apesar de muito
desfocada, na imagem pode-se ver as arcadas do balcão de atendimento,
as divisórias com mesmo padrão das balaustradas da Grande Escadaria e
atrás do balcão também se vê as prateleiras.
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Localizado aos pés da Grande Escadaria dianteira no Convés C, o Gabinete do Comissário de Bordo consistia em um escritório fechado e um balcão de atendimento dedicado à condução dos assuntos burocráticos do navio, especialmente os assuntos relacionados aos passageiros. Durante a viagem, os passageiros visitaram o balcão para comprar bilhetes para o Banho Turco, cadeiras de convés, e Piscina. E aqueles que desejam enviar um telegrama para localidades em terra, ou saudações do Titanic para amigos e familiares em outros navios, o fariam através deste escritório. Após o pagamento, a mensagem escrita pelo passageiro era transmitida à Sala de Telégrafo no Convés de Botes por meio de um sistema de tubos com ar pressurizado, fazendo com que a mensagem subisse os três conveses rapidamente e caísse dentro de uma pequena cesta metálica na escrivaninha do operador de telégrafo que se encarregaria de transmiti-la.
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Ao lado: O Comissário Chefe Herbert McElroy à esquerda do Capitão Edward John Smith. Mc ElRoy fechou o Gabinete durante a evacuação do Titanic e pediu para que os passageiros se preocupassem com os seus coletes salva vidas , e não com seus objetos de valor, e se direcionassem para os botes de salvamento.
Além disso, a White Star Line insistia para que os passageiros que viajassem com dinheiro, títulos e joias depositassem no cofre do navio que ficava neste gabinete. Em troca, havia um recibo que registrava suas posses.
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Na noite do naufrágio, os comissários habilmente removeram um grande número desses objetos de valor, colocando-os em bolsas de couro para a evacuação nos botes salva vidas do navio. As bolsas nunca chegaram aos botes e foram junto com o navio para o fundo do oceano. Uma destas bolsas foi recuperada pela empresa RMS Titanic, Inc. durante a Expedição de 1987. A escolha de bolsas de couro foi particularmente feliz, já que os produtos químicos utilizados no curtimento do couro atuaram como uma forte proteção aos delicados objetos, como notas de banco e cartões de visita, que em caso contrário teriam se deteriorado quando expostos à água do mar.
Abaixo: O gabinete de informações a bordo do Olympic, numa foto tomada em 1933. A foto foi redescoberta por volta do ano de 2012, e desde então possibilitou uma importante alusão ao que fora o mesmo local a bordo do Titanic, considerando que, ao que se sabe, há poucas modificações estruturais neste patamar das escadarias no Olympic até a tomada desta foto, sendo as mais notórias um inclusão de corrimãos metálicos sobre os corrimãos de madeira ao redor dos lances de escadas - visível no lado esquerdo da foto especialmente - e a repintura completa do apainelamento, que recebeu tons de verde e detalhes com pintura metalizada, numa tentativa de atualizar o Olympic para a nova moda do estilo Art Deco, em voga naquele período nos novos transatlânticos. A repintura aqui, no entanto, não se destaca, em virtude da foto preto e branco apenas. Das importantes descobertas que esta foto possibilitou, talvez a mais interessante delas é que neste lance de escadas haviam querubins luminária de bronze instalados em pares em ambos os lados dos lances. Isso acabou lançando luz sobre o pequenino querubim solitário danificado resgatado dos escombros do Titanic em 1987 (ao lado), sobre o qual até então não se tinha referência sobre sua posição a bordo. O artefato, no entanto, não está completo, pois veio a tona sem o seu par com o qual em conjunto segurava uma luminária com forma de tocha com cúpula de vidro.
Abaixo: O gabinete de informações da 1ª classe aqui recriado em computação gráfica. Situado aos pés da grande escadaria dianteira no convés C no lado de estibordo do Titanic. As mensagens telegráficas particulares enviadas pelos passageiros eram expedidas e pagas através do balcão, mas enviadas via rádio no convés de botes, através dos esforços dos operados de rádio Jack Philips e Harold Bride, que operavam todo o tráfego telegráfico do Titanic. Aqui também estava alocado o grande cofre onde os passageiros poderiam garantir a segurança de seus bens a bordo, localizado à esquerda do balcão de atendimento dentro de um gabinete.
Titanic Honor and Glory
Sala de Estar C 55
Acima: Uma foto colorizada da sala de estar C57 no Olympic, de padrão decorativo idêntico ao da cabine C55 no Titanic.
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Esta cabine localizava-se exatamente junto da Grande Escadaria dianteira, no Convés C, ao lado do Gabinete do Comissário de Bordo. Esta sala, por sua vez, era decorada no estilo Regência com painéis feitos de mogno polido com apliques de arabescos feitos em bronze dourado. A lareira era na realidade um aquecedor elétrico, sobre a qual havia um relógio vertical de estilo Luís XV com apliques em bronze dourado.
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Direita: Um relógio em estilo Luís XV de madeira com apliques em bronze, de padrão bastante similar ao que fora instalado sobre a falsa lareira da sala de estar C 57 do Olympic, e C 55 do Titanic.
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Acima da lareira uma bela tapeçaria da marca Aubusson com uma romântica cena de um casal em meio às árvores. No canto esquerdo uma pequena escrivaninha com gavetas. As duas vigias (janelas) eram voltadas diretamente para o mar.
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A cabine C55 no Titanic foi ocupada pelo célebre casal idoso Isidor Strauss e Ida Strauss, proprietários da loja de departamentos "Macy's" de New York, a qual até hoje existe nos Estados Unidos. Graças a uma carta que escreveu a bordo do Titanic, e que postou em uma de suas escalas entre 10 e 11 de abril, onde Ida escreveu para uma amiga, a "sra. Burbridge", hoje se sabe o que ela achou do conjunto de cabines ocupado pelo casal, dizendo: “Mas que navio! Tão enorme e magnificamente equipado. Os nossos quartos são decorados com bom gosto e luxuosamente, e são realmente quartos e não cabines".
O casal Strauss não sobreviveu ao desastre, ficando muito conhecidos após o naufrágio devido à recusa da Srª Ida de embarcar em um bote salva vidas sem o marido, Isidor. Ida Strauss, ao ser convocada à embarcar sozinha no bote salva vidas Nº 08, disse a seguinte frase ao marido:
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"Nós vivemos juntos há tantos anos, onde você for, eu vou" .
Ambos pereceram no naufrágio e apenas o corpo de Isidor Strauss foi recuperado. .
Abaixo: A sala de estar C 57 no Olympic, numa segunda fotografia de época, extraída de um livreto publicitário de época. O relógio sobre a lareira estava conectado ao sistema regulador de horas do navio, que era ajustado na sala de mapas na ponte de comando, automaticamente afetando todos os demais relógios fixos a bordo. A técnica fotográfica aqui revela a intenção de insinuar grandiosidade, na tentativa de captar ângulos que tornassem os ambientes visivelmente mais amplos do que realmente eram. Impressão distinta de dimensão que fica evidente quando se compara esta foto com a foto anterior colorizada..
A Sala de Estar C 55 hoje
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Acompanhe no vídeo abaixo quais são as condições atuais da cabine C 55 nos escombros do Titanic a 3.800 m. de profundidade no Oceano Atlântico-Norte. A gravação é um trecho do documentário "Last Mysteries of Titanic" (Os Últimos Mistérios do Titanic, 2005), dirigido por James Cameron. .
A Sala de Estar C 55 recriada para o filme Titanic (1997)
Acima: O padrão decorativo da cabine C 55 serviu como base para a criação da cabine "B 52", onde James Cameron alocou a personagem ficcional "Rose" (Kate Winslet) no filme "Titanic" (1997). O truque no cenário foi simples: Cameron utilizou a real planta baixa da cabine B 52 do Titanic e, sem saber na época sobre seu real padrão decorativo, apenas a "vestiu" com o padrão decorativo da cabine C 55 localizada um andar abaixo.
A cabine C 55 X a versão cenográfica B 52
No filme a cabine faz parte das "Suítes Milionárias" (B 52, B 54, B 56); no navio real, ela estava alocada no convés C, fazendo parte de suítes luxuosas, mas
não das famosas Suítes Milionárias. Na versão cenográfica arandelas (luminárias de parede) são cópias das do Lounge da 1ª classe, maiores e com design diferente das encontradas na verdadeira cabine C 55. Na reprodução acima da lareira há um espelho, quando na realidade na cabine havia a tapeçaria Aubusson. Na réplica, a posição da lareira não coincide com a cabine C 55, onde haviam duas escotilhas circulares voltadas pro exterior do navio em ambos os lados da lareira. No filme o interior da lareira é equipado com mármore; na cabine real o interior da lareira era metálico. A cabine no filme é cerca de 50% maior em relação à verdadeira cabine C 55. *** Estes detalhes fazem parte das muitas liberdades criativas utilizadas por James Cameron, e são aqui citados à título de curiosidade artística e histórica.
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Daniel Smith Collection
Acima: A cabine/sala de estar B38 no Olympic, de padrão decorativo idêntico ao utilizado na cabine B52 do Titanic. Tivesse James Cameron respeitado as informações históricas sobre o padrão decorativo, sua personagem ficcional seria sido desenhada nua numa cabine com este visual. Na vida real, no entanto, ela não poderia estar hospedada na cabine B52, visto que nela hospedou-se o proprietário do Titanic, Joseph Bruce Ismay.
Salão de Jantar das criadas e mordomos
Acima: Reconstituição gráfica do Salão de Jantar das criadas e mordomos dos passageiros da 1ª classe. .
O salão de jantar das empregados e dos mordomos da primeira classe foi alocado no Convés C, junto da grande escadaria traseira, no lado estibordo (direita do navio) de seus degraus. A sala era direcionada para as criadas e para os empregados dos passageiros da 1ª Classe, e tinha capacidade para 56 pessoas ao mesmo tempo. As paredes eram cobertas com painéis brancos com um padrão simples retilíneo. Havia seis longas mesas e cadeiras - fixas ao chão - e o piso era composto com mosaicos de linóleo. Os operadores da sala do telégrafo, Jack Philips e Harold Bride também faziam as refeições aqui. .
Biblioteca da 2ª classe
Acima: A Biblioteca da 2ª classe do Olympic. A imagem mostra os detalhes do ambiente, tal como o carpete, as colunas frisadas, a estante de livros na parede ao fundo e as mesas redondas e quadradas. A porta à esquerda da imagem acessava diretamente as escadarias da 2ª classe.
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Ao lado: A Escadaria da 2ª classe do Olympic. .
Localizada à ré do Convés C, a Biblioteca servia como o salão principal para os passageiros de segunda classe, era facilmente acessada a partir da escadaria principal da segunda classe e ficava ao lado da área do passeio fechado.
A Biblioteca era decorada em estilo colonial Adam, e tinha o diferencial de ser a única sala em todo o navio a ter uma decoração americana ao invés de decoração europeia. Existem muitas histórias de passageiros que passaram um bom tempo na Biblioteca escrevendo cartões postais, verificando a localização do navio (que era disposta em mural), ou simplesmente relaxando. Entre aqueles que sobreviveram para contar suas experiências nesta sala, está o professor de ciências inglês Lawrence Beesley. Ele escreveu a seguinte observação sobre sua estadia no navio e suas horas passadas na Biblioteca na última tarde do Titanic:
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Ao lado: Lawrence Beesley, passageiro da 2º classe .
"A biblioteca estava lotada naquela tarde, devido ao frio no convés, mas através das janelas podíamos ver o céu claro com o sol brilhante que parecia anunciar uma linda noite e uma manhã iluminada, e a perspectiva de desembarque em dois dias, com tempo calmo até chegarmos em Nova York, havia uma sensação de satisfação geral entre todos nós. Eu posso claramente me lembrar de cada detalhe da Biblioteca naquela linda tarde com o ambiente lindamente decorado, com sofás, poltronas e pequenas mesas espalhadas, escrivaninhas em torno das paredes e a estante de livros com portas de vidro que ficava em uma das extremidades. Toda a sala era de mogno e decorada com colunas estriadas de madeira branca que sustentavam o convés superior. Através das janelas se via um corredor coberto, reservado por consentimento geral como o parque infantil, e lá estavam brincando os dois filhos do senhor Navratil, totalmente dedicado a eles e que nunca os deixava."
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[O senhor "Navratil" (Michel Navratil ) perdeu a vida mais tarde naquela noite, mas salvou os seus dois filhos, entregando-os para serem socorridos em um bote salva vidas sob cuidado de outros passageiros]. .
Salão Geral da 3ª classe
Acima: Ilustração publicitária de época que mostra o aspecto da Sala geral a bordo dos navios da Olympic Class, o Olympic e o RMS Titanic.O ambiente era desprovido de ornamentações, banhado pela luz solar que vinha das portinholas circulares voltadas para o oceano.
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Ao lado: Uma placa de linóleo com padrão "fleur-de-lis"
resgatada dos escombros do Titanic. Este era o padrão de piso da Sala
Geral da 3ª classe e estava presente em vários outros pontos do navio,
incluindo também áreas na 2ª classe.
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Localizada
sob o Convés de Popa, a Sala Geral, era talvez a mais conhecida e
popular entre os passageiros da terceira classe. E era realmente um
local de encontro para a multidão de nacionalidades que embarcou no
navio rumo à uma nova vida na América.
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A
sala ficava no lado estibordo do navio (direita), e foi revestida com
madeira de pinho pintado de branco e equipada com bancos e cadeiras de
teca aparafusadas ao piso. Não havia superfícies estofadas, pois se
pensava que tecidos poderiam permitir a proliferação de piolhos entre os
passageiros da terceira classe. No entanto, nas paredes haviam cartazes
publicitários da White Star Line com anúncios dos portos de escala de
seus navios. ........
Acima: A Sala Geral da 3ª classe do Olympic, de padrão que teria sido idêntico no Titanic. O piso era composto por ladrilho de linóleo com um padrão de desenho denominado "fleur-de-lis", um design de revestimento bastante utilizado em todas as três classes do navio. Este salão era um versão espelhada da Sala de Fumantes da 3ª classe, situada exatamente ao lado; no entanto aqui as paredes receberam pintura branca e havia um piano disposto recostado na parede traseira para quem quisesse tocar para animar as reuniões. .
Abaixo: Uma pequena porção do piso do navio, recentemente fotografado nos arredores dos escombros. O ladrilho colorido de linóleo surpreendentemente continua afixado à uma porção de sua base rósea de assentamento, conhecida como litosilo. Junto das peças pode-se observar uma bacia cerâmica, idêntica às instaladas em alguns dos gabinetes das pias nas cabines da 2ª classe.
Sala de Fumantes da 3ª classe
Acima: A Sala de Fumantes da 3ª classe a bordo do Olympic. Situada ao lado do Salão Geral da 3ª classe, esta sala possuía exatamente o mesmo tipo de mobiliário e tinha as mesmas dimensões que o Salão Geral; a diferença entre as duas salas era de que aqui não havia um piano, as paredes foram revestidas com painéis de madeira polida sem pintura, e que às costas do fotógrafo havia um pequeno bar.
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A Sala de Fumantes da terceira classe ficava na posição aposta à Sala Geral, à bombordo (esquerda do navio). A revista “The Shipbuilder”, numa publicação de 1912 descreveu a sala assim: .
"A sala têm painéis emoldurados em madeira de carvalho, e é um espaço muito adequado e confortável. A mobília é de madeira de teca, semelhante à mobília da Sala Geral." .
A Sala de Fumantes tinha o seu próprio bar escondido no canto e haviam escarradeiras para aqueles que mascavam tabaco. Visto que o hábito de marcar fumo e cuspir ainda era moda em 1912, as escarradeiras se proliferaram no navio. Sabiamente, na Sala de Fumantes o piso era de linóleo, o que facilitava a limpeza no caso de sujidades causadas pelo cigarro.
Sala de lamparinas
Titanic Design, Facebook
A sala de lamparinas do Titanic estava localizada sob o castelo de proa no convés C, área dianteira do navio. Acessado pelo poço do convés, este era um local de oficina e armazenamento para o aparador de lâmpadas do navio. Mesmo a iluminação elétrica por todo o navio, ainda era necessário haver lamparinas a óleo. Ao anoitecer, uma lamparina a óleo tinha que ser exposta em um mastro, além das luzes de navegação elétricas já presentes. Uma lamparina vermelha tinha que ser pendurada ao cair da noite, ao pé de cada escada externa e em todas as áreas do convés de passageiros à noite. Lamparinas de reserva também eram armazenadas para eventuais cortes de energia, para navegação de emergência e para os botes salva-vidas.
Na sala havia prateleiras para armazenamento, uma estação de trabalho para misturar cores e cortar os pavios. Eram quatro tanques fixos de óleo de 60 galões que armazenavam querosene e óleo de parafina. O marinheiro Samuel Ernest Hemming (ao lado) era o aparador de lâmpadas do Titanic, ganhando £ 5 5s (£ 560 hoje). Hemming ajudou como pode a lançar os botes salva-vidas. Ele foi a última pessoa a ver o 6º oficial Moody e viu o Capitão Smith indo em direção à casa do leme antes do naufrágio. Hemming caiu na água depois que o navio afundou, foi resgatado pelo bote salva-vidas 4 em más condições, mas se recuperou totalmente.
Acima: Nesta cena de "Titanic" (1997), com a posição corrigida da cena que no filme foi apresentada invertida, espelhada.... a exata localização da Sala das lamparinas, junto das duas portas de acesso para as escadas da 3ª classe.
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O Saloon Deck, ou convés D, era
por onde a 1ª classe tinha acesso ao navio, embarcando através das
plataformas do porto posicionadas às portas de embarque nos saguões em
ambos os lados do navio. À ré da escadaria dianteira neste convés estava
um grande conjunto de cabines padronizadas da 1ª classe, numeradas de
D1 à D50, enquanto à extrema ré do convés D estavam situadas cabines de
2ª e de 3ª classe. No meio do navio, numa área nobre devido à
estabilidade ao balanço, estava o grande salão de jantar da 1ª classe
precedido da recepção. Adiante do salão de jantar na direção da popa
estavam alocadas as cozinhas da 1ª e da 2ª classe, seguidas do salão de
jantar da 2ª classe. Na área dianteira do convés estava o salão geral da
3ª classe, e no extremo final dianteiro estavam os quartos dos
bombeiros.
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Cozinha da 1ª e da 2ª classe
Acima: Parte da cozinha da 1ª e 2ª classe do Olympic. .
A cozinha do Titanic, localizada no convés D, fornecia as refeições para a 1ª e para a segunda classe e ocupava uma enorme porção do convés. A demanda de refeições girava entre 6.000 e 10.000 refeições diárias, para uma lotação de aproximadamente 3.000 passageiros a bordo do navio. A cozinha foi equipada para preparar mais de 62.000 refeições durante a travessia e o espaço de trabalho foi cuidadosamente compartimentado de modo que uma quantidade máxima de alimentos pudesse ser preparada em áreas individuais concentradas.
Ao lado: A única fotografia que se acredita ser autêntica da cozinha a bordo do Titanic.
Os mais recentes equipamentos de restaurantes, como fornos, panelas, caldeiras de água quente, foram disponibilizados pela empresa Cooking Wilson de Liverpool. O piso era coberto com um ladrilho anti derrapante para a segurança da circulação do apressado pessoal que trabalhava freneticamente no preparo das refeições. A cozinha também se compunha de copas, dispensa, padaria, açougue, salas para a prataria e porcelana, salas para os vinhos, cerveja, ostras e também tinha compartimentos de armazenamento para toneladas de carvão. Entre os artefatos relacionados às cozinhas encontrados nos arredores do naufrágio está um vidro de azeitona ainda fechado, travessas de porcelana, panelas, pratos e garfos.
Abaixo: Panelas provenientes das cozinhas a bordo do Titanic fotografadas junto ao campo de destroços a 3.800m de profundidade; por um capricho das coincidências permaneceram juntas ao serem arremessadas para fora do navio enquanto mergulharando rumo ao abismo do Atlântico. à direita um recipiente de azeitonas recuperado dos escombros incrivelmente com aparência de ainda comestíveis. Na verdade, não é muito incomum que alimentos que estejam dentro de um recipientes selados sobrevivam no fundo do oceano por muito tempo. Há relatos de conteúdo alimentar encontrado em ânforas seladas recuperadas de naufrágios muito anteriores ao Titanic.
Elevadores da 1ª Classe
Acima: O trio de elevadores da 1ª classe no penúltimo patamar de atividade, no Convés D do Olympic, de padrão similar aos elevadores do Titanic.
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Atrás da escadaria se localizava um trio de elevadores que operavam entre os conveses A e o convés E. Não haviam elevadores no Convés de Botes, onde estava instalada sua maquinaria, e no Convés F, onde estava localizado o último lance da escadaria da 1ª classe.
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Nas palavras da publicidade da White Star Line: .
"Podemos ser poupados do trabalho de subir ou descer as escadas, inserindo elevadores que levam-nos rapidamente a qualquer um dos inúmeros andares do navio que se pode desejar visitar". .
Ao lado: O trio de elevadores no convés D do Olympic, atrás da grandes escadaria, e junto do saguão de embarque e recepção da 1ª classe. Recentemente descobriu-se nos escombros do Titanic que o padrão decorativo do teto aqui era mesmo encontrado em toda a recepção, diferente do padrão nesta foto. .
Os
motores de suspensão dos elevadores foram instalados em uma cabine
localizada atrás da parede do relógio da Grande Escadaria. Cada
elevador tinha capacidade para dez pessoas e só podia ser operado
quando os portões internos estivessem fechados.Nas paredes frontais aos
elevadores foram instaladas anúncios com letras fundidas em bronze
dourado com a indicação de cada convés. Os elevadores tinham aparência
idêntica em todos os conveses, revestidos com painéis de carvalho e
colunas frisadas dispostas nos dois lados de cada pórtico de entrada.
Sobre cada porta um frontão esculpido em carvalho arrematava a
composição; estes frontões, por sua vez, têm origem na arquitetura
greco-romana. Na coluna frisada de cada uma das três entradas se
dispunha um pequeno painel de vidro iluminado onde foram descritos os
conveses de operação: A DECK, B DECK, C DECK, D DECK, e E DECK. Logo
abaixo do painel havia um pequeno botão de chamada. . . Acima: Durante
a expedição em setembro de 2001, James Cameron e equipe conseguiram
acesso para a área dos elevadores nos escombros do Titanic a 3.800
metros de profundidade, através de um robô com câmera teleguiado
remotamente. Para as surpresa dos pesquisadores, parte do portão
ornamental de um deles revelou-se ainda intacto, com um design
ligeiramente diferente do padrão utilizado nos elevadores a bordo do
Olympic.
Ao lado: Uma recriação ilustrada do possível padrão dos portões ornamentais nos elevadores do Titanic [direita], comparados aos instalados no Olympic [esquerda]. .
Os interiores dos elevadores foram decorados com painéis no estilo Empire, pintados de branco com inserções de delicados apliques dourados. Curiosamente este era o mesmo estilo decorativo que utilizado na cabine C 57 da primeira classe, localizada nos arredores da Grande Escadaria no convés C. Dentro de cada elevador foi disposta uma poltrona estofada recostada à parede de fundo. Nos painéis laterais e no fundo foram equipados três espelhos. Cada elevador dispunha de dois pares de portas corrediças. As portas interiores eram pantográficas, e as exteriores em ferro forjado com um elaborado design de barras verticais e desenhos espiralados.
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Acompanhe neste vídeo uma reconstituição gráfica aproximada dos elevadores
Saguão de embarque da 1ª classe
Titanic Honor and Glory
Cyril Codus artwork
Acima: Reconstituição gráfica do saguão de embarque da 1ª classe a estibordo do Titanic no Convés D, junto aos elevadores e da recepção do salão de jantar. As duas portas de aço com treliças de ferro ornamental foram instaladas paredão negro do casco e foi através de portas como estas que os passageiros da 1ª classe embarcaram na manhã de 10 de abril de 1912, vindos das
passarelas de embarque do porto em Southampton, Inglaterra. O belo design das treliças de ferro aqui foi trazido diretamente de um gradio luxuoso instalado no coro da catedral de Notre Dame, em Paris, a mais de 200 anos e que ainda hoje segue em pleno uso. Contanto no Titanic o padrão foi ligeiramente simplificado, mas deixando ainda hoje denotar a semelhança do trabalho inspirado por Notre Dame.
Numa situação
hipotética, se algum descuidado caísse por uma das portas, a queda
seria de 7 metros até a água. A cozinha e as dispensas ficavam bastante distantes daqui e o armário ao fundo foi instalado com o propósito de apoiar o trabalho dos garçons que atuavam neste convés. Nele foram armazenados talheres, pratos, xícaras e pires auxiliares para agilizar o serviço de atendimento aos passageiros acomodados na recepção da 1ª classe antes e/ou após as refeições. Diferente de toda a área do salão de jantar, recepção e elevadores onde o teto foi ricamente adornado, aqui o teto e a iluminação era simples, deixando evidente o formato das vigas de sustentação do piso superior. Ao lado: Reconstrução do design das portas ornamentais.
Ao lado: O Titanic fotografado pelo passageiro da 1ª classe Francis Browne em seu desembarque em 11 de abril, na cidade de Queenstown, na Irlanda. Pode-se observar as duas pesadas portas de acesso ao saguão de recepção no lado de estibordo. Do outro lado do navio, à bombordo, a visão era a mesma, com mais duas portas de acesso precedentes ao saguão adicional. . Abaixo: Recuperada dos escombros do Titanic em 28 de agosto de 1998, a porta de embarque havia permanecido fixa desde a madrugada do desastre em abril de 1912, sendo observada por uma expedição aos escombros no ano de 1993 ainda presa em suas dobradiças na posição aberta; posteriormente a porta se desprendeu do navio naufragado e sucumbiu junto ao leito marinho pela ação natural, devido à corrosão e ao seu próprio peso. A porta mede 1.85 X 1.42, construída em aço e ferro, com uma armação de bronze para os vidros de 2,5 mm de espessura, além de conter oito mecanismos de fechamento fundidos em bronze. A porta faz parte dos mais de 5 mil objetos resgatados dos escombros do Titanic pela empresa RMS Titanic Inc., (detentora judicial oficial dos direitos sobre os objetos resgatados do Titanic), e integra as exposições itinerantes organizadas pela empresa ao redor do mundo.
Os saguões de acesso ao Convés D no Titanic nada mais eram do que duas salas exatamente idênticas (mas de configuração espelhada, invertida) localizadas em ambos os lados do navio. Ambas eram instaladas de maneira simples e ampla, de modo a receber o fluxo de passageiros da 1ª classe vindos diretamente das plataformas de embarque no porto. As duas salas tinham piso revestido em linóleo geométrico (preto e branco) idêntico ao utilizado nas duas Grandes Escadarias. Os saguões possuíam duas robustas portas de comunicação com o exterior do navio, ambas construídas em aço, nelas haviam duas pequenas janelas retangulares protegidas com um vidro espesso. À frente das duas portas foram instaladas mais duas portas ornamentais internas protetoras, estas constituídas por um belo trabalho de treliças de ferro forjado.
Acima: Nesta foto de bastidores, a comitiva da personagem ficcional "Rose" embarca no Titanic através de uma das portas para o saguão da 1ª classe à bombordo. A pequena placa disposta trazia os dizeres "STOOP MIND YOUR HEAD" [abaixe-se, cuidado com a cabeça], um detalhe histórico copiado das fotos de época do Olympic, navio irmão do Titanic. Medindo pouco menos de 1.85 m de altura, as portas de embarque perdiam ainda mais espaço ao serem ocupadas pelas plataformas de embarque, e o aviso temporário então precavia os desatentos. Na foto de época vê-se o mesmo procedimento adotado no Olympic.
A real função do saguão, além de receber os passageiros, era a de distribuí-los às respectivas acomodações a bordo através de mais três portas adicionais: uma porta de acesso aos corredores das cabines da 1ª classe no Convés D, uma porta voltada para o trio de elevadores da 1ª classe e uma de acesso direto à Recepção do Salão de Jantar da 1ª classe, instalado aos pés da Grande Escadaria.
Abaixo: Uma reconstituição gráfica do saguão de entrada do lado de estibordo (direita do navio), numa visão a partir do mesmo ângulo daquele que estivesse embarcando no Titanic. Ao optar pela porta dupla à esquerda, o passageiro acessaria diretamente a Recepção aos pés da Grande Escadaria. A porta arcada ao fundo estava localizada junto ao trio de elevadores da 1ª classe. À direita havia o início do corredor contendo várias cabines da 1ª classe, sendo as primeiras "D 35" e "D 37" . O armário de louça localizava-se à esquerda da imagem, junto à parede lateral, fora de quadro aqui.
Titanic Honor and Glory
Ao lado - Em uma visita realizada aos escombros do Titanic em setembro de 2001, o cineasta James Cameron conseguiu obter acesso ao Convés D do navio naufragado, e através de um robô câmera teleguiado através de controle remoto e logrou êxito ao acessar o saguão a estibordo do navio. O local que em 1912 sequer não foi fotografado, e a pesquisa revelou detalhes surpreendentes que até então eram parcialmente desconhecidos: o armário de madeira gravemente decomposto deixava à mostra uma pilha de pratos de louça notavelmente preservados, com o famoso design da louça utilizada nas acomodações da 1ª classe.
Ao lado: Igualmente surpreendente e revelador foi encontrar as portas ornamentais de ferro forjado ainda presas às suas posições originais e com todo o padrão ainda preservado. O detalhe jamais havia sido fotografado (nem mesmo no navio irmão, o Olympic), e a expedição revelou a verdadeira configuração das portas e do saguão de modo geral, até então desconhecidos.
Abaixo: Curiosamente... James Cameron para seu filme havia recriado uma reprodução do saguão, mas à época devido a falta de dados concretos, reconstruiu o local sem o armário de louças, o teto plano com lustres requintados, o piso recoberto com um carpete e as portas
interiores em madeira. Todos os aspectos, hoje se sabe,
foram recriados de modo incorreto; apesar da
caríssima reconstrução, o
cenário sequer chegou a ser plenamente explorado na "telona",
considerando só é discretamente visto em
apenas uma cena, quando a passageira Molly Brown embarca no Titanic
(Cena ao lado).
Desde 1997 as novas descobertas sobre o verdadeiro design do Titanic não
pararam e ainda seguem expandindo enormemente o que se sabe sobre o
navio de tão breve vida.
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Recepção da 1ª Classe .
Ao lado: A Grande Escadaria dianteira do Olympic, aqui vista em seu lance localizado no Convés D.O belo candelabro de bronze com 21 lâmpadas fora fabricado pela empresa Perry e Co., de Londres. O topo da porta dupla que se vê ao fundo é detalhe único no Olympic; no Titanic a mesma porta foi instalada em outra posição, estaria à extrema esquerda.
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Ao lado: O belo candelabro de 21 lâmpadas reconstruído para os cenários do filme Titanic (1997).
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Subindo a plataforma de embarque e entrando no navio através das grandes portas de aço no Convés D, os passageiros da primeira classe estariam na grande Sala de Recepção, ao pé da Escadaria Principal (ao lado).
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Durante a viagem, esta vasta sala se tornou um lugar para ver e ser visto e, talvez, beliscar doces enquanto se esperava pelos acompanhantes para o jantar. Após o jantar os músicos se reuniam aqui para entreter os passageiros com uma seleção de músicas clássicas e populares até as 23:00 h. Ainda que a Sala de Recepção fosse localizada numa parte relativamente baixa do navio, o ambiente parecia ensolarado e acolhedor, isto graças a uma fileira dupla de portinholas de vidro mascaradas por janelas vitrais, as quais eram iluminadas por trás para dispersar a luz em todo o ambiente. Assim como o Salão de Jantar, a Sala de Recepção era decorada no estilo Jacobino com detalhes copiados de muitas das grandes casas da Inglaterra. . A sala se estendia por toda a largura do navio, se prolongando desde as portas de entrada para o Salão de Jantar até os elevadores que ficavam atrás da escadaria. O piso era recoberto com um elaborado carpete de tom vermelho e o mobiliário era composto por poltronas e sofás de vime estofados com tecido verde estampado. .
Ao lado: Na porção de estibordo havia um belo piano de cauda com um elaborado trabalho de marchetaria, fabricado pela empresa Steinway e Sons e era tocado pela orquestra do navio entre as 16:00 e as 17:00 durante o chá da tarde, e entre as 20:00 e as 21:15.
Abaixo: A recepção do Olympic em uma foto voltada para o lado de bombordo. De frente para a escadaria havia uma grande tapeçaria Aubusson emoldurada com uma cena intitulada "La Chasse du Duc de Guise".
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Ao lado: A Recepção da 1ª classe foi integralmente reconstruída para as cenas de "Titanic" (1997). Durante anos arrastou-se a discussão de que a tomada em que o casal Jack e Rose (Leonardo DiCaprio e Kate Winslet) foge do furibundo noivo Cal Hockley (Billy Zane) apresentaria um imperdoável erro com as janelas da recepção exibindo plena luz do dia, quando na realidade o Titanic naufragou durante a madrugada. O caso é, no entanto, que e equipe de Cameron estava a par de que as janelas da Recepção no Titanic eram equipadas com retro-iluminação artificial para que dissimulassem as duas vigias circulares por detrás de cada uma delas. Durante o dia as mesmas deixavam filtrar naturalmente a luz do sol através dos vitrais geométricos, equipados por detrás com um sistema de prismas de vidro dispersores de luz que impedia a visão do contorno das indesejáveis janelas circulares. Mas durante a noite a iluminação era artificial. Não há gafe alguma aqui neste sentido, mas um capricho histórico digno de nota.
Ao lado: Afixados em sua posição original, pelo menos parte dos vitrais da recepção seguiam ainda em setembro de 2001 em condições impressionantes de conservação nos destroços do Titanic a 3.800m de profundidade, quando James Cameron efetuou uma expedição para captar imagens para o documentário "Ghosts of the Abyss". A inundação gradativa da recepção na madrugada do naufrágio garantiu com que a água efetuasse uma espécie de amortecimento hidráulico, impedindo que o ambiente se destruísse por completo frente a violência da inundação. E assim janelas relativamente delicadas como esta permaneceram como que intocadas por mais de 89 anos até que fotografadas pela expedição. Diferente do que reproduzido em "Titanic", no entanto, os vitrais do possuíam cores leves, entre o azul e o âmbar, não eram completamente brancos. Algo notável até mesmo nesta foto.
Abaixo: Utilizando o benefício da distorção digital, a composição "corrigida" abaixo exibe com um pouco maior nitidez a cena retratada pela tapeçaria Aubusson aos pés da escadaria. Visivelmente uma cena de caça na floresta com dois sujeitos e pelo menos um cão visível, talvez mais. Os grandes letreiros são porém uma adição posterior no Olympic, não presentes em sua configuração original do início de carreira.A tepeçaria aqui parece ter sido inspirada pelas obras históricas originais denominadas "As Caçadas de Maximiliano" ou "Les Chasses de Maximilien", ou também "Les Belles Chasses de Guise" (As Belas Caçadas de Guise), que são um conjunto de doze tapeçarias, uma por mês, representando cenas de caça na Floresta Sonian, ao sul de Bruxelas, pela corte de Maximiliano I, Sacro Imperador Romano (falecido em 1519). As obras originais foram produzidas em uma oficina em Bruxelas, e várias tapeçarias retratam locais identificáveis, que na época ficavam nos arredores da cidade, mas que hoje estão em grande parte tomados por ela. O conjunto encontra-se atualmente no Louvre e conta com quase 500 anos, tendo sido concluído na década de 1530, encomendado por um membro da família Habsburgo.
A Recepção era decorada com estilo Jacobino com paredes e teto pintados de branco e enriquecidos com painéis e molduras esculpidas. A iluminação era feita por dezenas de lustres idênticos aos encontrados no Salão de Jantar, estes eram feitos de bronze com uma "tigela" de vidro lapidado com formato octogonal.
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Ao lado e abaixo: A área de estibordo da recepção no Olympic, de padrão idêntico à recepção do Titanic. As janelas vitrais permitiam a entrada de luz natural durante o dia e à noite eram iluminadas artificialmente por trás. Ao fundo pode-se ver três das cinco janelas em arco voltadas para o Salão de Jantar. Na foto abaixo é possível ver, de maneira muito discreta, que há algo em letras pequenas logo abaixo da letra D que anunciava o patamar em que se encontrava a recepção na parede frontal à escadaria. Ainda que não haja uma definição exata do que trazia o enunciado, ali estavam orientações relacionadas aos horários de operação do Salão de Jantar localizado logo adiante.
Abaixo: A título de curiosidade, no longa “Titanic”, o enunciado foi caprichosamente replicado pela equipe de arte sob comando do ultra detalhista James Cameron. Embora não haja informação quanto a assertividade histórica do que ali foi reproduzido, o letreiro trazia os seguintes dizeres:
BREAKFAST 8-10 a.m.
LUNCHEON 1 p.m.
DINNER 7 p.m.
PASSENGERS DESIRING TO
DINE LATER THAN THE
USUAL 7. P.M., PLEASE
GIVE NOTICE TO THE
SECOND STEWARD
NO LATER THAN 1:30 P.M.
Abaixo um passeio em computação gráfica pela Recepção da 1ª classe no Convés D, ao lado do Salão de Jantar. Esta reconstituição é primorosa em detalhes e permite um bela visualização do ambiente e sua rica decoração.
DIVULGAÇÃO: Hudzzle
Salão de Jantar da 1ª Classe
Acima: O Salão de Jantar da 1ª classe do Olympic. Ao fundo o elegante aparador central com o piano; no Titanic havia também um piano de modelo idêntico e que, por sua vez, foi tocado apenas no domingo (14 de abril) no serviço religioso matinal da 1ª classe. Contrariando a ideia exibida no filme "Titanic" (1997), por padrão não havia música na Sala de Jantar durante as refeições. Os concertos musicais eram oferecidos apenas na grande sala da Recepção da 1ª classe, aqui vista através das 4 janelas arcadas ao fundo. O diretor James Cameron em seu filme optou por reproduzir o Salão de Jantar recoberto por um belo carpete com padrão floral; a realidade, no entanto, é que o verdadeiro Titanic - e também o seu navio-irmão, o Olympic - aqui não havia um carpete, mas um colorido ladrilho de linóleo [visto ao lado, recuperado dos escombros do Titanic], o que facilitava o trabalho de limpeza e asseio do ambiente movimentado.
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Ao lado: Porta de acesso para o Salão de Jantar a partir da Recepção no Convés D no Olympic. As portas tinham molas de retorno e aberturas envidraçadas com uma treliça ornamental de ferro forjado.
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Abaixo: O vídeo a seguir é uma ótima reconstituição da Sala de Jantar. A arte não é perfeita em detalhes, mas apresenta os aspectos principais do ambiente ricamente decorado.
Ao lado: Observa-se que o padrão dos lustres e da composição emoldurada no teto seguiam exatamente o mesmo padrão encontrados na Sala de Jantar, com o diferencial de que na lá a finalização entre teto e paredes da ala central apresentava uma suave curvatura, mas na Recepção a junção foi arrematada com uma moldura simplificada.
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Ao lado: Uma autêntica cadeira do Salão de Jantar da 1ª classe do Olympic. Por um determinado período as cadeiras no Olympic foram afixadas ao piso através de corrediças metálicas, permitindo um movimento limitado de giro, afastamento e aproximação, mas evitando que as mesmas caíssem ou saíssem do lugar em condição de mar mais agitado, quando a estabilidade do navio ficava comprometida. A grande maioria do mobiliário a bordo dos navios era - e continua sendo ainda hoje - firmemente afixado ao piso como método de segurança.
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Direita: Uma das portas do Salão de Jantar em sua condição atual nos escombros do Titanic, incrivelmente preservadas e ainda fixa nas dobradiças na posição original.
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Entre a Recepção e a Sala de Jantar haviam portas de madeira com uma abertura de vidro com treliças de ferro forjado ornamental. Do outro lado ficava uma sala enorme, que ocupava toda a largura do Convés D com capacidade de acomodar mais de 500 passageiros numa só refeição. Se nem todos os assentos estivessem reservados, as crianças tinham permissão para jantar com seus pais no salão. Sua localização entre as chaminés nº 2 e nº 3 não era apenas uma coincidência, esta localização oferecia aos passageiros o mais suave local disponível a bordo, onde as oscilações causadas pelo movimento do navio eram muito pequenas.
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O Salão de Jantar foi equipado com um piso de mosaicos de linóleo estampados para se assemelhar a um tapete. O Salão era subdividido em alcovas semi privativas, a sala tinha um ar intimista, um lugar para desfrutar de uma refeição suntuosa oferecida em um serviço de prata. Em 14 de abril de 1912, o menu incluía Filet Mignon, patinho assado, vinagrete de aspargos frios e pêssegos em Gelatina Chartreuse, servidos em porcelana com o logotipo da White Star Line.
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Ao lado: A única fotografia conhecida da Sala de Jantar da 1ª classe do Titanic. A foto foi tirada no início da viagem pelo passageiro Francis Browne, que escapou do desastre ao desembarcar na cidade de Queenstown, Irlanda, levando consigo as últimas imagens conhecidas do Titanic. Apesar da pouca qualidade, se pode notar que a Sala de Jantar seguia o mesmo design decorativo nos dois navios irmãos.
Abaixo: O grande aparador esculpido na seção dianteira do salão de jantar no Olympic com um piano vertical ornamentado que ali estava disposto para ser tocado apenas no culto dominical. Destaque para as duas cabeças de leões esculpidas em alto relevo..
Mais um passo na evolução dos navios daquela época foi a eliminação dos longos bancos e mesas nas salas de jantar. Em navios anteriores o espaço era muito reduzido e só as melhores mesas tinham lugares para duas, quatro ou seis pessoas. A grande maioria dos passageiros se sentava em longas mesas, o que fazia a conversa difícil, exceto para as pessoas sentadas de frente ou lado a lado.
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Com a construção dos novos navios da Star White Line, todas as mesas na primeira classe eram de tamanho modesto, garantindo conversa fácil com qualquer companheiro sentado à mesa. As cadeiras antigas e desconfortáveis vistas em outros navios também foram substituídas por cadeiras estofadas e confortáveis, que se harmonizavam com a decoração.
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Ao lado: Um conjunto de chá com mesmo design da louça padrão encontrada na 1ª classe do Titanic. Este modelo específico é denominado "Wisteria" e estava largamente distribuído nas acomodações da 1ª classe e também no Salão de Jantar.
Abaixo: Do Salão de Jantar da primeira classe, aqui uma versão traduzida do menu do almoço de 14 de abril de 1912, o último almoço servido naquela travessia. Naquele domingo esplêndido, depois do chamado do corneteiro de bordo, os passageiros de primeira classe se dirigiram animados para o salão. Sobre as mesas elegantemente preparadas encontrava-se o cardápio do dia impresso em uma folha dentro de uma pequena pasta. Na capa, a Europa e a América estavam representadas em estilo clássico nas figuras de duas mulheres que ligavam simbolicamente os dois continentes separados por milhares de quilômetros. Atrás delas brilhava a estrela da White Star Line.
Abaixo: Em fevereiro de 2015, através dos esforços de pesquisa da equipe de desenvolvimento do game "Titanic Honor and Glory", um achado inédito foi divulgado, uma nova configuração de janelas arcadas entre o salão de jantar da 1ª classe a a recepção no convés D no Titanic. A descoberta foi possível segundo a análise da única fotografia conhecida do salão de jantar, tomada em 11 de abril de 1912 pelo passageiro de 1ª classe Francis Browne [foto histórica acima]. Quando analisada, a foto única revelou a possibilidade de três grandes janelas quadrangulares em arco amplo no local, ao invés das cinco janelas arcadas como a bordo do Olympic. A descoberta foi incorporada ao trabalho de recriação gráfica, bem como as demais descobertas inéditas feitas durante o percurso criativo do game, que será também um passeio virtual e histórico pelos interiores pouco conhecidos do Titanic. A montagem abaixo ilustra o detalhe inédito [vídeo com a descoberta AQUI].
Ao lado: Réplica fiel de uma das cabeças de cariátide das alcovas laterais do salão de jantar. Um trabalho de arte primorosamente executado pelo escultor estadunidense Alan St. George. Site oficial AQUI . Abaixo: Uma das alcovas laterais do salão de jantar da 1ª classe a bordo do Olympic numa foto voltada para a recepção. Diferente da ala central do salão onde o teto possuía apliques geométricos, aqui destacava-se um padrão floral, com outro formato de lustres menores de forma sextavada. . As amplas janelas com vitral ofereciam a falsa sensação de uma mansão em terra firme, escondendo por trás de si as duplas de portinholas circulares. As colunas entre as janelas traziam cabeças de cariátides - elemento arquitetônico herdado da Grécia - e figuras do deus Netuno, com barba encaracolada. A presença de uma coluna estrutural que atravessa uma das mesas destaca-se como elemento curioso, demonstrando a necessidade de muito aproveitamento do espaço.
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Abaixo: O salão de jantar recriado para as cenas de "Titanic" (1997). Embora representado com um notável preciosismo de detalhes, o ambiente foi replicado sutilmente mais largo que no Titanic, em função de uma ampliação da escadaria da primeira classe situada no mesmo convés. Na versão do cinema o salão recebeu um carpete que cobriu toda sua extensão, embora na realidade é que o salão fora equipado com o piso de linóleo, como visto na foto acima.
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Abaixo: Ilustração publicitária publicada em 1911, exibindo o aspecto opulento e luxuoso que teriam os Salões de Jantar do Olympic e do Titanic. Esta é, pelo que consta, a única referência de época em cores deste espaço. A presença de abajures sobre as mesas evidencia que a empresa inicialmente planejava instalá-los, no entanto as fotos de época do Olympic demonstram a mudança de ideia, bem como a única fotografia do salão no Titanic onde não há qualquer abajur.. A mudança de conceito certamente decorreu atendendo as reclamações dos primeiros passageiros do Olympic, que relataram o exagerado aquecimento do ambiente provocado pela ostensiva quantidade de luzes instaladas no teto [404 lâmpadas iluminavam este espaço]. James Cameron utilizou-se desta imagem referencial, entre muitas outras, para a reprodução cenográfica do Salão de Jantar em seu filme e adotou livremente os abajures como suporte de iluminação sobre as mesas onde os personagens principais fazem uma de suas refeições [como visto na cena acima].
Cabines da 1ª classe no Convés D
Abaixo: Duas cabines da 1ª classe do Olympic, localizadas no Convés D. No Titanic estas cabines teriam sido praticamente idênticas.A falta de ornamentos e o teto bruto, com suasvigas,dutos de ventilaçãoe canalização expostos, são uma completa surpresa quando comparadas às suítes luxuosas. Uma grande parte das cabines da 1ª classe, especialmente as instaladas nos conveses “A”, “D” e “E” eram muito mais modestas, tendo inclusive parte da tubulação de água e estrutura de aço aparente no teto, sem acabamentos refinados, muito diferentes das cabines de luxo situadas nos conveses “B” e “C”. As três fotos acima, de cabines da 1ª classe do Olympic, exemplificam a simplicidade destas cabines padronizadas, de mesmo padrão que as instaladas no Titanic. Os valores pagos pelas passagens de 1ª classe eram muito variáveis; quanto maior a cabine, melhor decorada, melhor situada, e mais alta no navio... mais cara se tornava a hospedagem. . Curiosamente, a famosa e milionária passageira norte americana Margareth Tobin Brown (ao lado), mais comumente chamada apenas de Molly Brown, teria ocupado a cabine e "E 23", situada no convés E, o mais baixo pavimento do navio com cabines da 1ª classe. A posição de sua cabine contraria vivamente a crença popular de que todos os milionários a bordo do Titanic teriam ocupado as mais requintadas acomodações. A cabine ocupada por Molly seguia um padrão muito simples, praticamente idêntica à cabine da foto do meio acima. .
O Hospital
Acima: Uma das mais icônicas fotos do Titanic, tirada no dia 02 de abril de 1912, uma semana antes da viagem de inauguração, enquanto o Titanic é rebocado para o Mar da Irlanda para finalmente ser testado. O destaque amarelo situa com precisão a posição das janelas (portinholas) das instalações hospitalares do navio. Curiosamente o hospital estava localizado exatamente entre a enorme cozinha da 1ª e 2ª classe e o o Salão de Jantar da 2ª classe.
Ainda
que a Câmara de Comércio ditasse uma regra prática básica para a
existência de hospitais nos navios, havia uma necessidade elementar na inclusão de hospitais a bordo dos navios daquela época,
com o intuito de atender quaisquer eventuais problemas de saúde entre
as milhares de pessoas a bordo durante as viagens atlânticas. No Titanic
o hospital estava alocado no Convés D, do lado direito do navio na
direção da quarta chaminé. As instalações cirúrgicas (sala de cirurgia)
estavam alocadas um andar acima, no Convés C. Havia apenas uma escada
privativa a partir do Convés D para chegar à sala de cirurgia, e esta
escada única ligava os dois andares do hospital.
Ao lado
- Um dos quartos das instalações hospitalares a bordo do navio RMS
Aquitania, da Companhia Cunard Line. A foto ilustra de maneira próxima o visual geral do hospital a bordo do Titanic,
que também estava localizado junto à borda do navio com a presença de
portinholas circulares e também foi equipado com painéis de
revestimento brancos; todos estes aspectos faziam parte das
regras básicas de padrão pré estabelecidas pela Câmara do Comércio, e se
apresentavam de maneira muito similar nos hospitais dos navios daquela
época.
O hospital consistia de 4 salas: 3 quartos para pacientes e um quarto para o atendente. Havia um sala de banho e dois banheiros que também faziam parte do conjunto. A ala de doenças infecciosas estava completamente separada. O hospital de isolamento consistia de dois quartos projetados para 3 pessoas em cada, bem como uma sala de banho e um banheiro. O sistema de ventilação do hospital foi projetado de modo que o ar que saía das instalações através do duto da 4ª chaminé. Toda a ala foi revestida com painéis de madeira pintados de branco, e no chão havia um azulejo preto e branco. As camas nas alas eram de metal esmaltado, alternadas entre camas comuns e beliches. .
Você sabia que o Olympic e o Titanic possuíam uma cela almofadada para deter gente louca?
Reconstrução gráfica por Titanic Honor and Glory
Acima: A cela almofadada reconstruída em computação gráfica. E na foto
famosa tomada na manhã de 02 de abril de 1912 o destaque amarelo situa
a precisa localização das janelas do complexo hospitalar nos
conveses C e D, onde estava localizado o gabinete.
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Contando com a possibilidade evidente de atender a toda espécie de intercorrência vinda do público, os grandes navios eram - e ainda são - obrigados a contar com pronto atendimento das demandas de seus passageiros... Inclusive os mentalmente perturbados fora de controle que oferecessem risco. Assim, dentro dos seus complexos hospitalares, o Olympic e o Titanic contavam com uma cela almofadada para deter algum eventual lunático que se aventurasse a perturbar a ordem da viagem. A cela ficava junto do hospital no convés D, no lado de estibordo, logo após a imensa cozinha que abastecia os salões de jantar da 1ª e da 2ª classe. .
Não se tem uma descrição exata do compartimento, mas se baseando em descrições do mesmo aparato no navio RMS Lusitania, acredita-se que a cela se compunha de não mais que um pequeno gabinete almofadado com paredes macias revestidas com acolchoado de lona, sem janelas e uma só porta com vigia. O ambiente claustrofóbico media 1,50 X 1,80. Não há menção sobre a presença ou não de camisas de força nas descrições inventoriais do Olympic e do Titanic, mas historiadores acreditam que certamente haveriam camisas de força neste serviço de contenção. .
Não há registro que dê conta da utilização da cela no Olympic, tampouco no Titanic, mas neste primeiro certamente pode ter sido usada durante a longa carreira de 24 anos, na qual acolheu cerca de 430 mil passageiros apenas em suas viagens comerciais. De todo modo, sabe-se que o procedimento de detenção só seria utilizado em casos muitos extremos, que escapassem à qualquer tipo de abordagem menos incisiva. Por envolver um procedimento de extrema delicadeza, gravidade e sigilo, evidentemente a White Star Line não fez questão de descrever em seus prospectos publicitários ou arquivos públicos sobre o assunto. A cela almofadada do Titanic foi pulverizada com a quebra do navio, mas a mesma do Olympic foi arrematada no leilão de artefatos do navio, contanto não se sabe qual foi a nova utilidade dada a seu "gabinete da loucura".
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Espaço Aberto da 3ª Classe / Salão Geral dianteiro da 3ª classe
Acima: Reconstrução gráfica do espaço aberto da 3ª classe. A arte ilustra de modo próximo o visual do ambiente, substituindo a ausência de fotografias de época. Aqui se vê a porção de estibordo da sala, apenas 4 conveses acima do ponto da colisão com o iceberg. A contínua corrente de contenção posicionada ao longo das aberturas dos porões alertavam sobre risco de queda oferecido pelos dois poços que se precipitavam por vários conveses abaixo. A porta ao fundo se abria para o exterior do navio.No salão haviam 21 portinholas de 35 cm de diâmetro. O salão media cerca de 23 metros de comprimento e 24 metros de largura na porção traseira; na área dianteira, reduzida pelo formato afunilado da proa, a sala media 19 metros de largura.
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Localizado exatamente abaixo do poço do convés C na área da proa, o Espaço Aberto da 3ª classe se tratava de um grande salão no convés D, disposto aos passageiros para se reunirem em suas atividades diárias de diversão, distração ou de repouso. A sala ocupava toda a largura do navio, mas era muito simples e desprovida de ornamentos, assim como a maior parte das acomodações direcionadas à 3ª classe; no entanto o ambiente dispunha de uma contínua fileira de bancos de madeira disposta ao longo das paredes, além de mesas e cadeiras aparafusadas ao piso, similares às encontradas no Salão Geral da 3ª classe, localizado na popa, no Convés C.
Ao lado: Localizado diretamente abaixo do Convés C e sob as duas aberturas de acesso aos porões de carga, o Espaço Aberto da 3ª Classe era rota obrigatória para o embarque de bagagens e da carga alojada nos porões frontais do Titanic.
O salão dispunha de quatro escadarias, duas na extremidade dianteira e duas na extremidade traseira, que forneciam acesso aos conveses inferiores e superiores. Na porção central se localizavam as duas grandes aberturas de acesso aos porões, assim como também no teto haviam duas aberturas que possibilitavam a suspensão de carga retirada ou depositada nos porões através de guindastes do navio ou do porto. Tanto as aberturas localizadas no piso quanto as localizadas no teto eram cobertas com um gradeado de madeira desmontável, que era removido durante os procedimentos de carga e descarga.
Acima: Um belo exemplo do processo de embarque de carga através das duas escotilhas para os porões frontais (vistas à esquerda e à direita, sem o gradeado e a lona protetora). A imagem registra a acomodação das bagagens no Convés C do Olympic em New York. As montanhas de bagagens tinham de ser habilmente suspendidas e baixadas, fazendo passagem obrigatória através do salão da 3ª classe.
Ao lado e abaixo: O salão foi também replicado para as gravações do filme Titanic. Aqui foram rodadas as cenas da grande festa da 3ª classe, onde o casal Jack e Rose se diverte ao som da música irlandesa tocada pelos animados passageiros que rumavam para a América. No entanto os detalhes do cenário não coincidem exatamente com as plantas do Titanic, as dimensões são menores e o mobiliário é muito reduzido. Aqui as duas aberturas para os porões de carga (à esquerda e à direita) aparecem desprotegidas e serviram como pista de dança para o casal protagonista - algo bastante improvável na vida real, visto que os porões se tratavam de área de risco.
Abaixo: Cena excluída de "Titanic".
Abaixo, cena excluída: A protagonista Rose visita o companheiro Jack no Espaço Aberto da 3ª classe nesta cena excluída. Na cena pode-se ver um piano ao ser tocado por um dos passageiros, mas trata-se uma licença poética, considerando que não há registro de que aqui haveria um piano. O instrumento estava disposto no Salão Geral da 3ª classe no extremo oposto do navio e um andar acima. Apesar de reproduzido de modo apenas próximo à realidade, a descontração e o movimento alegre dos passageiros da 3ª classe certamente coincidem com a realidade histórica.
Salão de Jantar da 2ª classe
Acima: O salão de jantar da 2ª classe no Olympic, de padrão decorativo idêntico ao aplicado no Titanic. Ao fundo se vê o grande aparador central com um piano vertical.
Ao lado: Uma das cadeiras do salão de jantar do Olympic hoje preservadas.
Situado atrás da cozinha da 1ª e 2ª classe, o salão de jantar da 2ª classe oferecia três refeições por dia em um ambiente agradável com painéis de carvalho e longas mesas equipadas com cadeiras giratórias aparafusadas ao chão com assentos revestidos em couro vermelho.
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Na melhor das hipóteses, este arranjo de cadeiras era desconfortável, visto que o comensais sentavam-se muito afastados da borda da mesa, necessitando recurvar-se para fazer a refeição, ou muito próximos, prendendo a barriga, no caso de pessoas mais robustas. .
Menor que o salão de jantar da 1ª classe, o salão foi projetado para acomodar 394 pessoas de uma só vez. A sala era um espaço agradável cheio de flores frescas, serviço de prata, decantadores de vidro gravado e toalhas brancas engomadas. A empresa White Star Line publicou o seguinte sobre o salão de jantar: . “Os painéis da sala são feitos de madeira de carvalho... no final há um aparador especialmente projetado, com um piano no centro. O mobiliário é em mogno, o estofamento é de couro vermelho e no chão há mosaicos de linóleo de projeto exclusivo.” . Ao lado: Um prato com o padrão encontrado na 2ª classe no Olympic, que também foi utilizado no navio SS Majestic, da White Star Line. Este design é popularmente conhecido como “Delf” (cidade na Holanda onde foram fabricados) ou “Flow Blue” (fluxo azul) devido à tendências de, ás vezes, a cor azul se expandir pelo branco e tornar-se borrada ao redor do desenho com o passar do tempo e utilização. .
Abaixo: O salão de jantar da 2ª classe no Olympic.
Cabines da 2ª classe
Ao lado: Uma cabine de 2ª classe no Olympic, de padrão idêntico às instaladas no Titanic. Os beliches e a ausência de ornamentos evidenciam a grande diferença entre estas e as de primeira classe.
Tem sido divulgado ao longo dos anos que viajar na segunda classe no Titanic era como viajar de primeira classe a bordo de navios anteriores. Há mais verdade nisso do que se pensa, os padrões de tecido e mobiliário que eram modernos na década de 1890 e 1900 estavam fora de moda e foram rebaixados para uso nas acomodações públicas e nas cabines de segunda classe. As cabines de segunda classe foram equipadas com duas ou quatro camas beliches protegidas por cortinas.
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Não era incomum que pessoas estranhas reservassem, quartos em conjunto para garantir o menor preço dos bilhetes, mesmo sabendo que a privacidade era mínima tendo em vista o espaço compartilhado reduzido. Enquanto as cabines de 1ª classe tinham o luxo de água quente e fria, as de segunda classe tinham apenas um lavatório à moda antiga, modificado para uso no navio. Visto que o espaço era reduzido, o lavatório era afixado na parede, como parte de um armário de mogno. Quando em uso, o passageiro baixava uma bacia de cerâmica articulada expondo a torneira.
Ao lado: Uma cabine de 2ª classe a bordo do Olympic.
Pressionando a alavanca o fluxo de água saía de um tanque de metal atrás do espelho. O sabonete ficava em um prato colocado ao lado e, quando terminasse, o passageiro simplesmente dobrava a bacia de volta para o armário e a água residual caía em uma vasilha escondida no nível do chão. Os camareiros eram responsáveis por manter o fornecimento de água através de um funil de alimentação, e por retirar a água residual.
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A água quente era trazida em um jarro e usada com moderação. Outra distinção entre a primeira e a segunda classe era de que esta última nunca foi equipada com banheiros individuais. Instalações de banheiros públicos eram localizadas a cada bloco de camarotes, seu uso portanto era coletivo. Haviam urinóis em cada cabine, mas estes eram principalmente para enjoo e não para as necessidades fisiológicas.
Abaixo: Uma cabine de 2ª classe aqui ilustrada em um panfleto publicitário oficial publicado pela White Star Line.
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Acompanhe uma reconstituição gráfica de uma das cabines da 2ª classe, incorretamente nomeada no vídeo como "Cabine da 3ª Classe".
*e
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O Upper Deck, ou convés E, era preenchido por cabines que
poderiam ser alternadas entre 1ª e segunda classe, de acordo com as
necessidades em virtude da lotação do navio, e também por cabines de 3ª
classe na extrema ré do navio. Aqui estavam também os quartos da
tripulação e também a barbearia da 2ª classe e o refeitório dos
engenheiros. Havia aqui uma certa mistura entre 1ª e 2ª classe, e entre a
2ª a terceira classe. As portas de comunicação entre a 1ª e a 3ª classe
nesse convés abriam-se apenas a partir do lado da 1ª classe, mas não a
partir do lado da 3 classe.
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O corredor de serviço no Convés E, conhecido como "Scotland Road" ou "Park Lane"
Acima: A planta indica a longa extensão do corredor de serviço. Não há um consenso técnico quanto ao início e o final do corredor apelidado como Scotland Road, no entanto os únicos impedimentos à passagem eram as curvas e as cinco portas à prova d'água de fechamento horizontal, diferentes das utilizadas dentro das salas de máquinas e caldeiras. De maneira generalizada a porção oficialmente apelidada como Scotland Road é a mais larga do destaque amarelo.
Ao lado: O corredor concorrente à Scotland Road, localizado em paralelo no lado de estibordo do navio; por estranho que possa soar, este era também um corredor da 1ª classe. A foto foi tirada com a câmera voltada para a frente do barco. Esta foto é frequentemente citada como a própria Scotland Road ou como um corredor da 3º classe do Titanic, mas foi tirada a bordo do Olympic, seu navio-irmão, e é na realidade o corredor concorrente no outro lado do navio. O corredor percorria o mesmo sentido que a Scotland Road, mas era mais estreito e mais curto. Aqui também haviam portas à prova d'água e dormitórios da 1ª classe. A porta com parafusos nas bordas que se vê em primeiro plano era à prova d'água; a porta que se vê ao fundo com venezianas de ventilação era a da cabine "E 66" da 1ª classe. Curiosidade: A parede apainelada à esquerda da imagem escondia por detrás de si a cerca de 10 metros à frente o duto de passagem da chaminé Nº 3.
Localizada ao longo do Convés E, "Scotland Road" (Estrada da Escócia) é o apelido conferido pela tripulação ao gigantesco corredor de serviço que percorria praticamente toda a extensão do Convés E. Oficialmente a longa passagem de trabalho não possuía nomeação oficial por parte da Companhia White Star Line ou pela construtora Harland and Wolff, e o apelido à ele atribuído vinha de uma referência à uma antiga rodovia ao norte da cidade de Liverpool, que durante muitos anos foi o refúgio cultural e de moradia de comunidades de trabalhadores e imigrantes. Visto que o corredor era principalmente destinado ao tráfego e aos alojamentos dos trabalhadores do navio, o apelido parecia bastante apropriado.
Acima: Nesta fotografia de 11 de abril de 1912, durante a segunda e última escala do Titanic, em Queenstown, Irlanda, o destaque indica a localização e os extremos da cobertura da Scotland Road. Devido à enorme extensão a Scotland Road se ajustava à leve curvatura para cima das extremidades do navio. Em um cálculo aproximado, o corredor percorria de uma ponta à outra cerca de 220 dos 269 metros do navio, facilitando o acesso da tripulação à qualquer área sem a necessidade de recorrer aos labirínticos corredores nas entranhas do transatlântico.
Se fosse possível viajar de volta no tempo e caminhar pela Scotland Road no Titanic, teríamos uma perfeita visão dos bastidores do árduo trabalho da tripulação de um grande transatlântico daquela ápoca. Enquanto as acomodações e serviços públicos nos andares superiores desses navios eram frequentemente descritas em pormenores e ilustradas através de imagens fotográficas na abundante publicidade feita pela White Star Line, raramente esta publicidade exibia os arranjos oferecidos aos camareiros e abastecedores e o grande número de tripulantes necessários para servir às inúmeras salas públicas do navio e os passageiros dentro delas. A Scotland Road, talvez mais do que qualquer outra área do navio, servia aos membros da tripulação que iam e vinham o tempo todo trabalhando contra os ponteiros do relógio. Ao longo da Scotland Road também se localizava a maioria dos alojamentos do departamento de abastecimento, o que incluía cozinheiros, camareiros, lavadores de prato, despenseiros, garçons, e assim por diante.
Titanic Honor and Glory
Acima: Uma reprodução em computação gráfica da Scotland Road, que percorria a extensão do Convés E, aqui vista a partir da porta de acesso aos pés da grande escadaria dianteira da 1ª classe. A cobertura era tão pronunciada que até mesmo a leve curvatura do piso e do teto do navio poderia ser notada por aqueles que se pusessem a observar o seu comprimento [a leve curvatura do navio não é mostrada nesta reconstituição].
Ao lado: O longo corredor situado fora reproduzido para os cenários do filme "Titanic" (1997). O casal ficcional protagonista encontra a longa passagem após empreenderem fuga do furioso noivo Cal Hockley (Billy Zane). Na cena em questão o casal é fortemente repreendido por um tripulante ao arrombar uma porta de madeira que bloqueava a fuga de ambos. . Acima: Apesar de reproduzido de maneira apenas próxima ao que realmente teria sido na vida real, a visão do comprimento e a largura teria sido bastante similar no Titanic, onde o corredor realmente teve partes de sua extensão coberta com painéis brancos.
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Ao lado:O diretor e explorador marinho James Cameron, por ocasião de um mergulho aos destroços do verdadeiro Titanic em 2005, tentou adentrar e percorrer o corredor no convés E utilizando-se de um robô câmera teleguiado por controle remoto; a equipe conseguiu chegar à Scotland Road, no entanto não obteve sucesso em percorrê-la ao serem bloqueados por uma grande quantidade de detritos e destroços que impediram a passagem do veículo telecontrolado. Isto indica que o peso do navio, somado à forte colisão com o leito marinho e os muitos anos de deterioração, possivelmente tenham causado o colapso total ou parcial deste longo corredor que fora partido ao meio quando o Titanic se rompeu na madrugada de 15 de abril de 1912. .
Gabinete do Comissário da 2ª classe (gabinete de informações e central de atendimento da 2ª classe)
Acima: Uma rara imagem do balcão de atendimento do Gabinete do
Comissário 2ª classe no Olympic, localizado no lado de
bombordo (direita do navio), no Convés E, junto à escadaria traseira da
2ª classe (o corrimão da escadaria pode ser discretamente visto no lado
esquerdo da foto). Acredita-se que no Titanic o visual deste local teria
sido exatamente o mesmo. CURIOSIDADE: A porta dupla fechada ao fundo, atrás dos pequeno grupo de passageiros, acessava diretamente o famoso e imenso corredor de serviço apelidado de "Scotland Road".
O gabinete do comissário oferecia diversos tipos de
atendimento aos passageiros hospedados na 2ª classe, como a resolução de
dúvidas, recepção de cartas e mensagens telegráficas e também recolhia
objetos de valor à pedido dos passageiros que poderiam guardá-los em
dois cofres. Em suma o local funcionava como uma central de atendimento e
informações, resolvendo questões e assuntos particulares relacionados
aos passageiros da 2ª classe. Os passageiros da 1ª classe também
contavam com um balcão de propósito exatamente idêntico, localizado dois
andares acima, no Convés C, junto aos pés da Grande Escadaria
dianteira. . Ao lado - Uma fotografia datada de 1998, da Casa do Leme nos escombros H.M.H.S. Britannic, o navio-irmão do Olympic e do
Titanic, naufragado em 1916. O mesmo tipo de piso pode ser observado na foto acima. A presença deste tipo de ladrilho instalado
no Britannic marca a sua larga utilização nos três navios irmãos. O revestimento foi assentado em áreas da 1ª, 2ª e 3ª classes, e também em locais de trabalho apenas da tripulação do trio de navios da White Star Line. . . .
Barbearia da 2ª classe
Acima: A barbearia da 2ª classe a bordo do Olympic, de padrão que teria sido similar no Titanic. .
Ao lado: Reconstituição gráfica da barbearia a bordo do Titanic.
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Esta sala era situada no Convés E, próxima à escadaria da 2ª classe. Assim como nas salas de fumantes, este era um reduto masculino. Havia duas utilidades aqui,
tanto para oferecer um corte de cabelo de boa qualidade quanto para
vender souvenires e outras recordações da travessia pelo Atlântico. A
sala acomodava duas pessoas sendo atendidas ao mesmo tempo para um corte
de cabelo ou barba. Haviam duas cadeiras reclináveis, lavatórios de
mármore e também um sofá de espera.
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Abaixo:
Um aparelho de barbear e uma pequena embalagem de papel de lâminas
Gillette, ambos recuperados dos escombros do Titanic. Teriam pertencido à passageiros, não à barbearia do navio.
Curiosamente na pequena embalagem de lâminas há o nome "Brazil" gravado entre a lista de países onde a marca Gillette estava
sendo patenteada e vendida naquela época; a marca havia sido
fundada em 1901, onze anos antes da viagem inaugural do Titanic.
Cabines da 3ª classe
Ao lado: Uma cabine e terceira classe a bordo do Olympic, de padrão idêntico às encontradas no Titanic. .
As acomodações da terceira classe no Olympic e no Titanic eram significativamente melhores do que as acomodações oferecidas aos emigrantes apenas alguns anos antes em outros navios. No auge do século XIX, os bilhetes comprados pelo emigrante em direção aos Estados Unidos e outras nações do hemisfério ocidental apenas prometiam “transporte” para o Novo Mundo. Cama, alimentos e utensílios eram raramente incluídos no preço da passagem e até mesmo o fornecimento de um beliche era uma proposta arriscada.
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A bordo do Olympic e do Titanic a situação melhorou consideravelmente. A publicidade da White Star Line seduzia o viajante com a promessa de que: .
“O intervalo entre a vida velha e a nova seria passado sob a mais feliz condição possível”.
As cabines de terceira classe no Titanic ocupavam a parte frontal dos
conveses E, F e G e a parte traseira dos conveses D, E, F e G, na parte
baixa do navio. As cabines alojavam seis ocupantes da mesma família ou
passageiros do mesmo sexo, separava-se homens solteiros de mulheres
solteiras como medida de garantir o bem estar durante a viagem. .
Ao lado: Uma cabine de segunda classe a bordo do navio SS Laurentic, de padrão idêntico às de terceira classe a bordo do Titanic. A foto evidencia que em poucos anos o tratamento da terceira classe estava melhorando, e as cabines de segunda classe antigas agora eram parte da realidade dos emigrantes mais humildes a bordo do Olympic e do Titanic.
Convenções ditavam que as mulheres e crianças ficassem na popa do navio, enquanto homens solteiros eram alojados na proa em um espaço distante do sexo feminino. As cabines eram equipadas com aquecimento e iluminação elétrica, e isso parece óbvio hoje; mas em Londres apartamentos pobres ainda tinham lâmpadas a gás.
Camas e colchões de molas também eram fornecidos juntamente com cobertores e travesseiros, mas sem fronhas. Havia apenas uma banheira para todos os homens de terceira classe, e outra para as mulheres. Isto não era mesquinhez por parte da White Star Line, mas uma realidade social. Os pobres mais humildes naquela época consideravam que os banhos frequentes causavam doença pulmonar, e assim a demanda por banheiras era limitadíssima. .*f
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O Middle Deck, ou convés F, era onde estavam o banho turco e a
piscina da 1ª classe, um grande complexo de salas na área dianteira no
lado estibordo. A plataforma de observação para a quadra de squash da 1ª
classe estava também aqui, enquanto a quadra ocupava a altura de dois
conveses, F e G. No meio do navio estava localizado o salão de jantar da
3ª classe, divido em duas seções, dianteira e traseira, separado por
portas a prova d'água. Aqui também estavam os quartos dos engenheiros e
mais cabines de 2ª e 3ª classe.
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Banho Turco
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Acima:
A única fotografia conhecida da sala de resfriamento do banho turco a
bordo do Titanic. Esta era a última pela qual o passageiro passaria
antes do fim do banho, para logo após dar um mergulho a piscina do outro
lado do corredor externo. Aqui se pode ver os vestiários ao fundo, as
cadeiras de lona e os divãs confortáveis intercalados por mesas
decoradas com marchetaria de tema árabe. As janelas aqui no entanto não
estavam voltadas para o exterior, mas para um corredor interno do navio.
Ao lado:
Uma cama de banho elétrico publicada em 1911 na revista "The
Shipbulder", anunciando as amenidades a bordo do Olympic e do Titanic.
As mulheres poderiam usar o banho elétrico durante a manhã, e os homens à
tarde e à noite. Um ticket era necessário, e poderia ser comprado por 4
shillings ou 1 dólar. A experiência de uso era de que o banhista
se deitasse no compartimento isolado do pescoço para baixo, e as lâmpadas
internas provocavam um aquecimento agradável tido como medicinal. O
equipamento no entanto aparentemente não foi tão popular no Olympic
onde haviam dois deles, no Titanic uma cama apenas foi instalada. .
Por quatro xelins ou um dólar, os passageiros de primeira classe poderiam relaxar e aliviar suas dores na sauna do Titanic. O banho turco era formado por várias salas diferentes: sala de vapor, sala quente, sala de clima temperado, sala de banho e sala de resfriamento. Havia também uma inovação ultra moderna, camas elétricas que aplicavam calor no corpo utilizando lâmpadas elétricas, o que era visto como tratamento medicinal.
Ao lado: Um ticket e o canhoto para banho turco a bordo do Titanic. Passageiros de primeira classe podiam comprar ingressos para banhos turcos no gabinete do comissário de bordo no convés C. Este exemplar é numerado como 251 e provavelmente não estava a bordo durante a travessia fatal. Alguns desses ingressos podem ter estado disponíveis em terra antes da partida. Se for o caso, este não foi vendido.
Abaixo: Uma reconstrução gráfica do banho turco no Titanic. Ao fundo se pode ver uma fonte de mármore e, à esquerda, uma cadeira de pesagem, ali disposta para conferência de peso para os banhistas.
Titanic Honor and Glory
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Ao lado: A cadeira de pesagem "jockey chair", no banho turco a bordo do Olympic.
O banho turco estava situado atrás do lance de degraus da grande escadaria dianteira no convés E, e foi decorado em estilo árabe do século XVII com lâmpadas de bronze e azulejos ricamente decorados com um padrão verde e azul. O chão era coberto com azulejos em tons de azul e branco. O objetivo da sala de resfriamento era o de relaxamento após a sauna completa. Haviam divãs e cadeiras de lona para repouso. De um lado da sala havia um bebedouro ao lado de um elaborado armário para guardar os pertences. Do outro lado ficavam três vestiários e uma penteadeira com espelho.
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O banho turco tinha um tema marcadamente árabe, tal como descrevia a White Star Line:
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“Uma das salas mais interessantes e surpreendentes no navio. As portinholas são ocultadas por uma elaborada cortina do Cairo esculpida, através da qual a luz filtrada revela algo da grandeza do misterioso Oriente”
Os passageiros do Titanic, depois de pagarem a taxa, eram bem cuidados por uma equipe de cinco funcionários, três homens (J. B. Crosbie, W. Ennis e L. Taylor — nenhum dos quais sobreviveria à viagem) e duas mulheres (Annie Caton e a Sra. Maud Slocombe — ambas mais afortunadas). Mas, apesar de tanto cuidado e atenção, nem todos os passageiros desfrutaram do banho turco a bordo. Outra sobrevivente, a Sra. Margaretta Corning Spedden (ao lado), escreveu em seu diário de 11 de abril: "Tomei um banho turco esta manhã. Foi o meu primeiro e espero que seja o último, pois nunca desgostei de nada na minha vida antes, embora tenha gostado do mergulho final na piscina". Ainda assim, é justo dizer que a maioria dos passageiros que tomaram banhos turcos nesses transatlânticos gostaram. Pelas instalações oferecidas e pelo alto padrão de decoração evidente em todas as suítes, esses banhos representaram uma grande melhoria em relação aos encontrados em outros navios contemporâneos ao Titanic. .
Abaixo: O complexo de salas do banho turco do Titanic, aqui representados numa simulação gráfica, com as piscina à direita. Em 2001 James Cameron obteve acesso ao alcançar o banho turco através de robôs teleguiados remotamente, mas não pôde alcançar a piscina, que segue isolada de todo o conjunto atrás de portas à prova d´água que não se desfizeram com o tempo. 1. Sala de vapor 2. Tanques de ar quente 3. Sala quente 4. Sala temperada 5. Sala de banho 6. Escadaria da 1ª classe 7. Sala de resfriamento 8. Banho elétrico 9. Portas à prova d´'agua 10. Chuveiros 11. Piscina 12. Vestiários
Parks Stephenson / Exploring the Deep - The Titanic Expeditions
Abaixo: Uma reinterpretação atual do banho turdo a bordo do Olympic, habilmente reeditada a partir de uma ilustração de época para representar a disposição do ambiente como se apresentaria a bordo do Titanic. Embora com mesma decoração geral, as salas eram dispostas de maneira distinta nos dois navios irmãos.
Via passengershipsandliners.fandom.com
As comodidades oferecidas aos passageiros da Primeira Classe eram vistas como um exemplo do máximo em luxo, e os fornecedores de mercadorias para o Titanic não hesitaram em anunciar o fato. Como este anúncio do sabonete higiênico Vinolia Otto que apareceu no Illustrated London News em 10 de abril, poucos dias antes do desastre fatal. E novamente em 20 de abril de 1912, para o sabonete Vinolia, usado no "Titanic". O anúncio tem uma imagem do transatlântico no centro, uma imagem do sabonete e sua caixa na parte superior e três vistas do interior do transatlântico na parte inferior, incluindo uma do banho turco e da piscina, tudo circundado com corda trançada. Texto:
"O NOVO WHITE STAR LINER R.M.S. "TITANIC" É O MAIOR NAVIO DO MUNDO." Não é apenas pelo tamanho, mas também pelo luxo de seus serviços que o "Titanic" ocupa o primeiro lugar entre os grandes navios a vapor do mundo. Graças ao fornecimento do sabonete higiênico Vinolia Otto para seus passageiros de primeira classe, o "Titanic" também lidera por oferecer um padrão mais alto de luxo e conforto em alto-mar. O sabonete higiênico Vinolia Otto é perfeito para peles sensíveis e delicadas. Sua rica espuma de limpeza acalma e suaviza. Para uso regular no banheiro, não há sabonete mais delicioso. Vinolia Company Ltd. Londres e Paris." Este anúncio é mencionado no início do filme "A Night to Remember" / "Somente Deus por Testemunha", no Brasil.
Durante a expedição para as gravações do documentário "Last Mysteries of the Titanic" (2005), James Cameron obteve sucesso ao alcançar a sala de resfriamento do banho turco com um de seus robôs teleguiados remotamente. O estado de preservação da câmara foi motivo de assombro para a equipe de pesquisadores. Parte da decoração e mobiliário em teca seguiam notavelmente preservados e os azulejos coloridos ainda afixados nas paredes e exibindo suas cores e desenhos.
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O Banho Turco no Olympic, o navio irmão do Titanic
Acima e abaixo: A sala de resfriamento do banho turco a bordo do Olympic, de mesmo tema decorativo aplicado no Titanic. Localizada recostada ao casco do Olympic.
O Olympic também contava com um banho turco que seguia a mesma temática decorativa do Titanic. O detalhe distinto era a disposição da sala, as colunas no seu interior, e as escotilhas voltadas para o exterior do navio. Posicionada em uma área ligeiramente diferente, a sala estava também localizada no convés F junto da piscina.
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Planta do Olympic (convés F) .......................... Planta do Titanic (convés F)
Esquerda: O plano básico do Olympic situa a sala de resfriamento e todo o complexo do banho turco recostado ao costado do navio. Direita: O plano do mesmo local no Titanic, onde se nota a sala principal do banho turco ligeiramente afastada do costado, pouco mais ao centro do navio.
Abaixo: Nesta ilustração publicitária oficial de época, uma alusão ao banho turco no Olympic. As cores e a iluminação sugerem o conforto da sala de repouso com temática árabe. No caso do Olympic, as escotilhas estavam de fato voltadas para o exterior do navio, captando luz ambiente natural.
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Acompanhe abaixo uma simulação gráfica aproximada da Sala de Resfriamento do Banho Turco, a mais decorada e conhecida de todo o conjunto.
Piscina
Acima: Uma foto autêntica da piscina no Titanic. À esquerda se pode ver parte das portas dos 13 vestiários. Na parede ao fundo um objeto circular que se acredita que fosse um relógio. A foto foi tirada através da porta de acesso, de costas para a porta de acesso ao banho turco.
Ao lado:
Ao contrário de grande parte do resto do navio, onde o piso de linóleo
foi aplicado em larga escala, a piscina foi pavimentada com piso
cerâmico, adequado ao ambiente úmido. A composição ao lado é de piso
cerâmico idêntico ao utilizado ao redor da piscina no Titanic.
Localizada
no lado estibordo (lado esquerdo do navio) no convés F, perto do lance
da grande escadaria da 1ª classe, a piscina estava voltada para o
exercício, assim como o ginásio no convés de botes e a quadra de squash
no convés G. A piscina foi pavimentada com cerâmica nas cores azul e
branco, e haviam duas escadas com corrimãos de teca para evitar que
alguém escorregasse. A dimensão era de 9,14 m. de comprimento por 4,26 m. de largura e 2,13
m. de profundidade. A profundidade da água era de 1,64 m. na parte mais
profunda e 1,40 m. na parte rasa. Água salgada aquecida vinda de um
tanque e água fria do mar eram bombeadas para dentro da piscina assim
que o navio partia para o mar. As paredes de aço eram brancas e tubulação era
visível no teto.
Embora isso gerasse uma aparência crua na decoração,
isto era uma ideia de bom senso, pois a água salgada utilizada na
piscina prejudicaria qualquer painel de madeira. Vestiários eram
situados no lado esquerdo e contavam com portas de teca. O uso da piscina custava $0,25/1 shilling mas era aberta para homens sem cobrança de taxa entre às 6 e 8 da manhã para exercícios matinais. O Olympic tinha dois trampolins que provou ser um risco de segurança para os mergulhadores, então não foram instalados no Titanic. Quando a embarcação estava navegando, a água em movimento na piscina poderia fazer com que o mergulho fosse enganosamente raso. A entrada para a piscina era bloqueada por uma porta à prova d'água, e hoje a piscina pode estar presumivelmente em bom estado assim como os Banhos Turcos que estão próximos, dada a lenta inundação desta área do navio e aos materiais resilientes usados na construção da piscina. .
Abaixo:
A piscina a bordo do Olympic, numa foto voltada para a porta de acesso
junto de uma penteadeira de padrão recorrente nas cabines padronizadas
da 1ª classe. Nos últimos dois nichos ao fundo dos vestiário estavam
instalados chuveiros de spray vertical. A piscina nos dois navios seguia
praticamente a mesma disposição, sem grandes alterações aparentes.
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Segue uma simulação gráfica aproximada da Piscina do Titanic.
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Divulgação: The 3Dhistory
Salão de jantar da 3ª classe
Acima: O salão de jantar da 3ª classe a bordo do Olympic, de mesmo padrão encontrado no Titanic, a foto foi tirada na direção traseira do navio. Às costas do fotógrafo estava posicionada uma porta à prova d'água que se abria para a ala dianteira do salão de jantar que era dividido em duas seções.
O salão de jantar da 3ª classe era localizado no meio do convés F e era dividido em dois por uma parede com uma porta à prova d’água. As mesas ofereciam assentos para 20 pessoas em média. As duas salas juntas tinham capacidade para acomodar ao mesmo tempo 473 pessoas, com possibilidade de realizar duas sessões de refeição caso a terceira classe estivesse totalmente lotada. .
Ao lado: O padrão de louça utilizado na terceira classe no Titanic, mais robusto e mais simples que o utilizado nas demais classes. .
A sala era simples, mas era pintada de branco iluminada pela luz natural que vinha das janelas exteriores e por lâmpadas em soquetes convencionais. Ao redor das paredes haviam dezenas de ganchos onde os passageiros poderiam pendurar os seus casacos e chapéus. O piso era composto por um simples revestimento róseo. Uma comida sem luxo, mas saudável era servida todos os dias, com pão e frutas em cada refeição. Em muitos casos esta era a melhor refeição que o passageiro emigrante já tinha comido. A louça também era simples e continha apenas o tradicional logotipo vermelho da White Star Line gravado em cada peça. Assim como em toda a louça do navio, o nome "Titanic" não era estampado nas peças, e isto possibilitava que a louça fosse utilizada em outros navios da companhia caso fosse necessário. .
Abaixo: O salão de jantar aqui reconstruído digitalmente, com extrema atenção aos detalhes. Ao fundo é possível ver uma das duas portas à prova d'água de movimento horizontal que dividia o ambiente em duas partes. A escada ao fundo era de acesso ao convés E, se abrindo diretamente para o imenso corredor de serviço apelidado como "Scotland Road".
Titanic Honor and Glory
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Acompanhe no vídeo abaixo uma reconstituição gráfica aproximada do Salão de Jantar da 3ª classe ...
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O Lower Deck, ou convés G, era primariamente um andar de maquinaria, com com de 2/3 dominado pelos compartimentos que envolviam as caldeiras, estoques de carvão e também os compartimentos das salas de máquinas. Os dois extremos do convés, proa e popa, serviam como compartimentos de carga, incluindo comida refrigerada e bagagem da 1ª classe, e também haviam cabines da 3ª classe aqui no extremo traseiro do navio. Na proa estavam os alojamentos comunitários da 3ª classe, o gabinete do correio e a quadra de squash.
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A Quadra de Squash / Tênis
Acima: A Quadra de Squash do Olympic e do Titanic, aqui vista em uma ilustração de panfleto publicitário da época .
A Quadra de Squash se situava no Convés G e era mais um incentivo de atividade física para os passageiros, podendo ser usada tanto para jogo de squash quanto para tênis. A sala era bastante ampla, ocupando a altura de dois andares do navio (Conveses F e G). Redes eram fornecidas para os jogos e havia uma varanda para os espectadores situada na no Convés F, na extremidade posterior da sala, onde os passageiros poderiam assistir as atividades. Competições poderiam ser realizadas e um técnico era disponibilizado para os novatos. Diferente do Ginásio no Convés de Botes, o uso da quadra não estava incluído na passagem, custava 2 Shillings (50 centavos), que era pago no gabinete do Comissário de Bordo no Convés C. O uso era limitado à 1 hora caso houvessem pessoas à espera.
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Ao lado: O corte ao lado exibe a exata localização da Quadra de Squash, no centro do navio. A ilustração é apenas referencial considerando que a quadra se localizava a cerca de 18 metros adiante da piscina na direção da proa, ocupando toda a altura entre os conveses F e G, com o mirante instalado sob o patamar no convés F.
Abaixo: Uma rara fotografia do atendente da quadra de squash a bordo do Olympic, Fred Wright, que também esteve a bordo do Titanic, e pereceu no desastre. Durante o naufrágio o passageiro de 1ª classe Archibalt Butt brincou descontraidamente com Wright dizendo que talvez ele deveria cancelar suas aulas da manhã do dia seguinte. Wright pareceu preocupado, certamente já sabia que no momento a quadra de squash estava alagada. Ao fundo é possível ver parte da tela frente ao patamar de observação.
. Acompanhe neste vídeo uma reconstituição gráfica aproximada da Quadra de Squash
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Abaixo: A ilustração de um panfleto publicitário do Olympic destaca com a localização correta da Quadra de Squash e da Piscina, separadas por mais de 30 metros.
Gabinete do Correio
Ao lado: Nesta foto oas acomodações de correio a bordo de um navio, possivelmente o Titanic, embora a informação não seja confirmada. . Embora não haja qualquer objeto recuperado do Gabinete do Correios,é justo registrar os esforços heroicosdos trabalhadores para salvar as correspondências embarcadas no Titanic. Quando o navio começou a afundare a sala decorreio começou a inundar, os cinco funcionários tentaram salvar200 sacos decorrespondências registradas, arrastando-as para o convéssuperior,um esforçoque sem dúvidacausouas suas próprias mortes. Como muitosnavios rápidos no Atlântico Norte, o Titanicfoi licenciado paratransportar correspondências entre os Estados Unidos e a Inglaterra, daí a denominaçãoR.M.S.(RoyalMail Ship – Navio do Correio Real)por um acordo entrea empresa Ocean Steam Navegation, controladora daWhite Star Line,e a Her Majesty's Postmaster General, da Inglaterra.
Abaixo: Nesta arte conceitual criada para o filme "Titanic" (1997), James Cameron explora a possibilidade de uma cena que não foi filmada, onde os operários do correio a bordo do Titanic seriam mostrados na frustrada tentativa de salvar a correspondência a bordo do Titanic durante a inundação dos alojamentos do correio, carregando as sacas de correspondência para a ala superior das instalações. Nas escadas está Edward John Smith, o capitão, averiguando a situação de urgência. . Escondido dospassageiros, onavio tinha salas de classificação e de armazenamento de cartas, as quais ficavam nos conveses mais baixos e isolados. Nestas salasos funcionários postais (três americanos e doisbritânicos) abriam centenas de sacos decorreio destinadospara entreganos EstadosUnidos e no Canadá.Cartas e encomendas eram examinadas manualmente eentão colocadasem um separador enorme, comcada casulo representando a cidadede entrega prevista. Esta triagem feita ainda no mar acelerava o serviço de entrega uma vez que o navio chegasse à terra. O grau de cuidado com as cartase encomendasdependia dotipo de seguroadquiridopelo remetente. Correspondências comuns eram despachadasem sacos mantidos emcompartimentoscomuns, mas as correspondências seguradas ou inscritas eram mantidasisoladas emsuasala de armazenamentopróprio.Uma sala especialmente reforçada,chamada de “sala deespécie”,foi equipada noTitanic caso ele fosse designado para levaro ouro ou dinheiro.Esta sala especial estava sob ordens do comissário chefe. .*t
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Nas entranhas mais baixas do Titanic estava o convés "Tank Top".
As Caldeiras do navio estavam localizadas aqui no meio da embarcação,
principalmente em direção à proa. Mais para a ré estavam as salas de
máquinas, com suas oficinas de engenheiros, e até a popa estavam os
tanques de água doce usados para produzir o vapor gerados pelas
caldeiras impulsionavam as hélices do navio.
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Sala das Caldeiras
Ao lado: Parte das 29 caldeiras do Britannic ainda alojadas nos galpões de construção da construtora Harland and Wolff em Belfast, antes de sua instalação definitiva.O Britannic foi o irmão mais novo do Titanic, e ambos contavam com o mesmo tipo de caldeira.
Dos quase 900 membros da tripulação que mantinham o Titanic em funcionamento, nenhum deles trabalhava mais pesado dos que os trabalhadores das caldeiras. Nos profundos recessos do navio, 29 caldeiras medindo mais de 4,5 m de diâmetro e divididas em seis salas distintas, as quais produziam o vapor de alta pressão necessário para impulsionar os motores do Titanic e o seu maquinário.
Ao lado: Uma sala de caldeiras de um navio da mesma época em que o Titanic foi construído. A imagem mostra as condições de trabalho da "gangue negra", os trabalhadores que alimentavam as fornalhas. . O combustível para estas caldeiras era o carvão, e a cada dia mais de 650 Toneladas deste carvão tinha de ser movida dos estoques para os carvoeiros e lançados aos fornos manualmente. Estes homens, conhecidos popularmente como a "gangue negra" devido à seus corpos cobertos de poeira de carvão, eram a verdadeira máquina que dirigiram o Titanic em direção à New York.
Ao lado: Porta à prova d'água
Separandocada uma dassalas de máquinasprincipais haviam portasde aço maciçoque selavamos compartimentosum do outro, tornando-os impermeáveis; estas se chamavam watertigh doors (portas à prova d'água). Emboraas portasfossem suspensas acima das cabeças e caíssempara fechar, um cilindro as prendia, impedido quese fechassemmuito rápidoe ferissem ostripulantes.
Abaixo: Uma das salas de caldeiras recriada para os cenários de "Titanic" (1997)
Os interiores do Titanic recriados para o filme Titanic (1997)
Siga abaixo uma apresentação dos cenários construídos para o filme Titanic, dirigido por James Cameron. Apesar da grande preocupação e cuidado nestas recriações cenográficas, a grande maioria dos cenários contém pequenos e grandes erros. Apesar disso este filme é, de longe, a melhor representação do Titanic já reconstruída para o cinema.
Crédito
Texto integral por Rodrigo Piller, Titanic em Foco
Com informações de:
Sites: kenmarschall.com /
titanic-model.com / deviantart.com/alotef / twitter.com/romandiseat2 /
maritimemuseum.novascotia.ca / titanicofficers.com / Titanic Design, Facebook / cyark.org / gettyimages.com / titanichg.com /
aftitanic.free.fr / maritimebelfast.com / dehaagsetijden.nl / titanicbranson.com / seacitymuseum.co.uk /
titanicchannel.tv / sciencephoto.com / / Titanic Connections, facebook /
lookandlearn.com / nzpetesmatteshot.blogspot.com / loc.gov / yourprops.com /
royalcrownderby.co.uk / hoxtonredsox.com / http://www.victorianturkishbath.org/ / wellcomecollection.org / titanicbelfast.com / https://shie.nl/bedrijven/mutters-en-zoon-h-p-1822-1974 / titanic-in-color.com / marconigraph.com /
titanichistoricalsociety.org / titanicclock.com /
encyclopedia-titanica.org / postalmuseum.si.edu / www.nmni.com / premierexhibitions.com / https://www.flickr.com/photos/rpmarks/31542385081/in/photostream/ fatherbrowne.com Livros:
Titanic: An Illustrated History: Donald Lynch, Ken Marschall /
Titanic Unseen: Images from the Bell and Kempster / Titanic in Photographs
(Titanic Collection) [Daniel Klistorner, Steve Hall, Bruce Beveridge,
Art Braunschweiger, Scott Andrews, Ken Marschall] / James Cameron's
Titanic - Ed W. Marsh, Douglas Kirkland / https://www.andersonandgarland.com/ / Titanic the Ship
Magnificent: Slipcase Volumes One and Two [Bruce Beveridge, Scott
Andrews, Steve Hall, Daniel Klistorner] / Olympic, Titanic,
Britannic: An Illustrated History of the Olympic Class Ships /
Discovery of the "Titanic": Robert Ballard, Rick Archbold / nationalgeographic.com / April 2012
- National Geographic Magazine / Ghosts Of The Abyss: A Journey Into
The Heart Of The Titanic Arte: Cyril Codus / liveauctioneers.com / Alan St. George / Clément d'Esparbès / Ken Marschall / Mike Brady Mídias:
Titanic 4 Disc Deluxe Collector's Edition / James Cameron's Titanic
Explorer: A Historical Journey on the Ship of Dreams / Ghosts of the
Abyss (2003), Walt Disney Pictures and Walden Media / Last Mysteries
of the Titanic (TV Movie 2005)